Um dos fenômenos que chama a atenção dos observadores
atentos é o bocejo que muitas pessoas apresentam
quando estão nos centros espíritas. Muito já
se falou a respeito, mas quase ninguém conseguiu dar uma
explicação lógica para o fato. Em nossas reuniões
mediúnicas observamos que nas ocasiões em que os médiuns
estão sob má influência, eles bocejam com certa
freqüência. Alguma coisa acontece com a organização
física-perispiritual dessas pessoas, provocando o fenômeno.
Verificamos também que depois de darem passividade mediúnica,
os bocejos cessam imediatamente, o que mostra que a causa
se liga diretamente à fenomenologia da mediunidade.
Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, demonstrou
que os fluidos perispirituais podem concentrar-se em alguns órgãos
conforme a necessidade momentânea de cada criatura. Assim,
por exemplo, se uma pessoa está correndo, os fluidos perispirituais
estarão concentrados nos setores mais solicitados do corpo
físico, tendo em vista o exercício em questão.
Acontece o mesmo com outras atividades orgânicas.
Um outro momento em que o ser humano boceja é
quando está com sono. Qual seria o mecanismo para essa ocorrência?
Talvez, se explicarmos uma coisa, poderemos encontrar a resposta
para a outra.
Pensamos que uma hipótese pode ser levantada
para explicar tanto o fenômeno natural quanto o mediúnico.
É a do desequilíbrio fluídico do perispírito.
Achamos que o relógio biológico do
organismo também funciona no corpo perispiritual. Aprendemos
que o corpo físico é uma cópia grosseira do
perispírito e, por isso, reflete toda a sua estrutura e mecanismos
de funcionamento. Quando vamos dormir, alguma coisa nos coloca em
condições para que o sono possa se estabelecer.
Possivelmente, é o relógio biológico
que controla o fenômeno da sonolência física.
Em determinados momentos e em certas situações, esse
controlador natural do ser humano deve acionar um mecanismo fazendo
com que haja uma concentração fluídica na área
do cérebro, provocando um torpor na percepção
da pessoa, predispondo ao sono. Essa concentração
fluídica parece provocar o bocejo natural.
Ao chegar o momento de dormir, é comum bocejarmos
algumas vezes antes de nos entregarmos ao sono. É sinal de
que está chegando a hora de repousar o corpo físico
que se encontra esgotado.
Depois que dormimos, o inconsciente assume as funções
biológicas do organismo físico e o Espírito,
em alguns casos, pode libertar-se das amarras que lhe prende à
carne e até ter experiências no além. Durante
o repouso a situação fluídica perispiritual
tende ao equilíbrio, fazendo com que ao despertar, a criatura
sinta uma agradável sensação de bem estar.
No caso do bocejo provocado por Espíritos,
possivelmente ocorre algo parecido, por meio das ligações
entre o Espírito desencarnado e o médium. Temos conhecimento
de que essas ligações se fazem através do psiquismo.
Quando um medianeiro está sob má influência
ou prestes a dar passividade a uma entidade desajustada, seu psiquismo
fica como que impregnado de fluidos pesados, o que provoca um torpor
mental semelhante ao sono físico, fazendo-o bocejar.
Já tivemos a oportunidade de receber tais
tipos de influências nas atividades mediúnicas que
desenvolvemos regularmente e nos foi possível sentir como
elas agem contaminando o organismo perispiritual intensamente. Os
bocejos são freqüentemente seguidos de um forte lacrimejamento
e a sensação é de profundo mal estar.
Normalmente tais fenômenos ocorrem no período
que antecede as atividades mediúnicas, principalmente no
momento em que se está estudando o Evangelho. Depois do intercâmbio
mediúnico, as impressões penosas cessam quase que
imediatamente. Isso prova que elas estão ligadas à
presença ostensiva de influências magnéticas
baixas, que levam o perispírito do médium ao desequilíbrio
fluídico. A "sujeira" energética concentra-se
junto ao cérebro perispiritual e provoca um torpor artificial.
Quando observamos o fenômeno do bocejo nas
sessões mediúnicas, geralmente ele está ligado
a certas manifestações mediúnicas que vão
acontecer na reunião.
Não são todas as manifestações
de entidades necessitadas que provocam os bocejos. Nos casos pesquisados
por nós, verificamos que se tratavam de Espíritos
muito desesperados ou francamente maus que estavam junto dos médiuns.
Em outras situações, nos momentos
que antecedem a palestra, por exemplo, observamos que o passe pode
atenuar as ocorrências do bocejo. Ao derramar sobre o necessitado
os fluidos salutares dos bons Espíritos, eles expulsam os
fluidos malsãos que causam os bocejos, oriundos da atividade
obsessiva.
Uma outra circunstância em que ocorrem os
bocejos é nas ocasiões de benzimentos.
Existem um grande número de senhoras, chamadas
benzedeiras, que aplicam passes em crianças recém-nascidas
que apresentam uma contaminação fluídica, popularmente
chamada "quebranto" ou "mau olhado".
O problema da criança acontece quando pessoas
adultas, que possuem uma atmosfera fluídica malsã,
ficam com a criança no colo por muito tempo. A energia ruim
que circunda a pessoa contamina a atmosfera espiritual da criança.
Isso deixa o bebê irritado, prejudica o seu sono e em certas
situações pode causar desarranjos orgânicos.
Aos estudiosos mais conservadores, pode parecer que estamos falando
de fantasias, mas a experiência demonstra que fatos são
reais e perfeitamente explicáveis pela Doutrina Espírita.
Depois de alguns passes, normalmente a criança
afetada volta à sua normalidade. Nada se faz de mais, a não
ser derramar o fluido salutar dos bons Espíritos sobre a
atmosfera malsã da criança, limpando-a dos fluidos
nocivos.
Algumas benzedeiras têm o hábito de
atrair o "mal" para elas. Depois de ministrarem o passe
na criança, começam a bocejar seguidamente.
Afirmam que estão "limpando" a
criança, mas na verdade o que fizeram foi agir com o pensamento,
atraindo o fluido nocivo para a sua própria atmosfera psíquica,
gerando na área do cérebro perispiritual o desequilíbrio
fluídico que provoca os bocejos. Em todas as crendices populares
existe um mecanismo da grande ciência do Espiritismo, que
pode ser pesquisado por observadores.
Pode-se afirmar com certeza, que toda pessoa que
boceja seguidamente no momento da reunião mediúnica,
se não estiver sob a influência do cansaço,
está sob má influência espiritual. A investigação
mediúnica desses fenômenos pode ser objeto de estudo
das casas espíritas sérias.