1. Introdução
Neste trabalho procuraremos reunir
alguns dados importantes da história do Espiritismo, especialmente
os referentes a Allan Kardec e ao Espiritismo nascente. Nossa fonte
básica será a obra Allan Kardec, em três volumes,
da autoria de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, dada a
público pela Federação Espírita Brasileira
em 1979/80. Qualquer estudioso do Espiritismo reconhecerá prontamente
que ela representa o mais completo e rigoroso estudo já publicado
sobre a vida e a obra de Kardec. Os volumes 2 e 3 contêm ainda
análises e comentários de grande justeza e profundidade
sobre muitos tópicos referentes à Doutrina e ao movimento
espíritas.
Os três volumes dessa obra apresentam
uma massa de informações bastante densa. Dispõem
de índices e antroponímicos e analíticos, mas
não remissivos. Nos dois últimos volumes, os capítulos
são de amplas proporções, contendo muitas seções.
Os autores optaram, com razões ponderáveis, por não
fazer uma apresentação cronológica dos fatos.
Tudo isso torna um tanto difícil a localização
rápida de determinados assuntos. Por tais motivos, julgamos
útil compilar aqui, de forma mais simples e direta, alguns
dos acontecimentos mais importantes. Fomos motivados por nossa experiência
pessoal, de muitas vezes querermos citar datas e lugares precisos
e não conseguirmos encontrar de pronto as referências.
Também pode ser de alguma utilidade dispor de um painel sucinto
dos fatos, que permita sua visualização global.
Naturalmente, sabemos que o que mais
importa não são os nomes, as datas e os lugares, mas
a sua significação histórica, científica
e filosófica. O pesquisador cuidadoso não poderá
dispensar a respeitável obra de Thiesen e Wantuil. Também
deve-se lembrar que a segunda parte das Obras Póstumas de Allan
Kardec consiste de textos de enorme relevância para a história
do Espiritismo, repletos, como não poderia deixar de ser, de
preciosas considerações doutrinárias. O mesmo
vale para os volumes da Revue Spirite editados por Kardec.
Há algumas outras fontes sobre
o Espiritismo e sua história, que podem ser consultadas, embora
nem de longe se aproximem, em abrangência e precisão,
da que nos legaram Thiesen e Wantuil. Entre elas encontram-se:
- Moreil, André. La vie et l’Œuvre
d’Allan Kardec. Paris, Vermet, sem data.[2]
- Sausse, Henri. Biographie d’Allan Kardec.
4a ed., Paris, Éditions Jean Meyer, 1927. A Federação
Espírita Brasileira faz figurar uma tradução
dessa biografia em sua edição de O que é o
Espiritismo, sem indicação do tradutor.[3]
Para facilidade de referência,
adotaremos as seguintes abreviaturas:
* AK I, AK II e AK III - respectivamente
volumes I, II e III da obra Allan Kardec.
* OP - Obras Póstumas
* Revue - Revue Spirite
* SPES - Société Parisienne
des Études Spirites
* FEB - Federação
Espírita Brasileira
Os números que aparecerão
diante desses símbolos referem-se a páginas das obras,
salvo indicação em contrário. Utilizamos a 1a
edição de Allan Kardec e a 18a edição
da tradução febiana de Obras Póstumas,
traduzida por Guillon Ribeiro (o texto em francês, em versão
fiel à edição original de Leymarie, está
hoje disponível na Internet, na “página”
do Centre d'Études Spirites Léon Denis - (http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/).
2. Hippolyte-Léon Denizard Rivail
1804 - (3/10) - Nascimento de Hippolyte-Léon
Denizard Rivail, o futuro Allan Kardec, em Lyon, a segunda maior cidade
francesa depois de Paris. Seus pais foram Jean-Baptiste Antoine Rivail,
homem de leis, e Jeanne Louise Duhamel, residentes à Rue Sale,
76; essa casa foi demolida ainda em meados do século XIX. (AK
I 29)
1815 - Rivail segue para o Instituto de Johann Heinrich
Pestalozzi para continuar seus estudos. O Instituto ficava na cidade
de Yverdon, Suíça, e funcionava em regime de internato.
Os alunos recebiam ali educação integral esmerada, segundo
inovador método pedagógico do famoso professor, baseado
na convicção de que o amor é o eterno fundamento
da educação. (AK I caps. 2 a 11
e 15)
1822 - Rivail deixa Yverdon e instala-se em Paris.
Não há segurança completa sobre essa data. Sabe-se
que em janeiro de 1823 já residia à Rue de la Harpe,
117. Confirma-se também que pelo menos de 1828 a 1831 morou
na Rue de Vaugirard, 65. (AK I , caps. 12, 21
e p. 184)
1824 - Rivail publica o seu primeiro livro didático,
o Cours pratique et théorique d’arithmétique,
concebido segundo o método pestalozziano. Foi publicado em
Paris na Imprimerie de Pillet Ainé, Rue Christine, 5. (AK
I caps. 14 e 16)
1825 - Rivail abre sua primeira escola, a École
de Premier Degrée. (AK I cap. 18)
1826 - Rivail funda a Institution Rivail, instituto
técnico, sito à Rue de Sèvres, 35; funcionou
até 1834. Neste mesmo local existiria depois o Lycée
Polymathique, dirigido também por Rivail, até 1850,
quando foi cedido a A. Pilotet. A partir dessa data o Prof. Rivail
não mais exerceria atividades didáticas. (AK
I cap. 19 e pp. 131, 145 e 146)
1828 - Rivail dá a público o “Plan
proposé pour l’amélioration de l’éducation
publique”, sugerindo diretrizes para a educação
pública, à venda com o autor e com Dentu (que mais tarde
publicaria diversas obras espíritas de Kardec; ver AK
I cap. 21 e p. 184).
1831 - Aparece, da autoria de Rivail, a Grammaire
Française Classique sur un nouveau plan. (AK
I cap. 22)
1832 - Casa-se com Amélie-Gabrielle Boudet
(1795-1883), que seria sua dedicada companheira e apoio de todos os
momentos, até a sua desencarnação. Conhecida
mais tarde entre os espíritas como “Madame Allan Kardec”,
Amélie-Gabrielle era professora e colaborou com o esposo em
suas atividades didáticas. Não tiveram filhos, conforme
explicitamente se lê na Revue Spirite de 1862. (AK
I cap. 20, III 45)
Rivail e sua
esposa foram pessoas dignas, de moralidade inatacável, dedicando-se
integralmente aos ideais superiores da cultura, da educação,
do bem. Lutaram a favor das causas da liberdade de ensino e da educação
para meninas. Rivail ministrou por muitos anos cursos gratuitos para
crianças pobres. Além de mestre, foi sempre amigo dos
alunos. (AK I cap. 23 a 29)
Do ponto de vista material, o casal
Rivail levou vida simples, não raro enfrentando dificuldades
econômicas. Na fase espírita, seus parcos recursos seriam
empregados na publicação das obras iniciais e em outras
despesas referentes ao Espiritismo. Nos anos de maiores limitações,
Rivail complementou sua receita com empregos temporários modestos,
como o de guarda-livros. (AK I cap. 33)
Há referências seguras de cerca de 21
textos publicados pelo Prof. Rivail, entre livros didáticos
e opúsculos diversos referentes à educação.
(AK I cap. 37)
Rivail possuía sólida erudição,
conhecendo bastante bem as diversas ciências, a filosofia e
as artes. Traduziu, preferencialmente, obras alemãs para o
francês, e vice-versa. Foi membro de diversas academias culturais,
possuindo vários diplomas. (AK I caps.
22, 30, 35)
Contrariamente ao que afirmou Henri Sausse, e alguns
mantém até hoje, Rivail não foi médico
(AK I cap. 31). Também não há evidência
de que tenha sido maçon, sendo mais razoável assumir
que não o foi (AK I cap. 32).
3. Das observações iniciais
à primeira edição de O Livro dos Espíritos
1848 - Início
dos famosos fenômenos espíritas que envolveram a família
Fox, em Hydesville (EUA). A 28 de março verificam-se as primeiras
manifestações físicas; três dias após,
estabeleceu-se a primeira comunicação tiptológica.
Em poucos anos, fenômenos semelhantes passaram a chamar a atenção
pública, não somente nos Estados Unidos, mas também
na Europa. Foi a fase das chamadas “mesas girantes”. (AK
II 49-60; ver também As Mesas Girantes e o Espiritismo, de
Zêus Wantuil, publicado pela FEB).
1854 - Rivail é informado pelo Sr. Fortier, magnetisador
seu conhecido, acerca da ocorrência dos fenômenos das
mesas girantes. Embora estranhando-os, não os julgou impossíveis,
já que poderiam ter alguma causa física ainda não
bem determinada. No entanto, algum tempo depois esse mesmo Sr. Fortier
lhe disse que as mesas também “falavam”, isto é,
davam sinais de inteligência. A reação agora foi
cética: “Só acreditarei quando o vir e quando
me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para
sentir e que possa tornar-se sonâmbula.”
(OP 265; AK II 62)
1855 - No início desse ano, o Sr. Carlotti lhe faz
longo relato dos singulares fenômenos. Embora Rivail o conhecesse
havia 25 anos, mais uma vez expressa reservas, dado o temperamento
exaltado do amigo, tão em oposição ao seu. (OP
266; AK II 124)
1855 - Em maio, Rivail vai, em companhia de Fortier, à
casa da Sra. Roger, sonâmbula, onde conhece o Sr. Pâtier
e a Sra. Plainemaison. Este lhe fala dos fenômenos, mas com
seriedade e frieza, o que o predispõe, finalmente, a observar
os fatos. (OP 266)
1855 - Assim foi que, ainda em maio, a convite de Pâtier,
Rivail assiste a algumas experiências na casa da Sra. Plainemaison,
sita à Rue Grange-Batelière, 18. Rivail impressiona-se
com os fenômenos, declarando que se verificavam em condições
“que não deixavam lugar para qualquer dúvida.
[...] Minhas idéias estavam longe de precisar-se, mas havia
ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia
naquelas aparentes futilidades [...] qualquer coisa de sério,
como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim
estudar a fundo.”(OP 267; AK II
64)
1855 - Numa dessas reuniões, conhece a família Baudin,
então residente à Rue Rochechouart (a partir de 1856
iria para a Rue Lamartine; ver AK II 64). Convidado pelo Sr. Baudin,
passou a freqüentar assiduamente as sessões semanais que
se realizavam em sua casa. Os médiuns eram as filhas do casal,
Caroline e Julie, que no início escreviam com o auxílio
de uma cestinha. [4] De
numerosas e frívolas que eram, sob a influência de Rivail
as reuniões passaram a reservadas e sérias, dedicadas
à pesquisa racional e metódica do novo domínio.
“Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração
que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema
tão obscuro e tão controverso do passado e do futuro
da Humanidade [...]. Era, em suma, toda uma revolução
nas idéias e nas crenças; fazia-se mister, portanto,
andar com a maior circunspeção, e não levianamente;
ser positivista e não idealista, para não me deixar
iludir” (OP 267-68; AK II 64).
Rivail submetia aos Espíritos séries de questões
visando a elucidar problemas relativos à filosofia, à
psicologia e à natureza do mundo invisível. Um grupo
de intelectuais encarregou-o de analisar e joeirar cerca de 50 cadernos
com comunicações espirituais diversas. (AK
II 71, 68 e 125)
1856 - Nesse ano passou a freqüentar também as reuniões
espíritas da casa do Sr. Roustan, na Rue Tiquetonne, 14. O
médium era a Srta. Japhet, sonâmbula. As anotações
de Rivail, provenientes em grande parte das comunicações
obtidas pelas Srtas. Baudin, tomaram as proporções de
um livro, embora se saiba que por volta de abril ainda não
estava claro para ele que deveria ser um dia publicado (OP 276). Depois
que isso se tornou evidente, foi por intermédio da Srta. Japhet
que os Espíritos auxiliaram Rivail a fazer uma revisão
completa do texto já elaborado. Era O Livro dos Espíritos.
(OP 270, 276 e 277; AK II 72)
1856 - A 30 de abril, pela mediunidade da Srta. Japhet, Rivail
tem a primeira notícia de sua missão, em linguagem bastante
alegórica. Outras se seguiram, de cunho mais positivo. O conjunto
dessas comunicações e, principalmente, os comentários
de Rivail indicando sua reação, constituem leitura obrigatória
para todo espírita, por sua beleza e elevada significação.
(OP 277-87; AK II 69 e 72)
1857 - No início desse ano o texto manuscrito de O Livro
dos Espíritos está concluído; o editor,
E. Dentu, envia-o à Imprimerie de Beau, em Saint-Germain-en-Laye,
que dista 23 km de Paris, a oeste (AK
II 73 e 75). As despesas correm inteiramente
por conta de Rivail (AK II 257).
O casal Rivail residia então à Rue des Martyrs, 8, no
segundo andar, nos fundos do pátio, onde estava pelo menos
desde março de 1856 (OP 273).
1857 - A 18 de abril, vem à luz a primeira edição
de O Livro dos Espíritos (Le livre des Esprits). Contendo
os princípios da doutrina espírita sobre a natureza
dos Espíritos, sua manifestação e suas relações
com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura e o
porvir da humanidade; escrito sob o ditado e publicado por ordem de
Espíritos Superiores por Allan Kardec. Paris, E. Dentu, livreiro,
Palais Royal, Galerie d’Orléans, 13. [5]
Essa primeira edição contém 501 questões,
distribuídas em 3 partes (176 pp.). Afora a tábua dos
capítulos, há um útil índice remissivo
(“Table alphabétique”). Não há conclusões;
apenas um Epílogo, de menos de uma página. As notas
de Rivail, em número de 17, vêm todas no final, ocupando
12 páginas. Ao longo de toda a primeira parte (“Livre
premier. - Doctrine spirite.”) adota-se uma forma de exposição
dupla: na coluna da esquerda, perguntas e respostas; na da direita,
o texto corrido equivalente. É nesta obra que Rivail adota
o pseudônimo de Allan Kardec, nome que teria tido em antiga
encarnação entre os druidas, sacerdotes do povo celta,
que ocupou a Gália, a Grã-Bretanha e a Irlanda (AK
II 74-80). No Epílogo, anuncia-se
para breve a publicação de um suplemento, contendo
novos ensinos. No entanto, Kardec acaba desistindo da idéia,
elaborando, em seu lugar, uma segunda edição “inteiramente
refundida e consideravelmente aumentada”, que viria a público
em março de 1860 (ver seção 6 deste nosso trabalho).
Em 1957 Canuto Abreu publicou edição bilíngüe
da primeira edição de O Livro dos Espíritos,
sob o título O Primeiro Livro dos Espíritos
(São Paulo, Companhia Editora Ismael).
4. A Revue Spirite
1858 - A 1º de janeiro
Kardec lança o primeiro número da Revue Spirite
(Revista Espírita), jornal de estudos psicológicos.
Contendo o relato das manifestações materiais ou inteligentes
dos Espíritos, aparições, evocações,
etc., assim como todas as notícias relativas ao Espiritismo.
- O ensino dos Espíritos sobre as coisas do mundo visível
e do mundo invisível; sobre as ciências, a moral, a imortalidade
da alma, a natureza do homem e seu porvir. - A história do
Espiritismo na Antigüidade; suas relações com o
magnetismo e o sonambulismo; a explicação das lendas
e crenças populares, da mitologia de todos os povos, etc. Paris;
bureau à Rue des Martyrs, 8.
O primeiro número, com 36 páginas, foi impresso na Imprimerie
de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, a mesma que já imprimira
O Livro dos Espíritos; as despesas, como no caso desse
livro, também ficaram por conta e risco de Kardec (AK
III 21-33; II 76). A Revue era de periodicidade mensal
e durante a vida de Kardec funcionou em sua própria residência,
ou seja:
-
1º /1/1858 - Rue des Martyrs, 8.
-
15/7/1860 - Passage Ste.-Anne (Rue Ste.-Anne,
59).
-
1/4/1869 - Nessa data estava programada a transferência
dos Escritórios e do Expediente para a Librairie Spirite,
Rue de Lille, 7, que também sediaria provisoriamente a
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas; a Redação
iria para a Villa Ségur (Av. de Ségur, 39), casa
de propriedade de Kardec pelo menos desde 1860, para a qual se
mudaria com a dedicada esposa. (AK III 21-24,
35-37, 118-19; II, pp. 24-25). Kardec desencarnou na véspera.
Era Kardec quem redigia integralmente
a revista e cuidava de toda sua correspondência e expedição,
trabalho hercúleo suficiente para consumir todo o tempo de
uma pessoa ordinária. E isso era apenas uma parte de seus trabalhos,
havendo ainda os livros, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas,
as centenas de visitantes anuais, as viagens...[6]
A Revue Spirite constitui rico manancial doutrinário,
pouco explorado pelos espíritas. Os originais franceses, necessários
para pesquisas cuidadosas, são raríssimos em todo o
mundo. Em feliz iniciativa, motivada pela comemoração
do 140o aniversário da fundação da Revue, o Centre
d'Études Spirites Léon Denis, de Thann, França,
está inserindo o precioso material em seu “site”
na Internet (http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/),
à razão de um fascículo por mês.
Kardec discorre sobre a idéia da criação da Revue
em OP 293-94. Em suas própria palavras, ela tornou-se-lhe
“poderoso auxiliar” na elaboração da doutrina
e na implantação do movimento espírita (AK
III 22; OP 294).
A partir da declaração de propósitos do primeiro
número da Revista e do exame dos volumes escritos por Kardec
(ver também AK III 21-33; II 24-25),
podem-se identificar os seus objetivos principais, entre os quais
destacam-se:
1. Manter o público atualizado
quanto à evolução da ciência espírita;
2. Alertá-lo acerca dos excessos de credulidade e ceticismo;
3. Servir de meio de comunicação entre as pessoas
que compreendem a doutrina “sob seu verdadeiro ponto de vista
moral”;
4. Veicular relatos de fenômenos espíritas, psicológicos
e antropológicos que contribuam para a elucidação
da natureza espiritual do ser humano;
5. Fazer a “apreciação racional” desses
fenômenos e examinar-lhes as conseqüências;
6. Publicar e analisar criticamente produções mediúnicas
selecionadas, obtidas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
ou enviadas por correspondentes;
7. Sondar a opinião dos homens e Espíritos sobre princípios
em elaboração;
8. Examinar, à luz do Espiritismo, as crenças, lendas
e tradições referentes aos Espíritos;
9. Comentar artigos de jornais, obras literárias, filosóficas
e científicas à luz do Espiritismo.
Kardec editou a Revue até o número de abril
de 1869, inclusive. Após a morte de Kardec (31/3/69) ela continuou
sendo publicada, graças ao idealismo da Senhora Allan Kardec,
de Pierre-Gaëtan Leymarie e de Jean Meyer, principalmente (AK
III 153-57; Reformador, 09/1990, p. 286). A partir de 1913,
aditou-se ao título da revista o artigo ‘la’ (‘a’),
a qual ficou, desde então ‘La Revue Spirite’
(AK III 32 e 47).
Em lamentável decisão, a publicação foi
extinta em 1976 por André Dumas, junto com a Union Spirite
Française, [7] para dar lugar
a Renaître 2000 e a Union des Sociétés Francophones
pour l’Investigation Psychique et l’Étude de la
Survivance (USFIPES), ambas de cunho não-espírita. Sob
a lúcida e firme direção de Francisco Thiesen,
a FEB envidou esforços para salvá-la em 1977, não
obtendo sucesso (AK III 45-57). Felizmente,
em 11 de maio de 1989 a Union Spirite Française et Francophone,
com sede em Tours, conseguiu judicialmente recuperar o título,
retomando a publicação da Revue, com periodicidade
trimestra [8].
5. A Société
Parisienne des Études Spirites
1857 - Por volta de outubro
desse ano iniciaram-se reuniões espíritas na residência
do casal Allan Kardec, à Rue des Martyrs, 8. Aconteciam às
terças-feiras à noite e o médium principal era
a Srta. Ermance Dufaux. Com o número crescente de freqüentadores,
fez-se indispensável encontrar um local mais amplo. A solução
encontrada foi alugar uma sala, cotizando-se as despesas entre as
pessoas (OP 294-95; AK III 34).
1858 - A 1º de abril é fundada legalmente a Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, ou, em francês, Société
Parisienne des Études Spirites (SPES), cujo título Kardec
freqüentemente abreviava para ‘Societé Spirite de
Paris’, ‘Societé des Études Spirites’,
ou mesmo ‘Societé de Paris’.
Foi nas reuniões semanais da Société que boa
parte das atividades mediúnicas e de estudo supervisionadas
por Kardec se desenvolveram. As portas da SPES não eram abertas
ao público, conquanto houvesse “reuniões gerais”
em que visitantes apresentados por membros da Société
podiam ser admitidos; essas reuniões se alternavam, semanalmente,
com as “reuniões particulares”, às quais
somente os sócios tinham acesso. Isso se compreende perfeitamente,
dados os objetivos das reuniões, ligados essencialmente à
pesquisa teórica e experimental dos fenômenos. A Société
era, assim como a Revue, um terreno de elaboração
da doutrina espírita (OP 294-95;
AK III 34-44; II 36-37).
Durante a vida de Kardec, a SPES esteve em três endereços
(OP 295; AK III 35-37 e 118):
-
1º /4/1858 - Galerie de Valois, 35, no
Palais Royal. As reuniões eram às terças-feiras.
O Palais Royal é importante edifício histórico
situado ao lado do Louvre. Foi construído pelo Cardeal
Richelieu no século XVII. Suas elegantes galerias externas,
que circundam o jardim (Galeries Montpensier, de Beujolais e de
Valois), foram mandadas construir por Louis-Philippe d’Orléans,
na segunda metade do século seguinte. Na Galerie d’Orléans
(do séc. XIX) ficavam as livrarias de Dentu (no 13) e Ledoyen
(no 31), que editaram várias das obras espíritas
de Kardec (ver adiante).
-
1º /4/1859 - Galerie Montpensier, 12,
no Palais Royal (num salão do restaurante Douix). Nesse
local SPES reunia-se às sextas-feiras.
-
20/4/1860 - Passage Ste.-Anne (Rue Ste.-Anne,
59). Nesse mesmo endereço, a partir de 15 de julho, passa
a residir Kardec, que levou consigo a Revue Spirite.
Embora nessa época já possuísse a casa da
tranqüila Villa Ségur, Allan Kardec viu-se na contingência
de se alojar nesse apartamento com a abnegada esposa, dividindo
espaço com a Revue e a SPES, para economizar seu
minguado tempo.
-
1/4/1869 - Estava programada
para essa data a transferência provisória da Société
para a Librairie Spirite, Rue de Lille, 7. Com a desencarnação
de Kardec, a transferência ainda se verifica, mas a SPES
não se sustenta por muito tempo.
6. As outras
obras importantes de Allan Kardec
Fornecemos a seguir alguns dados sobre as principais obras de Allan
Kardec (além de O Livro dos Espíritos, de que
já tratamos; para uma lista possivelmente completa, ver AK
III 15, 18 e 19). Algumas das informações referentes
a dias e meses das publicações foram colhidas nas edições
da FEB. Quanto às edições em francês atuais,
indicamos as que pessoalmente possuímos; em alguns casos, há
nas livrarias outras edições [9].
Abreviaremos os dados referentes aos editores originais segundo estas
convenções (note-se que várias das obras saíram
por mais de um editor):
- Dentu - E. Dentu, Libraire. Palais Royal, Galerie d’Orléans,
13.
- Ledoyen - Ledoyen, Libraire. Palais Royal, Galerie d’Orléans,
31.
- Didier - Didier et Cie., Libraires-Éditeurs.
Quai des Augustins, 35.[10]
1858 - Instrução
Prática sobre as Manifestações Espíritas
(Instruction pratique sur les manifestations spirites). Contendo
a exposição completa das condições necessárias
para se comunicar com os Espíritos, e os meios de se desenvolver
a faculdade mediadora nos médiuns. Paris, bureau da Revue
Spirite, Rue des Martyrs, 8; Dentu; Ledoyen.
Com a publicação de O Livro dos Médiuns,
em 1861, Kardec deixou de imprimir a Instrução
(152 pp.), à época já esgotada, considerando-a
superada, quanto à abrangência, pela nova obra. O livro
é, porém, de significativo valor histórico; hoje
está novamente disponível em francês (Paris, La
Diffusion Scientifique) e em português, em tradução
de Cairbar Schutel (in: Iniciação Espírita,
6a ed., São Paulo, Edicel, 1977; foi também publicado
pela Casa Editora O Clarim, de Matão, em 1987).
1859 - O que é o Espiritismo (Qu’est-ce que le Spiritisme).
Introdução ao conhecimento do mundo invisível
pelas manifestações dos Espíritos, contendo o
resumo dos princípios da doutrina espírita e respostas
às principais objeções (11).
Ledoyen. [100 pp.] Edição francesa corrente: Paris,
Dervy-Livres. Tradução brasileira recomendada: Rio,
FEB (não se indica o tradutor).
1860 - (março) - Segunda edição de O Livro
dos Espíritos. Contendo os princípios da doutrina
Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos
e suas relações com os homens; as leis morais, a vida
presente, a vida futura e o porvir da humanidade. Segundo o ensino
dado pelos Espíritos Superiores com o auxílio de diversos
médiuns, recolhidos e ordenados por Allan Kardec. Segunda edição,
inteiramente refundida e consideravelmente aumentada. Didier; Ledoyen.
Acima do título, aparece agora a frase “Filosofia
espiritualista”. Essa nova edição, que se
tornou definitiva, tem 1019 questões, distribuídas em
quatro partes. É acrescentada a Conclusão, mas o índice
alfabético infelizmente não mais existe. A forma de
exposição dupla não aparece em nenhuma das partes.
As notas vêm agora logo após as respostas dos Espíritos,
sendo muitíssimo mais numerosas; é fácil ver
que muitas delas provêm do texto corrido da primeira parte da
primeira edição [12].
1861 - (15 de janeiro) - O Livro dos Médiuns (Le
livre des médiums), ou guia dos médiuns e dos evocadores.
Contendo o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de
todos os gêneros de manifestações, os meios de
se comunicar com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade,
as dificuldades e os escolhos com que se pode deparar na prática
do Espiritismo. Para fazer seqüência ao Livro dos Espíritos.
Didier; Ledoyen [498 + iv pp.; AK III
173].
1861 - Segunda edição de O Livro dos Médiuns.
Revista e corrigida com o concurso dos Espíritos, e acrescida
de grande número de instruções novas. Didier;
Ledoyen [510 + viii pp.].
Edição francesa corrente: Paris, Dervy-Livres. Edição
brasileira recomendada: FEB, tradução de Guillon Ribeiro,
inteiramente revista a partir da 59ª edição.
1862 - (fevereiro) - O Espiritismo na sua expressão mais
simples (Le Spiritisme à sa plus simple expression). Exposição
sumária do ensino dos Espíritos e de suas manifestações.
Ledoyen [36 pp.].
Em 1994 esse opúsculo foi recentemente reeditado pelo Centre
d’Études Spirites Allan Kardec, de Paris. Existem várias
traduções para o vernáculo, sendo hoje disponíveis
as de Dafne R. Nascimento, publicada pela Federação
Espírita do Estado de São Paulo em 1984, e a de Joaquim
da Silva Sampaio Lobo (in: Iniciação Espírita,
6a ed., São Paulo, Edicel, 1977) [13].
1862 - Viagem Espírita em 1862 (Voyage spirite en 1862).
Contendo: 1. As observações sobre o estado do Espiritismo;
2. As instruções dadas por Allan Kardec nos diferentes
grupos; 3. As instruções sobre a formação
dos grupos e das sociedades, e um modelo de regulamento para o uso
deles e delas. Ledoyen. [64 pp.]
Esse livro é atualmente publicado em Paris pela Éditions
Vermet; no Brasil, em Matão, pela Casa Editora O Clarim, em
tradução de Wallace Leal Rodrigues. Nenhuma dessas edições
trazem dizeres após o título; tomamo-los de AK
III 18 [14].
Afora as mencionadas instruções e regulamento, o corpo
da obra consiste de três discursos proferidos por Kardec aos
espíritas de Lyon e Bordeaux em sua famosa viagem.
1864 - (abril) - Imitação do Evangelho segundo o
Espiritismo (Imitation de l’Évangile selon le Spiritisme).
Contendo a explicação das máximas morais do Cristo,
sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação
às diversas posições da vida. Por Allan Kardec,
autor do Livro dos Espíritos. Fé inabalável
só o é a que pode encarar frente a frente a razão,
em todas as épocas da Humanidade. Paris, os editores do Livro
dos Espíritos; Ledoyen, Dentu, Fréd. Henri, livreiros,
no Palais Royal, e no escritório da Revue Spirite,
Rue e Passage Sainte-Anne, 59.
Essa obra, impressa na Imprimerie de P.-A. Bourdier et Cie, Rue Mazarine,
30, possui 444 + xxxvi páginas. É precursora de O
Evangelho segundo o Espiritismo. No entanto, é de grande
valor histórico, sendo essa a razão pela qual em 1979
a FEB reeditou-a em reprodução fotográfica. Não
temos notícia de outras edições recentes, nem
de traduções. Naturalmente, ‘imitação’
aqui não se deve entender no sentido hoje popular, de ‘cópia’,
mas no de ‘prática’ (ver as anotações
de Hermínio Miranda à edição febiana para
esclarecimentos adicionais).
1865 - (1º de agosto) - O Céu e o Inferno, ou a Justiça
Divina segundo o Espiritismo (Le ciel et l’enfer, ou la justice
divine selon le Spiritisme). Contendo o exame comparado das doutrinas
sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, as penas
e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas,
etc.; seguido de numerosos exemplos acerca da situação
real da alma durante e depois da morte. “Por mim mesmo juro,
disse o Senhor Deus, que não quero a morte do ímpio,
senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva.”
(Ezequiel, 33:11). Paris; os editores de O Livro dos Espíritos,
Librairie Spirite.
Em nossos dias, está disponível edição
belga da Éditions de l’Union Spirite. A tradução
da FEB é, neste caso, de Manuel Quintão. (AK III 108
faz menção à “21a edição,
revista, 1974, FEB.”)
1866 - O Evangelho segundo o Espiritismo (L’Évangile
selon le Spiritisme).
Os dizeres da página de rosto são idênticos aos
de Imitation, exceto pela data e pela frase “Terceira
edição, revista, corrigida e modificada”. Segundo
se infere do que é dito no prefácio de Thiesen à
edição febiana de Imitation (página
15, não numerada), a segunda edição, de 1865,
seria apenas outra tiragem da edição princeps.
No entanto, em AK III 18 está escrito: “Da 2a ed. - 1865
- em diante, essa obra tomou novo título...”, querendo-se
com isso dizer que já na 2a edição o título
fora mudado para O Evangelho segundo o Espiritismo, tal como
consta na coluna 322 do tomo II do Catalogue Général
des livres imprimés de la Bibliothèque Nationale (Auteurs),
Paris, Imprimerie Nationale, MDCCCXCIX, edição essa
assim catalogada na referida Biblioteca: R 39901. Na Revue
de 1865, meses antes do lançamento da 3a edição,
já se fazia referência, em artigos, a O Evangelho
segundo o Espiritismo, certamente da 2a edição
[15].
De qualquer modo, é a terceira edição que se
tornou definitiva, servindo de base para as edições
posteriores em francês e nos vários idiomas em que foi
traduzida. Também devido à sua raridade e seu valor
histórico, a FEB lançou, em 1979, uma reprodução
fotográfica dessa edição. Na França, é
hoje em dia publicada por La Diffusion Scientifique. Em português,
a tradução clássica recomendada é a de
Guillon Ribeiro (FEB), inteiramente revista a partir da 104º
edição.
1868 - (6 de janeiro) - A Gênese, os milagres e as predições
segundo o Espiritismo (La genèse, les miracles et les prédictions
selon le Spiritisme). Paris, Librairie Internationale.
Esse foi o último livro publicado por Kardec. Pode ser encontrado
hoje em edição da La Diffusion Scientifique, de Paris.
A corrente edição da FEB foi traduzida por Guillon Ribeiro,
da 5a edição francesa, “revista, corrigida e aumentada”.
1890 - Obras Póstumas (Œuvres Posthumes). Paris,
Société de Librairie Spirite. [450 pp.]
Organizado e editado por Pierre-Gaëtan Leymarie, esse livro reúne
importantes textos de Kardec, quer de caráter teórico,
sobre diversos assuntos, quer sobre fatos relativos às atividades
espíritas do mestre. Em AK III 19 lê-se que uma segunda
edição veio a lume ainda no mesmo ano de 1890. Guillon
Ribeiro traduziu o livro para a FEB, a partir da primeira edição
francesa. Hoje está disponível, em francês, a
edição parisiense da Dervy-Livres, em que, no entanto,
as matérias foram rearranjadas e renomeadas relativamente à
edição original de Leymarie. Um aprofundado estudo sobre
a história dessa obra pode ser lido no artigo “No centenário
de Obras Póstumas”, de Zêus Wantuil, estampado
em Reformador de janeiro de 1990, pp. 3 e 4.
Consoante o objeto deste nosso trabalho, a lista que acaba de ser
dada menciona somente os textos mais importantes, dando, a seu respeito,
apenas algumas informações básicas. O volume
III da obra Allan Kardec é de consulta obrigatória
para o estudioso que queira acercar-se da fonte mais extensa e segura
de dados sobre o conjunto da produção de Kardec.
7. A partida de Allan Kardec e alguns
acontecimentos posteriores
1869 - (31 de março) - Desencarna subitamente Allan Kardec,
enquanto atende a um caixeiro de livraria, no seu apartamento da Rue
Ste.-Anne, muito provavelmente vitimado pela ruptura de um aneurisma
de aorta (AK III 110, 116 e 119). No dia seguinte, deveria desocupar
esse imóvel, indo para a casa da Villa Ségur; os escritórios
da Revue iriam para a Rue de Lille, 7 (onde funcionava a
Librairie Spirite), que sediaria também a SPES.
O corpo foi sepultado ao meio-dia de 2 de abril, no cemitério
de Montmartre. Estima-se que mais de mil pessoas acompanharam o cortejo,
que seguiu pelas ruas de Grammont, Laffitte, Notre-Dame-de-Lorette,
Fontaine e pelo Boulevard de Clichy. À beira da sepultura,
Camille Flammarion, astrônomo e médium da SPES, pronunciou
o seu importante discurso, que a FEB fez figurar na sua edição
de Obras Póstumas. Na primeira reunião da SPES
após esse fato, os membros presentes lançaram a idéia
de se levantar um monumento ao mestre, que logo recebeu adesão
de espíritas de muitas cidades. Foi assim que se fez construir
o famoso dólmen do cemitério Père-Lachaise, para
onde os restos mortais de Kardec foram transladados a 29 de março
de 1870.
1870 - (31 de março) - Inaugura-se o monumento druida do Père-Lachaise.
Esse famoso cemitério é considerado museu, tendo sido
ali sepultados inúmeros dos grandes vultos franceses e mesmo
de outros países. O de Kardec é o túmulo mais
visitado e o mais florido de todos [16].
Quando de sua inauguração, o dólmen não
registrava a célebre frase “Nascer, morrer, renascer
ainda e progredir continuamente, tal é a lei”, que foi
insculpida ainda em 1870. Ao contrário do que muitas vezes
se afirma, essa frase não se deve textualmente ao próprio
Kardec, não obstante represente corretamente o pensamento espírita
(AK III 118-152).
1871 - (junho) - Pierre-Gaëtan Leymarie assume a gerência
da Revue e da Librairie Spirite (AK III
157).
1875 - Vêm à público as primeiras edições
brasileiras de livros de Kardec (excetuando-se o já citado
opúsculo O Espiritismo na sua Expressão mais simples,
publicado em São Paulo em 1862; ver nota no 10, acima): O
Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Céu
e o Inferno, traduzidos pelo Dr. Joaquim Carlos Travassos. No
ano seguinte, 1876, também apareceria, pelo mesmo tradutor,
O Evangelho Segundo o Espiritismo. O Editor dessas obras
foi B. L. Garnier, do Rio de Janeiro (AK
III 175-80).
1883 - (21 de janeiro) - Desencarna Madame Allan Kardec. Dois dias
após seu corpo é sepultado junto ao do esposo, no Père-Lachaise,
saindo o féretro de sua casa na Villa Ségur. Amélie-Gabrielle
Boudet nascera em 1795, a 23 de novembro, e não a 21, como
se insculpiu no túmulo (AK III
158-60).
1883 - (21 de janeiro) - Fundação, por Augusto Elias
da Silva, da revista Reformador.
1884 - (2 de janeiro) - Fundação da Federação
Espírita Brasileira, também por Augusto Elias da Silva,
à qual Reformador passa a pertencer.
1898 - A Revue muda-se da Rue du Sommerard, 12 para a Rue
St.-Jacques, 42, onde permaneceu por um bom tempo; no local existe
hoje a Librairie Leymarie, que pertenceu a Pierre-Gaëtan Leymarie
(AK III 226-27).
1923 - Jean Meyer funda a Maison des Spirites, na Rue Copernic, 8
(AK I 172;
cf. porém AK III 203). Continha arquivos importantes que foram
destruídos pelos nazistas. Sediou a Éditions Jean Meyer
(B.P.S), que publicou muitas das obras clássicas do Espiritismo,
bem como a Revue, de 1923 a 1971, quando morreu Hubert Forestier
(AK III 227).
8. Relação
dos endereços:
Fornecemos abaixo uma relação dos principais endereços
ligados ao Espiritismo na França, destinada a facilitar visitas
e a localização em mapas:
1) Rue Sale, 76 (Lyon) - Local onde nasceu Rivail.
2) Rue de la Harpe, 117 - Rivail
estava nesse endereço em janeiro de 1823.
3) Rue Vaugirard, 65 - Rivail esteve
nesse endereço pelo menos de 1828 a 1831.
4) Rue Christine, 5 - Imprimerie
de Pilet-Ainé, que em 1824 publicou o primeiro livro de Rivail.
5) Rue de Sèvres, 35 - Institution
Rivail, de 1826 a 1834; Lycée Polymathique, até 1850.
6) Rue Grange-Batelière,
18 - Casa da Sra. Plainemaison, onde Rivail fez as primeiras observações,
em maio de 1855.
7) Rue Rochechouart - Família
Baudin, 1855. Aqui começaram as pesquisas sistemáticas
de Rivail.
8) Rue Lamartine - Novo endereço
dos Baudin, a partir de 1856. Grande parte do trabalho inicial de
Kardec desenvolve-se nesse local.
9) Rue Tiquetonne, 14 - Casa do
Sr. Roustan. Com a médium Srta. Japhet, Rivail realizou aí
importantes trabalhos, como a revisão de O Livro dos Espíritos.
10) Rue des Martyrs, 8 (segundo
andar, ao fundo do pátio) - Residência de Rivail pelo
menos desde março de 1856, ficando até 14/7/1860. Em
outubro de 1857, começaram aí as reuniões de
estudo que dariam origem à SPES. No local foi lançada
1a edição de O Livro dos Espíritos (18/4/57)
e a Revue Spirite (1/1/58).
11) Saint-Germain-en-Laye (23 km
oeste de Paris) - Imprimerie de Beau, que imprimiu a 1a ed. de O Livro
dos Espíritos e a Revue Spirite.
12) Galerie d’Orléans,
13 (Palais Royal) - Dentu, editor da 1a edição de O
Livro dos Espíritos, da Instrução Prática,
da Imitação e de O Evangelho.
13) Galerie d’Orléans,
31 (Palais Royal) - Ledoyen, editor da 2a ed. de O Livro dos Espíritos,
da Instrução, de O Livro dos Médiuns, de O Espiritismo
em sua expressão mais simples, da Viagem Espírita, da
Imitação, de O Evangelho e de O Céu e o Inferno.
14) Galerie de Valois, 35 (Palais
Royal) - primeiro endereço da SPES, a partir de 1/4/58 (reuniões
às terças-feiras)
15) Galerie de Montpensier, 12 (Palais
Royal; restaurante Douix) - segundo endereço da SPES, a partir
de 1/4/59.
16) Quai des Augustins, 35 - Didier
et Cie, editor da 2a edição de O Livro dos Espíritos,
de O Livro dos Médiuns e de O Céu e o Inferno.
17) Rue Mazarine, 30 - Imprimerie
de P.-A. Bourdier et Cie, que imprimiu L’Imitation de l’Évangile,
em abril de 1864.
18) Passage Sainte-Anne (Rue Sainte-Anne,
59) - SPES, a partir de 20/4/60; domicílio de Kardec e Revue
Spirite, a partir de 15/7/60;
19) Villa Ségur (Av. de Ségur,
39) - casa de propriedade de Kardec pelo menos desde 1860, para a
qual se mudaria definitivamente em 1/4/1869. O casal por vezes usava
a casa para recepcionar visitas e para realizar trabalhos que exigiam
recolhimento. Amélie-Gabrielle ficou nela até sua morte,
em 1883. Era desejo de Kardec que a casa se transformasse, quando
não mais estivessem encarnados ele e a esposa, em abrigo para
espíritas desvalidos.
20) Rue de Lille, 7 - Revue e SPES
depois da morte de Kardec (31/3/69); aí já funcionava
a Librairie Spirite.
21) Rue du Sommerard, 12 - Sediou
a Revue por breve período, de 1897 (quando foi liquidada a
Librairie Spirite ) a 1898 (AK III 202, 227 e 262).
22) Rue Saint-Jacques, 42 - Librairie
Leymarie, que abrigou a Revue de 1898 até 1923 (AK III 227);
existe ainda hoje como livraria espiritualista.
23) Rue Copernic, 8 - Maison des
Spirites, fundada em 1923 por Jean Meyer (AK I 172), funcionou até
a década de 1970.
24) Rue Jean-Jacques Rousseau, 15
- Union Spirite Française, fundada em 1919 por Jean Meyer e
Gabriel Delanne; substituída em 1976 pela U.S.F.I.P.E.S.
25) Rue du Docteur Fournier, 1,
37000 Tours - Union Spirite Française et Francophone, que atualmente
publica La Revue Spirite.
26) Rue de Flandre, 131, Résidence
Île de France, bâtiment E1, 75019 Paris, tel.: (01)42090869-
Centre d’Études Spirites Allan Kardec (em funcionamento).
27) Cemitério de Montmartre
(região norte de Paris) - Sepultamento de Kardec a 2/4/69.
28) Cemitério do Père-Lachaise
(região leste de Paris) - Sepultura definitiva de Kardec, a
partir de 29/3/70; o dólmen é inaugurado dois dias depois.