Espiritualidade e Sociedade



Anselmo Ferreira Vasconcelos

>   Espiritismo, Gestão de Empresas e carreiras profissionais: algumas reflexões e recomendações

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Anselmo Ferreira Vasconcelos
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INTRODUÇÃO


Indubitavelmente, a atividade de gestão das empresas (management) continua sendo um dos mais importantes assuntos para a humanidade. Afinal das contas, as empresas exercem um papel cada vez mais relevante em nossas vidas. Sem elas, certamente teríamos muito mais dificuldades em atender às nossas necessidades básicas. Por esse prisma, pode-se afirmar que as organizações humanas são uma invenção extraordinária. No entanto, para fazê-las funcionar adequadamente, a figura do gestor (manager) capacitado é imprescindível. Ou seja, elas precisam de profissionais aptos a tomar decisões, planejar, coordenar ações, inspirar os seus subordinados e, fundamentalmente, gerar resultados positivos através das suas intervenções e trabalho.

Aprendemos com Frederick W. Taylor (o pai da administração científica) que o principal objetivo do management é criar riqueza e prosperidade tanto para o empregador como para o empregado. Contudo, por várias razões sistêmicas e estruturais tal desiderato ainda não foi alcançado. Com efeito, o sistema econômico liberal, sob cuja inspiração vivemos, não consegue viabilizar tal possibilidade de maneira satisfatória. Embora o conflito de interesses entre as organizações empresariais e a sociedade persista há séculos, um patamar mais elevado foi, ao que tudo indica, alcançado presentemente. Nesse sentido, cumpre reconhecer que as estratégias empresariais e políticas públicas tradicionais não dão conta de responder aos desafios ora colocados à humanidade. Algo bem mais profundo, sutil e vital, que transcende apenas a questão material, não está sendo contemplado.

Creio que o principal óbice tem sido o nosso voluntário distanciamento de Deus (o nosso principal stakeholder). Dito de outra forma, em nossas principais criações e elaborações estão – quase sempre – ausentes a presença do elemento transcendental. Nossa estreita visão e aguda falta de sabedoria empurram-nos para caminhos inadequados ou às soluções infelizes. Do contrário, e assim mostram as evidências com clareza meridiana, a Terra seria uma moradia melhor para todos os seus cidadãos. Desse modo, é fundamental abrir espaço para uma nova percepção e entendimento, que só o elemento espiritual pode nos dar. O pesquisador canadense Bruno Dyck, por exemplo, observa que as pessoas estão necessitando de revelação transcendente e ajuda com vistas à implementação das estruturas e sistemas calcados no reino de Deus (espiritualidade).

Tomando por base tal premissa, é preciso, então, mudar urgentemente nossas diretrizes e visão das coisas através da integração da dimensão espiritual em nosso dia a dia. Pela relevância que tal aspecto – lamentavelmente, ainda negligenciado – representa, esse esforço deve ser a verdadeira mudança de gestão (change management), ou seja: a inserção de Deus em nossas vidas. Com efeito, os esforços empreendidos para educar os gestores a agir de maneira mais responsável raramente vão além das preocupações instrumentais. Mais ainda, a noção de responsabilidade gerencial – entendida aqui fundamentalmente como a busca pela eficiência e eficácia – tende a desdenhar o terreno da ética, o que não tem sido bom para a própria humanidade e o planeta.

Deduz-se, assim, que algo mais profundo está faltando na formação do gestor moderno. Em minha visão, a complexidade do seu trabalho requer a incorporação do aprendizado transcendental (calcado ou não nos pilares religiosos). Nesse sentido, ao desenvolver a sua própria espiritualidade, ele(a) poderá transformar suas criações (incluindo sociedade, organizações e instituições). Portanto, nada mais consentâneo, já que, conforme explicou Allan Kardec, o elemento espiritual permeia todo o universo.

Entretanto, enquanto lentamente cresce o interesse a respeito da espiritualidade, pouco se fala ou escreve sobre assuntos correlatos tais como Espírito(s), Deus ou um poder maior [9], particularmente enfatizando-os como aspectos subjacentes à gestão. Segue daí a minha iniciativa de escrever um livro focado nessa temática, sob a perspectiva da Doutrina Espírita, tendo-se em vista que “Detendo tão copiosa bagagem de conhecimentos, acerca da eternidade, o cristão legítimo [cumpre esclarecer que o Espiritismo é considerado, fundamentalmente, como o Cristianismo redivivo, atualizado, depurado, enfim, dos lamentáveis enxertos que nele foram inseridos ao longo dos séculos a fim de atender nefastos ropósitos] é pessoa indicada a proteger os interesses espirituais de seus irmãos na jornada evolutiva...” Não quero, ao recorrer a tal afirmação do Espírito Emmanuel, desmerecer o trabalho e enfoque de nenhuma outra religião ou doutrina. No entanto, também não posso me furtar a reconhecer que as questões da eternidade e espiritualidade são as matérias-primas principais do Espiritismo. Dito de outra maneira, são a
sua raison d’être.

Posto isto, o presente trabalho tem por objetivo mostrar que o Espiritismo, dado o seu escopo doutrinário e interesses, pode nos dar ajudar na direção de desenvolvermos e aperfeiçoarmos nossas organizações, instituições e sistemas de gestão, atrelando-os a princípios espirituais saudáveis. Ademais, ao longo da vida somos instados a tomar importantes decisões. E nossas escolhas e ações têm considerável efeito sobre a nossa evolução. Todavia, nem sempre ponderamos adequadamente seus efeitos. No calor do momento ou da situação fazemos – não raro – opções infelizes, que podem nos custar muito em termos de perda de harmonia e paz interior.

Definitivamente, não fomos colocados no mundo para fazer ninguém sofrer. Dito de outra forma, a nossa missão não é prejudicar quem quer que seja. As dificuldades que nos atingem devem ser sempre vistas pelo lado positivo, isto é, oportunidades de autoaperfeiçoamento e autoiluminação.

Como a Terra é, metaforicamente falando, uma escola, os testes e avaliações são partes integrantes de nossas experiências. Em outras palavras, temos que mostrar a Deus que estamos aprendendo as lições, desenvolvendo virtudes e sabedoria para encetarmos voos ainda mais altos. Como afirmou Jesus Cristo, nós somos Deuses. Deixamos, então, o DNA divino ecoar plenamente em nossas atitudes e pensamentos diários.

Aos leitores que começam a travar contato com o Espiritismo, cabe inicialmente destacar que se trata de uma doutrina relativamente nova, visto que ela existe há pouco mais de um século e meio. Apesar disso, seus princípios e ensinamentos são disseminados em todo o mundo, especialmente na América Latina, América do Norte e Europa.

Ao contrário de outras religiões tradicionais, seus pontos basilares são fortemente apoiados: (1) na fé da vida após a morte; (2) no fenômeno dos Espíritos e nas suas mensagens e ensinamentos por meio de médiuns; (3) nos ensinamentos de Jesus Cristo (o Evangelho) e seu comportamento paradigmático (modelo de perfeição) a ser seguido por todos os seres humanos; (4) e na prática da caridade. Por tudo isso, é uma doutrina cristã por excelência, e, desse modo, em perfeitas condições de nos aparelhar para a conquista da felicidade. Mais ainda, dada a sua ampla perspectiva transcendental – alicerçadas concomitantemente nas lentes da ciência, filosofia e religião –, nos ajuda a desvendar o que realmente importa considerar em nosso trabalho.

Por outro lado, os textos aqui reunidos, consoante os objetivos acima delineados, focam basicamente em cinco grandes áreas, a saber: gestão, trabalho, organizações e instituições, cidadania e desenvolvimento humano. O elo comum é a necessidade de vigiarmos o nosso comportamento, a fim de não sermos seduzidos pelas sombras. De modo geral, são artigos que convidam à reflexão e autoanálise. A esmagadora maioria são ensaios e crônicas inéditas. Os poucos textos republicados foram acrescentados devido à sua pertinência temática.

Com isso, não aspiro e nem pretendo assumir o papel de “guru” de ninguém. Não me vejo nesse papel! Sou apenas um observador que vê nas interações humanas o seu material de trabalho. Também não sou “dono da verdade”. Aliás, meu conselho é que o leitor(a) sempre tome muito cuidado com aqueles que assim se posicionam (aliás, não é difícil reconhecê-los). Na essência, sou apenas um esforçado estudioso da verdade divina, já que para mim é essa a única que conta. Descobri-la está em nosso roteiro rumo à luz. Nesse sentido, tenho me empenhado em tal tarefa. Por conseguinte, aqui busco interpretá-la – em algumas dimensões da vida – com base na minha experiência e trabalho como pesquisador. Como afirma o Espírito Joanna de Ângelis, “Tudo é válido na economia do Bem, na Casa do Pai Celestial, em que, por enquanto, transitamos entre as vibrações da estação terrena”.

Por fim, devo ainda acrescentar que a presente obra, primeira minha no gênero, busca oferecer material ao autoexame, a fim de que os seus acertos sejam predominantes. É, em suma, a visão de um espírita que enxerga na vida uma benção divina. Desse modo, creio firmemente que estamos aqui nesta dimensão material para atingir alguns bons propósitos.

Espero do fundo da minha alma que as minhas percepções e entendimentos possam ajudá-lo(a) em sua jornada.

Anselmo Ferreira Vasconcelos

 

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Fonte: http://www.oconsolador.com.br/editora/101a150/Espiritismo.pdf





 


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