Luís de Almeida

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FILOSOFIA E ESPIRITISMO O ATEÍSMO. OS FILHOS DO "NADA"...

 

Como explicar a existência de ateus, ao longo da historia, como por exemplo, um Frederico Nietzsche, um Karl Marx no século anterior, e um Jean Paul Satre no presente século?

Não acreditamos, pessoalmente que haja ateus propriamente ditos. Mas, sim a existência de pessoas que discordam de determinada idéia, incorreta na nossa opinião, acerca de Deus, que se foi formando ao longo dos tempos. Agora ateus convictos, isto é, profundamente documentados, e fundamentados com argumentos validos, não acreditamos que existam. Se estivermos enganados, então desafiamos a comprovarem sua tese.

Não é nossa intenção criticar alguém ou instituições, nem tão pouco imiscuirmo-nos na política, simplesmente relatamos fatos histórico-científicos e opinamos dentro dos postulados espíritas.

A criatura e o incriado, implicam-se numa tal dialética, que o homem não pode fugir-lhe. é tão difícil ser ateu, como desligar-se da vida, isto é, como auto-existente. Nossa radical dependência, torna-se inexplicável sem a existência de Deus. Não há existência sem fundamento, como não há liberdade.

Pode o homem, absorvido por cuidados excessivos e problemas multiformes, esquecer-se das leis morais, inatas, e assim perder aparentemente, a fundamentalidade da existência. Perdido no mare magnum da complexidade da vida, pode esquecer sua característica fundamental de ser "religado", identificando seu ser com sua vida. A impossibilidade, porem de sentir-se desligado, torna-o incapaz de, honestamente e racionalmente, poder afirmar-se ateu.

Efetivamente, a existência fundamentada sobre si mesma aparece, internamente, desfundamentada e, por conseguinte, referida a um fundamento de que se sente privada. Daí o irreligioso, vivendo uma crise de interioridade e identidade, de ausência de reflexão profunda, ser ameaçado por impiedosa frustração, insensibilidade, e irracionalidade. A todo o pensamento lógico, Deus surge na verdade, não como valor negativo, mas como positivo, fundamentante, como o ser que torna possível todo o existir.

Não será a existência "religada" uma visão de Deus no mundo e do mundo em Deus? é bem possível, no entanto, que haja quem se auto-proclame desligado. São os ateus. Fundamentam seu ateísmo na auto-suficiência. Um dos motivos que leva o homem a esquecer-se de Nosso Pai é, realmente o êxito da vida. Só o homem superior consegue manter-se conscientemente "religado", no meio de seus triunfos. Sabe que a caducidade dos bens terrenos postula no Bem Supremo em Quem possa fazer repousar, tranqüilamente, seu coração.

Outra razão que pode invocar-se para explicar os ditos, não convictos, ateus, é o orgulho e egoísmo exacerbado e a perda de confiança nas religiões. Aquele por exemplo, explica o ateísmo nietzchiano do século passado. A via de acesso a Deus é a da libertação interior. Prisioneiro de uma soberba dificilmente igualável, Nietzsche não conseguiu, vendados os olhos do espírito, intuir a espiritual transcendência a que nos prende, qual cordão umbilical, a contingência do nosso existir. As seguintes palavras por ele proferidas, esclarecem bem qual o seu pensamento, e aquilo que acabamos de afirmar: "Quero abrir-vos, inteiramente, meu coração, amigos: se existissem deuses, como suportaria eu não ser Deus! Logo não há deuses". Argumento de grande infantilidade, sem qualquer lógica, e por isso sem qualquer valor. Interpretemos atentamente outras suas palavras: "Agora Deus é morto! Homens superiores, este deus foi o nosso maior perigo. Não ressuscitaste senão depois que Ele jaz na tumba...Deus é morto; agora queremos que o Super-Homem viva".

Como vai ele proclamar a morte de um ser inexistente? A morte de Deus nos termos em que se exprime, não será a confissão de sua existência? Ou poder-se-á matar o nada? Como pode um pensador, utilizar o seu raciocínio de forma tão ridícula?.

Em carta a um seu amigo o Barão de Seydlitz, escrita de Nice, datada de 12 de Fevereiro de 1888, confidenciou: "Aqui entre nos, digo-te não julgar impossível que eu seja o primeiro filosofo da minha época, ou, ainda talvez um pouco mais, um filosofo decisivo e fatal, situado entre dois séculos... Apesar de ter chegado aos quarenta e cinco anos e ter produzido aproximadamente quinze obras, não surgiu ainda na Alemanha, um único estudo medianamente digno de consideração sobre qualquer dos meus livros".

Para um homem deste calibre, absolutizado, não fica lugar para Deus, que se revela aos humildes e resiste aos soberbos. Enfim, ironia da razão!, o ateísmo nietzschiano, não é possível sem Deus, ou a "religação" não fosse uma dimensão constitutiva da existência humana. Nietzsche não se teria proclamado coveiro de Deus, se Deus, como um relâmpago, não brilhasse, em certos momentos, os mais atormentados da sua vida, na noite, sem estrelas e sem luar, de sua alma.

Assim se compreende que, em vez de um super-homem que a sua imaginação sonhara, tenha criado um infra-homem de que Nietzsche se tornou imagem grotesca, vindo a desencarnar, ruína humana, num Hospital de alienados mentais.

E o que dissemos do ateísmo de Nietzsche, dizemos do ateísmo de Karl Marx, para quem Deus não passava da simples projeção do homem. Daí, com ele, a teologia dissolver-se em antropologia. Para sua tristeza, a Antropologia Contemporânea, define o homem, como um ser material, animado pelo seu espírito. Segundo o marxismo, nossa vida torna-se insuportável e desesperada, porque a religião, ópio do povo, criando em nos a esperança duma vida futura melhor, no mundo do alem, leva-nos a adormecer para as tarefas de transformação da sociedade terrestre. Tanto a Arte, como a Filosofia e a Religião, em todos os tempos tem estado ao serviço de ideologias, vazias de qualquer conteúdo de verdade, com um único objetivo: sancionar o primado econômico e socio-politico da classe dominante. Sobre uma infra-estrutura real, constrói-se uma super-estrutura irreal. As construções ideológicas não passam de simples expressão do momento socioeconômico que se vive, resultante do instinto de classe dos filósofos e pensadores que, assim, procuram justificar seus interesses classistas, segundo Marx.

Embora, foi o que se passou no período que se convencionou chamar Idade Media e em períodos da historia da humanidade, e nos dias de hoje, em que alguns homens se utilizaram do nome de Deus e de Jesus, para conseguirem seus objetivos egoístas e funestos, (importante advertência) desta forma, entendemos e até aceitamos esta sua postura, porém, não tem razão, Karl Marx, ao considerar Deus pura criação humana, para justificar simples interesses das classes dominantes, porque já o dissemos ao justificarmos a moral inata, como característica constitutiva da nossa existência. Como não tem razão ao considerar a Esperança, a Fé, ópio do povo. A Esperança, a Fé, não é ópio que acalme e aliene, mas pelo contrario, estimulo forte que gera esforço, progresso, responsabilidade e amor, na construção de um mundo cada vez melhor. O autentico discípulo de Jesus não pode nem deve abdicar dessa tarefa. Portanto longe de ser um narcótico, é um estimulante para os comprometer perante o Pai, e despertar a Caridade, para o progresso técnico, econômico e cultural de todos os povos, raças ou credos, com a luta pela eliminação das desigualdades, tão gritantes e escandalosas existentes, não só entre as famílias, amigos, vizinhos e pessoas, mas também entre os povos. Assim exige a Palavra de Nosso Divino Amigo, que inaugurou a autentica revolução da Historia, sendo o Maior Revolucionário e Reformador de Todos os Tempos, na qual prosseguirá sua Reforma enquanto existir bocas sem pão, e corações sem alegria, sempre com a Esperança, a Fé e o maior de Todos o AMOR. Sendo alguns de nós Seu instrumento.

A revolução marxista, procurou libertar o homem de Deus, sujeitou-o a um outro deus, mas, este sim, terrível, cruel, e alienante qual é o Estado totalitário, onde cada homem vê volatilizar-se sua pessoa, para ser reduzido a peca de uma grande maquina produtora de bens não para si mas, a maior parte para o Estado marxista.

Estado esse composto pelos escolhidos, só por 'meia-duzia'. Como o Antigo Presidente da Romênia, no tempo que era partidária deste sistema, em que o povo não tinha as mínimas condições de vida, como os bens essenciais racionados, aprisionados da sua liberdade, e etc., e este tirano, tomava banho na sua luxuosa banheira e torneiras em ouro maciço. Assim como outros partidários deste sistema filosófico, que alguns deles foram autênticos déspotas, bárbaros e assassinos.

Eliminando a Verdade, - "Deus" -, o marxismo ateu converteu-se na grande "MENTIRA" da Historia. Para Marx, o homem, não era mais que um estomago, que era preciso encher.

Abandonando o sec. XIX, iremos analisar o ateísmo do presente século, que teve em Jean Paul Satre o seu principal expoente. Lendo com efeito, suas obras, que tantas vidas, tem envenenado, assim como Marx, não encontramos, nelas algo que justifique suas atitudes ateias. Afirma, gratuitamente que Deus não existe, ficando assim inexplicado a liberdade humana e sua Majestosa Criação.

Como Pode compreender-se a Criação e a Liberdade, sem a existência de um Criador Supremo. Como pode tentar analisar, mal na nossa opinião, um efeito, esquecendo-se que todos os efeitos tem uma causa, uma dos grandes apostolados da Física. Ou será, que para ele, a Ciência, como uma das muitas linguagens de Deus, não existe e não é mais que uma farsa? Ou será que para ele, como para Marx, a Ciência é também, uma projeção e criação do homem ?

Pensa Satre, se admitíssemos a existência de Deus, subtrairíamos ao homem a sua responsabilidade e a sua existência.

Como, meu pobre e bom amigo? Não é antes a existência de Nosso Amado Pai, Deus, que nos pede `contas' do bom ou do mau uso de nossa liberdade, e que nos torna verdadeiramente responsáveis de nossas ações, condicionando desta forma, as possíveis menos boas, tendências humanas?

Por mais que alguns homens, felizmente cada vez menos, procure justificar seu ateísmo, este só pode subsistir em palavras vazias, ocas, desprovidas de qualquer conteúdo moral, filosófico e mesmo cientifico.

Ninguém, de espírito pluridimensional aberto, pode furtar-se `a idéia de Deus, fundamento de toda a existência universal.

Sendo exigência da Fé, Deus é também exigência da razão. Daí, não acreditamos na existência de ateus convictos.

O ateísmo alias, implica, como vimos, o teismo - Tudo vem de Deus e tudo caminha para Deus - principio de toda a criação.

Entendemos no fundo de nosso coração porque é alguns irmãos se exprimem como falsos ateus, pois para nos, com já dissemos, o ateísmo não existe, e muito menos os ateus:

1- Nada mais por culpa das religiões, em especial das clássicas, que através de seus comportamentos ao longo da historia, criaram muitos descrentes, não valendo a pena, referir seus feitos históricos, que não tem nada a haver com o que o Nosso Mestre nos ensinou e ensina.

Esquecendo-se este grupo de pessoas que, a religião só poderá ser uma, a que se inspira no AMOR, na Razão, seja qual ela for, desde que apague da Pureza e Beleza das palavras de Jesus, os seus Personalismos, Dogmas, Rituais, Proibições radicais e cruéis.

2- Os restantes que, não foram influenciados pelas tendências nefastas que os varões das religiões introduziram na Grande Verdade, com os seus particularismos e personalismos a seu belo prazer, satisfazendo-os, mas não a Deus, dai existirem no mundo inteiro mais de três mil religiões, cada uma delas com o seu vinculo personalizado, esquecendo-se completamente da Máxima das Máximas, "AMAI-VOS UNS AOS OUTROS, ASSIM COMO EU VOS AMEI", o importante para elas, é o seu seguidor cumprir escrupulosamente, com os seus personalismos e não importa a Valiosa mensagem de Jesus, Esta, fica para um plano de menor importância.

Assim neste grupo estão englobados de forma exacerbada; os egoístas, os vaidosos, os orgulhosos, os cruéis, os déspotas, os fanáticos, pois, todos eles tem medo, que Deus exista, por varias razoes particulares a cada subgrupo.

Observemos a divisão da palavra "UNIVERSO", 'UNI' - unidade; 'VERSO' - o oposto, o contrario. Ou seja, o contrario da Unidade, do Todo ou seja, de Deus. Meditemos!

Se Nietzsche, Marx, Satre, e outros mais, conhecessem, "O ESPIRITISMO", não acreditamos que se intitulassem de ateus, mas se calhar, seriam uns dos maiores defensores da existência de Deus, como Pai; Meigo, Carinhoso, Justo e sobretudo que Ama incondicionalmente, todos os seus queridos filhinhos.

Pensamos, que alguns destes homens que se dizem ateus, não são mais que ignorantes, e pobres de espírito, que necessitam urgentemente do "Consolador", prometido por Jesus - O ESPIRITISMO.

Daí, Deus conceder-nos esta enorme oportunidade e responsabilidade, de O levarmos a estes grupos de pessoas, que se intitulam de incrédulas, porque não entendem os Varões, os Patrões das religiões, com os seus fanatismos, esquecendo-se dos Valores intrínsecos de Jesus e seus discípulos.

Além disto poderemos, "salvar", alguns irmãos nossos, carentes, e frágeis, que se deixam levar por aqueles, que sem escrúpulos, se utilizam das dificuldades e sofrimentos de alguns, em proveito próprio, explorando assim, mentalmente e financeiramente o próximo.

Pobres coitados, que utilizam o nome de Jesus, para satisfazer suas vaidades, e caprichos socioeconômicos, enriquecendo, e ganhando poder social, à custa do sofrimento de nossos irmãos.

Jesus alerta-nos no Evangelho, para estes comerciantes de almas humanas.

Assim, repito, e perdoem-me, por isso, mas é necessário e urgente, sair da nossa "concha" e atuarmos, sem medos ou "futurologias", mas levando-O, de forma simples e amorosa, pois este é um PAPEL impar, do "CONSOLADOR" - ESPIRITISMO.

 

Fonte: Publicado no Boletim GEAE, Número 279 de 10 de Fevereiro de 1998
(Texto de Luis Almeida publicado originalmente no "Jornal Espírita" da "Federação Espírita do Estado de São Paulo", FEESP, que foi enviado pelo seu autor como colaboração no debate sobre o tema "Espiritismo e Religião")

 

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