Marta
Antunes Moura
> Como Neutralizar as Más Influências Espirituais
A influência dos Espíritos
em nossos pensamentos e atos é tão comum que os orientadores
espirituais afirmam categoricamente: “Muito mais do que imaginais.
Influem a tal ponto, pois, frequentemente, de ordinário, são
eles que vos dirigem.”(1) Esta
informação dos Espíritos pode até surpreender.
Porém, se analisarmos mais detidamente a questão, concluiremos
que a resposta não poderia ser outra, uma vez que vivemos mergulhados
em um universo de vibrações mentais, influenciando e
sendo influenciados, como bem esclarece Emmanuel:
O homem permanece envolto em largo
oceano de pensamentos, nutrindo-se de substância mental, em
grande proporção.
Toda criatura absorve, sem perceber, a influência
alheia nos recursos imponderáveis que lhe equilibram a existência.
Em forma de impulsos e estímulos, a alma
recolhe, nos pensamentos que atrai, as forças de sustentação
que lhe garantem as tarefas no lugar em que se coloca.
[…] A mente, em qualquer plano, emite e recebe,
dá e recolhe, renovando-se constantemente para o alto destino
que lhe compete atingir.
Estamos assimilando correntes mentais, de maneira
permanente. De modo imperceptível, “ingerimos pensamentos”,
a cada instante, projetando, em torno de nossa individualidade,
as forças que acalentamos em nós mesmos.
(2)
Por efeito da vontade podemos, conscientemente, aprender a administrar
nossas emissões mentais, mantendo-nos em sintonia com os Espíritos
benfeitores, encarnados e desencarnados. Da mesma forma, é
possível estabelecermos com eles ligações de
simpatia, selecionando os diferentes matizes de influências
espirituais que favoreçam nossa harmonia íntima e que
estimulem o nosso progresso moral-intelectual.
Faz–se necessário, pois, desenvolver controle sobre as
próprias emissões e recepções mentais,
selecionando as que garantam paz e harmonia e nos livram das ações
dos Espíritos ainda distanciados do Bem: “Por isso, quem
não se habilite a conhecimentos mais altos, quem não
exercite a vontade para sobrepor-se às circunstâncias
de ordem inferior, padecerá, invariavelmente, a imposição
do meio em que se localiza.(3)
As influências espirituais podem ser leves
ou profundas; ocultas, perceptíveis apenas do próprio
indivíduo, ou ostensivas, claramente detectadas pelos circunstantes.
Neste contexto, é importante distinguir as nossas ideias e
as que procedem de outras mentes. Trata-se de um aprendizado que exige
tempo e perseverança para alcançar bons resultados,
pois nem sempre é fácil fazer tal distinção,
sobretudo quando a influência é oculta e sutil.
É válido, portanto, desenvolver um programa de autoconhecimento
em que se considere: a) observar com mais atenção o
teor dos pensamentos que usualmente emitimos; b) analisar a carga
emocional que impregna as nossas manifestações verbais
e as nossas ações; c) procurar identificar, de maneira
honesta, inclinações, tendências, imperfeições,
assim como virtudes, conquistas intelectuais e morais; d) delinear
necessidades reais, estabelecendo um plano de como atendê-las
sem lesar o próximo; e) habituar-se a fazer um balanço
das influências, boas ou ruins, exercidas pelo meio social (família,
amigos, colegas de profissão), no qual estamos inseridos.
As seguintes orientações de Santo Agostinho,
encontradas em O Livro dos Espíritos, nos
auxiliam na elaboração e execução do programa
de autoconhecimento:
Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim
do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao
que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum
dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi
assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de
reforma. Portanto, questionai-vos, interrogai-vos sobre o que tendes
feito e com que objetivo agis em dada circunstância; se fizestes
alguma coisa que censuraríeis, se feita a outrem; se praticastes
alguma ação que não ousaríeis confessar.
Perguntai ainda isto: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento,
teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo
dos Espíritos, onde nada é oculto? Examinai o que
podeis ter feito contra Deus, depois contra vosso próximo
e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas acalmarão
a vossa consciência ou indicarão um mal que precise
ser curado.
O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso
individual. Mas, direis, como pode alguém julgar-se a si
mesmo? […]. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma
de vossas ações, perguntais como a qualificaríeis
se praticada por outra pessoa. Se a censurais nos outros, ela não
poderia ser mais legítima, caso fôsseis o seu autor,
pois Deus não usa de duas medidas na aplicação
de sua justiça. Procurai também saber o que pensam
os outros e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos,
já que estes não têm nenhum interesse de disfarçar
a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como espelho,
a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria
um amigo. Aquele, pois, que tem o desejo de melhorar-se perscrute
a sua consciência, a fim de extirpar de si as más tendências,
como arranca as ervas daninhas do seu jardim; faça o balanço
de sua jornada moral, avaliando, a exemplo do comerciante, seus
lucros e perdas, e eu vos garanto que o lucro sobrepujará
os prejuízos. […].
Formulai, portanto, a vós mesmos, perguntas claras e precisas
e não temais multiplicá-las: pode-se muito bem consagrar
alguns minutos para conquistar a felicidade eterna. […].(4)
Referências
1. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução
de Evandro Noleto Bezerra. 4 ed. 1. Imp. Brasília: FEB, 2013.
Q. 459, p. 230.
2. XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. 13.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 26, p.111/112.
3. p.112.
4. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução
de Evandro Noleto Bezerra. 4 ed. 1. Imp. Brasília: FEB, 2013.
Q. 919-a, p. 395/396.
Fonte:
http://www.febnet.org.br/blog/geral/como-neutralizar-as-mas-influencias-espirituais
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