Não
anda muito boa, como desde sempre... Continuamos idolatrando médiuns,
principalmente os chamados médiuns de cura. Ainda buscamos
respostas para o nosso problema pessoal X e a nossa dúvida
Y na via mediúnica, o que um pouco de reflexão e a
leitura edificante poderiam resolver. Mistificamos salas, mesas,
objetos, reuniões, como se não houvesse Espíritos
por toda a parte e todo lugar não fosse criação
do Pai celestial.
Nós valorizamos ainda o livro
psicografado, mesmo que nele esteja um sem-número de inconsistências;
mas relegamos a segundo plano obras de encarnados fruto de longas
reflexões. Confundimos as orientações mediúnicas
com a vida administrativa da casa espírita; gostamos da foto
daquele mentor, ilustrando as dependências da casa espírita
e, ainda, fazemos filas para assistir ao maravilhoso fenômeno,
como curiosos da era vitoriana.
Os Espíritos são os
homens desencarnados, amigos e inimigos de ontem que se alternam
conosco nas lutas da matéria. Isso Kardec já asseverava
com propriedade... A mediunidade é via bendita de trabalho,
na reunião mediúnica de atendimento a Espíritos
sofredores, no consolo a mães aflitas, nas mensagens de esclarecimento
e reflexão, como bem exemplificou na conduta mediúnica
Francisco Cândido Xavier, que, apesar de suas faculdades,
se mantinha a par de personalismos, na valorosa mediunidade com
Jesus.
A mediunidade não é
um superpoder de um herói de filme e nem uma tenda de milagres.
É uma possibilidade que, se não for bem conduzida,
pode enveredar para caminhos perigosos. Entretanto, o médium
é ser humano, falível, com necessidades e anseios.
Os Espíritos, também, homens de outras eras, estão
conosco nesta caminhada evolutiva no orbe terrestre.
Por isso, insta analisarmos a nossa
relação com a mediunidade, a nossa e a dos outros.
O que queremos dela? O que pensamos disso? Precisamos estudar, não
só os aspectos práticos e científicos da questão
mediúnica, mas o seu aspecto filosófico, para não
nos tornarmos vítimas de armadilhas e de ilusões.
Somente assim poderemos enxergar
a mediunidade com a naturalidade que lhe é própria,
ainda que requeira cuidados e preparo, como qualquer potencialidade
do ser humano.