Carlos
Augusto Parchen
> Evolução e Mudança
Allan Kardec, o magnífico Educador e Codificador da Doutrina
Espírita, sob a égide de elevados amigos espirituais
que lhe presidiram os trabalhos, nos alertava para alguns pontos fundamentais
no desenvolvimento da Doutrina Espírita:
- a evolução é o único
determinismo do Universo, e ela (a evolução) ocorrerá
mesmo a nossa revelia, sem que nada possamos fazer. Tudo no Universo
está sujeito a evolução, que gera aprendizado,
o que por sua vez serve como alicerce para o processo evolutivo;
as revelações que os espíritos nos trazem,
são sempre compatíveis com a época em que ocorrem,
pois os Espíritos Elevados respeitam nossas limitações,
atuam dentro de nosso nível de conhecimento e consciência
e não violam jamais o nosso livre arbítrio, nem nosso
livre aprendizado. Seus ensinos são sempre para consolidar
um nível de conhecimento que já está permeando
a humanidade, porém sem induzir rumos ou "pular etapas"
de aprendizado e desenvolvimento;
- as explicações dos espíritos
sobre muitos pontos da Doutrina, estão muitas vezes limitadas
pela ainda parca evolução intelectual da humanidade,
pela pobreza de nosso vocabulário e pela inexistência
de referenciais que lhes permitam exemplificar corretamente o ensino;
- assim como a Doutrina Espírita veio
a seu tempo lançar luz e clarear muitos pontos obscuros do
Evangelho, a evolução do conhecimento humano e das
ciências possibilitará que vários pontos do
Espiritismo sejam clareados, provados, discutidos e aprofundados;
- a razão, a análise lógica,
o raciocínio coerente e a comprovação científica,
segundo Kardec, deveriam ser suficientes para que a Doutrina viesse
a agregar novos conhecimentos e alterar conceitos errôneos
e incompletos de seu conhecimento e de seu ensino, devendo ser imediatamente
incorporados a Filosofia, Ciência e Moral Espírita
como parte de sua evolução;
- as obras da Codificação Espírita
constituem-se no alicerce, na fundação, na base do
Espiritismo, base esta sobre a qual se erguerá o Edifício
da Doutrina. Esse edifício está sendo construído
a partir da evolução do conhecimento e da ciência,
junto com os novos ensinos trazidos pelos Espíritos Elevados.
A Codificação não é a obra acabada,
mas sim seus alicerces.
Trazemos estes pontos à reflexão, pois muitos Espíritas
estão se esquecendo dessas colocações, e estão
passando a considerar as Obras Básicas da Codificação
como verdadeiros "Livros Sagrados", que contém a
"verdade" da Doutrina, sendo "intocáveis"
e "inquestionáveis" sobre tudo o que se refere ao
Espiritismo.
Para essas pessoas, qualquer ponto que não possa ser rigorosamente
"achado" nas Obras Básicas, é colocado sob
suspeição e até sumariamente rejeitado, independente
de toda a lógica, de toda a razão e de toda a comprovação
científica que possa trazer embutido, atitude essa que contraria
frontalmente o que Kardec colocava como normal e necessário
para a própria sobrevivência da Doutrina.
É evidente que a época em que as Obras da Codificação
foram escritas, o nível de conhecimento e as limitações
da linguagem, impediam o aprofundamento de muitos pontos cruciais
da Doutrina, e dificultam sobremaneira o entendimento da "verdade
completa" sobre muitos tópicos e itens. Hoje, com
novos conhecimentos científicos, culturais e uma linguagem
mais avançada e flexível, certas explicações
aparecem, lógicas, coerentes e até mesmo provadas, mas
que são rejeitadas por "....irem contra Kardec....",
por "...contrariarem Kardec....".
Mas o Codificador já previa isso. Não pretendia ele
ser o "Dono da Verdade". Nem ele, nem os Espíritos
Superiores. Sabiam que a "verdade" é relativa, apenas
representa o conhecimento cultural e científico daquele momento
específico. Por exemplo, até poucos anos atrás,
os estados da matéria eram três (sólido, líquido
e gasoso). Quantos de nós sabem quais são os estados
da matéria hoje? Já são aceitos pelo menos seis,
e alguns estudos começam a provar a existência de outros.
Se admite hoje a possibilidade de 14 estados diferentes da matéria.
Os cientistas da década passada estavam errados? Não,
eles detinham apenas "parte da verdade". E os de hoje apenas
detêm uma parte um pouco maior dessa "verdade".
Kardec era infalível? Essa pergunta dói. E como incomoda.
Alguns Espíritas simplesmente se recusam a refletir sobre isso.
Mas sabemos todos que a resposta é não. Kardec era falível,
os médiuns que trabalharam com ele eram falíveis. Além
disso, existia um conhecimento científico e cultural limitado
na época. Os Espíritos Elevados estavam limitados em
sua atuação e em seus ensinos por essa realidade.
As obras básicas são infalíveis? Claro que não,
pelo mesmos motivos expostos no parágrafo anterior. Mas os
Espíritos Superiores não revisaram todo o trabalho da
Codificação? Não corrigiram todos os erros? Não
completaram todas as lacunas? E a resposta é novamente não,
pelo motivo que o próprio Kardec nos colocava, orientado pelos
Espíritos Superiores: "...o livre arbítrio
é absolutamente inviolável...".
Não podemos tornar as obras da Codificação, nem
mesmo o Livro dos Espíritos, nem
o Evangelho Segundo o Espiritismo, nem o
Livro dos Médiuns, nenhum deles,
na "Bíblia Sagrada" dos Espíritas. Kardec
não queria isso e nos alertou sobre isso.
Temos que nos lembrar que muitos dos conceitos mais modernos da Doutrina
Espírita, já assimilados e incorporados pela prática
espírita, em âmbito até mundial, nos foram trazidos
pela mediunidade de Francisco C. Xavier, psicografando André
Luiz, cujos ensinos "revolucionaram" a Doutrina Espírita.
No que se refere ao perispírito, ao passe, as energias e a
muitos outro itens, grande parte do ensino de André Luiz não
é encontrado nas Obras Básicas. Mas os conhecimentos
e ensinos trazidos estão certos. E são aceitos pela
maioria das Casas Espíritas, paradoxalmente, mesmo sem muita
análise e reflexão.
Hoje temos novos autores, Pesquisadores de Nível Universitário,
Mestres , Doutores e Pós-Doutores, Filósofos, Médicos,
Físicos, Cientistas enfim, que vêm trazendo novos e profundos
conhecimentos para o Espiritismo. Simplesmente rejeitar esses novos
conhecimentos científicos e culturais, sob a alegação
de que "...não estão em Kardec...",
ou porque "...vai contra o que colocou Kardec..."
é no mínimo negar tudo o que disse e pensou o nosso
Mestre Lionês.
Temos ainda que nos lembrar que hoje,
não existe quem possa fazer o trabalho que Kardec fazia, de
compilar, analisar e sistematizar todo o conhecimento espírita
do mundo. Não temos e não teremos. As Federações
não podem cumprir esse papel, pois não têm caráter
normativo (e nem devem ter mesmo), estando sujeitas, como qualquer
grupamento humano, a "correntes ideológicas" (inclusive
não kardecistas) e as inefáveis paixões humanas,
que as inviabilizam para tal papel. Cabe aos Espíritas abrirem
mente e coração, inteligência e razão,
análise e reflexão para o estudo de cada uma das novas
obras, das novas proposições, dos novos paradigmas propostos,
passando-as pelo "crivo" a que se referia Allan Kardec,
analisando as provas, as evidências, a lógica e a razão
e concluindo a respeito.
O que não se pode é simplesmente "negar",
por não se achar que não está "de acordo"
com as obras básicas. Não se pode tentar defender posições
dogmáticas e excludentes, porque "...não está
em Kardec...". Fazer isso é tomar a mesma atitude que
levou a estagnação e fracasso da Religiões Tradicionais.
Negar a evolução, negar o avanço, negar as mudanças,
negar a agregação de novos conhecimentos é, por
si só, ir contra o que nos trouxe e deixou Allan Kardec. Essa
atitude é a que realmente não encontra amparo nas Obras
Básicas.
Para encerrar, fica aqui a recomendação para um estudo
detalhado e minucioso da Introdução e dos Prolegômenos
do Livro dos Espíritos, que infelizmente muitos
"pulam" e se descuidam.
Evolução e Mudança andam juntas. Graças
a Deus na própria Doutrina Espírita.
Artigo escrito em abril de 2003 e
reproduzido do site do Centro Espírita Luz Eterna - CELE
* * *
Para refletir
...fazemos filosofia experimental
e não especulativa. Para combater as teorias do Espiritismo,
não basta, pois, dizer que elas são falsas, seria preciso
opor-lhes fatos dos quais estariam impossibilitadas de dar a solução.
E neste caso mesmo manter-se-á sempre num nível, porque
seria contrário à sua essência se obstinar numa
idéia falsa, e que se esforçará sempre em preencher
as lacunas que possa apresentar, não tendo a pretensão
de ter chegado ao apogeu da verdade absoluta.
Essa maneira de encarar o Espiritismo não é nova; pode-se
vê-la em todos os tempos formulada em nossas obras. Desde
que o Espiritismo não se declara nem estacionário nem
imutável, ele assimilará todas as verdades que forem
demonstradas, de qualquer parte que venham, fosse da de seus antagonistas,
e não permanecerá jamais atrás do progresso real.
Ele assimilará essas verdades, dizemos nós, mas somente
quando forem claramente demonstradas, e não porque
agradaria alguém de dar por elas, ou seus desejos pessoais
ou os produtos de sua imaginação. Estabelecido este
ponto, o Espiritismo não poderia perder senão se se
deixasse distanciar por uma doutrina que daria mais do que ele; nada
a temer daquelas que dariam menos e dele fortificariam o que faz a
sua força e a sua principal atração.
Se o Espiritismo ainda não disse tudo, ele é,
no entanto, uma certa soma de verdades adquiridas pela observação
e que constituem a opinião da maioria dos adeptos;
e se essas verdades passaram hoje ao estado de artigos de fé,
para nos servir de uma expressão empregada ironicamente por
alguns, isto não é nem por nós, nem por ninguém,
nem mesmo por nossos Espíritos instrutores e elas foram assim
colocadas e ainda menos impostas, mas pela adesão de todo mundo,
cada um estando em condições de constatá-las.
(...)
...o Espiritismo, tomando
o ponto de partida de todos os seus princípios na observação
dos fatos, não pode ser derrubado por uma teoria; mantendo-se
constantemente ao nível das idéias progressivas,
não poderá ser ultrapassado; apoiando-se sobre o sentimento
da maioria, ele satisfaz as aspirações da maioria; fundado
sobre estas bases, é imperecível, porque aí
está a sua força.
Allan Kardec, na Revista Espírita
de janeiro de 1866, Considerações sobre a Prece no Espiritismo.
Fonte: http://www.ieja.org/portugues/Estudos/Artigos/p_evolucaoemudanca.htm
Leiam de Carlos Augusto Parchen,
Acaso
x Programação
O
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Educação
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Escolha
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Espiritismo
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Evolução
e Mudança
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