Waldehir
Bezerra de Almeida
> O Fim que Nâo Devemos Esquecer
"NÃO
ESQUEÇAIS QUE O FIM ESSENCIAL, EXCLUSIVO, DO ESPIRITISMO
É A VOSSA MELHORA” [1]
Se me fosse permitido dizer o que de importante se deve escrever
em todos os Centros Espíritas, chamando a atenção
dos que neles adentram, minha sugestão é que fosse
afixada uma placa bem à vista, com a expressão em
epígrafe. Assim, os neófitos logo iriam tomando
conhecimento do que ali deveriam buscar, e os antigos trabalhadores
– lendo-a a todo instante -, não se distanciariam
demais do objetivo a ser alcançado por todos.
O termo fim conota a ideia de objetivo, de ponto de convergência
dos esforços desenvolvidos. Sempre agimos, de uma forma
ou de outra, por um fim explícito ou não, consciente
ou inconscientemente. A esta altura, devemos distinguir as diferenças
entre fins intermediários e fim supremo
ou absoluto. Os fins intermediários são
etapas do processo que devem ser vencidos para a conquista do
fim supremo. Este deve ser o próprio sentido fundamental
que damos à nossa vida, segundo os princípios religiosos,
filosóficos e morais que nos inspiram. Nós, espíritos
imortais, sabemos que somente será fim absoluto
aquele que transcende a morte do corpo; que alcançado,
levamos para a vida espiritual. Riqueza que a ferrugem não
corrói.
O homem chega à sua maturidade, quando em todas as suas
ações e atividades, não perde de vista os
fins, e em função deles organiza os meios
para alcançá-los. Nós somente alcançamos
a maturidade espiritual quando agimos em função
do fim absoluto, transformando todas as nossas ações
em fins intermediários para promoverem nossa evolução.
A verdade é que em razão da azáfama, da pressa
e ardor na execução das atividades da Casa Espírita
onde militamos, tendemos a esquecer essa realidade e, inconscientemente,
passamos a dar mais importância aos fins intermediários
em detrimento do fim absoluto. No estudo sistematizado
da Doutrina Espírita nos empolgamos com o intelectualismo,
adotando, muitas vezes, postura autoritária, passamos a
doutrinar o outro; nas tarefas de assistência material,
focalizamos nosso interesse na doação da cesta básica,
negando a doação da fraternidade e por aí
a fora. Não podemos esquecer que todas as atividades na
Casa Espírita são meios para crescermos em espírito.
As tarefas que exercemos no templo espírita devem servir
para o equilíbrio de nossas emoções; para
desenvolver nossa capacidade de convivência cristã;
para favorecer o nosso desenvolvimento interpessoal, e por seu
intermédio exercitar a tolerância, a indulgência
e o perdão. Servem, enfim, para proporcionar a nossa melhora
moral e espiritual. Não vai ter importância o “quê”
e o “quanto” fazemos, mas sim, “como”
fazemos. O trabalho que executamos deve promover uma transformação,
não somente exterior, mas, antes de tudo, uma mudança
interior em nós.
Não raro, ficamos preocupados – como “bons
espíritas” - com a renovação moral
e espiritual dos que nos circundam, começando com os familiares,
estendendo-se esse interesse para os amigos e desaguando, com
toda impetuosidade, nos companheiros de ideal e freqüentadores
do “nosso” Centro Espírita. Mas devemos atentar
para o que escreveu o valoroso Codificador da Doutrina Espírita:
“O Espiritismo tende para a regeneração
da humanidade: isto é um fato adquirido. Ora, não
podendo essa regeneração operar-se senão
pelo progresso moral, daí resulta que seu objetivo essencial,
providencial: é o melhoramento de cada um.”
[2] Resumindo para todos nós:
a regeneração da humanidade – dos que nos
circundam - começa com a nossa regeneração,
primeiramente.
Entrevistado, o grande missionário Chico Xavier, que sempre
viveu na busca do fim absoluto que o Espiritismo nos
propõe, ensina: “O Templo Espírita revive
as casas do Cristianismo simples e primitivo em que os nossos
corações se reúnem em torno dos ensinamentos
do Cristo, para a melhoria da nossa vida interior”.
[3](Negritamos) Se o amigo leitor
entender que não é necessária uma faixa ou
uma placa monumental na entrada do Centro Espírita, a nos
lembrar do roteiro seguro para alcançarmos o objetivo de
nossas vidas, pelo menos não se esqueça dele em
tudo o que estiver fazendo – dentro ou fora da Casa Espírita.
Se não agirmos conforme nos lembra Chico Xavier, teremos
que correr atrás do prejuízo em outra vida, após
descobrir, no Além, que muito realizamos para muitos –
se é que realizamos –, mas pouco fizemos pela nossa
própria evolução.
[1]
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, item 292/22ª.
[2] KARDEC, Allan. Revista Espírita, 1865, p. 221 – Edicel.
[3] XAVIER, Francisco Cândido/Emmanuel. Entrevistas. Ide, 1987,
p. 115
Fonte:
Publicado na RIE, em janeiro de 2003
Leiam de Waldehir Bezerra de Almeida
> Ação
e reação ou Causa e efeito?
> O
Fim que Nâo Devemos Esquecer
> Modelos
Administrativos de Casas Espíritas
topo
|