Quem pode duvidar hoje em dia do
poder dos órgãos de comunicação social?
Se eles podem por vezes ser perigosos, se mal utilizados, podem
também prestar óptimos serviços às
comunidades que servem. Ora veja um caso peculiar.
Respondendo a um convite de um casal
amigo, lá nos deslocamos a uma cidade vizinha da capital portuguesa.
Para além do prazer de rever esses amigos tínhamos o
compromisso de dar uma entrevista numa das rádios locais, sobre
Espiritismo. O mais aliciante de tudo é que nesse mesmo programa
estaria presente um padre católico, o que à partida
prometia mais dinamismo, em virtude das reservas que alguns prelados
ainda têm relativamente ao Espiritismo.
Fomos afavelmente recebidos pelo jornalista
que nos entrevistou, bem como pelo padre católico. Durante
uma hora trocaram-se opiniões, apontaram-se rumos, de acordo
com o pensamento da doutrina espírita.
Terminado o programa, passado uma hora, despedimo-nos, tendo sabido
à posteriori do grande feedback que o programa tivera junto
dos ouvintes dessa rádio.
Passados uns meses, tivemos oportunidade
de reencontrar o referido jornalista, nessa mesma cidade. Não
éramos conhecidos ou se o éramos seria superficialmente,
já que era o nosso segundo encontro. O jornalista não
é espírita e do pouco que conhece do espiritismo, certamente
foi dessa mesma entrevista que nos proporcionou.
Tivemos curiosidade em saber
como tinha sido o feedback dos ouvintes dessa rádio até
então, decorridos todos estes meses (quase um ano).
O conhecimento do Espiritismo
será sempre o melhor travão ao charlatanismo que ainda
impera um pouco por todo o lado
Contou-me o jornalista que tiveram um problema
relativamente à nossa entrevista, o que me deixou um pouco
preocupado.
Referia ele que passadas umas três semanas, apareceu na rádio
uma médium comerciante (daqueles médiuns que cobram
pelos seus serviços) a querer fazer publicidade paga. A rádio,
como qualquer outro órgão de comunicação
social que pretende lucros à base da publicidade nem olhou
para trás. O referido anúncio publicitário seria
feito pelo mesmo jornalista que nos entrevistara. Quando o anúncio
foi para o ar, passados uns dois dias, tiveram reclamações
de pessoas contra a falta de coerência da rádio, acusando
inclusive o jornalista de na entrevista dizer uma coisa e agora publicitar
outra (certamente os ouvintes não souberam distinguir um serviço
de informação com um espaço publicitário).
Conclusão: a rádio teve de invocar uma directiva interna
qualquer para se ver livre do tal anúncio que tantos amargos
de boca lhe estavam a trazer e assim cancelou o espaço publicitário.
Não pude deixar de sorrir perante o ineditismo da situação,
bem como pelo desfecho da mesma.
Quando as pessoas conhecerem realmente o espiritismo e quando começarem
a exigir qualidade informativa, estamos certos de que os órgãos
de comunicação social não deixarão de
ir ao encontro dos anseios dessa população. Enfim, o
poder da informação (espírita) junto da comunicação
social, um imenso campo a desbravar, mas que urge realizar com qualidade
e seriedade, tamanho é o impacto que causa.