(trecho inicial)
Mesmo diante de novas teorias e o
avanço vertiginoso da Ciência Moderna, os alicerces da
Doutrina dos Espíritos permanecem inabaláveis. Mais
do que isso, tudo parece convergir no pensamento atual para a comprovação
da legitimidade da obra de Allan Kardec. Diante desse panorama positivo,
importa, no entanto, que qualquer teoria que se pretenda científica
em nome da Doutrina dos Espíritos seja submetida à prova
quanto a sua legitimidade. Faz-se necessário submetê-la
aos critérios e rigor metódico, pois Espiritismo não
é uma questão de pontos de vista ou idéias do
senso comum, mas uma ciência rigorosa que possui um corpo de
conhecimento coeso, e que enquanto tal pressupõe uma reflexão
empreendida com seriedade e precisão.
Segundo Herculano Pires, o desenvolvimento dos princípios
espíritas não pode ser feito de maneira atrabiliária,
pois no campo do Conhecimento há leis de lógica e de
logística que regem o processo cultural(1).
Se por lógica entende-se a arte de conduzir a razão
na busca e demonstração do conhecimento, à lógica
formal juntam-se as matemáticas e esta passa a denominar-se
logística. Depreende-se, diante de tal ênfase
à exatidão matemática, que o referido filósofo
não somente aponta um ideal a ser atingido, mas antes faz apelo
a uma verdadeira exigência de precisão no desenvolvimento
dos princípios espíritas.
E em que exatamente consiste a Lógica? Ao ocupar-se com o pensamento
correto, com a coerência e encadeamento das idéias, esta
ciência visa o emprego de procedimentos racionais que
venham a legitimar todo e qualquer trabalho científico; tais
procedimentos do pensamento denominam-se método, que
etimologicamente significa o caminho ordenado através do
qual se chega à verdade. Diante disso é importante
considerar que, sobretudo no atual momento, por falta de rigor metodológico,
muitos trabalhos rotulados de “científicodoutrinários”
acabam por comprometer a precisão e autoridade da ciência
espírita. Mesmo expositores, cujo trabalho é sem dúvida
louvável, enveredam por vezes inadvertidamente por caminhos
comprometedores ao abordar os aspectos científico e filosófico
de forma não muito precisa.
Astrid Sayegh é filósofa
e coordenadora do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos,
em São Paulo.