O dia corria normalmente como os demais.
Era dia de reunião mediúnica. Para quem não sabe,
uma reunião mediúnica, num centro espírita, é
uma reunião privada, onde um grupo de pessoas preparadas para
o efeito, mantém o contacto com o mundo espiritual, numa permuta
muito frutífera e que acontece sempre fora do campo da futilidade,
da curiosidade vã. Estas reuniões objectivam sempre
fins nobres, auxiliar alguém e é um trabalho efectuado
gratuitamente, por carolice, com o único propósito de
tentar ser útil a algumas pessoas que nos pedem auxílio.
Quase no fim da reunião (no
Centro de Cultura Espírita, nas Caldas da Rainha, Portugal),
que decorrera como as demais até então, salvaguardando
as nuances de cada uma que são obviamente sempre diferentes,
antes da mesma terminar, aconteceu uma manifestação
espontânea através de um dos médiuns presentes,
em que uma pessoa já falecida, conhecida de alguns membros
da nossa reunião, veio deixar um recado misterioso (para nós)
para um seu familiar. O recado dizia mais ou menos assim. «Digam
ao meu irmão que não se preocupe, que vai tudo correr
bem» e assinou com o seu nome.
No fim da reunião ficamos com o papel, com a incumbência
de o entregar ao familiar a quem se destinava tão estranho
recado.
No entanto, com os afazeres da vida,
acabamos por nos esquecer e somente cerca de quinze dias depois tivemos
o ensejo de o entregar ao interessado.
Qual não foi o nosso espanto quando o irmão
dessa pessoa que nos mandara o recado do mundo espiritual, se emociona
e refere que, de facto, naquela data, ele fizera uma cirurgia cardíaca
(uma semana depois da recepção da mensagem) pelo que
a “misteriosa” mensagem só o era para
nós que desconhecíamos que aquela pessoa iria ser intervencionada
cirurgicamente, pois raramente vemos essa pessoa.
De realçar que nenhum dos elementos da
reunião tem contactos com essa pessoa e sequer sabia que ela
tinha problemas cardíacos quanto mais que seria operada ao
coração.
A morte não existe,
a vida continua,
é possível dentro de certas condições,
comunicar com aqueles que estão do outro lado da vida,
e a reencarnação é uma realidade.
Estas manifestações
espirituais espontâneas são mais comuns do que pensamos
e são sem sombra de dúvidas uma das grandes evidências
da imortalidade da alma que Allan Kardec tão bem estudou, pesquisou
e que estampou em «O Livro dos Médiuns»
onde se encontra a parte experimental da doutrina espírita
(ou espiritismo).
Para nós espíritas,
estes factos são banais, correntes e acontecem diariamente
pelo mundo fora, o que estranhamos é ainda ouvir pessoas dizerem
que «nunca ninguém veio do lado de lá dizer nada»,
como se fossem senhoras de todo o conhecimento, que por sinal desconhecem.
É que não podemos confundir
saber de algo, com ter ou não ter interesse nesta ou naquela
matéria.
Hoje em dia só desconhece quem
quer ou quem não se interessa por esta temática, de
tal modo é grande e profunda a bibliografia espírita,
bem como as experiências que se vão repetindo desde meados
do século XIX e que assim vão confirmando a veracidade
do que o Espiritismo afirma há cerca de 150 anos: que a morte
não existe, que a vida continua, que é possível
dentro de certas condições, comunicar com aqueles que
estão do outro lado da vida, e que a reencarnação
é uma realidade.
Bibliografia:
«O Livro dos Espíritos»; «O
Livro dos Médiuns», ambos de Allan Kardec