1. Introdução
"Passes"
"E rogava-lhe muito, dizendo:
Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas
as mãos para que sare, e viva"
- Marcos 5: 23.
"Jesus impunha as mãos
nos enfermos e transmitia-lhes os bens da saúde. Seu amoroso
poder conhecia os menores desequilíbrios da Natureza e os
recursos para restaurar a harmonia indispensável.
"Nenhum ato do Divino Mestre
é destituído de significação. Reconhecendo
essa verdade os apóstolos passaram a impor as mãos
fraternas em nome do Senhor e tornavam-se instrumentos da Divina
Misericórdia.
"Atualmente, no Cristianismo
redivivo, temos, de novo, o movimento socorrista do Plano Invisível,
através da imposição das mãos. Os passes,
como transfusões de forças psíquicas, em que
preciosas energias espirituais fluem dos mensageiros do Cristo para
os doadores e beneficiários, representam a continuidade do
esforço do Mestre para atenuar os sofrimentos do mundo.
"Seria audácia por parte
dos discípulos novos a expectativa de resultados tão
sublimes quanto os obtidos por Jesus junto aos paralíticos,
perturbados e agonizantes.
"O Mestre sabe, enquanto nós
outros estamos aprendendo a conhecer. É necessário,
contudo, não desprezar-lhe a lição, continuando,
por nossa vez, a obra de amor, através das mãos fraternas.
"Onde exista sincera atitude
mental do bem, pode estender-se o serviço providencial de
Jesus.
"Não importa a
fórmula exterior. Cumpre-nos reconhecer que o bem pode e
deve ser ministrado em seu nome."
Emmanuel (Caminho, Verdade e Vida,
cap. 153).
2. O passe e o conceito de cura
A Organização Mundial da Saúde
considera que a saúde é o completo bem estar físico,
mental e social. Nós, espíritas, anuímos a essa
definição; só que admitimos que toda doença
de alguma gravidade tem uma origem espiritual. A ação
moral desequilibrada do Espírito afeta o perispírito;
e estando o perispírito intimamente ligado ao corpo físico,
seu desajuste vibratório afeta-o, e ele adoece.
Em sua essência profunda, o passe é a mobilização
ativa de nosso amor em favor do bem do semelhante. Jesus, o Divino
Modelo, ensinou-nos a fazê-lo em diversas e bem conhecidas passagens
de sua vida. Na página que fizemos figurar como introdução
destes apontamentos, por exemplo, Emmanuel comenta o caso de Jairo,
que procurou Jesus, movido por ardente fé, implorando pela
filha, em estado de morte aparente. Atendendo-lhe ao pedido, Jesus
vai até sua casa e, convocando-a à vida, restaura-lhe
prontamente a saúde.
No versículo 9 do décimo capítulo de seu Evangelho,
Lucas registra importante recomendação de Jesus aos
discípulos: "E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes:
É chegado a vós o Reino de Deus." Entendemos que
o Mestre se reportava aqui a dois tipos de cura:
1. Os recursos fluídicos
benéficos, restauradores do corpo: o passe.
2. Os recursos do esclarecimento, que propiciam a cura integral
e definitiva do homem, sobrepondo-se a todas as terapias que se
têm criado no mundo.
A começar por Allan Kardec,
praticamente todos os grandes autores espíritas dedicaram muita
atenção ao passe e à questão da saúde
integral do ser humano. Eis algumas passagens significativas a esse
respeito:
O passe não é unicamente
transfusão de energias anímicas. É o equilibrante
ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos.
André Luiz, Opinião Espírita,
cap. 55, p. 180
Para evitar essas recidivas, é necessário que o remédio
espiritual ataque o mal em sua base [...], é preciso tratar,
ao mesmo tempo, o corpo e a alma.
Abade Príncipe de Hohenlohe, Revue
Spirite, outubro de 1867.
O maior milagre que Jesus operou, o que verdadeiramente testa
a sua superioridade, foi a revolução que os seus ensinos
produziram no mundo, mau grado à exigüidade dos seus
meios de ação.
Kardec, A Gênese, cap. 15, § 63.
Sabemos que essa
"revolução" a que se refere Kardec é
o ensino e a exemplificação do amor, do bem, da fraternidade
e todas as demais virtudes nascidas desses belos sentimentos, que
estabelecem o Reino de Deus em nosso Espírito, adornando-o
com as lindas e perfumosas flores do jardim do Evangelho.
Como almejar à cura total dos nossos desequilíbrios
orgânicos e espirituais, se ainda agasalhamos em nosso ser o
orgulho, o egoísmo e todas as mazelas deles decorrentes?
Como sararmos da úlcera, da alergia desconfortável,
da artrite deformante, do coração em descompasso, se
a ira e o grito de cólera ainda ecoam em nossa alma?
Como almejarmos o fim da ansiedade, da depressão e todas as
distonias anímicas de múltiplas nomenclaturas, se ainda
nutrimos ódio, rancor, mágoa, ciúme, inveja,
pensamentos sombrios? Como, se a excelsa virtude a mansidão
cantada por Jesus em suas bem-aventuranças (Mateus
5: 5-12) ainda não se instalou
em nossos corações?
Como pretendermos ter o equilíbrio físico e psíquico,
se vivemos em guerra com a sociedade, com o vizinho menos evoluído,
com os familiares em processo de reajuste, com o nosso grupo de trabalho?
Quantas vezes até mesmo em nossas lides na casa espírita
nos deixamos envolver por sentimentos contrários àqueles
que Jesus nos ensinou: mágoas, revoltas, melindres, que constituem
sombras densas em nossos corações, enfermando-nos?
Como poderemos ser felizes e saudáveis, se a ganância
das posses materiais nos absorvem todo o tempo e as energias? Como,
se nos esquecemos da busca dos tesouros imperecíveis que não
são consumidos pelas traças, pela ferrugem e pelos ladrões?
Além de se constituírem libertação das
dores, dos sofrimentos, das enfermidades, os tesouros espirituais
são também passaporte para as moradas celestes, como
prometeu Jesus, que partiria para nos preparar o lugar no "céu"
para aquele que seguisse os seus ensinos (João
14: 1-3).
Onde buscar a saúde, se sorvemos os venenos dos tóxicos,
do álcool, do tabaco, entregando-nos ainda aos excessos da
alimentação, do sexo e tantos outros? Como seguir o
preceito sublime de Jesus - amar o próximo -, se não
somos capazes de amar a nós próprios, mantendo vícios
e paixões que desgastam a nossa harmonia orgânica?
Serão de pouca valia os recursos da medicina da Terra e do
Céu, enquanto não aprendermos os caminhos de Jesus.
Palmilhando esses caminhos, teríamos menos necessidade de hospitais,
de hospícios, de presídios, de creches, de asilos ...
A grande Cura proposta pelo Espiritismo deve ser o cumprimento de
um sério e amplo programa de iluminação interior,
apoiado na prática do bem, na vivência cristã
constante.
3. O passe e a finalidade do centro espírita
O Centro
Espírita - unidade fundamental do Movimento Espírita
-, "para bem atender às suas finalidades, deve ser núcleo
de estudo, de fraternidade, de oração e de trabalho,
com base no Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina Espírita".
Desviá-lo dessa diretriz é comprometer a causa a que
se pretende servir.
- Editorial de Reformador, março
de 1992.
O passe foi incluído nas práticas do Espiritismo como
um auxiliar dos recursos terapêuticos ordinários. É,
portanto, um meio e não a finalidade do Espiritismo. No entanto,
muitas pessoas procuram o centro espírita em busca somente
da cura ou melhora de seus males físicos, psicológicos
e dos distúrbios ditos "espirituais".
Geralmente, as pessoas que assim procedem são nossos irmãos
que desconhecem os fundamentos do Espiritismo. Muitos vêem no
Espiritismo mais uma religião, criada por Kardec. Outros ligam-no
somente à mediunidade, temendo sua prática, que envolveria
o relacionamento com "almas do outro mundo". Ainda outros
associam-no a curas, e mesmo à fórmulas místicas
para a solução de problemas financeiros, conjugais,
etc. Há aqueles que, sem nada conhecer, tomam passes freqüentemente,
por hábito, mesmo sem estarem necessitando. Isso tudo resulta
do desconhecimento doutrinário, de interpretações
pessoais, da disseminação de conceitos errôneos.
É dever do centro espírita, por
meio do seu corpo de trabalhadores, esclarecer os que o procuram acerca
dos objetivos maiores do Espiritismo, que gravitam em torno da libertação
da criatura das amarras da ignorância das leis divinas, alçando-a
à perfeição.
Bem orientado, o centro espírita é um foco de luz na
Terra, que ilumina o saber e o amor, a razão o e sentimento.
Daí ele ser a um só tempo:
-
Escola - que possibilita ao ser humano, pelo
estudo constante disciplinado, inteirar-se das sábias leis
divinas que regulam o seu destino.
-
Hospital - onde são socorridos os acidentados
da alma pelos recursos fluídicos e espirituais, como o
passe, a água fluidificada, a prece, a desobsessão,
a palavra de esperança e encorajamento, o estudo evangélico
e doutrinário.
-
Oficina de trabalho no bem - onde, ajudando
o próximo carente, o ser ajuda-se a si próprio,
aprendendo e vivenciando os valores cristãos, a verdadeira
caridade, tal qual definida na resposta à questão
886 de O Livro dos Espíritos: "Benevolência
para com todos, indulgência para as imperfeições
dos outros, perdão das ofensas".
4. Os mecanismos do passe
Muitas vezes, a fé que leva
as pessoas a procurarem os recursos do passe é cega. Desconhecem
os seus mecanismos, os seus efeitos e sua aplicação.
A fé cega é mística. A fé verdadeira é
uma força atrativa e fixadora das energias benéficas.
O Espiritismo possui elementos para o devido esclarecimento acerca
dos mecanismos do passe. O passe não é algo sobrenatural.
Ele ocorre com base em leis naturais que regulam a ação
dos fluidos responsáveis por todos os fenômenos espirituais.
São leis diversas das que regem os fenômenos da matéria,
do mundo corporal. A ciência oficial, que têm como objeto
exclusivo o estudo da matéria, não pode explicar o passe.
Para entendermos os mecanismos do passe, é importante estudarmos
os fluidos e suas leis, o que inclui a análise do perispírito,
suas funções, suas propriedades. Tudo isso encontra-se
exposto nas obras básicas de Allan Kardec,
notadamente no capítulo 14 de A Gênese, bem como em outras
obras sérias, como as de André Luiz, Léon
Denis, Yvonne Pereira, Philomeno de Miranda, etc.
Do ponto de vista "técnico", o passe é a ação
dirigida de certos fluidos. Sua aplicação processa-se
de perispírito a perispírito. E por estar o perispírito
ligado ao corpo físico célula a célula, exerce
sobre ele preponderante influência. Daí se compreende,
por exemplo, o bem estar físico que decorre da ação
do passe. A energia salutar transmitida ao perispírito repercute
no corpo, nos órgãos enfermos, por um processo de ressonância.
É por isso que o passista não necessita tocar o corpo
do paciente enfermo.
No referido capítulo 14 A Gênese, § 31,
há uma explicação clara de como ocorre essa transmissão
fluídica medicamentosa. Vejamos este trecho:
Como se há visto, o fluido
universal é o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito,
os quais são simples transformações dele. Pela
identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perispírito,
pode fornecer princípios reparadores ao corpo; o Espírito,
encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que infiltra
num corpo deteriorado uma parte da substância de seu envoltório
fluídico.
Notemos a referência à
ação do perispírito no passe: "parte da
substância do seu envoltório fluídico", que
é o perispírito. E continua o texto:
A cura se opera mediante a substituição
de uma molécula malsã por uma molécula sã.
O poder curativo estará, pois, na razão direta da
pureza da substância inoculada; mas depende também
da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante
emissão fluídica provocará e tanto maior força
de penetração dará ao fluido. Depende ainda
das intenções daquele que deseje realizar a cura,
seja homem ou Espírito. Os fluidos que emanam de uma fonte
impura são quais substâncias medicamentosas alteradas.
Logo adiante, no parágrafo
33, Kardec enumera as diversas maneiras em que a ação
fluídica pode produzir-se:
1o - Pelo próprio fluido
do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo
humano, cuja ação se acha adstrita à força
e, sobretudo, à qualidade do fluido.
Trata-se, pois, do passe que provém
somente do passista encarnado ("magnetizador"). Era o recurso
utilizado por Jesus para restabelecer as saúde dos enfermos.
A força fluídica abundante, penetrante, pura no mais
alto grau que se pode ajuizar, saía dele próprio. No
livro Pão Nosso, Emmanuel
legou-nos página intitulada "Magnetismo de Jesus",
que muito elucida a grandeza de seu magnetismo balsâmico.
2o - Pelo fluido dos Espíritos,
atuando diretamente e sem intermediário sobre um
encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para
provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer
sobre o indivíduo uma influência física ou moral
qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está
na razão direta das qualidades do Espírito.
É o passe que provém
unicamente dos Espíritos desencarnados. Ninguém fica
ao abandono quanto aos medicamentos do "Céu". Pelos
eflúvios dos missionários do Mundo Maior quantas curas,
quantas melhoras ocorrem, quantas esperanças se espalham! Mesmo
aqueles que ainda não aprenderam a buscar os recursos do passe
estão sempre sendo socorridos pelo Alto, nos lares, no tumulto
das ruas, no silêncio dos hospitais, nas guerras, em todo lugar.
3o - Pelos fluidos que os Espíritos
derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para
esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual,
ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o
fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que
ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos
é amiúde espontâneo, porém, as mais das
vezes, provocado por um apelo do magnetizador.
Neste terceiro e último processo
há o passe "misto", em que cooperam os Espíritos
e os encarnados. Quando se fala em passes nas casas espíritas
hoje em dia, em geral se entende esse tipo de passe. Nele o "magnetizador"
é também um médium. Ele recebe para dar. É
o intermediário entre os Espíritos e o enfermo, contribuindo,
ao mesmo tempo, com seus próprios recursos. Muitas vezes o
enfermo necessita de fluidos mais "materiais", que os Espíritos
por si sós não podem fornecer. Compreende-se, então,
a importância dessa modalidade de passe.
Para complementar o estudo de A Gênese, vamos transcrever
os itens 1 a 6 do parágrafo 176 de O Livro dos Médiuns,
em que Kardec trata dos médiuns curadores.
1. Podem considerar-se as pessoas
dotadas de força magnética como formando uma variedade
de médiuns?
" Não há que
duvidar."
2. Entretanto, o médium é
um intermediário entre os Espíritos e o homem; ora
o magnetizador, haurindo em si mesmo a força de que se utiliza,
não parece que seja intermediário de nenhuma potência
estranha.
"É um erro: a força
magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é
aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama
em seu auxilio. Se magnetizas com o propósito de curar, por
exemplo, e invocas um bom Espírito que se interessa por ti
e por teu doente, ele aumenta a tua força e a tua vontade,
dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias."
3. Há, entretanto, bons magnetizadores
que não crêem nos Espíritos.
"Pensas então que os
Espíritos só atuam nos que crêem neles? Os que
magnetizam para o bem são auxiliados por bons espíritos.
Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por isso,
do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas más intenções,
chama os maus."
4. Agiria com maior eficácia
aquele que, tendo a força magnética, acreditasse na
intervenção dos Espíritos?
"Faria coisas que consideraríeis
milagre."
5. Há pessoas que verdadeiramente
possuem o dom de curar pelo simples contato, sem o emprego dos passes
magnéticos?
"Certamente; não tens
disso múltiplos exemplos?"
6. Nesse caso, há também
ação magnética, ou apenas influencia dos Espíritos?
"Uma e outra coisa. Essas pessoas
são verdadeiros médiuns, pois que atuam sob a influencia
dos Espíritos; isso, porém, não quer dizer
que sejam quais médiuns escreventes, conforme o entendes."
Ao doarmos as nossas próprias
energias somos "magnetizadores", mas podemos ao mesmo tempo
ser médiuns, quando nossos recursos são aumentados e
enriquecidos pelos Espíritos. Indivíduos não
espíritas, não cristãos, não filiados
a qualquer credo religioso, mas que laboram no bem em outros campos
do amor, podem também ceder fluidos curadores para quem necessite,
inclusive com o auxílio de Espíritos, sem se darem conta
disso. O que importa é ser bom, é amar o próximo
como ensinou Jesus.
5. A aplicação do passe
a) Preparo
Para lograr bom resultado, todo trabalho
espiritual necessita de preparo. No caso do passe, deve haver preparo
tanto do passista como do enfermo. Da parte do primeiro, porém,
esse preparo deve ser constante, em vista das emergências que
ocorrem no centro espírita e fora dele.
O ideal seria que toda aplicação de passe fosse precedida
de esclarecimento doutrinário sobre os fluidos, a fé,
a oração, etc. Com o estudo e as reflexões evangélicas
o ambiente se tranqüiliza e os fluidos atuam de forma mais adequada.
Por meio dessas atividades preparatórias, quem vai receber
o passe aprende a buscar sua melhoria não somente pelo passe,
mas pela eliminação de suas imperfeições
morais, causa última dos seus males. Essa é a terapêutica
de profundidade proposta pelo Espiritismo.
Quanto ao passista, não há necessidade que receba antes
o chamado "passe de limpeza", a fim de estar mais apto para
aplicar o passe. Essa "limpeza" deve ser obtida por seus
esforços em seguir as normas apontadas nas seções
6 e 7. Não é submetendo-se a uma operação
momentânea que poderá tornar-se instrumento dócil
e puro dos Espíritos Superiores.
b) Técnicas
Perguntado sobre qual seria a melhor
técnica para a transmissão do passe (O Consolador,
no 99), Emmanuel respondeu:
O passe deverá obedecer à
fórmula que forneça maior percentagem de confiança,
não só a quem o dá, como a quem o recebe. Devemos
esclarecer, todavia, que o passe é transmissão de
uma força psíquica e espiritual, dispensando qualquer
contato físico na sua aplicação.
Comentando o assunto em seu livro
Conduta Espírita (cap. 28), André Luiz, adverte:
Lembrar-se de que na aplicação
de passes não se faz precisa a gesticulação
violenta, a respiração ofegante ou o bocejo contínuo
[...]. A transmissão do passe dispensa qualquer recurso espetacular.
Não há técnicas
únicas para aplicação do passe. O passe deve
ser simples. Em qualquer caso, dispensam-se quaisquer gestos estranhos,
fórmulas místicas e outros recursos espetaculares. É
falta de estudo da Doutrina Espírita que tem levado a adoção
de práticas estranhas nos trabalhos de passe em muitas casas
espíritas.
Detalhando mais o ensino, destaquemos algumas atitudes exteriores
comuns que o médium passista deve abolir:
-
Tilintar dos dedos, esfregar ou tremer as mãos;
-
Tocar o paciente. O passe não é
dado no corpo físico, como já salientamos. É
recomendável guardar certa distância do paciente.
-
Reflexos. O doador de energias pelo passe
não deve se deixar influenciar pelos desarranjos emocionais
e enfermiços de certos pacientes. A influencia negativa
nunca atinge quem está bem física e espiritualmente,
com domínio de suas emoções. É da
lei que o bem dilua o mal. André Luiz conta em Nos
Domínios da Mediunidade que num trabalho mediúnico
se comunicou o Espírito José Maria, altamente perturbado,
inferior. A médium que o serviu foi Celina, que era qual
"harpa delicada" nas mãos dos Benfeitores, pelos
seus dotes morais. André Luiz estranhou que justamente
ela fosse a intérprete de tão perversa criatura.
O Instrutor Áulus explica, porém: "Quanto aos
fluidos de natureza deletéria, não precisamos teme-los.
Recuam instintivamente ante a luz espiritual que os fustiga e
desintegra". De fato, a ação do bem irradiado
por Celina desintegrou os fluidos perniciosos de José Maria.
Se a médium não estivesse preparada os danos seriam
inevitáveis. Assim também ocorre no passe.
-
Tomar passe após aplicá-lo.
É uma pratica dispensável. Muitos passistas empregam-na
por desconhecimento dos mecanismos fluídicos; alegam que
é para "eliminar as más influências"
e se "reabastecer". O passe adequadamente desenvolvido
não exaure quem o transmite, muito pelo contrário.
No livro Conduta Espírita, André Luiz recomenda-nos
"jamais temer a exaustão das forças magnéticas"
(cap. 28). O médium passista é canal pelo qual circulam
abundantemente as forças radiantes que emanam do "Céu".
Em sua obra Nos Domínios da Mediunidade (cap. 17), esse
mesmo autor relata um diálogo de seu amigo Hilário
Silva com o Instrutor Áulus. Perguntando Hilário
se os trabalhadores encarnados que examinavam ministrando o passe
não precisariam recear a exaustão, obtém
esclarecedora resposta: De modo algum. Tanto quanto nós,
não comparecem aqui com a pretensão de serem os
senhores do beneficio, mas sim na condição de beneficiários
que recebem para dar. A oração, com o reconhecimento
de nossa desvalia, coloca-nos na posição de simples
elos de uma cadeia de socorro, cuja orientação reside
no Alto. Somos nós aqui, neste recinto consagrado à
missão evangélica, sob a inspiração
de Jesus, algo semelhante à tomada elétrica, dando
passagem à força que não nos pertence e que
servirá na produção de energia e luz.
Quanto ao tempo de duração
do passe, compreende-se que não seja fixo. Cabe ao passista
usar o bom senso e a inspiração do momento. Demorar
muito, principalmente em crianças, não é confortável
e causa irritação. Não é aconselhável
também acumular fluidos só numa parte do corpo, a cabeça,
por exemplo.
6. O passista: Requisitos morais.
Quem pode aplicar o passe? Essa é
uma das primeiras perguntas que surgem quando pensamos na programação
das atividades de passe nas casas espíritas. O conhecimento
da natureza e dos mecanismos do passe nos possibilita inferir que
todas as pessoas sadias poderiam, em princípio, aplicar o passe.
Todas possuem fluidos, em várias gradações, naturalmente,
que podem ser mobilizados pelo amor na direção do semelhante
que sofre.
Mas para efetivamente nos qualificarmos como bons servidores do passe,
precisamos muito esforço, muita vontade ativa, muita disciplina
para irmos adquirindo certas condições mínimas,
de que resumidamente trataremos nesta seção e na seguinte.
Ao comentar a passagem evangélica relatada em Mateus
8: 17, Emmanuel ressalta a influência
da pureza dos sentimentos de Jesus na promoção da cura,
acrescentando que o mesmo se aplica aos nossos esforços na
aplicação do passe, embora ainda estejamos imensamente
distantes da condição do Cristo:
Se pretendes, pois, guardar as vantagens
do passe que, em substância, é ato sublime de fraternidade
cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração
e o cérebro. (Segue-me, cap.
"O passe", p. 134)
No capítulo 19 do livro Missionários
da Luz, de André Luiz, encontramos estas significativas
palavras do Instrutor Alexandre:
O missionário do auxilio
magnético, na Crosta ou aqui em nossa esfera, necessita ter
grande domínio sobre si mesmo, espontâneo equilíbrio
de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta compreensão
da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder
Divino.
Vemos aqui a imensa gama de conquistas
requeridas de todo aquele que se propõe doar fluidos balsamizantes
aos necessitados. Logo após, Alexandre faz um esclarecimento
que achamos importante transcrever:
Cumpre-me acentuar todavia, que
semelhantes requisitos em nosso plano constituem exigências
a que não se pode fugir, quando, na esfera carnal, a boa
vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência,
o que se justifica, em virtude da assistência prestada pelos
benfeitores de nossos círculos de ação ao servidor
humano, ainda incompleto no terreno das qualidades desejáveis.
O passe é um trabalho de equipe.
É comum que os colaboradores encarnados mostrem maior soma
de deficiências que os desencarnados, em geral mais conscientes
de seus deveres e da delicadeza da tarefa. Não podendo os serviços
serem prejudicados, já que é o bem do próximo
que está em jogo, tais deficiências podem ser supridas
pelos Espíritos, quando de nossa parte houver boa vontade e
desejo sincero de ajudar. Meditando nisso, vemos como precisamos lutar
por nossa melhoria integral!
Continuemos o estudo com André Luiz, acompanhando-lhe o diálogo
com Alexandre:
- Ainda mesmo que o operário
humano revele valores muito reduzidos, pode ser mobilizado? [...]
- Perfeitamente [...]. Desde que o interesse dele nas aquisições
sagradas do bem seja mantido acima de qualquer preocupação
transitória, deve esperar incessante progresso das faculdades
radiantes, não só pelo esforço próprio,
senão também pelo concurso de Mais Alto de que se
fez merecedor.
Que resposta profunda! No inicio,
Alexandre afirma: "Perfeitamente", acrescentando no entanto
que é mais importante o interesse do passista no seu aprimoramento
do que em cuidar das coisas do mundo. Temos observado que isso nem
sempre ocorre; comumente, a luta espiritualizante é deixada
em segundo plano.
Os livros de André Luiz nos têm trazido lições
primorosas sobre vários temas. Vamos transcrever mais um trecho
do diálogo entre Hilário Silva e o Instrutor Áulus,
registrado no capítulo 17 de "Nos Domínios
da Mediunidade":
- Quer dizer que numa casa como
esta [um centro espírita] há colaboradores espirituais
devidamente fichados, assim como ocorre com médicos e enfermeiros
num hospital terrestre comum?
- Perfeitamente. Tanto entre os
homens como entre nós, que ainda nos achamos longe da perfeição
espiritual, o êxito do trabalho reclama experiência,
horário, segurança, responsabilidade do servidor fiel
aos compromissos assumidos. A Lei não pode menosprezar as
linhas da lógica.
- E os médiuns [Clara e Henrique]?
são invariavelmente os mesmos?
- Sim; contudo, em casos de impedimento
justo, podem ser substituídos, embora nessas circunstâncias
se verifiquem, inevitavelmente, pequenos prejuízos resultante
de natural desajuste.
E um pouco mais adiante:
- Preparam-se, os nossos amigos
[Clara e Henrique], à frente do trabalho, com o auxilio da
prece?
- Sem dúvida. A oração
é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente
mental que atrai. Por ela, Clara e Henrique expulsam do próprio
mundo interior, os sombrios remanescentes da atividade comum que
trazem do círculo diário de luta e sorvem do nosso
plano, as substâncias renovadoras de que se repletam, a fim
de conseguirem operar com eficácia a favor do próximo.
Desse modo ajudam e acabam por ser firmemente ajudados.
Quantos ensinamentos para o passista!
Quantas diretrizes para o preparo do doador de fluidos! Áulus
afirma que o serviço de passe deve ser exercido com a mesma
responsabilidade dos médicos que socorrem nos hospitais da
Terra. Cada hospital possui a sua equipe de médicos, encarregados
cada um de sua área, obedecendo à disciplina que o hospital
estipula. Achamos importante a referência ao fichamento
dos colaboradores no "hospital" do centro espírita.
Como são graves as conseqüências da ausência
do passista escalado no dia e hora do passe! Tudo estava programado
para que os seus fluidos fossem utilizados, os Espíritos contavam
com ele, mas ... Nas substituições apressadas é
inevitável o dano geral. Ciente disso, é importante
que o passista só falte em situações excepcionais.
Outro ponto fundamental do texto transcrito é a necessidade
de o passista recorrer à oração como um meio
iluminado para alijar do mundo interior eventuais pensamentos sombrios,
remanescentes das atividades do dia, e sorver dos bons Espíritos
as substâncias renovadoras, para ajudar com eficácia
o enfermo.
Com base na vasta literatura espírita sobre o assunto, tentaremos
enumerar agora algumas das diretrizes que o passista deve seguir tanto
em sua vivência cotidiana quanto na aplicação
do passe.
a) Estudo
Na introdução de O
Livro dos Espíritos, na primeira parte de O Livro
dos Médiuns e em outras de suas obras, Allan Kardec ressalta
a importância do estudo contínuo do Espiritismo, apresentando
diversas sugestões de como ele deve ser empreendido. Há
muita diferença entre ler um texto e estudá-lo, meditando
sobre o seu conteúdo.
No caso do passe, é importante ter conhecimento especializado
de sua natureza, seus mecanismos, seus efeitos. No capítulo
14 de O Livro dos Médiuns Kardec indaga se o poder
de curar pode ser transmitido (§ 176, no 7). E os Espíritos
esclarecem: - "O poder, não; mas o conhecimento de
que necessita para exercê-lo, quem o possua".
No já citado capítulo 19 de Missionários
da Luz encontramos ainda a exposição de conceitos
notáveis sobre o valor do conhecimento para o bom desempenho
das tarefas espíritas. Ausência de estudo significa estagnação,
em qualquer setor de trabalho.
Acima de tudo, o estudo metódico do Espiritismo desperta nas
pessoas o desejo de amar, perdoar sempre, de incorporar em suas almas
as virtudes evangélicas, essenciais para uma vida feliz.
b) Disciplina
Com o trabalho disciplinado, o espírita
encontra tempo para cumprir todos os seus deveres e ser mais assíduo
e pontual nas tarefas assumidas no centro espírita.
Deve-se lembrar que as tarefas espirituais não são mecânicas.
O operário chega na indústria, liga as máquinas
e tudo começa a funcionar. As atividades espirituais, porém,
precisam de preparo íntimo, meditação, asserenamento
físico e mental para serem desenvolvidas a contento.
O respeito à programação estabelecida para os
trabalhos do passe é indispensável. Faltar ou chegar
atrasado desorganiza o ritmo harmônico das atividades.
c) Amor
Eleger o amor como a base da vida. Ele é a maior mola do nosso
progresso, rumo aos cimos onde nos aguardam a paz e a felicidade.
d) Paciência
A paciência é uma virtude imprescindível a quem
se dispõe a acolher os irmãos necessitados e aflitos,
que muitas vezes chegam ao centro espírita em franco destrambelho
psíquico, podendo causar irritação a quem não
se lembre de que é alguém que enfermou do espírito.
A afabilidade e a doçura são filhas diletas da paciência.
Ouvir com paciência aquele que está em desequilíbrio,
ou que desconheça os mecanismo espirituais, já é
um avanço no tratamento de muitos males. O bom trabalhador
espírita deve adquirir o excelente hábito de ouvir mais
do que falar. Que "fale" sobretudo com o coração,
pelas emissões do bem.
e) Vivência cristã constante
É muito bom termos ímpetos
generosos; mas é melhor ainda que a generosidade seja constante
em todas as nossas atitudes. Nos momentos floridos é muito
fácil assumir atitudes cristãs. Na hora dos testemunhos
expiatórios, dos testes com pessoas difíceis, porém,
o grito de cólera, a critica contumaz, os pensamentos menos
nobres invadem o nosso ser, ainda próximo da irracionalidade.
Como conseqüência, surgem os distúrbios incômodos
da depressão, do desânimo, do suicídio, dos processos
obsessivos cruéis.
f) Equilíbrio emocional
O equilíbrio emocional é
um requisito bastante difícil, mas que pode ser conquistado.
Para essa conquista é preciso que não nos desgastemos
com mágoas excessivas, paixões, ressentimentos, temores,
nervosismo, etc. São estados doentios que expressam a falta
de fé nos desígnios divinos. A oração
e o serviço ao próximo são notáveis recursos
para o equilíbrio emocional.
Devemos abster-nos de dar passe quando em desequilíbrio espiritual,
pois os fluidos ficam como que "poluídos".
g) Preparo contínuo
A necessidade de aplicar passe em alguém pode surgir a qualquer
momento. Daí a importância de o passista estar sempre
preparado, mesmo durante o seu trabalho profissional ou nos momentos
de lazer.
Os bons Espíritos precisam contar conosco para as tarefas de
emergência, às vezes fora da casa espírita. Podem
mobilizar nossos recursos para atender nossos irmãos mais carentes
sem mesmo tomarmos consciência disso, na via pública,
no ônibus, no local de trabalho, numa visita fraterna, etc.
h) Fé e oração
Devemos ter confiança absoluta na misericórdia e justiça
de Deus, lembrando que é dela que, em última instância,
provêm os recursos terapêuticos do passe. A prece, a meditação,
estabelecem nossa ligação com os emissários divinos,
criando um clima excelente para o êxito do trabalho espiritual.
7. O passista: Requisitos físicos.
Depois de havermos apontado alguns dos requisitos morais, tão
difíceis de conquistar, faremos alguns comentários sobre
as condições físicas de quem ministra o passe.
i) Higiene
A higiene é um dos requisitos
básicos para a saúde. Além de beneficiar o passista,
a sua higiene representa respeito para os que vão receber o
passe.
ii) Alimentação
A alimentação deve
ser equilibrada, adequada ao organismo, sem os excessos da gula e
do jejum. Hábitos alimentares sadios, com a ingestão
de frutas, legumes, verduras fazem bem não só aos passistas,
mas a qualquer pessoa. O trabalhador dos serviços de passe
e, aliás, da mediunidade em geral, não deve apresentar-se
de estômago cheio; nas horas que antecedem as atividades deve
evitar a ingestão de alimentos de difícil digestão,
como carnes e gorduras, de condimentos fortes e de excitantes, como
café, chás (exceto de ervas), etc.
iii) Vícios: álcool, fumo, tóxicos
É fácil compreender que uma pessoa que assista a necessitados
na área do passe, ou em outras tarefas mediúnicas, deve
abster-se completamente de tais vícios. Eles lesam o organismo,
obscurecem o raciocínio, impregnam negativamente os fluidos
a serem mobilizados a favor do próximo e propiciam a atração
de Espíritos inferiores que, mesmo desencarnados, querem continuar
cultivando-os. Sabemos do imenso zelo dos bons Espíritos que
cooperam nas atividades do passe na casa espírita no sentido
de anular a ação maléfica das substâncias
tóxicas que ingerimos. Apresentando-nos nessas condições
lamentáveis desrespeitamos não apenas esses Espíritos,
dando-lhes redobrado trabalho, mas também as pessoas que vão,
confiantes, receber o passe.
iv) Conduta sexual
A atividade
sexual em si é instintiva, mas o seu uso é moral. O
sexo só deve ser exercido com equilíbrio, nobreza, acompanhado
do verdadeiro amor.
v) Hábito do Jogo
O hábito do jogo é assunto muito discutido no Movimento
Espírita. Alguns segmentos admitem certos jogos, como rifas
ou bingos, para ajudar o centro espírita. No entanto, devemos
refletir se, acolhendo esse tipo de atividade em nosso meio não
estaríamos de alguma forma apoiando a visão de que devemos
buscar o ganho material fácil na chamada "sorte",
em detrimento do trabalho, por humilde que seja. A manutenção
material dos centros de fato constitui problema comum e difícil
para os dirigentes, pois os colaboradores nem sempre se dão
conta de que lhes cumpre o dever de ajudá-lo materialmente,
na medida de suas possibilidades, é claro.
Não apresenta os inconvenientes dos jogos de azar a confecção
de produtos, como roupas, alimentos, móveis, etc. e a sua venda,
em benefício do centro, desde que ninguém seja moralmente
constrangido a participar dessas atividades, e desde que se evite
de forma absoluta pedir-se produtos e favores a pessoas não
espíritas e políticos.
Alega-se também que os jogos sem apostas servem como distração;
um baralho nas manhãs ou tardes domingueiras para passar o
tempo, por exemplo. É claro que ao espírita não
estão interditas as diversões sadias. Mas será
que o verdadeiro espírita dispõe de tanto tempo que
precisa jogar para passar? E o tempo para as leituras e estudos edificantes?
E o preparo das aulas, a caridade, o trabalho fraterno? Será
que os grandes luminares do Espiritismo precisaram arranjar passatempos?
8. O enfermo
a)
Posição mental para receber o passe
Para que obtenha melhora, as pessoas que buscam o recurso do passe
devem ter postura mental adequada. A esse respeito, é interessante
consultarmos o item 10 do capítulo 15 de A Gênese.
Kardec analisa aí a passagem evangélica da mulher hemorroíssa
(Marcos, 5: 25-34), uma das inúmeras curas operadas por Jesus.
Vejamos este trecho:
Considerado como matéria
terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica,
a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre
o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente,
pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com
relação à corrente fluídica, o primeiro
age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante.
Aquele que vai receber o passe deve
pautar-se na atitude da mulher hemorroíssa, que foi curada
porque, pela sua ardente fé, aspirou, atraiu, assimilou os
fluidos amorosos de Jesus. Razão tinha pois o Mestre para
dizer-lhe: "Tua fé te salvou".
Sabemos que os fluidos são
assimilados pelo perispírito, que possui, dentre outras, a
notável propriedade de absorver fluidos ambientes. Constatamos,
assim, a grande importância da postura mental e espiritual do
enfermo, com o pensamento em prece, em ligação constante
com os bons Espíritos, para que o passe seja eficaz.
b) Posição física para receber o passe
Quem vai receber o passe deve ficar
na posição que lhe dê mais conforto físico.
O passe transmite-se ao perispírito, independentemente da posição
do corpo físico. Dependendo do lugar, pode ficar deitado, sentado
ou de pé. Mas em qualquer caso, deverá ficar descontraído,
respirando normalmente.
Não há necessidade de ficar com as mãos espalmadas
para cima, como se fossem "receber" algo material.
Certas pessoas alegam que não se devem cruzar os braços
ou as pernas, porque tais posturas dificultariam a "circulação"
dos fluidos. Parece-nos, porém, que se não devemos cruzar
os membros é apenas porque isso em geral atrapalha a circulação
sangüínea e gera tensões musculares.
Sensações de calor, frio, tremor, suor, arrepio, choro
podem ocorrer durante o passe. São, geralmente, motivadas por
causas psicológicas. O misticismo, de que muitos ainda se não
desvencilharam, pode provocar efeitos ilusórios variados.
Nem o passista nem o paciente precisam retirar pulseiras, colares,
relógios, óculos, sapatos, etc. Tais objetos não
interferem no passe, porque são de natureza diversa daquela
dos fluidos.
Vemos alguns fumantes que apressam-se em alijar-se momentaneamente
do maço de cigarros. A presença dos cigarros não
é, em si, o problema. O problema sério é o hábito
de fumar, que intoxica o organismo, atuando em sentido contrário
ao do passe, quando recebido.
9. Quando receber o passe
Não abuses, sobretudo, daqueles
que te auxiliam. Não tomes o lugar do verdadeiramente necessitado,
tão só porque os teus caprichos e melindres pessoais
estejam feridos.
Emmanuel, Segue-me, p. 134
A ninguém imponhas precipitadamente as mãos.
Paulo, I Timóteo 5: 22
Dessas sábias advertências
de Emmanuel e do Apóstolo dos Gentios concluímos que
as pessoas só devem buscar os recursos do passe quando têm
realmente necessidade. Passe é remédio. E todo remédio
só se toma quando necessário, na dose certa e até
que se recupere a saúde. Se estamos bem, o passe é dispensável.
No capítulo 28 de Conduta Espírita, André
Luiz recomenda-nos "esclarecer os companheiros quanto à
inconveniência da petição de passe todos os dias,
sem necessidade real, para que esse gênero de auxílio
não se transforme em mania."
Se a pessoa não precisa de passe, devemos esclarecê-la
a esse respeito, orientando-a para o estudo doutrinário e o
serviço ao próximo. Devemos lembrar-nos que os problemas
do nosso dia podem ser resolvidos com bom senso, honestidade, equilíbrio
e muita disciplina.
Em seu livro Segue-me, Emmanuel assim se expressa sobre a
questão de quem necessita do passe: "O passe exprime também
gastos de forças, e não deves provocar o dispêndio
de energias do Alto, com infantilidades e ninharias" (p. 134).
Muitas pessoas que buscam o passe deveriam igualmente buscar a ajuda
da medicina humana. Allan Kardec advertiu diversas vezes que diante
de qualquer distúrbio, deve-se antes de mais nada pesquisar
suas possíveis causas orgânicas. Não é
função do passe e do Espiritismo substituir os métodos
da ciência no tratamento das enfermidades. O Espiritismo visa,
em primeiro lugar, a esclarecer a criatura, para que corrija o seu
proceder moral, forrando-se assim às necessidades de expiar
e de sofrer. Depois, objetiva a suplementar o tratamento médico,
renovando os fluidos vitais do enfermo pela aplicação
do passe e da água fluidificada.
Quando tudo o que puder ser feito na esfera médica e espírita
estiver sendo feito, a Doutrina Espírita nos esclarece que
a dor estará sendo necessária para a evolução
do enfermo, devendo ser enfrentada com resignação.
Nos que padecem enfermidades irreversíveis o passe produz efeito
benéfico, muito ajudando-os a suportar a suas dores, e contribuindo
para tornar menos penoso o processo da desencarnação.
Nos casos de obsessão o passe pode contribuir para desligar
o obsessor do psiquismo do obsidiado. Mas esse desligamento não
constitui terapêutica de base. Obtida assim uma "trégua",
é necessário que o hospedeiro das influências
maléficas seja orientado a buscar os recursos do Evangelho
e da Doutrina Espírita para a sua libertação
definitiva, transformando seu padrão mental e moral.
O passe é também usado como tratamento abençoado
para os Espíritos sofredores do mundo espiritual. Isso pode
ocorrer quando a pessoa encarnada que recebe o passe está intimamente
vinculada a um Espírito, que então se beneficia igualmente
dos recursos fluídicos. O passe pode também ser ministrado
por um Espírito sobre outro, no Mundo Espiritual, como se relata,
por exemplo, nos capítulos 22 a 25 do livro Os Mensageiros,
de André Luiz.
10. O recinto do passe
De ambiente poluído nada
de bom se pode esperar.
André Luiz, Conduta Espírita,
cap. 28.
O lugar mais adequado para a transmissão do passe é
o centro espírita, que, pela natureza de suas atividades, constitui
o núcleo mais importante de assistência a encarnados
e desencarnados no que tange ao socorro de ordem espiritual.
Se possível, deve-se reservar uma sala especial para essa tarefa,
na qual se reúnem sublimados recursos fluídicos movimentados
pelos pensamentos elevados e pelas preces.
A sala de passes deve ser simples, mas muito limpa, arejada, ensolarada.
Os Espíritos auxiliam na preparação do ambiente
espiritual, porém não podem usar vassoura, água
e sabão.
É desnecessária a sua decoração com quadros
e fotos dos fundadores desencarnados. Todo o centro espírita,
aliás, dispensa quaisquer objetos de culto, como placas, retratos,
bustos, monumentos, recintos com nomes de mentores. Por outro lado,
são apreciadas as flores, em vasos ou em latadas nos pátios
e jardins, onde os Espíritos e os freqüentadores haurem
as energias das plantas e se encantam com o Belo.
Quanto à iluminação da sala de passes, podemos
dizer que a luz reduzida pode auxiliar na manipulação
dos fluidos pelos Espíritos. Mas é preferível
a claridade suave ao escuro completo. Este pode suscitar idéias
de misticismo, medo e até malícia nas mentes menos equilibradas.
O passe pode ser aplicado também nos lares, hospitais, creches,
trabalho, ruas, etc., com a devida discrição. Se não
houver um ambiente reservado, no qual só estejam presentes
pessoas que entenderão e contribuirão positivamente
com a tarefa, devemos abster-nos de qualquer prática ostensiva.
Neste caso, recorreremos à oração silenciosa,
pedindo aos Bons Espíritos que aproveitem, se possível,
os nossos recursos fluídicos no auxílio ao próximo.
Assim, podemos transmitir o passe com um abraço, um aperto
de mão ou com um simples olhar de amor. O passe é dado
sem ser percebido por curiosos.
Sempre, porém, que o enfermo puder se locomover até
o centro espírita, deveremos pedir que o faça, para
receber o passe. Dessa forma, também aproveitará as
preleções evangélicas e doutrinárias,
que devem sempre anteceder a transmissão dos passes, despertando
para os valores nobres da vida, meditando sobre suas ações,
corrigindo rumos.
Algumas pessoas têm vergonha de serem vistas no centro espírita,
e então solicitam que a equipe do passe vá até
sua casa. Nesse caso devemos sugerir-lhe a modificação
de atitude e, não obtendo sucesso, delicadamente abster-nos
de atender-lhe ao apelo pouco razoável. Evidenciará
ainda não estar disposto a trocar seus preconceitos e idéias
antigas pelos valores espirituais. Foi por conhecer a relutância
da criatura humana em fazer essa transformação que Jesus
asseverou, em linguagem figurada: "Porque
se alguém, nesta geração adúltera e pecadora,
se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se
envergonhará o Filho do homem, quando vier na glória
de seu Pai com os santos anjos." (Marcos
8: 38, Lucas 9: 26) Não é que devamos nos vingar
dessa pessoa, ou ficar magoados com ela; mas devemos deixar que o
tempo opere seu amadurecimento.
Mesmo no caso de impedimento por enfermidade, só deveremos
aplicar passes fora do centro quando forem solicitados pelo enfermo
ou, no absoluto impedimento deste, por sua família. Temos notícias
de casos em que familiares ou amigos solicitaram passe para um enfermo
que, na hora, o rejeitou. Nesses casos, o passe não teria efeito.
O passe fora do centro espírita tem o inconveniente do ambiente
possivelmente desfavorável, impregnado de miasmas fluídicos
de ira, maledicência, alcoólicos, de fumo etc. Mesmo
assim, é caridade atender e vencer com equilíbrio os
obstáculos, quando houver um pedido sincero e um mínimo
de boa vontade por parte do enfermo e seus familiares. O bom senso
e a caridade são sempre os elementos que devem preponderar
na tomada de qualquer decisão a esse respeito. Não devemos
nos impor regras inflexíveis e automatizadas em tarefas desse
gênero.
11. Os efeitos do passe
Existem vários fatores que influem nos efeitos do passe. A
despeito da ajuda segura dos bons Espíritos, o resultado dependerá
das condições do enfermo e também do passista,
se bem que as deficiências deste possam em geral ser supridas
pelos Espíritos.
Temos observado que algumas pessoas se sentem curadas, outras apenas
melhoram, enquanto outras ainda permanecem completamente impermeáveis
aos recursos do passe.
O clima de fraternidade, simpatia entre o passista e o enfermo é
condição importantíssima para que o passe produza
bons resultados.
A fé é outro fator relevante. Observamos que muitos
não voltam mais ao centro espírita após constatarem
que não obtiveram melhoras imediatas. Na sua ignorância,
alegam que o centro é "fraco", ou mesmo descrêem
completamente dos recursos fluídicos e dos mecanismos divinos.
O passista não deve aplicar-se em demasia no exame dos resultados
do passe. Empenhe-se em cumprir os requisitos que se exigem de sua
posição, e confie na Providência Divina, que saberá,
melhor do que ele, quais as reais condições de cada
enfermo, quais os seus méritos e suas necessidades provacionais
e expiatórias. Nunca se envaideça de eventuais resultados
positivos, lembrando sempre de que a fonte última de todo o
bem é Deus.
Antes de cogitarmos, em vão, acerca do merecimento que tenhamos,
procuremos dar novos rumos aos nossos passos, para irmos ao encontro
dos necessitados; às nossas mãos, para que elas abençoem,
agasalhem, acariciem;. ao nosso coração, para aprendermos
amar os semelhantes. Imprimamos novas diretrizes aos nossos hábitos
infelizes. Acendamos novas luzes para os nossos pensamentos e sentimentos.
Adotemos atitudes cristãs no lar, no trabalho, no mundo!
12. A água fluidificada
É assim que as mais insignificantes
substâncias, como a água, por exemplo, podem adquirir
qualidades poderosas e efetivas, sob a ação do fluido
espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo,
ou se quiserem, de reservatório.
Kardec, A Gênese, cap. 15, § 25
A água é dos corpos
mais simples e receptivos da Terra. É como que a base pura,
em que a medicação do Céu pode ser impressa,
através de recursos substanciais de assistência ao
corpo e à alma, embora em processo invisível aos olhos
mortais.
Emmanuel, Segue-me, p. 131.
Por essas assertivas, aprendemos que água é passível
de adquirir qualidades diversas, de natureza sutil ou "fluídica",
ao influxo da vontade de um agente. No meio espírita, a água
modificada pela ação de Espíritos desencarnados
ou encarnados no sentido de tornar-se medicamentosa ficou conhecida
como "água fluidificada" ou "magnetizada".
Trata-se de expressões impróprias, mas que o uso já
consagrou. (Do ponto de vista da física, a água pura
que bebemos já é um fluido, e não é suscetível
de magnetizar-se por um ímã, por exemplo.)
A água dita "fluidificada" é, na verdade,
um veículo de recursos medicamentosos que atuam no perispírito.
Indiretamente, contribui para o restabelecimento do corpo carnal.
Em seu livro Fluidos e Passes Therezinha
Oliveira assim se refere à ação da água
fluidificada (p. 89):
Ao ser ingerida, [...] é
metabolizada pelo organismo, que absorve as quintessências
que vão atuar no perispírito, à semelhança
de medicamento homeopático.
A água fluidificada é
indicada nos casos de carência fluídica, comuns quando
há desequilíbrio emocional, debilitação
orgânica por enfermidade, nos desgastes por processo obsessivo,
nas lesões de órgãos, etc.
Sendo uma espécie de medicamento, não devemos abusar
de sua utilização, tornando sua ingestão um hábito
indiscriminado.
A água pode ser fluidificada para uso geral ou para determinado
enfermo. Isso deve ser claramente considerado quando mobilizamos a
nossa vontade com o objetivo de preparar a água. Como no último
caso, a água adquire propriedades específicas para a
pessoa que temos em vista, não deve ser usada por outras pessoas.
Para fluidificar a água não é necessário
impor as mãos sobre ela. Muito receptiva aos fluidos espirituais,
a água se torna remédio salutar pela ação
da prece em ambientes de silêncio e respeito, onde há
vontade ardente de ajudar o semelhante necessitado. Como o passe,
a fluidificação é uma tarefa executada pelos
Espíritos bons com a ajuda dos recursos humanos.
13. Jesus - O Divino Modelo
Qual o tipo mais perfeito que Deus
tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? "Jesus".
O Livro dos Espíritos, questão
no 625.
Jesus pertence à classe dos
Espíritos Puros, aqueles que já atingiram a perfeição
máxima, como se explica na questão 97 de O Livro
dos Espíritos. Para a humanidade terrena, Jesus ocupa
uma posição especial, tendo-se encarregado de conceber
e coordenar a formação e a evolução do
planeta e dos seres vivos que o têm habitado.
Pastor de nossas almas, vela incessantemente por nosso bem, conduzindo-nos
com acendrado amor ao aprisco divino. E nós, que aspiramos
à condição de seus discípulos humildes,
devemos empenhar-nos para seguir-Lhe as pegadas sublimes.
Todos os aspectos de Sua passagem na Terra fornecem-nos exemplos a
serem imitados. Acima de tudo, devemos inspirar-nos em sua conduta
moral, marcada pelo amor puro que distribuía entre todos e
tudo que encontrava. Em muitas ocasiões, a mobilização
desse amor deu-se na forma de alívio para as dores, nas múltiplas
expressões das enfermidades orgânicas e espirituais.
Cegueiras e paralisias, ulcerações e debilidades, processos
letárgicos e obsessivos foram por Ele sanados ou aliviados.
As numerosas curas operadas pelo Mestre foram em geral tidas por milagrosas.
Coube ao Espiritismo a sua explicação racional, pela
ação fluídica impulsionada por uma poderosa vontade.
Foi no último livro que publicou A Gênese, os Milagres
e as Predições segundo o Espiritismo que Kardec
examinou alguns dos principais feitos materiais de Jesus, destacando-se
entre eles as curas de diversas doenças e limitações
orgânicas. Devemos, a esse respeito, consultar os capítulos
13, 14 e 15. No último deles são analisados, de forma
particular, os casos da mulher hemorroíssa (Mc 5: 25-34), do
cego de Betsaida (Mc 8: 22-26), do paralítico de Cafarnaum
(Mt 9: 1-8), dos dez leprosos (Lc 17: 11-19), do homem da mão
seca (Mc 3: 1-8), da mulher curvada (Lc 13: 10-17), do paralítico
da piscina de Betesda (Jo 5: 1-17), do cego de nascença (Jo
9: 1-34), além de vários casos de "possessões"
e "ressurreições".
É de notar-se que ao propiciar alívio para as dores
físicas Jesus costumava concitar os beneficiados à renovação
moral, à liberação dos "pecados", para
que "coisas piores" não lhe adviessem, ensinando-nos
assim a correlação que existe entre as nossas condições
moral e física.
Aprendemos, em Espiritismo, que as raízes profundas de nossos
males residem na alma. Purificada esta, o corpo se melhorará
naturalmente, num prazo maior ou menor, dependendo das características
de nosso caso. De nada adianta procurarmos a cura das enfermidades
físicas, tanto pela medicina da terra como pela do céu,
se permanecermos desatentos com o nosso procedimento moral. Busquemos,
pois, aprimorar-nos de maneira integral, pautando-nos sempre no exemplo
de Jesus-Cristo e daqueles que ao longo dos séculos o têm
seguido.
ANDRÉ LUIZ. Os Mensageiros.
(F.C. Xavier.) 13a ed., Rio, FEB.
-----. Missionários da Luz. (F.C. Xavier.) 14a ed., Rio, FEB.
-----. Conduta Espírita. (Waldo Vieira.) 8a ed., Rio, FEB.
-----. Nos Domínios da Mediunidade. (F.C. Xavier.) 13a ed., Rio,
FEB.
-----. "O passe". In: Opinião Espírita. Emmanuel
e André Luiz. (F.C. Xavier e Waldo Vieira). 5a ed., Uberaba,
CEC, 1982.
EMMANUEL. O Consolador. (F.C. Xavier.) 8a ed., Rio, FEB.
-----. Caminho, Verdade e Vida. (F.C. Xavier.) 9a ed., Rio, FEB.
-----. Segue-me. (F.C. Xavier.) 5a ed., Matão, O Clarim, 1982.
-----. Pão Nosso. (F.C. Xavier.) 1a ed., Rio, FEB, 1950.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. (Trad. Guillon Ribeiro.) 76a
ed., Rio, FEB.
------. O Evangelho Segundo o Espiritismo. (Trad. Guillon Ribeiro.)
113a ed., Rio, FEB.
-----. A Gênese. (Trad. Guillon Ribeiro.) 19 ed., Rio, FEB.
OLIVEIRA, T. (org.) Fluidos e Passes. 1a ed., Capivari, EME, 1995.
Versão provisória - 23/2/98