Conheci vários...
Conheci casais que começaram a namorar nas atividades da
juventude espírita e que hoje se apresentam como belas famílias,
integradas e felizes. Diria mais! A maioria dos enlaces são
oriundos de amizades que cultivamos no ambiente escolar, no ambiente
profissional e, para aqueles afetos, no ambiente religioso. Como
local de convívio de pessoas que comungam a mesma visão
da vida, a prática religiosa termina por ser a fonte de muitos
e longos relacionamentos.
Daí surgem momentos de fortalecimento, de vivência,
nas atividades do “Culto do Evangelho
no lar”, na
emoção dos trabalhos assistenciais, nas discussões
acaloradas e toda a gama de eventos mágicos de que se compõe
a nossa juventude em uma casa espírita, vividos pelo jovem
casal e que trazem as mais ternas lembranças, passados os
anos. O livro “Vida e Sexo”,
de Emannuel, psicografia de Chico Xavier, com belas palavras descreve
o período do namoro, como :
Inteligências que traçaram
entre si a realização de empresas afetivas ainda
no Mundo Espiritual, criaturas que já partilharam experiências
no campo sexual em estâncias passadas, corações
que se acumpliciaram em delinqüência passional, noutras
eras, ou almas inesperadamente harmonizadas na complementação
magnética, diariamente compartilham as emoções
de semelhantes encontros, em todos os lugares da Terra.
Mas nem tudo são flores.
Nos momentos de desavenças, de conflito, de separação,
o conhecimento espírita e a conduta digna devem também
pautar a relação. É nessa hora que nós
realmente nos mostramos espíritas. Culpabilidades, ciúmes
doentios, traições, abandono afetivo, gravidez indesejada
e tantos outros eventos comuns aos relacionamentos não estão
ausentes do mundo do relacionamento afetivo entre espíritas,
o que demanda uma conduta cristã dos jovens e principalmente
dos dirigentes da juventude e frequentadores da casa, entendendo
os contextos, sempre com os “olhos do
Cristo”.
Enumero também as desavenças entre casais que causaram
entraves nos trabalhos espíritas. Companheiros jovens, labutando
no bem, se ocorre uma separação, uma briga, tudo se
desarmoniza. Esse é um outro cuidado que nos cabe. Saber
separar a individualidade da figura do casal. Relações
afetivas podem ter fim, principalmente no período da juventude,
e sejamos sinceros, a “Vida continua”.
Nossa relação com o trabalho no bem e com a Doutrina
Espírita deve ser separada da relação afetiva.
Talvez não dê para frequentar a mesma casa espírita,
revendo sempre o ex-companheiro. Mas, existem outras casas e outros
trabalhos...
E por fim, a questão do namoro
espírita suscita no jovem ainda um outro grande desafio:
E se o jovem espírita, ativo e trabalhador, engajado nas
atividades doutrinárias, se apaixona por uma pessoa vinculada
a outra denominação religiosa? Parece complicado...Mas
tudo é uma questão de abordagem. Religião é
questão de afinidade e entendimento. Deve servir para unir
as pessoas e não para dividí-las. Caso o coração
escolha alguém de outra seara, o “respeito
mútuo a individualidade”, uma grandeza que sustenta
grandes relações, deve ser a tônica que permita
a vivência do amor, compreendendo a sua identidade religiosa.
E nada de se afastar do trabalho no bem! O nosso compromisso é
com Jesus!
Tantas questões, tantos cuidados...Mas,
ainda acho que uma das coisas mais belas do mundo é ver jovens
casais irmanados no mesmo ideal, atuando na distribuição
de sopa, consolando os doentes, sonhando com o dia em que terão
o seu lar, farão o Culto do Evangelho, na companhia de seus
filhos, espíritos que desde aquela época de “namoro
espírita” os acompanhavam, já sonhando
com aquele espaço doméstico envolto em ideais sublimes.