Luís de Almeida

>    O Tempo e o Presente

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Luís de Almeida
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1 de maio de 2007

 

Santo Agostinho pela primeira vez foi defrontado com uma questão, deveras difícil; «Que fez Deus antes de criar o Universo?». Assim este sábio, respondeu que o "tempo" era uma propriedade do Universo, e Deus, o tinha criado em simultâneo e, portanto, não existia antes do seu começo.

Com a teoria do «Big Bang», esta questão, ficou resolvida, pois os cientistas, afirmam que o tempo começou com a «Grande Explosão», no sentido em que antes nada podia ser definido, muito menos o tempo. Allan Kardec afirma In "A Gênese" «O tempo é a sucessão das coisas (...) no começo da Gênese (no nascimento do nosso planeta) o tempo ainda não sairia do misterioso berço da Natureza e ninguém pode dizer em que época de séculos nos achamos, porquanto o balancim dos séculos ainda não foi posto em movimento».

Agora que sabemos, que o tempo é uma característica do Universo, os cientistas preocupam-se, em estudar e descobrir as leis que regem o Universo, de acordo com o tempo. Se soubermos como é o Universo num dado momento, essas leis explicar-nos-ão, como ele será mais tarde. Com a teoria da relatividade, a idéia de tempo absoluto caiu por terra. Pois cada observador obtinha uma medida diferente, dependendo do local que se encontrava, pois tudo está em movimento. Desta forma, o tempo combina-se com o espaço, para formar um novo conceito, o espaço-tempo. Um acontecimento que surja num determinado ponto do espaço, e numa determinada ocasião, terá que ser especificada por quatro coordenadas, três espaciais, e o tempo (x,y,z, t).

Se uma emissão de luz for emitida num determinado tempo, e num ponto do espaço, à medida que o tempo passa, a luz propaga-se como uma esfera, cuja a posição e tamanhos, são independentes da fonte emissora. Passado um determinado tempo, como dois milionésimos de segundo, o raio da esfera terá seiscentos metros, e assim sucessivamente. É exatamente, como se atirássemos uma pedra a um lago, e a ondulação provocada, se propagasse na superfície desse lago, cada vez mais, a aumentar o seu raio. A ondulação propaga-se em circulo, que aumenta à medida que o tempo passa.

A luz que se propagou, desde o inicio da sua emissão, forma um cone tridimensional, no espaço-tempo quadrimensional.. A este cone chama-se a luz futura do acontecimento, ou seja da fonte emissora. Deste modo podemos, desenhar um outro cone, chamado de luz pretérita, que constitui o conjunto de acontecimentos, de que um impulso de luz, é capaz de alcançar o acontecimento dado. Assim teremos dois cones um deles invertido, formando uma espécie de ampulheta, em que o momento em que os dois cones se tocam, é o acontecimento presente. O futuro absoluto do acontecimento é a região dentro do cone da luz futura, ou seja, são todos os acontecimentos, que poderão ser afetados pelo acontecimento. O passado absoluto será a região dentro do cone de luz pretérita, nada mais que os acontecimentos a partir dos quais, os sinais propagam-se a uma velocidade igual ou inferior à da luz, e atingem este acontecimento, tendo a possibilidade, de afetar o acontecimento.

Estes cones, o futuro, o passado, e o acontecimento, dividem o espaço em três regiões.

Assim, se soubermos o que se está a passar dentro do cone de luz pretérita, poderemos prever, o que se estará a passar com a fonte emissora (o acontecimento), e por conseqüência o futuro da luz.

Para tornar esta teoria mais simples focaremos dois exemplos: Se o sol deixasse agora, de emitir luz, não nos afetaria, porque estamos fora do acontecimento, quando este se apaga, ou seja, estamos fora do cone de luz. Somente passados 8 minutos, é que daríamos conta, pois é o tempo que este leva a chegar a nós, só neste altura é que os acontecimentos no nosso planeta, ficariam no cone da luz futura do acontecimento antes deste morrer.

Assim, neste preciso momento, não sabemos o que se estará a passar no Universo mais longínquo, pois no caso dos astros mais afastados de nós, a sua luz propagou-se de lá à cerca de 8 mil milhões de anos. Desta forma, quando olhamos para o universo estamos a vê-lo como ele era no passado.

Dois gêmeos, um deles ficou na terra, o outro foi fazer uma viagem interplanetária, numa nave a uma velocidade próxima da luz, quando o astronauta regressou, o seu irmão gêmeo, ou tinha já morrido de velhice, ou estava muito mais velho, que o astronauta, dependendo do tempo de viagem. Este exemplo na comunidade cientifica é conhecido, pelo paradoxo dos gêmeos.

Mas, só será paradoxo, se tivermos em mente o conceito clássico de tempo, como absoluto.

Einstein provou que o tempo absoluto não existe, mas cada indivíduo tem a sua medida pessoal de tempo, dependendo de onde se encontra e da maneira que se move. Allan Kardec afirma In "A Gênese", ver Cap. XVI «Os espíritos desmaterializados, o espaço e o tempo não existem para eles. Mas, a extensão e penetração da vista são proporcionais à depuração deles e à elevação que alcançaram na vida espiritual

Complementaremos, esta teoria, com uma outra, antes de explicarmos, qual o objetivo pretendido, embora deixando já algo no ar.

A maior aposta dos físicos, é a «Teoria da Unificação Geral da Física», ou seja a combinação ou fusão entre a «Teoria da Relatividade», com a «Mecânica Quântica», juntamente com as teorias parciais, como a «Gravidade» e etc. Mas toda esta teoria cientifica, continua em estudo e evolução, pois os físicos sabem, que deverá haver uma teoria única, que explique tudo, no Universo. Mas, como é bastante difícil e moroso, estes começaram e bem, pela fusão de teorias parciais, para no final então, como esperam, podendo demorar muitos anos, chegarem à tão esperada "Teoria da Grande Unificação". Einstein foi um dos maiores impulsionadores, mas sem um sucesso aparente, e assim, sua obra foi continuada, pelos físicos modernos.

Quando se tentou unificar a "Mecânica Quântica" com a "Gravidade", foi necessário introduzir-se, o conceito de «tempo imaginário». Allan Kardec afirma In "A Gênese" «Tantos mundos haja na vasta expansão, tantos tempos diversos haverá e incompatíveis» Os físicos, já se interrogam sobre este novo conceito, se não será mais do que o «tempo real», embora visto de outra forma. O «tempo imaginário» não se distingue das regiões do espaço, desta forma tanto se pode ir para o futuro como para o passado, afirmam os cientistas. Cientistas estes, com credibilidade, na comunidade cientifica, não nos referimos a pseudocientistas, que infelizmente existem espalhados pelos quatro cantos do planeta.

Por tudo isto se comprova teoricamente, é certo, e ainda em fase embrionária, o que Allan Kardec nos afirma In "A Gênese" «(...) com a conformidade do grau de sua perfeição, possa um Espírito abarcar um período de alguns anos, séculos, mesmo de milhares de anos, porquanto é um século em face do Infinito? (...) Ele vê simultaneamente o começo e o fim de um período; todos os eventos que nesse período constituem o futuro para o homem da terra, são o presente para ele. (...) Para Deus, o passado e o futuro, são o presente», o futuro será sempre, o que hoje, fizermos dele.

 

"A História que é essencialmente História do Espírito, transcorre «no tempo», Assim, pois, «o desenvolvimento do Espírito cai no tempo». Hegel, porém, não se contenta em afirmar a «intratemporacialidade» do espírito como um factum, mas trata de compreender a possibilidade de que o espírito caia no tempo, que é o «sensível não-sensível». O tempo há de poder acolher o espírito, por assim dizer. E o espírito há de ser, por sua vez, afim com o tempo e com a sua essência."

HEIDEGGER, crítica de Hegel, em o Ser e o Tempo
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Fonte: GEAE Número 349 de 15 de junho de 1999

 

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