Parece ser opinião unânime
que o mundo está cada vez mais sedento de paz perante as inúmeras
guerras que o perturbam, guerras essas a tomarem lugar desde o mundo
íntimo do ser humano até aos palcos da guerra tradicional.
Parece ser opinião unânime
que o mundo vive mergulhado na corrupção, corrupção
essa geradora de inúmeras injustiças e desgraças
morais e materiais.
Parece ser opinião generalizada
que os maiores escolhos para a felicidade humana ainda são
o egoísmo, o orgulho, como causas directas de muitos desastres
morais na humanidade.
Guerra, corrupção, orgulho,
egoísmo, são hoje a causa da desdita do ser humano,
a que se poderiam juntar muitas outras deficiências morais que
a humanidade ainda carrega.
Nascido para a felicidade, o homem
teima em enveredar pelos caminhos que geram dor, sofrimento, desigualdade
e consequentemente infelicidade.
Com um roteiro nas mãos para
que pudesse ser feliz, pelo menos há dois mil anos, a humanidade
ao invés de investir na estratégia do amor, da compreensão,
da generosidade, da benevolência para com todos, prefere enviar
para o arquivo dos documentos ultrapassados esse manual de conduta
que Jesus de Nazaré nos deixou, para continuar teimosamente
a investir numa estratégia que já provou não
lograr a tão almejada felicidade, a estratégia do egoísmo,
do orgulho, do olho por olho, dente por dente.
Numa altura em que a humanidade se
vê ameaçada pelo terrorismo internacional, que consegue
chocar os menos sensíveis, parece um paradoxo que essa mesma
humanidade esteja a perscrutar o longínquo cosmos através
de sofisticadíssimas sondas espaciais, estudando já
uma maneira de tentar viajar até ao planeta Marte. Se por um
lado vemos uma humanidade dotada de capacidades tecnológicas
de ponta, capazes de servirem o ser humano, por outro, o homem não
se esforçou ainda para evoluir no mesmo sentido, do ponto de
vista ético, moral.
A Doutrina Espírita aparece
assim há cerca de 154 anos para alertar a humanidade para as
suas responsabilidades.
O homem que estuda o espiritismo,
que o sente, que encontra nele as leis morais que gerem o Universo,
não pode ficar indiferente às suas tendências
viciosas e se for honesto busca transformar-se, busca melhorar-se
intimamente, procurando ver em todo o ser humano um irmão perante
Deus e como tal alvo preferencial da sua benevolência, gentileza,
ternura, amizade, companheirismo.
Estudando a Doutrina Espírita
(ou Espiritismo) o ser humano despe-se de conceitos ultrapassados
como o racismo, a xenofobia, o sexismo, a discriminação
social, pois sabe que amanhã numa próxima reencarnação
ele poderá voltar na raça que agora despreza, no povo
que agora combate, com uma polaridade sexual que agora espezinha,
numa situação social que agora ignora, para que assim
possa através da experiência directa valorizar aquilo
que desprezou outrora junto dos seus irmãos na criação
divina. O Espírita será sempre um amante da natureza,
protegendo-a e tudo fazendo para não comprometer a qualidade
de vida nesta nossa casa que se chama Terra, pois sabe que voltará
a essa mesma Terra, encontrando-a como a deixar, poluída ou
protegida.
Nos dias que correm, cada vez se faz
mais imperativo o ensinamento de Jesus de Nazaré: «Não
fazer ao próximo o que não desejamos para nós
próprios», daí a nossa questão inicial:
«E nós, que fazemos pela paz?»