Nada no Universo ocorre como fenômeno
caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine.
O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação
transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia.
De igual maneira, nos destinos humanos
sempre vige a Lei de Causa e Efeito, como responsável legítima
por todas as ocorrências, por mais diversificadas apresentem-se.
O Espírito progride através
das experiências que lhe facultam desenvolver o conhecimento
intelectual enquanto lapida as impurezas morais primitivas, transformando-as
em emoções relevantes e libertadoras.
Agindo sob o impacto das tendências
que nele jazem, fruto que são de vivências anteriores,
elabora, inconscientemente, o programa a que se deve submeter na
sucessão do tempo futuro.
Harmonia emocional, equilíbrio
mental, saúde orgânica ou o seu inverso, em forma de
transtornos de vária denominação, fazem-se
ocorrência natural dessa elaborada e transata proposta evolutiva.
Todos experimentam, inevitavelmente,
as consequências dos seus pensamentos, que são responsáveis
pelas suas manifestações verbais e realizações
exteriores.
Sentindo, intimamente, a presença
de Deus, a convivência social e as imposições
educacionais, criam condicionamentos que, infelizmente, em incontáveis
indivíduos dão lugar às dúvidas atrozes
em torno da sua origem espiritual, da sua imortalidade.
Mesmo quando se vincula a alguma
doutrina religiosa, com as exceções compreensíveis,
o comportamento moral permanece materialista, utilitarista, atado
às paixões defluentes do egotismo.
Não fosse assim, e decerto,
muitos benefícios adviriam da convicção espiritual,
que sempre define as condutas saudáveis, por constituírem
motivos de elevação, defluentes do dever e da razão.
Na falta desse equilíbrio,
adota-se atitude de rebeldia, quando não se encontra satisfeito
com a sucessão dos acontecimentos tidos como frustrantes,
perturbadores, infelizes...
Desequipado de conteúdos
superiores que proporcionam a autoconfiança, o otimismo,
a esperança, essa revolta, estimulada pelo primarismo que
ainda jaz no ser, trabalhando em favor do egoísmo, sempre
transfere a responsabilidade dos sofrimentos, dos insucessos momentâneos
aos outros, às circunstâncias ditas aziagas, que consideram
injustas e, dominados pelo desespero fogem através de mecanismos
derrotistas e infelizes que mais o degrada, entre os quais o nefando
suicídio.
Na imensa gama de instrumentos utilizados
para o autocídio, o que é praticado por armas de fogo
ou mediante quedas espetaculares de edifícios, de abismos,
desarticula o cérebro físico e praticamente o aniquila...
Não ficariam aí, porém,
os danos perpetrados, alcançando os delicados tecidos do
corpo perispiritual, que se encarregará de compor os futuros
aparelhos materiais para o prosseguimento da jornada de evolução.
* * * * * *
É inevitável o renascimento
daquele que assim buscou a extinção da vida, portando
degenerescências físicas e mentais, particularmente
a anencefalia.
Muitos desses assim considerados,
no entanto, não são totalmente destituídos
do órgão cerebral.
Há, desse modo, anencéfalos
e anencéfalos.
Expressivo número de anencéfalos
preserva o cérebro primitivo ou reptiliano, o diencéfalo
e as raízes do núcleo neural que se vincula ao sistema
nervoso central…
Necessitam viver no corpo, mesmo
que a fatalidade da morte após o renascimento, reconduza-os
ao mundo espiritual.
Interromper-lhes o desenvolvimento
no útero materno é crime hediondo em relação
à vida. Têm vida sim, embora em padrões diferentes
dos considerados normais pelo conhecimento genético atual...
Não se tratam de coisas conduzidas
interiormente pela mulher, mas de filhos, que não puderam
concluir a formação orgânica total, pois que
são resultado da concepção, da união
do espermatozoide com o óvulo.
Faltou na gestante o ácido
fólico, que se tornou responsável pela ocorrência
terrível.
Sucede, porém, que a genitora
igualmente não é vítima de injustiça
divina ou da espúria Lei do Acaso, pois que foi corresponsável
pelo suicídio daquele Espírito que agora a busca para
juntos conseguirem o inadiável processo de reparação
do crime, de recuperação da paz e do equilíbrio
antes destruído.
Quando as legislações
desvairam e descriminam o aborto do anencéfalo, facilitando
a sua aplicação, a sociedade caminha, a passos largos,
para a legitimação de todas as formas cruéis
de abortamento.
... E quando a humanidade mata o
feto, prepara-se para outros hediondos crimes que a cultura, a ética
e a civilização já deveriam haver eliminado
no vasto processo de crescimento intelecto-moral.
Todos os recentes governos ditatoriais
e arbitrários iniciaram as suas dominações
extravagantes e terríveis, tornando o aborto legal e culminando,
na sucessão do tempo, com os campos de extermínio
de vidas sob o açodar dos mórbidos preconceitos de
raça, de etnia, de religião, de política, de
sociedade...
A morbidez atinge, desse modo, o
clímax, quando a vida é desvalorizada e o ser humano
torna-se descartável.
As loucuras eugênicas, em
busca de seres humanos perfeitos, respondem por crueldades inimagináveis,
desde as crianças que eram assassinadas quando nasciam com
qualquer tipo de imperfeição, não servindo
para as guerras, na cultura espartana, como as que ainda são
atiradas aos rios, por portarem deficiências, para morrer
por afogamento, em algumas tribos primitivas.
Qual, porém, a diferença
entre a atitude da civilização grega e o primarismo
selvagem desses clãs e a moderna conduta em relação
ao anencéfalo?
O processo de evolução,
no entanto, é inevitável, e os criminosos legais de
hoje, recomeçarão, no futuro, em novas experiências
reencarnacionistas, sofrendo a frieza do comportamento, aprendendo
através do sofrimento a respeitar a vida…
* * * * * *
Compadece-te e ama o filhinho que
se encontra no teu ventre, suplicando-te sem palavras a oportunidade
de redimir-se.
Considera que se ele houvesse nascido
bem formado e normal, apresentando depois algum problema de idiotia,
de hebefrenia, de degenerescência, perdendo as funções
intelectivas, motoras ou de outra natureza, como acontece amiúde,
se também o matarias?
Se exercitares o aborto do anencéfalo
hoje, amanhã pedirás também a eliminação
legal do filhinho limitado, poupando-te o sofrimento como se alega
no caso da anencefalia.
Aprende a viver dignamente agora,
para que o teu seja um amanhã de bênçãos
e de felicidade.