Enquanto muitas pessoas procuram o Espiritismo
para resolver problemas triviais da vida, embora reconheçamos
que alguns são especialmente dolorosos, não percebem
que a grande tarefa do Espiritismo é mostrar a sobrevivência
da alma, e a finalidade evolutiva do existir, assim como
a orientação ético-moral, emanada do Evangelho
de Jesus de Nazaré.
Ao se conscientizar da sobrevivência, o homem, se liberta do
terror com que encara a morte. No entanto, o Espiritismo responsabiliza-o,
também, pela aplicação do seu aprendizado moral,
alargando os horizontes do conhecimento.
Devemos considerar que não é apenas o Espiritismo que
ensina a sobrevivência, todas as religiões o fazem, contudo,
o Espiritismo dá uma nova dinâmica à imortalidade,
tirando-a de uma situação estática, para a dinâmica.
Consideramos, também, que a estrutura doutrinária do
Espiritismo, não se limita a pregar a sobrevivência,
mas comprova-a através das pesquisas. Ao falar da reencarnação,
não a apresenta como um dogma de fé, mas como lei natural.
Quanto ao Evangelho, ele é visto, pelo espiritismo, como um
código moral, suscetível de erros, interpolações,
adulterações, por isso, seguindo os passos de Allan
Kardec, aceitamos sem tergiversações os ensinamentos
morais do Evangelho. É, sobretudo, um livro humano, portanto,
com as limitações humanas. Nele, encontramos os maravilhosos
ensinamentos de Jesus de Nazaré, juntamente com textos distorcidos
ou interessados em defender idéias, nem sempre condizente com
o próprio evangelho.
O Espiritismo não pode ficar subordinado a imposições
dogmáticas ou aos convencionalismos humanos. Em Espiritismo
não cabe o crer pelo crer, pois a fé deve ser racional.
Sabemos que para muitos as proposições espíritas
são assustadoras. Unir fé e razão, assim como
a religiosidade à filosofia e à ciência, e transformar
a alma ou espírito em objetos de observações
e pesquisas, pode, realmente, desestruturar a mente humana.
Os místicos-religiosos, dificilmente aceitam as idéias
espíritas. Aqueles que aprenderam ouvir e aceitar o que lhe
dizem, desde crianças, sem questionar, não conseguem
entender essa revolução conceptual. Ao contrário
disso, aqueles que procuram novos rumos para as suas vidas, certamente
encontrarão no espiritismo roteiro seguro para a emancipação
do pensamento.
A fé espírita, afirma Herculano Pires, como já
dizia Allan Kardec, é iluminada pela razão, mas a razão
espírita, por sua vez, é iluminada pela fé, de
maneira que não pode ser confundida com a razão céptica.
Enquanto esta é espiritualmente estéril, a razão
espírita é espiritualmente fecunda, abrindo para a mente
humana perspectivas cada vez mais amplas de compreensão do
homem, do mundo e da vida.