O Carnaval tem múltiplas
origens. No Brasil, aliou-se à tradição católica
e às culturas indígena e africana, dando origem a
um rito que expressa as contradições do povo brasileiro.
No Brasil tudo acaba em Carnaval. Afirmações
deste tipo - indignadas - sobre o caráter nacional, indicam
a percepção de uma atitude francamente inconseqüente,
por parte dos brasileiros, em relação aos rumos que
tomam as ações dos indivíduos, grupos e instituições.
Em relação às recentes denúncias de
corrupção no governo federal, ouve-se freqüentemente
que tudo acabará em "Carnaval", em "festa",
em "pizza".
As expressões significam que ninguém
será responsabilizado ou punido, como costuma acontecer no
Brasil.
Em casos assim, a associação do caráter
brasileiro à festividade aponta para a percepção
de certa alienação, certa displicência e tendência
ao descaso com a lei e a ordem, imediatamente associadas ao Carnaval,
festa em que as regras podem ser quebradas, considerada pelos antropólogos
um rito de inversão, momento em que valores e hierarquias
são temporariamente invertidos ou apagados para ressaltar
os valores sociais permanentes. Isso indica que um mundo às
avessas nos é familiar ou, pelo menos, aceito sem muito problema.
Também no exterior,
somos considerados o "país do Carnaval" (e o dicionário
registra que a palavra "carnaval" pode significar "confusão,
desordem, trapalhada"). Da inconseqüência e alegre
irresponsabilidade. "O Brasil", teria afirmado o presidente
da França Charles De Gaulle, "não é um
país sério." No entanto, se a festa é
tão importante na vida brasileira e, ao mesmo tempo, vista
como tão deletéria, é preciso compreender seu
sentido e por que o carnaval se tornou um símbolo nacional
e um atributo de nossa identidade cultural.
Origens da festa
As origens do Carnaval são obscuras e sobre ela há
várias versões. Teria nascido na Europa e se propagado
pelo mundo levado por gregos e romanos e depois pelos colonizadores
portugueses, espanhóis, franceses e holandeses para países
e continentes onde diferentes povos o adaptaram às suas próprias
culturas.
Não se pode afirmar, também, com certeza,
qual é a origem da palavra, mas existem duas versões
mais aceitas quanto ao seu significado. A primeira afirma que a
palavra Carnaval vem de carrus navalis, os carros navais com enormes
tonéis de vinho que durante as Bacanais, festas em honra
a Baco (deus dos ciclos vitais, da alegria e do vinho, conhecido
entre os gregos como Dionísio), era distribuído ao
povo em Roma.
A segunda variante lhe atribui origem religiosa,
com significado quase oposto ao de diversão, brincadeira
e malícia a que a associamos hoje em dia. Segundo esta versão,
o termo "carnaval" teria origem no latim carnevale, significando
"suspensão da carne". O papa Gregório I,
o Grande, transferiu em 590 d.C. o início da Quaresma para
a quarta-feira anterior ao sexto domingo que precede a Páscoa.
Ao sétimo domingo, denominado de "qüinquagésima"
deu o título de dominica ad carne levandas, expressão
que teria sido sucessivamente abreviada para carne levandas, carne
levale, carne levamen, carneval e carnaval, todas variantes de dialetos
italianos que significam a ação de retirar, suspender,
portanto "retirar a carne" da dieta.
Carnaval seria, portanto, a designação
do período imediatamente anterior ao jejum de carne por 40
dias. Os cristãos costumavam iniciar as comemorações
do Carnaval na época de ano-novo e festa de Reis, intensificando-as
no período que antecedia o último dia em que os cristãos
comiam carne antes da quaresma, que prepara os fiéis para
a Páscoa. Durante a Quaresma também havia abstinência
de sexo e diversões como circo, teatro ou festas, estendendo
o sentido da suspensão da carne aos prazeres considerados
carnais. Portanto, todos tratavam de aproveitar ao máximo
até o último dia, que ficou conhecido como "terça-feira
gorda". O Carnaval termina com a penitência na Quarta-feira
de Cinzas, que dá início à purificação
do corpo e da alma pelo prolongado jejum de quarenta dias, restabelecendo,
desse modo, a ordem rompida pelo desregramento da festa.
Na verdade, as celebrações carnavalescas
são mais antigas do que a religião cristã e
incorporaram muitos símbolos e significados ao longo da história
dos povos. Há referências a festas semelhantes realizadas
por vários povos agrários, como entre os egípcios
(e sua festa em louvor à deusa Ísis e ao boi Ápis),
entre hebreus, babilônios (com a festa das Sáceas,
que durava cinco dias nos quais reinavam a licença sexual
e a inversão dos papéis entre senhores e servos),
entre os antigos germânicos (com a festa oferecida à
deusa Herta). Durante essas festas homens e mulheres comemoravam
o fim do tempo ruim do inverno - que destruía as plantações,
afugentava a caça e os prendia aos abrigos - e o início
do tempo bom, com a volta do calor do sol, a chegada da primavera,
das flores e da fertilidade da terra, cantando e dançando
para expressar sua alegria e afugentar as negativas forças
do frio e da escuridão que prejudicavam o plantio.
Máscaras e fantasias
As máscaras de carnaval já eram usadas nas legendárias
festas Dionisíacas, orgias colossais em homenagem a Dionísio,
deus da metamorfose provocada pela embriaguez com o sangue da terra
(o vinho), estado em que se acreditava que os humanos eram arrebatados
pelo deus e transportados para o seu reino por meio do êxtase,
tornando-se diferentes do que eram no mundo quotidiano. Os devotos
de Dionísio caíam semidesfalecidos após a dança
ritual e nesse estado acreditavam sair de si numa espécie
de "mergulho" no próprio deus através do
entusiasmo. Nas cerimônias para Dionísio usavam-se
máscaras porque se acreditava que, assim, ele estaria presente
entre as pessoas durante a festa.
A partir da Renascença, o Carnaval se espalhou
por Nice, Roma e Veneza, dando às fantasias o caráter
jocoso de rebeldia e provocação às autoridades
e às leis. Fantasias e máscaras de deuses pagãos
como Pã, gárgulas, ninfas, sereias, demônios,
astros e feiticeiras eram comuns. Na Idade Média predominavam
nos festejos de Carnaval os jogos como a batalha de confetes pelas
ruas, os mascarados e as fantasias. O baile de máscaras ganhou
força e tradição no século XVI por causa
do sucesso da Commedia dell'Arte. As mais famosas máscaras
eram as confeccionadas em Veneza e Florença e muito utilizadas
pela nobreza do século XVIII como símbolo de sedução.
A festa como comunicação
O Carnaval brasileiro parece ser uma terceira e original versão,
formada por conteúdos formais das procissões coloniais
e do êxtase dionisíaco, aos quais se juntaram progressivamente
valores africanos, índios e outros. Esse tipo de festividade,
na qual um desfile de fiéis acompanhava o pálio sob
o qual seguia o sacerdote (ou o féretro), secundado por andores
e charolas, foi instituído no Brasil desde o governo-geral
de Tomé de Souza, quando chegaram aqui os primeiros jesuítas.
A primeira solenidade celebrada com esplendor, em Salvador no século
XVI, foi a procissão do Corpo de Deus, que muito atraiu os
índios. Logo os jesuítas adotaram e propagaram esse
tipo de ato devocional, com caráter penitencial ou festivo,
também com finalidade de atrair os indígenas para
a catequização e de edificação dos colonos.
Desde o princípio da colonização
brasileira, portanto, as festas foram importante modo de integração,
constituindo uma linguagem em que diferentes povos podiam se comunicar.
Serviram como "modo de ação" para catequizar
índios e para tornar suportáveis aos portugueses e
demais estrangeiros as agruras da experiência do enfrentamento
de uma natureza desconhecida e selvagem.
Ao buscar entender o significado do festejar no
período em que a sociedade brasileira se formava e os vários
segmentos sociais faziam suas primeiras experiências de convívio,
nota-se que podem ser agrupadas em pelo menos duas categorias: a
festa promovida por Estado e Igreja de um lado - de participação
e financiamento obrigatórios para o povo - e a festa do povo,
reinventada, de outro. A literatura dos antigos viajantes nos prova
isso. Chegando ao Brasil, muitos deles ficavam perplexos quando
a partir da porta das primeiras igrejas, e por todo o percurso,
avistavam inúmeras procissões que se realizavam com
imensas "alas" compostas por carros alegóricos.
Nestes, gente de todas as raças, organizada em grupos de
dançarinos e músicos e em corporações
de ofício e irmandades religiosas, desfilava lado a lado
fantasiada dos mais diversos personagens luxuosamente adornados.
Da multidão, sobressaía imensa quantidade de cruzes,
pendões e estandartes, sacudidos e agitados efusivamente
ao som do trovejar de fogos de artifício. Um verdadeiro carnaval
católico. As cidades e os habitantes preparavam-se caprichosamente
para que nos dias de festa pudessem realizar com primor seu espetáculo
e todos os participantes extraíssem da festa a maior alegria
possível, com devoção e entusiasmo quase extáticos.
As descrições das procissões religiosas facilmente
se confundiriam com um desfile carnavalesco.
A parceria entre Igreja e Estado fazia com que as
festas fossem simultaneamente sagradas e profanas, e tornou muito
comum um comportamento devoto por parte das populações
coloniais, acentuando a identificação entre a Igreja
e o Estado e diminuindo as tensões inerentes à diversidade
étnica e às distinções sociais da Colônia.
Entretanto, a festa se formava e se consolidava justamente a partir
das diferenças culturais, da participação de
múltiplos atores anônimos, do barulhento uso de ritmos
e danças, do riso crítico, jocoso e farsesco da cultura
dos diferentes grupos no interior dessa mesma festa, já que
índios, portugueses, negros, ciganos, espanhóis, franceses,
todos, enfim, participavam. Carpinteiros, oficiais de cutelaria,
padeiros, alfaiates, ourives, todos desfilavam nas festivas procissões
coloniais, verdadeiros carnavais devotos, agora com os santos ocupando
o lugar dos deuses gregos e romanos.
o agradecimento por milagres recebidos foi uma das
primeiras inserções feitas pelo povo na festa oficial.
o milagre tinha características ao mesmo tempo sagradas e
seculares (agradecia-se aos santos pelos milagres recebidos como
colheitas fartas, saúde recuperada de algum animal, curas
pessoais, recuperação de objetos perdidos e outras
resoluções de problemas mais cotidianos que espirituais),
e a convivência dos dois aspectos permitiu a construção
de sentidos, tornando-se uma espécie de "costura"
das diferentes expectativas em jogo durante a festa. As festas e
procissões, na Colônia, propiciavam, portanto, não
só divertimento, fantasia e lazer da população,
mas, ainda, estabelecer sentido para o papel aparentemente irrelevante
do povo. A distribuição de comida e bebidas e o investimento
coletivo das doações recebidas em espetáculos
podem ser entendidos como concentração e redistribuição
de bens, o que também acontecia (através do critério
da participação dos mais diversos grupos sociais),
com os bens simbólicos, permitindo a inclusão, na
cultura brasileira de diversas visões de mundo.
Como se vê, a festa colonial constituía
um desafio para os diversos grupos sociais contra as dificuldades
do cotidiano, além de um escape para as tensões acumuladas
contra o poder, concentrado nas figuras do senhor de escravos, do
funcionário metropolitano, do governo português ou
da Igreja Católica. Mas ela se constitui, mais do que tudo,
num espaço privilegiado para a criação de tradições
e consolidação de costumes, permitindo ainda que as
culturas estabelecessem contato pautadas pelos valores lúdicos,
religiosos e artísticos que constituíram linguagens
sensíveis e permitiram a melhor tradução de
cada uma delas para as demais, fazendo inclusive fluir entre elas
símbolos e valores culturais.
O Carnaval atual
Se as primeiras e mais diretamente observáveis dimensões
do Carnaval de nossos dias são o transbordamento, a jocosidade,
a licenciosidade e a comemoração, não se pode
deixar de notar sua força política e o papel de aglutinador
de forças que poucas vezes se vê na população
brasileira quando se trata de lutar por seus direitos ou organizar-se
em partidos ou associações civis. O exemplo do Carnaval
carioca, seguido pelo paulista, e outros, mostra o inesperado poder
organizativo da festa da utopia e de que modo ela pode ser também
micropolítica paralela de direitos e deveres dos cidadãos,
que aprendem a lidar com a burocracia de Estado, com a política
de grupos e, no sentido mais amplo, com as dificuldades no estabelecimento
de parcerias.
Cada vez mais um produto de exportação
por sua poderosa força de atração turística,
o Carnaval é exemplo para a maioria das festas brasileiras.
Seu caráter processional é o modelo presente desde
os primórdios da festa brasileira, cuja base de simbolização
é o deslocamento, a transmutação ou passagem
de um ou vários elementos de um domínio para outro.
Como acontece, por exemplo, com os fatos históricos que saem
dos documentos e livros para percorrer o sambódromo na forma
de alegorias e samba-enredo, com os orixás do candomblé
que vão às ruas nos afoxés, com reis e rainhas
negras que desfilam sob o pálio no maracatu pernambucano
e com a multidão anônima que subitamente ocupa as ruas
de Salvador. Ver o deslocamento como mecanismo crítico nas
transformações de objetos em símbolos nos permite
entender a natureza do Carnaval, já que permite vê-lo
como algo que se forma e não como um tipo acabado de ação
social. Ou seja: o deslocamento em cortejos, presente na maioria
das festas brasileiras, permite perguntarmos como determinado elemento
- uma idéia, um valor ou um objeto - se desloca no espaço
(social ou geográfico), para exaltá-lo, ridicularizá-lo,
louvá-lo ou ignorá-lo silenciando sobre ele - tornando-se
um valor, e em que condições um dado conjunto de ações
sociais se torna um rito.
O deslocamento agudiza a percepção ou o significado
do que é festejado.
Por essa razão, um dos elementos fundamentais
do Carnaval é o desfile, do mesmo modo que as procissões
são caminhadas que transportam um objeto sagrado. Os deslocamentos
conduzem a uma conscientização de todas as objetificações
do mundo social, no que elas têm de arbitrário e perverso
como no que têm de necessário. É neste sentido
que o Carnaval é o "modelo das" festas brasileiras
e o "modelo para" as festas brasileiras, especialmente
na forma que elas vêm tomando atualmente. Até mesmo
o São João nordestino já conta com desfiles
em avenidas e percorre distâncias envolvendo milhares de pessoas.
O Carnaval é obra de arte popular e mise-en-scène
da cultura brasileira, do povo como personagem no drama social,
seja em modo de rebeldia, seja de submissão, conforme se
dirija o olhar para cada um dos aspectos que o envolvem. O Carnaval
pode mesmo ser compreendido como um grande desfile cívico,
similar ao 4 de julho americano ou o 14 de julho francês.
Toda a história, do ponto de vista popular, é contada
nas grandes avenidas do país por onde se deslocam todos os
sexos, classes sociais, raças, dançando e empurrando
a própria história nos carros alegóricos que
carregam os símbolos eleitos pelo povo como nacionais.
Lembro, ainda, ao leitor, que a participação
no Carnaval foi capaz de gerar várias agremiações
que, por sua vez, vêm se constituindo em ONGs com reivindicações
e ações sociais bem definidas, como as realizadas
pela comunidade da Mangueira no Rio de Janeiro, Olodum em Salvador,
Vai-Vai em São Paulo e outras, que mantêm centros de
apoio a pessoas carentes, escolas e projetos de conscientização
da população que adere ao Carnaval, além de
gerar empregos e um mercado específico, que vai desde tecidos,
lantejoulas, fantasias, até instrumentos musicais e discos
com sambas-enredos ou marchinhas para carnavais de salão.
A organização primária, que
se dá com vistas à realização da festa,
pode vir a ultrapassar os limites do tempo de sua produção,
estendendo-se por outros campos de ação no cotidiano.
Especialmente nas grandes metrópoles, onde a experiência
do agrupamento e da associação pode revelar-se construtiva
de laços afetivos, relações diretas e personificadas
e reforço da capacidade de ação. Mais que mera
"válvula de escape", mais que ser "contra"
ou "a favor" da sociedade tal como se encontra organizada,
o Carnaval e as festas em geral podem ser instrumento político
e modo próprio de expressão dos grupos raciais, étnicos,
religiosos ou ideológicos.
O Carnaval, entretanto, não se deixa capturar
facilmente pelo intelecto: ele tem vários sentidos, que fluem
de seu caráter mediador, permitindo, através das inúmeras
"pontes" que realiza entre valores e anseios, conter em
si oposições sem exatamente representá-las.
Assim, ele nem é religioso nem puramente profano, é
crítico e debochado, conservador e vanguardista, divertido
e devocional, nele cabem esbanjamento e concentração,
fruição e modo de ação social, o reviver
do passado e a projeção de utopias, afirmação
da identidade particular de um grupo e inserção na
sociedade global, é expressão de alegria e de indignação.
Neste sentido é possível falar em
um carnaval genuinamente brasileiro.
Os carnavais movimentam milhões em sua produção,
impulsionados pelo turismo, promovidos por patrocinadores que os
vêm usando como mais um lucrativo espaço para a inserção
de propaganda e estímulo de consumo, investindo cada ano
mais neste filão. Não se trata, contudo, de a festa
ter sido invadida pela publicidade e arrancada das mãos populares
e, sim, da necessária negociação para seu crescimento
junto à percepção, por parte das populações,
das vantagens, além do divertimento, que ela é capaz
de proporcionar ao crescer, mesmo se para isso for preciso que algo
se transforme um pouco.
Desse modo, as grandes festas já não
são festas espontâneas, mas cuidadosamente planejadas,
para as quais os preparativos são feitos com muita antecedência
e implicam a organização permanente de pessoas encarregadas
de executar inúmeras tarefas. Dos bailes de clube aos sambódromos,
das fantasias aos discos, da transmissão televisiva aos sanduíches,
das revistas aos vídeos, o Carnaval brasileiro rende milhões
em dólares e reais, provando que toda essa alegria tem preço.
O poder instituído tenta fazer uso da festa em seu favor,
mas ela não se deixa capturar. A negociação
entre os símbolos da festa e seu uso político é
complexa, e ela não se rende, senão naquilo que considera
necessário para atingir seus objetivos. Ao mesmo tempo, se
o Estado tenta fazer da festa um produto turístico, e em
certos pontos ela se permite usar, devemos lembrar que para aqueles
que realmente dominam o código da festa, a leitura dos símbolos
que ela contém é sempre diferente da leitura dos turistas
e visitantes, que a vêem, geralmente, como espetáculo
e diversão.
Não é à toa, como se vê,
que se diz que "no Brasil tudo acaba em Carnaval". Isto
é compreensível, já que ele se constituiu como
a linguagem em que o povo brasileiro se pronuncia, exaltando acontecimentos,
revivendo tradições, criando novas formas de expressão,
afirmando identidades, preenchendo espaços na vida dos grupos,
dramatizando situações, "louvando o que bem merece,
deixando o ruim de lado", como diz "Procissão",
a música de Gilberto Gil.