Ao abordarmos o tema "O
Gerenciamento do Centro Espírita", estamos
trazendo ao conhecimento público uma nova proposta para a
dinamização das atividades cotidianas das casas.
Em um dos Entrades discutimos a urgente necessidade
de reformarmos o centro espírita, tirando-o
de uma situação de prática primária,
para conduzi-lo ao encontro das orientações racionais,
deixadas a nós por Allan Kardec.
A formação do movimento espírita
no país foi deficitária e produziu um tipo de sociedade
que, atualmente, pouco tem a ver com a realidade do nosso tempo.
É comum encontrarmos pessoas sensatas, que se afastam do
Espiritismo ao notarem que seus adeptos fogem do real, apegando-se
a conceitos místicos e irracionais, que pouco proveito trazem
para a vida. Em resumo, os centros assemelharam-se a pequenas
igrejas, onde a contemplação é a conduta
mais encontrada.
Estudiosos disseram que esta situação
foi criada por causa das características religiosas da sociedade
brasileira. Outros, dizem que o Espiritismo só floresceu
no Brasil justamente por elas. O que se sabe de certo, é
que boa parte das casas orientadas pela doutrina kardequiana vive
inadimplentes. Não consegue cumprir com as obrigações
espirituais básicas determinadas pela Codificação.
Há pouco interesse por quase tudo o que se faz. Não
há renovação dos quadros administrativos e
de servidores das casas. Quando se vai trocar uma diretoria, é
uma imensa dificuldade para se encontrarem pessoas dispostas a assumirem
o compromisso. Bons dirigentes e trabalhadores são raros.
Na falta deles, abrem-se as portas aos primeiros que aparecem, admitindo-se
mesmo os que não possuem as mínimas condições.
Isso facilita a decadência do sistema.
Auto-avaliação
No Espiritismo, fala-se muito de uma lei que a tudo governa: a lei
da evolução. É um fato inegável o de
que todos nós estamos em constante mutação,
buscando o progresso.
Tomando como base esta lei, Allan Kardec traçou
a linha de conduta do verdadeiro espírita: que se esforçasse
constantemente para dominar suas más inclinações.
Ora, só podemos lutar contra uma tendência ruim se
tivermos consciência dela. Para tanto, temos que nos conhecer.
Daí, surge a necessidade do auto-conhecimento, para se saber
dos próprios defeitos.
O Codificador dizia que uma sociedade é um
ser coletivo e que todos os princípios aplicados a uma pessoa
poderiam ser igualmente aplicados a ela. Em razão disso,
estamos propondo no estudo do "gerenciamento", que dirigentes
e trabalhadores façam uma sincera avaliação
das atividades de suas casas espíritas e que tomem providências
para melhorá-las.
Gerenciamento
Gerenciar é o ato de dirigir e conduzir racionalmente uma
empresa. Ao trazermos o tema para o Centro Espírita, queremos
fazer ver a possibilidade de administrá-lo com princípios
semelhantes. Na maioria das casas, o sistema administrativo é
primitivo. De legal, só existe um estatuto básico,
no qual se assenta a instituição. Quase não
há recursos financeiros para se realizarem obras. As dificuldades
para se conseguir material humano são imensas. Os cursos
relativos à Doutrina não obedecem nenhum tipo de programa.
Tudo é vago e caminha de forma empírica, sem um plano
pré-determinado. As coisas acontecem de acordo com a idéia
de quem foi colocado na diretoria.
Queremos que esses estudos sobre "gerenciamento"
sirvam de estímulo, levando os participantes a criarem um
sistema administrativo nas casas onde trabalham ou aperfeiçoarem
aqueles que já existem.
O que vamos apresentar foi tirado da experiência
diária do Grupo Espírita Bezerra de Menezes e do aperfeiçoamento
dos sistemas que desenvolvemos para administrá-lo. Esses
métodos tem se mostrado úteis para nós, porém,
não os consideramos perfeitos. Continuamos trabalhando para
ajustá-los à realidade do dia-a-dia e o faremos sempre.
O que é um Centro Espírita?
O movimento espírita vive em estado de apatia doutrinária.
Há muito pouco interesse e resultados em torno dos estudos
e das práticas relativas ao Espiritismo. Os centros se distanciaram
de suas finalidades básicas, dando origem a um vazio que
se torna mais patente a cada dia.
A Doutrina é o renascimento do cristianismo
primitivo e, para bem compreendermos as finalidades do centro espírita,
devemos examinar o tipo de trabalho desenvolvido pelos Apóstolos
e pelo próprio Allan Kardec. É entre eles que fomos
encontrar a trilogia da prática espírita:
1 - Aprender
2 - Ensinar
3 - Assistir
O centro espírita é um lugar onde
nós aprendemos idéias novas a respeito de tudo o que
se relaciona com a vida, ensinamos esses princípios a outras
pessoas e assistimos nosso próximo em suas necessidades físicas
e espirituais. É a mesma tarefa feita pelos Apóstolos
do Cristo e pelo Codificador da Doutrina Espírita.
Se quisermos desenvolver essas atividades de modo
proveitoso, teremos que contar com alguns quesitos importantes.
Vamos precisar de recursos humanos, materiais, uma certa organização
interna e um plano de trabalho a ser executado. Um pouco mais adiante,
ofereceremos elementos que ajudarão você a planejar
a dinamização de sua casa espírita.
O Dirigente Espírita
O dirigente espírita é o gerente da casa de trabalhos.
Cabe a ele a função de administrar e coordenar todas
as ações, elaborar seus planos e executá-los.
Sobre ele paira a responsabilidade de orientar as atividades doutrinárias,
trabalhar o desenvolvimento dos membros sob sua tutela e planejar
o sistema administrativo do centro.
Kardec dizia que a vida deve nos servir de aprendizado.
Se observarmos as escolas e instituições do mundo,
vamos verificar que princípios diretivos quase sempre as
orientam. Alguns determinam e outros cumprem. O centro espírita
precisa ser coordenado por uma metodologia semelhante. Quando não
se faz um trabalho organizado, o resultado não pode ser bom.
Imaginemos um barco navegando sem capitão.
Uma nau que a cada dia recebesse uma orientação. É
certo que não chegaria a lugar algum. O mesmo aconteceria
com uma empresa sem diretores, sem um plano de serviços.
Os resultados não seriam satisfatórios.
No centro espírita deve haver um responsável
pela direção, que tenha pulso firme. É o dirigente
espírita. Mas, ele precisa ser ativo e não só
figurativo, como acontece com freqüência.
A função de dirigir é delicada.
Se não houver flexibilidade, a administração
pode se tornar uma armadilha. Para que isso não aconteça,
o dirigente deve valer-se da auto-crítica e contar com um
grupo de companheiros para ajudá-lo. É o conselho
administrativo. A casa será vista como uma empresa do Senhor,
onde se planeja, executa-se e se avaliam resultados.
Cuidado: não deixe o trabalho diretivo mergulhar
no despotismo. Há um comando na casa, mas não uma
ação de mando irracional. As considerações
dos demais trabalhadores deverão ser ouvidas e colocadas
na balança do bom senso.
Estimular e desenvolver em cada um o ideal e o amor
pela causa é tarefa relevante que está depositada
nas mãos de quem dirige. Se o dirigente for fraco ou irresponsável,
certamente todo o grupo o acompanhará e nada produzirá.
O Conselho Administrativo
Os Espíritos inferiores são um grande obstáculo
ao bom andamento dos trabalhos espíritas. Corremos o perigo
de cairmos suas presas, quando nos colocamos a trabalhar sós.
Na administração do centro corre-se o mesmo risco.
Convém que a responsabilidade do posto diretivo seja dividida
entre outros membros da sociedade. Duas ou mais cabeças pensam
melhor que uma.
No Grupo Espírita Bezerra de Menezes, fizemos
uma experiência com um grupo de trabalhadores, denominado
"conselho administrativo". Por meio deste grupo, tudo
é planejado e executado. O conselho se reúne periodicamente
a cada dois meses, ou em ocasiões extraordinárias.
É presidido pelo presidente da casa. Em suas reuniões,
discutem-se os mecanismos internos e se estudam as soluções
de problemas que surgem na rotina diária da casa. As responsabilidades
são distribuídas e o peso das tarefas é diluído.
As reuniões gerais
Uma grande fonte de males nas casas espíritas é a
falta de comunicação entre os dirigentes e os dirigidos.
Kardec afirma que a afinidade de pensamentos em torno de ideais
elevados é fonte da força moral. Esse princípio
se reflete em tudo o que se faz em Espiritismo. Quando numa reunião
mediúnica não há uma razoável afinidade
de idéias, aparecem "repelões" na corrente
magnética - espécie de influxos mentais contrários
-, que entram em choque e prejudicam as comunicações
ou decisões.
A reunião geral é um recurso usado
para minimizar as diferenças que naturalmente existem entre
trabalhadores. Ela tem a finalidade de congregar o conselho administrativo
ao corpo de serviço. O funcionamento do centro é avaliado
por todos e a "roupa suja" lavada. Tudo se passa como
numa família. Acertadas as deficiências e examinados
os resultados do que até ali se fez, inicia-se o planejamento
para o próximo bimestre.
Planos e decisões terão de ser práticos
e objetivos. Tudo o que tender a levar o grupo para o campo da idolatria
humana, das reverências, da burocracia, das distinções
e coisas do gênero será afastado da pauta de trabalho.
Seria de bom proveito que a reunião do conselho se desse
na semana anterior a da reunião geral, para que houvesse
consenso em torno dos assuntos a serem discutidos.
Quando os conselheiros chegarem para a reunião
geral, trarão consigo a pauta de trabalhos já pronta.
É preciso salientar nessas ocasiões,
a existência do compromisso entre o Ministério Divino
e o trabalhador. Que as faltas só aconteçam por motivo
de força maior. Quem não tiver tempo para a Seara,
deve deixá-la e se dedicar à causa num outro tempo.
Que freqüente o centro, sirva quando e como puder, mas não
faça parte do quadro de servidores.
Onde os trabalhadores não são assíduos,
não há serviço produtivo. Quando uma pessoa
falta sem motivo justo, causa problemas no sistema administrativo
da casa. Esta atitude costuma aborrecer outras pessoas e dar origem
a comentários desagradáveis, que geram desarmonia.
As reuniões gerais devem ser abertas com
a evocação dos bons Espíritos, pedindo-lhes
que nos ajudem a ordenar as discussões e a movimentação
dos pensamentos. Quando assistidas por entidades esclarecidas, as
reuniões administrativas tornam-se produtivas e objetivas.
Reuniões onde há desentendimentos com brigas e acusações
são mal assistidas. Tornam-se confusas e improdutivas.
A dinâmica dos trabalhos será orientada
por uma política, onde o responsável fará comentários
sobre o item escolhido, dando subseqüente espaço para
as discussões, análises e planejamentos.
Fontes de recursos
O centro é uma instituição que apresenta gastos
regulares. Quanto maior for o trabalho que desenvolve, maior será
sua despesa e maior deverá ser sua receita. É muito
comum as casas não possuírem recursos para as necessidades
básicas. No gerenciamento do centro espírita, deverá
se tomar providências para que esta situação
se modifique. Vamos falar da experiência que tem nos auxiliado
a manter as obras no Bezerra de Menezes. São idéias
que podem servir a outros companheiros, para melhorarem a receita
das casas onde trabalham.
Caixa da Sociedade
Em nosso grupo, mantemos um caixa que é constituído
por doações regulares dos membros da sociedade. O
valor dessas doações é escolhido pelo participante,
em termos de percentagem do salário mínimo vigente.
A doação é obrigatória aos membros do
grupo e é recolhida no dia 10 de cada mês. Com isso,
é possível cobrir as despesas básicas da manutenção
do prédio e ainda sobram recursos a serem utilizados em outros
setores, tais como: aquisição de remédios para
a farmácia comunitária, compra de alimentos para cestas
beneficentes, confecção de mensagens, impressos etc.
Allan Kardec, na Revista Espírita, em seu
número de julho de 1866, discorre por um longo trecho acerca
da necessidade da existência de uma Caixa Espírita,
com a finalidade de atender às necessidades do próximo.
Depois de classificar as várias categorias
de adeptos, o Codificador fala sobre as contribuições
financeiras:
"Quando se trata de uma obra coletiva,
onde cada um deve trazer seu contingente de ação,
como seria a de um Caixa Geral, por exemplo, convém fazer
entrarem essas considerações em linha de conta, porque
a eficácia do concurso que se pode esperar está na
razão da categoria a que pertencem os adeptos. É bem
evidente que não se pode contar muito com os que não
levam a sério o lado moral da Doutrina e, ainda menos, com
os que não ousam mostrar-se".
Almoços e bazares beneficentes
As promoções beneficentes são uma importante
fonte de recursos. No Bezerra de Menezes, elas fazem parte da programação
anual. Realizamos um almoço e um bazar a cada dois meses.
Nos almoços, os convites são vendidos pelo sistema
de cotas. Cada membro da sociedade assume o compromisso de vender
um certo número de convites e trabalha para isso. Nos bazares,
as comidas, doces e bolos são vendidos em praça pública,
com resultados muito positivos.
Observação: É conveniente a
sociedade organizar sua própria cozinha e uma equipe que
cuidará do cardápio. Nos almoços e bazares
não servimos nenhum tipo de bebida alcoólica.
Rifas e Bingos
Os grupos espíritas devem evitar a realização
de bingos e rifas para conseguirem recursos materiais. Além
de desaconselhado por mentores espirituais, alguns casos caracterizam-se
como contravenção penal. Há outras formas mais
dignas de adquirirmos recursos para o centro espírita.
A propaganda do Espiritismo
Com os recursos disponíveis, podemos fazer uma propaganda
espírita. Há um considerável número
de grupos que vivem no anonimato. É preciso informar a comunidade
que o centro espírita está ali e que a Doutrina Espírita
não tem relação com a Umbanda, com o Candomblé
e outros cultos e práticas do gênero.
Poderão ser confeccionados folhetos explicativos
sobre o que é o Espiritismo e quais são os benefícios
de se colocar sob sua orientação. Neles, serão
colocados o nome do grupo espírita, sua localização
e dias de reuniões públicas. Estes folhetos poderão
ser distribuídos pela mocidade da casa.
Código de Conduta
A vida moral do servidor espírita necessita de cuidados especiais.
Convém que se estabeleça algumas normas morais de
conduta, para facilitarem a vida administrativa da casa.
Além de mostrar o que podemos ou não
fazer no centro, as normas de conduta facilitam nosso relacionamento
com o público. As pessoas que procuram o centro para serem
ajudadas, costumam tomar a imagem do trabalhador espírita
como linha de referência para sua própria imagem. Por
esta razão, as coisas que fazemos e a forma como nos apresentamos
no centro espírita assumem relevante importância. As
normas de conduta precisam ser claras e objetivas. Devem ser apresentadas
a todos os membros novatos, para que se enquadrem na disciplina
da casa.
Vamos citar abaixo, o Código de Conduta do
Bezerra de Menezes, a título de exemplo:
Exemplo do Código de Conduta
Você está se candidatando a membro desta sociedade
espírita. Já passou pela fase da iniciação
e agora vai ser experimentado no serviço interno. Esperamos
que este compromisso seja levado a sério, pois o trabalho
com o Cristo exige disciplina, dedicação, renúncia
e amor ao próximo.
Vamos apresentar as normas que orientam a conduta
interna. Elas servem de baliza para as atitudes que tomamos dentro
da casa e fora dela. Esperamos que se adapte aos nossos costumes.
Caso haja alguma dúvida ou dificuldade, procure conversar
com a direção.
01 - Se ainda faz uso de cigarro ou bebida alcoólica,
procure esforçar-se para deixar esses hábitos, considerados
pela ciência e pela ética nocivos à saúde
e à alma. A bebida social é tolerada naqueles que
estão iniciando.
02 - Os setores de atividades internas são
dirigidos por pessoas responsáveis por eles. Procure ouvir
pacientemente as orientações desses companheiros.
Evite dar opinião sobre as coisas espíritas ou a administração
se não for solicitado. Como está iniciando, ainda
não está preparado para isso. Lembre-se: você
está ingressando na sociedade para aprender Espiritismo e
a servir seu próximo. Sua posição é
de membro em experiência. Deixe suas observações
para serem discutidas nas sessões de estudos ou nas reuniões
gerais.
03 - Caixa Espírita: Allan Kardec aconselhou
a existência, nas casas espíritas, de um fundo destinado
a cobrir suas despesas. Ao tornar-se membro do grupo, assumimos
o compromisso de ajudar a causa em todos os sentidos. Os associados
colaboram financeiramente com o fundo de serviços do centro.
Depois que se tornar membro efetivo, procure a secretária
do grupo para definir sua doação mensal.
Ela será de livre escolha e fundamenta-se
numa porcentagem do salário mínimo. Você receberá
explicações de como será feito o recebimento
e das finalidades deste caixa.
04 - Recomendamos às mulheres, membros da
sociedade, que evitem o uso excessivo de jóias e pinturas
nas suas dependências. A educação determina
que devemos usar trajes apropriados ao ambiente onde estamos. Do
mesmo modo que seria insensato comparecermos num evento social com
roupas esportivas, também será estranho nos dirigirmos
a um templo religioso, vestidos como se fôssemos numa festa.
Cada coisa tem o seu lugar. Procuremos nos vestir de forma simples
e sóbria.
Além de estarmos agindo com bom senso, as
pessoas mais humildes se sentirão mais à vontade em
nossa presença.
Cabe à administração da casa,
definir os excessos e orientar no que for necessário. Lembre-se:
lá fora, você continua sendo um espírita ligado
a esta casa.
05 - Entre nós, não aceitamos o adultério
e a vida desonesta. Se você teve ou tem costumes assim, procure
corrigir-se. Se quiser melhor orientação, fale com
a direção.
06 - Para nós, a vida familiar é de
importância vital. Se você não vive bem com seu
cônjuge ou tem problemas com filhos, procure a direção
para receber orientação. Seu trabalho com o Cristo
depende muito de sua paz pessoal.
07 - Queira informar a direção se
você:
- Esteve internado em hospital psiquiátrico.
- Se já esteve preso.
- Se está sofrendo processo judicial.
- Se faz uso de calmantes.
- Se já usou drogas.
- Se você vive com alguém, sem ser casado legalmente.
- Estas informações serão sigilosas e destinam-se
a uma melhor orientação de ordem moral.
08 - O desenvolvimento intelectual e moral varia
de uma pessoa para outra. Não queira ser como os outros.
Estude, trabalhe e viva a Doutrina dentro de suas próprias
possibilidades. Vá devagar com os estudos e as mudanças
que pretende fazer em sua vida moral. A natureza não dá
saltos. Não faça de sua mente uma casa poluída
pelo excesso de literatura doutrinária.
09 - Cumpra com as funções que lhe
forem determinadas e aguarde o momento certo, quando será
convidado a participar de outras. Lembre-se: se cuidar bem das pequenas
coisas, estará se habilitando para assumir as grandes.
10 - Se, em qualquer período de sua estada
entre nós, começar a sentir coisas estranhas, tais
como: alterações emocionais acentuadas, perturbações
no sono etc, comunique à direção do centro.
11 - A administração, se achar necessário,
poderá suspendê-lo de suas funções. Não
tome isso como coisa pessoal ou como preferências. Procure
se inteirar da causa da suspensão e oriente-se. Tudo aqui
é feito tendo em vista o bom funcionamento do centro e o
bem estar de seus membros.
12 - Quando estiver em conversação
nas dependências da sociedade, procure comentar aspectos dignificantes
da vida. Não se exceda no processo crítico. Estenda
esse comportamento à sua vida cotidiana.
Funções básicas da Casa Espírita
Como afirmamos no início deste trabalho, as funções
básicas da Casa Espírita são três: aprender,
ensinar e assistir. Vamos discorrer sobre cada uma delas, de modo
a facilitar o entendimento.
Aprender: Uma vez que somos Espíritos
que estamos na Terra para evoluirmos, é natural que o aprendizado
seja uma das fundamentais tarefas do verdadeiro espírita.
E, antes de ensinarmos Espiritismo a alguém, convém
que o estudemos. Não se pode ensinar o que não se
sabe. Iniciar um atendimento público, por exemplo, sem ter
uma estrutura doutrinária mínima, é um grave
erro a ser evitado.
O aprendizado na sociedade espírita deverá
ter um caráter interno, voltado para o preparo das pessoas
que vão trabalhar no relacionamento com o público
que busca o centro.
Ao classificar os espíritas em categorias
distintas, Allan Kardec deixou claro que as pessoas possuem um grau
de desenvolvimento diferenciado entre si.
Algumas são mais aptas a compreenderem a
Doutrina; outras, sentem dificuldades; e há aquelas que lhe
são totalmente refratárias. Por esta razão,
o centro espírita precisa ter mecanismos racionais para promover
o desenvolvimento moral e intelectual de seus trabalhadores.
Este processo de formação será
realizado por meio de estudos sistematizados da Doutrina Espírita,
a serem desenvolvidos de acordo com as características de
cada sociedade.
Recomendação mínima:
- Um curso regular para iniciantes
- Um curso de estudos doutrinários
- Uma reunião de estudos de "O Evangelho Segundo o Espiritismo"
- Uma reunião de estudos de "O Livro dos Médiuns"
O curso regular para iniciantes facilitará a entrada daqueles
que querem deixar a condição de freqüentador,
e se transformarem em trabalhadores do centro. Será um pequeno
laboratório onde o candidato a membro da sociedade será
observado por um determinado período. Não poderá
ser muito extenso, pois o desestímulo pode aparecer e esvaziá-lo.
O curso para estudos doutrinários servirá
aos trabalhadores mais velhos e aptos aos labores mais profundos.
Nele, serão estudadas todas as obras básicas da Doutrina,
com ênfase dada para O Livro dos Espíritos.
A reunião de estudos evangélicos se
destinará ao aprendizado da moral cristã e será
freqüentada pelos membros mais limitados doutrinariamente.
À medida que apresentarem melhorias, eles serão encaminhados
para a reunião de estudos doutrinários.
Por último, teremos a reunião destinada
aos médiuns. Ela pode ser desenvolvida num dia especial,
ou num horário que anteceda as atividades práticas.
Conhecer "O Livro dos Médiuns" é de importância
capital para os que vão lidar com os Espíritos.
Observação: Todos esses cursos terão
aulas semanalmente. No início de todas as atividades, deve-se
fazer uma preleção evangélica, de aproximadamente
20 minutos. O Evangelho Segundo o Espiritismo é o principal
instrumento moralizante. Nunca será demais discutirmos os
seus princípios.
Ensinar: O Espiritismo tem a função
primordial de educar as criaturas, conduzindo-as ao equilíbrio
através do conhecimento. Podemos transmitir o conhecimento
de diversas formas. Vamos citar quatro linhas de ação
que consideramos fundamentais.
a - Palestra
b - Leitura
c - Mocidade e infância
d - Curso Básico
Palestra - É, a nosso ver, a mais importante forma
de se ensinar Espiritismo. Através da dialética, acontecem
as explanações doutrinárias nas reuniões
públicas. A palavra do Evangelho e os fundamentos da Doutrina
serão ensinados com técnica, razão, sentimento,
calcados pela ascendência moral. É um momento que exige
muita responsabilidade.
Leitura - A casa espírita deverá
ter em suas dependências uma pequena Biblioteca para o empréstimo
e venda de obras doutrinárias. O livro é o meio de
orientação, onde predominam a meditação
e a reflexão serenas junto às lições
ensinadas.
Mocidade e infância - O centro espírita
deve desenvolver trabalhos para orientar a mocidade e a infância.
Deverá fazê-lo na medida das possibilidades técnicas
e físicas disponíveis.
Curso Básico - O funcionamento de
um Curso Básico para iniciantes (citado acima) será
a porta de ingresso ao público para o quadro de trabalhadores
da casa. É o lugar onde o candidato será avaliado
em suas condições de servir.
Assistir : A tarefa de assistir
ao próximo se divide em assistência espiritual e material.
Assistência espiritual -
Toda casa espírita precisa ter assistência espiritual.
Ela é de importância primária. Não dá
para entender o Espiritismo sem as obras da desobsessão,
da cura e dos passes. Não é possível compreendê-lo
sem o desenvolvimento mediúnico e as mensagens que consolam
e esclarecem. As casas que não possuem essas atividades regularmente
necessitam de urgentes reformas. Hoje, como nos tempos de Jesus,
os fenômenos ainda são atrativos para as massas imediatistas.
Cabe a nós, servos do Mestre, tocar-lhes o coração
com argumentos convincentes, quando vierem ao centro em busca de
solução para os seus problemas pessoais.
Não se esqueça: o exemplo pessoal
é força moral. Viver a lição que ensinamos
é a chave para conseguirmos sucesso frente ao trabalho com
o Mestre.
Assistência material - A
assistência material é secundária. No entanto,
deve estar presente em todas as casas espíritas, pois atende
às necessidades elementares do próximo. Pode ser exercida
em variadas frentes. Creches, orfanatos, sopas fraternas, distribuição
de cestas, remédios, roupas etc.
Nota importante: Cuidado para não inverter
o papel da casa espírita. Muitos núcleos foram transformados
em verdadeiros centros de assistência social, com graves prejuízos
à obra libertadora do Espírito.
Classificação das Sociedades
No Brasil, os centros kardecistas podem ser classificados em categorias
distintas. Vamos abordá-las rapidamente, para que o leitor
encontre a posição da casa sob sua guarda. A partir
daí, poderá verificar a possibilidade de aperfeiçoar
seu sistema administrativo, introduzindo nele o gerenciamento.
As casas espíritas dividem-se em duas classes:
1ª) As sociedades públicas
2ª) Os grupos familiares
Sociedades Públicas - São
aquelas constituídas legalmente, instaladas em prédios
apropriados, que dispõem de reuniões públicas
e assistência regular.
Grupos Familiares - São
os grupos que se reúnem em residências ou pequenos
salões. Não são legalmente constituídos
e não possuem reuniões públicas. A assistência
que prestam à comunidade é irregular e caracterizada
pela informalidade.
Diretrizes administrativas
São três os sistemas administrativos que encontramos
nos centros espíritas:
a - Centros dinâmicos
b - Centros contemplativos
c - Centros confusos
Centros Dinâmicos - Os centros espíritas classificados
como dinâmicos são os que possuem uma organização
interna e estudos metódicos da Doutrina Espírita.
O atendimento espiritual e material é mais ou menos organizado.
Desenvolvem métodos de trabalho e promovem avaliação
de tudo o que fazem. São em pequeno número no país.
Centros Contemplativos - A atitude religiosa é
fundamental para os que praticam o Espiritismo, mas é preciso
o cuidado de não deixarmos que ela se transforme em motivo
de prejuízo às atividades internas do centro. Entre
nós, a orientação religiosa assumiu um aspecto
pernicioso, que denominamos "contemplação".
A contemplação impõe limites
ao crescimento do homem, porque pressupõe a salvação
por uma espécie de graça, ou fé cega. Esta
atitude, comum em outras religiões, também floresceu
no movimento por causa das características atávicas
do povo brasileiro. A contemplação limitou a capacidade
de pensar e provocou improdutividade nos centros espíritas.
Suspeita-se que boa parte das sociedades do país tenham seguido
por este caminho.
Os centros onde esta situação predomina
são semelhantes a pequenas igrejas. As pessoas reúnem-se,
fazem o Evangelho, tomam passes, recebem espíritos e vão
para suas casas, sem maiores conseqüências morais. Não
há organização interna, os estudos são
aleatórios e poucas pessoas sabem da existência da
casa na comunidade onde está localizada. Há algum
benefício para as criaturas que vão ali, mas o grupo
não exerce influência nenhuma no lugar onde existe.
Resumindo, pode-se dizer que são casas desorganizadas
e sem princípios diretivos racionais.
Centros Confusos
São as sociedades ou grupos que não seguem nenhuma
vertente de orientação doutrinária. Mesclam
idéias espíritas com as de Umbanda, de Esoterismo
e de terapias alternativas.
Geralmente, desconhecem os princípios mais
elementares da Doutrina Espírita e são assistidas
por Espíritos atrasados, dotados da falsa sabedoria.
Orientação doutrinária
O Espiritismo é uma doutrina de tríplice aspecto.
Filosofia, ciência e religião. A orientação
doutrinária das casas espíritas segue com a predominância
de uma dessas faces:
a - Orientação religiosa
b - Orientação filosófica
c - Orientação científica
Orientação Religiosa - Nos núcleos onde predomina
a orientação religiosa, têm-se um excessivo
apego às coisas abstratas. Depende-se em demasia do mundo
invisível e a vida administrativa geralmente termina na contemplação.
Pela comodidade de hábitos, essas casas atraem significativo
número de participantes, em geral provenientes de outras
religiões.
Orientação Filosófica - Orienta
os núcleos onde predomina o interesse pelo saber. Nem sempre
essa preocupação é verdadeira, pois a sabedoria
acaba confundida com a cultura e a vida administrativa pode terminar
sob a dominação elitista. Poucos são os que
vão a este tipo de sociedade.
Orientação Científica - Quase
não existem centros que se ocupam de atividades científicas.
Normalmente, elas são desenvolvidas por alguns indivíduos
ou grupos particulares.
Sociedade ideal: A sociedade que mais se aproxima
dos ideais doutrinários é aquela em que suas atividades
são semelhantes às desenvolvidas pelo Codificador
do Espiritismo. Religião + Filosofia + Ciência, trabalhando
a favor dos interesses humanos e espirituais.
Medidas de Segurança
Além da presença constante dos Espíritos desencarnados
inimigos do Evangelho, um outro fator é causa de perturbação
na vida administrativa das sociedades.
São as pessoas encarnadas. É comum
encontrarmos casas que acabaram desfeitas, por causa de elementos
dotados de personalidade sistemática e causadores de intrigas.
Por isso, faz-se necessário criarmos normas para a admissão
e selecionarmos candidatos interessados em ingressar no grupo.
Se já houver pessoas problemáticas
no centro, devemos solicitar que se enquadrem no sistema da casa,
ou que busquem um outro lugar para freqüentarem.
A carência de colaboradores é um fator
presente em toda a parte. Poucos se dispõem a deixarem hábitos
diários para se dedicarem ao serviço espírita.
A maioria gosta de servir quando tem tempo para tanto. Vem daí,
o fato de se aceitar o primeiro que aparece querendo trabalhar.
Às vezes, admitimos uma pessoa problemática, por falta
de opções. O cuidado com o ingresso de novos colaboradores
no centro é fundamental. Nesta situação, é
melhor estar só do que mal acompanhado.
Observação: Pessoas não consideradas
aptas ao quadro de serviços devem ser orientadas a freqüentar
as reuniões públicas da sociedade. Com o tempo, poderão
adquirir as condições mínimas exigidas.
Falta de Caridade
Por causa da má interpretação do que seja a
caridade, algumas pessoas acreditam que não devemos impedir
a entrada de elementos despreparados no centro espírita,
ou mesmo repreender aqueles que se transformarem em motivo de desordem.
Dizem que agir assim é faltar com a caridade. Ainda aqui,
o problema só toma vulto devido ao pouco conhecimento que
se tem da Doutrina Espírita e dos conselhos deixados pelo
Codificador.
Os trechos que vamos comentar abaixo são
citações de Allan Kardec. Acreditamos que essas colocações
poderão servir de elementos importantíssimos na criação
de um sistema administrativo e no gerenciamento do centro espírita.
Normas de Segurança
A boa administração do centro espírita deve
observar algumas normas de segurança para que o sociedade
não corra risco de se desfazer. Vamos falar de alguns itens
e cada dirigente poderá desenvolver as medidas que acharem
necessárias ao grupo sob sua responsabilidade:
a - As pessoas são cercadas por Espíritos
b - Não assumir compromissos indissolúveis
c - Características dos indivíduos-problemas
d - O Espiritismo tem inimigos ocultos
e - Afastar elementos provocadores
f - O Centro Espírita e seus inimigos invisíveis
As pessoas são cercadas por Espíritos
"É necessário representar cada indivíduo
como cercado por um certo número de companheiros invisíveis
que se identificam com o seu caráter, os seus gostos e as
suas tendências. Assim, toda pessoa que entre numa reunião
leva consigo os Espíritos que lhes são simpáticos.
Segundo o seu número e a sua natureza, esses companheiros
podem exercer sobre uma reunião e sobre as comunicações
uma influência boa ou má.
Uma reunião perfeita seria aquela em
que todos os membros, animados do mesmo amor pelo bem, só
levassem consigo Espíritos bons. Na falta da perfeição,
a melhor reunião será aquela em que o bem supere o
mal. Tudo isso é muito lógico para que seja necessário
insistir"
(O Livro dos Médiuns - item 330).
Esta instrução de Allan Kardec já
nos dá razão suficiente para nos preocuparmos com
o ingresso de novatos na sociedade. Há que se levar em consideração
a influência espiritual que cada criatura carrega consigo.
Uma pessoa malfazeja vibra com entidades da mesma natureza e, se
for indevidamente colocada no quadro de serviço, poderá
trazer a desarmonia para os outros. Seria prudente acautelarmo-nos
contra a tendência que temos, de querer receber todos os que
nos procuram como membros da casa. Em vez de colaboração,
nós poderemos estar dando ingresso à perturbação
na casa espírita.
Não é tarefa simples identificarmos
as criaturas maldosas. As más tendências costumam alojar-se
sob o manto da aparência. Convém que a casa espírita
disponha de mecanismos que permitam observar os candidatos a trabalhadores
por um certo tempo, antes de admiti-los. Um período de tratamento
ou o próprio Curso Básico servirão a este intento.
Não assumir compromissos indissolúveis
"...os próprios compromissos que ligam os membros
de uma sociedade criam obstáculos para isso (o afastamento
de elementos perturbadores). Eis porque é conveniente evitar
as formas de compromissos indissolúveis: os homens de bem
sempre se ligam de maneira conveniente; os mal intencionados sempre
o fazem de maneira excessiva"
(O Livro dos Médiuns - item 337).
O Codificador nos alerta contra uma prática
muito comum nos centros espíritas, que é a de se assumir
compromissos indissolúveis com os que chegam. Tudo acaba
se passando como se eles fossem ficar definitivamente no centro.
Se, depois de algum tempo, descobrir-se que uma pessoa é
um agente provocador, não haverá como afastá-la
sem causar profundo mal-estar.
É conveniente agirmos com prudência.
Sempre que uma pessoa se mostrar interessada em tornar-se membro
da sociedade, que o compromisso assumido com ela seja relativo.
Será submetida a uma experiência de avaliação,
por alguns meses.
Esclareça o candidato: "Se a experiência
for positiva, vai fazer parte do quadro de servidores. Caso contrário,
será orientado a freqüentar a casa como público,
até que tenha condições para tentar novamente
o ingresso como trabalhador".
Características dos indivíduos-problemas
"Além das pessoas notoriamente malévolas que
se infiltram nas reuniões há as que, por temperamento,
levam perturbação onde comparecem.
Dessa maneira, nunca será demasiado o
cuidado na admissão de novos elementos. Os mais prejudiciais,
nesse caso, não são os ignorantes da matéria,
nem mesmo os descrentes. A convicção só se
adquire através da experiência, e há pessoas
que de boa fé querem se esclarecer. Aqueles contra os quais
particularmente se devem acautelar são as pessoas dotadas
de idéias preconcebidas, os incrédulos sistemáticos
que duvidam de tudo, mesmo da evidência, os orgulhosos que
pretendem ter o privilégio da verdade e procuram impor sempre
a sua opinião olhando com desdém os que não
pensam como eles. Não vos enganeis com o seu pretenso desejo
de esclarecimento"
(O Livro dos Médiuns - item 338).
Neste item de "O Livro dos Médiuns", observamos
a seriedade dos conselhos do mestre Allan Kardec, acerca da administração
dos centros espíritas. Ele nos dá as características
básicas dos elementos capazes de trazerem perturbações
às sociedades. A princípio, fala das personalidades
sistemáticas, dotadas de temperamento forte, que levam a
desarmonia onde comparecem. Depois, ensina que as pessoas mais problemáticas
nem sempre estão entre as ignorantes da matéria. Na
maioria das vezes, elas se encontram justamente entre os que já
possuem conhecimento da Doutrina. Trazem idéias preconcebidas
a respeito das coisas e não gostam de ser contrariadas. Há
as que crêem que os Espíritos tudo devam fazer para
demonstrar-lhes a verdade. Por fim, chama-nos a atenção
para os orgulhosos, que estão sempre olhando os outros como
se estivessem por cima. O administrador do centro espírita,
valendo-se do bom senso, deve limitar a entrada de elementos com
essas características no quadro de servidores. Ainda que
peque por excesso de cuidados, a sobrevivência da sociedade
é mais importante do que os interesses das pessoas.
O Espiritismo tem inimigos ocultos
"Os mais perigosos não são os que o atacam
abertamente, mas os que agem nas sombras, os que o acariciam com
uma das mãos e o apunhalam com a outra. Esses seres malfazejos
se infiltram por toda a parte onde possam fazer mal. Sabendo que
a união é uma força, tratam de destruí-la,
semeando a discórdia. Quem poderá então dizer
que os que provoquem perturbação nas reuniões
não sejam agentes provocadores, interessados na desordem?
Seguramente não são verdadeiros
nem bons espíritas, pois não podem fazer o bem e sim
muito mal.
Compreende-se que tenham muito mais facilidades
de se infiltrar nas reuniões numerosas do que nos pequenos
grupos em que todos se conhecem. Graças a manobras escusas,
que passam despercebidas, semeiam a dúvida, a desconfiança
e a inimizade. Sob a aparência do interesse pela causa criticam
tudo, formam grupinhos que logo rompem a harmonia do conjunto. (...)
Essa situação, prejudicial a todas as sociedades,
o é ainda mais às sociedades espíritas, pois
senão levar a uma ruptura provocará preocupações
incompatíveis com o recolhimento exigido pelos trabalhos"
(O Livro dos Médiuns - item 336).
Essas palavras do Codificador se referem claramente à presença
dos falsos espíritas nas sociedades.
Quantas casas são prejudicadas pela formação
de grupinhos que aparecem para criticar o que se faz em termos de
trabalho. Quantas pessoas, valendo-se da passividade administrativa,
semeiam a discórdia e a desconfiança, destruindo e
perturbando os grupos.
Todos estes males podem ser minimizados com a criação
de um sistema administrativo ativo e moderno. Basta que os administradores
façam sua advertência contra essas pessoas, de maneira
conveniente e benévola, abertamente, evitando subterfúgios,
diria Kardec.
Afastar elementos provocadores - "Pode-se
estabelecer que todo aquele que numa reunião provoca desordem
ou desunião, ostensivamente ou por meios escusos, é
um agente provocador ou pelo menos um mau espírita de que
se deve desembaraçar o quanto antes"
(O Livro dos Médiuns - item 337).
Se afastar alguém do centro espírita
for faltar com a caridade, Allan Kardec estaria dando um conselho
ruim aos seus seguidores. Nas palavras ditas acima, vemos a maneira
séria e objetiva como ele encarava a administração
das sociedades, sem pieguices. Ele não só aconselha
que os responsáveis afastem da casa os agentes perturbadores,
como recomenda que o façam o mais rápido possível.
O Centro Espírita e seus inimigos invisíveis
- "As sociedades, pequenas ou grandes e todas as reuniões,
seja qual for a sua importância, têm ainda de lutar
contra outra dificuldade. Os fatores de perturbação
não se encontram somente entre os seus membros, mas também
no mundo invisível. Assim como há Espíritos
protetores para as instituições, as cidades e os povos,
os Espíritos malfeitores também se ligam aos grupos
e aos indivíduos. Ligam-se primeiro aos mais fracos, aos
mais acessíveis, procurando transformá-los em seus
instrumentos, e pouco a pouco vão envolvendo a todos, porque
sua alegria maligna é tanto maior quanto maior o número
dos que tenham subjugado. Todas as vezes, pois, que num grupo uma
pessoa tenha caído na armadilha é necessário
dizer que se tem um inimigo no campo, um lobo no redil e que se
deve ter cautela porque o mais provável é que aumente
as suas tentativas. Se não se desencorajar esse elemento
por uma resistência enérgica, a obsessão se
torna um mal contagioso que se manifestará entre os médiuns
pela perturbação da mediunidade e entre os demais
pela hostilidade recíproca, a perversão do senso moral
e a destruição da harmonia. Como o mais poderoso antídoto
desse veneno é a caridade, é ela que eles procuram
abafar. Não se deve, pois, esperar que o mal se torne incurável
para lhe aplicar o remédio. Nem mesmo se deve esperar os
primeiros sintomas, pois é sobretudo necessário preveni-lo.
Para isso, há dois meios eficazes: a prece feita de coração
e o estudo atento dos menores sintomas que revelem a presença
de Espíritos mistificadores" (O
Livro dos Médiuns, - item 340).
Para encerrarmos o trabalho, escolhemos este trecho
das instruções dadas por Kardec em "O Livro do
Médiuns", pois nos pareceu suficiente para deixar à
mostra as causas de tantas dificuldades vividas pelos centros espíritas
neste final de século.
Entre nós, o mal sempre foi subestimado.
Por isso, encontrou campo aberto para desenvolver-se.
Condenando a crítica, lançando anátema
sobre qualquer tipo de repreensão, os Espíritos inimigos
do Evangelho criaram a passividade no movimento. Pior que isso,
deram-lhe a aparência do bem.
Nas palavras ditas pelo Codificador, vemos um alerta
contra as trevas, demonstrando que os Espíritos maus agridem
os grupos espíritas, independente de seus membros terem qualquer
ligação com eles em outras encarnações.
Mostra a delicada artimanha do mal, explorando a personalidade dos
mais fracos, criando condições para atingir toda a
sociedade. Esclarece que quando a obsessão cai sobre uma
sociedade, a atividade mediúnica fica perturbada e a vida
moral dos trabalhadores pode ser pervertida.
Atualmente, é significativo o número
de grupos que estão em estado de conflito, porque não
criaram mecanismos protetores para suas atividades. O mestre lionês
desaconselha a paciência com o mal, dizendo que é preciso
extirpá-lo ao menor sinal. Fala, inclusive, que é
necessário preveni-lo, apontado dois medicamentos eficazes:
a prece, feita de coração, e uma vigilância
capaz de apontar o menor sinal da presença dos Espíritos
embusteiros.
O Grupo Espírita Bezerra de Menezes vem divulgando
as primeiras idéias de um programa de reformas para o centro
espírita. A intenção de seus idealizadores
é a modernização do sistema administrativo
das casas, tomando como base a Codificação.
Todo processo de renovação é
difícil de ser implementado. Isto acontece porque o espírito
de sistema vigente no movimento é extremamente conservador
e somos todos envolvidos por ele. Cremos, no entanto, que se os
administradores permitirem um arejamento de idéias, será
possível melhorar vários setores do trabalho espírita.
As propostas de melhorias não são
novidades. Fundamentam-se exclusivamente na teoria doutrinária
recebida do Codificador. Não se pretende criar nada de novo,
porém, fazer cumprir certas normas que ficaram esquecidas
pelos adeptos do Espiritismo.
O Grupo Bezerra de Menezes desenvolveu alguns trabalhos
no campo do atendimento público e da assistência espiritual.
Promoveu durante os Entrades, estudos direcionados para a vida do
centro espírita. Estes debates e trabalhos estão disponíveis
em filmes de vídeo. Se quiser conhecê-los, telefone
para (0172) 247081 que lhe serão dadas todas as informações.
Temos ainda, um Curso Básico para iniciantes.
Este cursinho de oito aulas tem sido muito bem recebido pelo público
e se tornou a principal fonte de colaboradores da sociedade.
Oferecemos também, uma revista sobre
"Diagnóstico e Tratamento das Perturbações
Espirituais". Ela é um resumo das atividades de
atendimento e desobsessão no Grupo. São idéias
que gostaríamos que examinasse. Elas poderão contribuir
para melhorar alguns aspectos do gerenciamento de sua casa espírita.