Em O Bebê de Rosemeire, o famoso diretor Roman Polanski
aborda o planejamento de um grupo de pessoas para favorecer a encarnação
do diabo.
Sabemos que o demo, ser devotado ao mal eterno, em disputa com Deus
pelas almas humanas, é mera fantasia teológica.
Ninguém se contrapõe ao Eterno. Situamo-nos todos, Espíritos
encarnados e desencarnados, como o relativo diante do Absoluto, a
criatura perante o Criador.
Diabo, como ensina a Doutrina Espírita, é todo filho
de Deus transviado, comprometido pela rebeldia, a exercitar más
ações, a conturbar a Criação. Há
sempre gente endiabrada ao nosso redor e, não raro, nós
mesmos exercitamos diabruras.
Não obstante, estamos todos sob a regência de leis divinas,
que fatalmente nos reconduzem aos roteiros do Bem, sempre que deles
nos afastamos, porque essa é a vontade de Deus, que não
falha jamais em seus objetivos.
* * *
Há uma pergunta freqüente
em relação ao assunto:
É possível um movimento da espiritualidade inferior,
de Espíritos desenvolvidos intelectualmente e subdesenvolvidos
moralmente, planejando a reencarnação de um de seus
pares, para semear a confusão no Mundo?
Avaliemos, por exemplo, Adolf
Hitler (1889-1945).
Sua biografia sugere a encarnação de tenebroso agente
do mal.
Dezenas de milhões de pessoas morreram
na gigantesca hecatombe que foi a Segunda Guerra Mundial. Dentre elas,
seis milhões de judeus, na mais ensandecido e perverso genocídio
de todos os tempos.
Quando, em fotos, vemos montanhas de cadáveres das vítimas
do nazismo, eliminadas de forma sádica, planejada, sistemática,
com o propósito de dizimar toda uma raça, concluímos
que isso só pode ser arte do demo encarnado.
Considerada a dinâmica da reencarnação, podemos
admitir essa possibilidade. Entidades trevosas elegem um representante
que se aproxima de um casal com o qual tenha afinidade. Estabelece-se
a sintonia vibratória e, a partir de uma concepção,
poderá ser atraído à reencarnação,
que ocorre naturalmente.
Seria um missionário do mal, assim como os temos do
Bem.
Ocorre que se trata de uma experiência complicada. Esse agente
das trevas estará sujeito às contingências da
reencarnação. Experimentará possíveis
limitações físicas e mentais, a partir de suas
inferioridades.
Passará pela dependência do período infantil,
em estado de dormência, sofrendo influências do meio ambiente.
Experimentará as perplexidades do despertar para a Vida, na
adolescência.
Por outro lado, as limitações do corpo lhe imporão
sofrimentos e dificuldades, que trabalharão suas tendências
inferiores.
Seria um investimento complicado, difícil, de resultados problemáticos.
* * *
Os Espíritos que desejam semear
a confusão no Mundo agem de forma diferente: exploram as fraquezas
humanas.
Hitler foi um pintor frustrado.
Não conseguiu ingressar na Academia de Belas-Artes, em Viena.
Durante algum tempo ganhou a vida pintando cartões-postais.
Tivessem seus contemporâneos pálida idéia do que
ele aprontaria e haveriam de fazer dele o mais vitorioso autor de
cartões postais, comprando-lhe toda a produção.
Consagrariam o artista medíocre para evitar a consagração
do déspota sanguinário e ensandecido.
Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, Hitler alistou-se para ter
um emprego regular. Um homem comum, que em nada se assemelhava a um
agente das trevas.
No entanto, deixou-se envolver pela ambição, conquistou
o poder, e a partir daí foi facilmente envolvido pelas sombras.
Considere, ainda, amigo leitor, que os desastres provocados pelo nazismo
não foram obra de um homem.
Havia toda uma retaguarda de prepostos sintonizados com suas idéias.
Pior: o povo embarcou nessa barca furada.
Hitler, de certa forma, foi apenas a materialização
das tendências à belicosidade e pretensões de
hegemonia racial do povo alemão.
* * *
Individual e coletivamente, estamos
sujeitos à influência do Mundo Espiritual.
Podemos refletir luzes ou sombras.
Depende do direcionamento de nossa vida.
Como sentimos, como pensamos, como agimos…
Somos, portanto, acima de tudo, agentes de nós mesmos.