No imenso painel dos distúrbios
psicológicos o medo avulta. Predominando em muitos indivíduos
e apresentando-se, quando na sua expressão patológica,
em forma de distúrbio de pânico.
O medo, em si mesmo, não
é negativo, assim se mostrando quando, irracionalmente, desequilibra
a pessoa.
O desconhecido, pelas características de que se reveste,
pode desencadear momentos de medo, o que também ocorre em
relação ao futuro e sob determinadas circunstâncias,
tornando-se, de certo modo, fator de preservação da
vida, ampliação do instinto de autodefesa. Mal trabalhado
na infância, por educação deficiente, o que
poderia tomar-se útil, diminuindo os arroubos excessivos
e a precipitação irrefletida, converte-se em perigoso
adversário do equilíbrio do educando.
São comuns, nesse período,
as ameaças e as chantagens afetivas: Se você não
se alimentar, ou não dormir, ou não proceder bem,
papai e mamãe não gostarão mais de você...
ou O bicho papão lhe pega, etc. A criança, incapaz
de digerir a informação, passa a ter medo de perder
o amor, de ser devorada, perturbando a afetividade, que entorpece
a naturalidade no seu processo de amadurecimento, tomando o adolescente
inseguro, e um adulto que não se sente credor de carinho,
de respeito e de consideração. A deformação
leva-o às barganhas sentimentais - conquistar mediante presentes
materiais, bajulação, anulando a sua personalidade,
procurando agradar o outro, diminuindo-se e supervalorizando o afeto
que anela.
A pessoa é, e deve ser amada, assim como é. Naturalmente,
todo o seu empenho deve ser direcionado para o crescimento interior,
o desenvolvimento dos recursos que dignificam: não invejando
quem lhe parece melhor - pois alcançará o mesmo patamar
e outros mais elevados, se o desejar - nem se magoando ante a agressividade
dos que se encontram em níveis menores.
Por outro lado, face às ameaças,
o ser permanece tímido, procurando fazer-se bonzinho, não
pela excelência das virtudes, mas por mecanismo de sobrevivência
afetiva.
O medo, assim considerado, pode assumir estados incontroláveis,
causando perturbações graves no comportamento.
Os fatores psicossociais, as pressões
emocionais influem, igualmente, para tomar o indivíduo amedrontado,
especialmente diante da liberação sexual, gerando
temores injustificáveis a respeito do desempenho na masculinidade
ou na feminilidade, que propiciam conflitos psicológicos
de insegurança, a se refletirem na área correspondente,
com prejuízos muitos sérios.
Bem canalizado, o medo se transforma em prudência, em equilíbrio,
auxiliando a discernir qual o comportamento ético adequado,
até o momento em que o amadurecimento emocional o substitui
pela consciência responsável.
Confunde-se o pânico como expressão do medo, quando
irrompe acompanhado de sensações físicas: disritmia
cardíaca, sudorese, sufocação, colapso periférico
produzindo algidez generalizada. Essa sensação de
morte com pressão no peito e esvaecimento das energias que
aparece subitamente, desencadeada sem aparente motivo, tem outras
causas, raízes mais profundas.
Na anamnese do distúrbio
de pânico, constata-se o fator genético com alta carga
de preponderância e especialmente a presença da noradrenalina
no sistema nervoso central. É, portanto, uma disfunção
fisiológica. Predomina no sexo feminino, especialmente no
período pré-catamenial, o que mostra haver a interferência
de hormônios, sendo menor a incidência durante a gravidez.
Sem dúvida, a terapia psiquiátrica faz-se urgente,
a fim de que determinadas substâncias químicas sejam
administradas ao paciente, restabelecendo-lhe o equilíbrio
fisiológico.
Invariavelmente atinge os indivíduos entre os vinte e os
trinta e cinco anos, podendo surgir também em outras faixas
etárias, desencadeado por fatores psicológicos, requerendo
cuidadosa terapia correspondente.
Há, entretanto, síndromes de distúrbio de pânico
que fogem ao esquema convencional. Aquelas que têm um componente
paranormal, como decorrência de ações espirituais
em processos lamentáveis de obsessão.
Agindo psiquicamente sobre a mente da vítima, o ser espiritual
estabelece um intercâmbio parasitário, transmitindo-lhe
telepaticamente clichês de aterradoras imagens que vão
se fixando, até se tornarem cenas vivas, ameaçadoras,
encontrando ressonância no inconsciente profundo, onde estão
armazenadas as experiências reencarnatórias, que desencadeadas
emergem, produzindo confusão mental até o momento
em que o pânico irrompe incontrolável, generalizado.
Dá-se, nesse momento, a incorporação do invasor
do domicílio mental, que passa a controlar a conduta da vítima,
que se lhe submete à indução cruel.
Cresce assustadoramente na sociedade atual essa psicopatologia mediúnica,
que está requerendo sérios estudos e cuidadosas pesquisas.
As terapias de libertação têm a ver com a transformação
moral do paciente, a orientação ao agente e a utilização
dos recursos da meditação, da oração,
da ação dignificadora e beneficente.
Quando a ingerência psíquica do agressor
se faz prolongada, somatiza distúrbios fisiológicos
que eliminam noradrenalina no sistema nervoso central do enfermo,
requerendo, concomitantemente, a terapia especializada, já
referida.
Mediante uma conduta saudável de respeito ao próximo
e à vida, o indivíduo precata-se da interferência
perniciosa dos seres espirituais perturbadores, adversários
de existências passadas, que ainda se comprazem na ação
perversa. Esse sítio que promovem, responde por inúmeros
fenômenos de sofrimento entre os homens.
Não sendo a morte do soma o aniquilamento da vida, a essência
que o vitaliza - o eu profundo - prossegue com suas conquistas e
limitações, grandezas e misérias. Como o intercâmbio
decorre das afinidades morais e psíquicas, fácil é
constatar-se as ocorrências que se banalizam.
O medo, portanto, necessita de canalização adequada
e o distúrbio do pânico, examinada a sua gênese,
merece os cuidados competentes, sendo passíveis de recuperação
ambos os fenômenos psicológicos viciosos, a que o indivíduo
se adapta, mesmo sofrendo.