O assunto Magia Negra ainda não foi
convenientemente estudado pelos praticantes do Espiritismo. Há
espíritas que não acreditam na possibilidade da existência
dos conjuros, ou trabalhos feitos, como é conhecida a Magia
Negra. Mas, um estudo cuidadoso da teoria de O Livro dos Espíritos,
e de algumas citações feitas por Allan Kardec na Revista
Espírita, mostra que essas manobras mediúnicas, com
a finalidade de prejudicar o próximo, são perfeitamente
possíveis.
A Magia Negra, macumba ou conjuro, ainda é
um tema que desperta curiosidade. Mas, será que a macumba
existe mesmo? Ou a crença na sua existência seria produto
da ignorância ou superstição? Estas perguntas
vem sendo feitas com freqüência por quem participa dos
trabalhos práticos de Espiritismo, sem que se possa encontrar
respostas convincentes. Há pessoas que simplesmente não
acreditam. Outras, dizem que a prática do bem poderia livrar-lhes
destes malefícios.
Destacamos a seguir, um trecho da pergunta
549 de O Livro dos Espíritos, para demonstrar que
ali está a definição óbvia do que é
a macumba. Acreditamos que essa questão,
se examinada à luz da razão e da experimentação,
poderá ser resolvida de maneira lógica.
O raciocínio e a experiência têm
nos fornecido elementos seguros para afirmarmos que a Magia
Negra é um tipo de obsessão grave e que merece
a atenção de todo trabalhador espírita sincero.
Questão 549 - Há alguma coisa
de verdadeiro nos pactos com os maus Espíritos?
Resposta - Não, não há pactos,
mas uma natureza má simpatiza com Espíritos maus.
Por exemplo: queres atormentar o teu vizinho e não sabes
como fazê-lo; chamas então os Espíritos inferiores
que, como tu, só querem o mal; e para te ajudar querem também
que os sirva com seus maus desígnios. Mas disso não
se segue que o teu vizinho não possa se livrar deles, por
uma conjuração contrária ou pela sua própria
vontade. Aquele que deseja cometer uma ação má,
pelo simples fato de o querer chama em seu auxílio os maus
Espíritos, ficando obrigado a servi-los como eles o auxiliam,
pois eles também necessitam dele para o mal que desejam fazer.
É somente nisso que constitui o pacto.
No trecho citado, o Espírito de Verdade demonstra
de maneira muito clara que é possível uma criatura
evocar maus Espíritos para ajudá-la a causar mal a
uma outra pessoa. A resposta esclarece ainda, que este ato pode
ser realizado por uma seqüência de procedimentos conhecidos
como conjuração*.
Vai mais longe dizendo que a pessoa atingida pelo
malefício, poderá se livrar dele, por uma vontade
poderosa ou por uma conjuração contrária àquela
que foi usada para fazê-lo. Um desconjuro, que nos
terreiros de Umbanda se chama: desmanche.
Na questão 551, pergunta-se ao Espírito
de Verdade, se alguém poderia fazer mal ao seu próximo,
com auxílio de um Espírito mau que lhe fosse devotado.
A resposta do Consolador é taxativa: Não, Deus não
o permitiria. Aparentemente parece encerrar a questão. Entretanto,
continuando o estudo vemos que ainda temos muito a aprender.
Recordando as bases nas quais se assentam os argumentos
a favor da Doutrina, lembramos da conhecida citação
de Moisés, em que ele proibia o contato com os mortos. Vozes
sábias afirmaram que o legislador hebreu somente proibiria
algo que fosse possível acontecer; depondo assim a favor
da comunicabilidade dos Espíritos.
As palavras do Consolador em relação
à possibilidade de alguém valer-se de um Espírito
inferior para fazer mal ao seu próximo é uma situação
semelhante. Deus só não permitiria, uma coisa que
fosse possível acontecer, o que por si mesmo, testifica a
possibilidade da ocorrência do fenômeno obsessivo.
Continuemos: quando o Espírito de Verdade
responde que Deus não o permitiria, parece se contradizer,
pois há duas questões atrás, na 549, Ele disse
que o conjuro é possível, e até demonstra como
é que uma vítima pode se livrar dele. Aqui, na 551
diz que Deus não o permitiria. Ora; se Deus não o
permitiria não haveria necessidade, nem razão, para
Ele (O Espírito de Verdade), explicar lá atrás,
as formas de libertação do conjuro. Seria perda de
tempo e o Espírito Consolador não veio a isso. Certamente
tem alguma coisa a mais no ensinamento que passou despercebida.
Procuremos!
Examinando os textos das perguntas seguintes, vamos
encontrar a resposta a nossas dúvidas. Na questão
557, a Verdade explica: "Deus não ouve
uma maldição injusta". Isso quer dizer
que permite uma maldição justa, ou seja, quando o
indivíduo de alguma forma, ou por alguma razão, mereça
aquele mal.
No final do mesmo texto o Espírito de Verdade
deixa ainda mais claro: "A Providência e a justiça
Divina não ferem alguém que foi amaldiçoado,
se a pessoa não for má". E elucida ainda:
"... a proteção Divina, não cobre
aqueles que não o mereçam".
Vejamos a questão 557 na íntegra:
Pergunta: A bênção e
a maldição podem atrair o bem e o mal para aqueles
a quem são lançadas?
Resposta - Deus não ouve uma
maldição injusta, e aquele que a pronuncia é
culpável aos seus olhos. Como temos as tendências opostas
do bem e do mal, pode nestes casos haver uma influência momentânea,
mesmo sobre a matéria; mas essa influência nunca se
verifica sem a permissão de Deus, como acréscimo de
provas para aquele que a sofre. De resto, mais freqüentemente
se maldizem os maus e bendizem os bons. A bênção
e a maldição não podem jamais desviar a Providência
da senda da justiça: esta não fere o amaldiçoado
se ele não for mau, e sua proteção não
cobre aquele que não a mereça.
Entende-se, pois, que o Espírito de Verdade
não entrou em contradição, como se poderia
pensar a princípio. O Livro dos Espíritos é
que precisa ser estudado com mais atenção. Não
se pode entender uma questão analisando-a fora do contexto
geral do qual faz parte.
A macumba ou conjuração é
possível sim. Deus, porém, não permite que
este tipo de maldição caia sobre alguém que
não a mereça. Eis a verdade!
O que é a Magia? Nós
espíritas sabemos que a magia, no sentido literal da palavra,
não existe. Segundo Allan Kardec, todos os fenômenos
espirituais têm uma explicação lógica.
Mais uma vez, a Verdade nos traz luz na questão 552
de O Livro dos Espíritos. Faz compreendermos que:
"...algumas pessoas têm um poder magnético
muito grande, do qual podem fazer mau uso, se seu próprio
Espírito for mau. Nestes casos, poderão ser secundadas
por maus Espíritos".
Mostra ainda, que não se trata de magia sobrenatural,
mas de efeitos decorrentes das leis naturais, mal observadas e compreendidas.
Aliando o conteúdo desta questão àquela
primeira, a 549, temos a figura inegável
do feitiço e do feiticeiro.
Exercitemos a razão: o que é o mal?
Sabemos que é uma fase transitória do bem! Existe
o bem e o mal? Não, só existe o bem! Os Espíritos,
quando em suas fases primárias da evolução,
passam pelo caminho da ignorância, constituindo temporariamente
o mal. É tudo uma questão de posicionamento de idéias.
Quando na ignorância, o Espírito obra o mal; quando
no entendimento, o bem. As leis que regem as ações,
tanto numa área como na outra, são as mesmas. Isto
equivale dizer que, pelo menos teoricamente, tudo o que magneticamente
se pode fazer no campo do bem, pode-se também fazer no campo
do mal.
Num processo inverso ao que utilizamos nos centros
espíritas, pessoas de mentalidade doentia, cheias de maus
pensamentos, dotadas de grande poder magnético, com más
intenções, secundadas por maus Espíritos, podem
arremessar cargas fluídicas negativas sobre
aqueles a quem querem prejudicar.
A mediunidade é uma faculdade, um instrumento,
que pode ser usado de forma certa ou errada, assim como tantos outros,
onde as obras dependem do pensamento de quem as maneja. A natureza
do mundo astral é una. Suas leis são únicas
e servem tanto para reger a movimentação de fluidos
e vibrações positivas como negativas. Entre os fluidos
bons e maus, só existe uma diferença: a natureza das
vibrações que o impregnam, alterando a disposição
de suas moléculas primitivas. Usando uma grosseira imagem:
é como água limpa e água suja. Tudo o que se
pode fazer com uma, pode-se fazer com a outra.
Onde, pois, o impedimento? Não vemos nenhum;
ou seja, quase nenhum! O único impedimento possível
está nos aspectos morais que regem a vida, pois são
eles que determinam a afinidade e o merecimento - citados anteriormente
- que facilitarão ou dificultarão a recepção
das vibrações e fluidos deletérios.
É evidente que a ação da ignorância
e a movimentação do mal é limitada e controlada
pelo Bem, a única realidade. Mas, a ignorância encontra
largo acesso em nós, por causa do atraso evolutivo em que
ainda nos posicionamos, pelas próprias disposições
cármicas, e pelo próprio comportamento atual em face
do livre arbítrio.
Podemos definir a macumba, como sendo uma
forma de obsessão provocada. E, não se trata
de uma obsessão muito simples, nem fácil de se tratar
como comumente se pensa. Em alguns desses casos, podem estar envolvidos
Espíritos habitantes do baixo mundo astral, espertos e maliciosos,
com os quais é difícil se lidar.
Nos terreiros mais evoluídos de Umbanda,
os trabalhadores e dirigentes possuem bom entendimento neste campo.
Identificam essas obsessões com habilidade, as pessoas encarnadas
envolvidas, e, não raro, curam definitivamente o mal.