Um empecilho,
que pode prejudicar o pesquisador que deseja estudar os fenômenos
espíritas, são pressuposições incorretas
que tenha a respeito da natureza da matéria e do espírito.
Quem tem uma visão materialista da realidade, em que os domínios
da matéria e do espírito são totalmente apartados,
que vê a matéria como uma substância concreta e
o espírito como uma abstração, sem realidade
nenhuma além daquela que pode ser medida no cérebro,
encontrará grandes dificuldades em aplicar a abordagem correta
na observação dos fenômenos espíritas.
Não entenderá como eles funcionam, nem as condições
em que ocorrem e muito menos as variáveis que os influenciam.
Assim, o primeiro passo para planejar uma pesquisa bem-sucedida dos
fenômenos espíritas, é estar ciente de que o paradigma
materialista é extremamente simplificado e desatualizado.
É um modelo construído a partir do conceito ultrapassado
de que a matéria seria uma substância concreta, com propriedades
absolutas como extensão e massa, ocupando um local no espaço
bem definido. Substância composta por átomos indivisíveis,
sobre ela agiriam as forças mecânicas e combinações
químicas que explicariam todos os fenômenos possíveis
de serem estudados pela ciência. Neste modelo, a esfera de atuação
do espírito se limitaria a tomada de consciência desses
fenômenos.
A compreensão da natureza da matéria evoluiu, para a
visão atual de que a matéria é na verdade formada
por uma rede complexa de interações entre partículas
elementares, com características de processos dinâmicos,
representando campos e forças de diferentes tipos.
As interações e as propriedades resultantes delas, como
a massa e a energia, são o que sensibilizam nossos sentidos
e instrumentos.
Esta nova visão abre a possibilidade de que possam existir
formas de existência da matéria que ainda desconhecemos.
Também permite que pensemos no espírito como um tipo
de força organizadora que atua sobre a matéria. A dicotomia
entre matéria e espírito perde o sentido e há
espaço para a ação do espírito nos fenômenos
a serem estudados.
Pode ser considerada uma hipótese metafísica, mas o
materialismo também o é. Não há nenhuma
evidência que falseie a hipótese de que existam formas
em que a matéria se apresente que são desconhecidas
para nós e que há forças inteligentes que possam
atuar sobre ela. Pelo contrário, há fortes evidências
experimentais nos fenômenos espíritas de que esta seja
a mais correta e que falseiam a hipótese materialista.
A grande vantagem da mente aberta com relação a esta
hipótese, desse paradigma espiritualista, é estar pronto
para elaborar experimentos e conduzir a observação criteriosa
de fenômenos inaceitáveis pelo paradigma materialista.