
Durante o sono o Espírito desprende-se do corpo; devido aos
laços fluídicos estarem mais tênues. A noite é
um longo período em que está livre para agir noutro
plano de existência. Porém, variam os graus de
desprendimento e lucidez. Nem todos se afastam do seu corpo,
mas permanecem no ambiente doméstico; temem fazê-lo,
sentir-se-iam constrangidos num meio estranho (aparentemente).
Outros movimentam-se no plano espiritual,
mas suas atividades e compressões dependem do nível
de elevação. O princípio que rege a permanência
fora do corpo é o da afinidade moral, expressa, conforme
a explanação anterior, por meio da afinidade vibratória
ou sintonia.
O espírito será atraído
para regiões e companhias que estejam harmonizadas e sintonizadas
com ele através das ações, pensamentos, instruções,
desejos e intenções, ou seja, impulsos predominantes.
Podendo assim, subir mais ou se degradar mais.
O lúbrico terá entrevistas
eróticas de todos os tipos, o avarento tratará de negócios
grandiosos (materiais) e rendosos usando a astúcia. A esposa
queixosa encontrará conselhos contra o seu marido, e assim
por diante. Amigos se encontram para conversas edificantes, inimigos
entram em luta, aprendizes farão cursos, cooperadores trabalharão
nos campos prediletos, e, assim, caminhamos.
Para esta maravilhosa doutrina, conforme
tais considerações, o sonho é a recordação
de uma parte da atividade que o espírito desempenhou durante
a libertação permitida pelo sono. Segundo Carlos
Toledo Rizzini, interpretação freudiana encara
o sonho como apontando para o passado, revelando um aspecto da personalidade.
Para o Espiritismo, o sonho
também satisfaz impulsos e é uma expressão do
estilo de vida, com uma grande diferença: a de não
se processar só no plano mental, mas ser uma experiência
genuína do espírito que se passa num mundo real e com
situações concretas. Como vimos, o espírito,
livre temporariamente dos laços orgânicos, empreende
atividades noturnas que poderão se caracterizar apenas por
satisfação de baixos impulsos, como também, trabalhar
e aprender muito. Nesta experiência fora do corpo, na oportunidade
do desprendimento através do sono, o ser, poderá ver
com clareza a finalidade de sua existência atual, lembrar-se
do passado, entrevê o futuro, todavia a amplitude ou não
dessas possibilidades é relativa ao grau de evolução
do espírito.
Verifiquemos três questões
do Livro dos Espíritos, no capítulo VIII, perguntas:
400, 401 e 403.
P-400 “O Espírito
encarnado permanece de bom prazer no seu corpo material?
- É como se perguntasse a um presidiário, se gostaria
de sair do presídio. O espírito aspira sempre à
sua libertação e tanto mais deseja ver-se livre do seu
invólucro, quanto mais grosseiro é este.
P-401 “Durante o sono a alma repousa como o corpo?
- Não, o espírito jamais está inativo. Durante
o sono, afrouxam-se os laços entre corpo e espírito
e, ele se lança pelo espaço e entra em relação
com os outros espíritos sintonizados por ele.
P-403 “Como podemos julgar a liberdade do espírito,
durante o sono?
- Pelos sonhos.
O sono liberta parcialmente a alma do corpo, quando adormecido o espírito
se acha no estado em que fica logo a morte do seu corpo.
O sonho é a lembrança
do que o espírito viu durante o sono. Podemos notar, que nem
sempre sonhamos. Mas, o que isso quer dizer? Que nem sempre nos lembramos
do que vimos, ou de tudo o que havemos visto, enquanto dormimos. É
que não temos ainda a alma no pleno desenvolvimento de suas
faculdades. Muitas vezes somente nos fica a lembrança da perturbação
que o nosso Espírito experimentou.
Graças ao sono os Espíritos
encarnados estão sempre em relação com o mundo
dos Espíritos. As manifestações, que se traduzem
muitas vezes por visões e até mesmo, “assombrações”
mais comuns se dão durante o sono, por meio dos sonhos. Elas
podem ser: uma visão atual das coisas, futuras, presentes ou
ausentes; uma visão do passado e, em alguns casos excepcionais,
um pressentimento do futuro. Também muitas vezes são
quadros alegóricos que os Espíritos nos põem
sob as vistas, para dar-nos úteis avisos e salutares conselhos,
se se trata de Espíritos bons, e para induzir-nos ao erro,
à maledicência, às paixões, se são
Espíritos imperfeitos.
O sonho é uma expressão
da vida real da personalidade. O espírito procura atender a
desejos e intenções inconscientes e conscientes durante
esse tempo de liberdade temporária. Conforme o grau, tipo de
sintonia e harmonia gerada pela afinidade moral com outros Espíritos,
direciona-se automaticamente para a parte do mundo espiritual que
melhor satisfaça essa sintonia e suas metas e objetivos, ainda
que não lícitos; e aí conta com amigos, sócios,
inimigos, desafetos, parentes, “mestres” etc.
Contamos ainda com mais dois tipos
de sonhos. O primeiro é o premonitório, quando se toma
algumas informações ou conselhos sobre algum acontecimento
futuro. O segundo é o pesadelo, ou seja, o sonho ansioso, em
que entra o terror. É também uma experiência real,
porém, penosa; o sonhador vê-se pressionado por inimigos
ou por animais monstruosos, tem de atravessar zonas tenebrosas, sofrer
castigos, que de fato são vivências provocadas por agentes
do mal ou por desafetos desta ou de outras vidas.
Preparação para
o Sono
Verificando o lado físico da questão, vamos ver a importância
do sono, pelo fato de passarmos 1/3 de nosso dia dormindo, nesta atividade
o corpo físico repousa e liberta toxinas. Para o lado espiritual,
o espírito liga-se com os seus amigos e intercambia informações,
e experiências.
Façamos um preparo
para o nosso repouso diário:
Orgânico – refeições
leves, higiene, respiração moderada, trabalho moderado,
condução de nosso corpo quanto a postura sem extravagâncias.
Mental Espiritual - leituras edificantes,
conversas salutares, meditação, oração,
serenidade, perdão, bons pensamentos.
Todavia não nos esqueçamos
que toda prece se fortifica com atos voltados ao bem, pois então,
atividades altruístas possibilitam uma melhor afinidade com
os bons espíritos.
Perispírito e Desdobramento
Embora, durante a vida, o Espírito seja fixado ao corpo pelo
perispírito, não é tão escravo, que não
possa alongar sua corrente e se transportar ao longe, seja sobre a
terra, seja sobre qualquer outro ponto do espaço. (Allan Kardec
, A Gênese, Cap. XIV, It 23).
Gabriel Delanne,
em “O Espiritismo perante a Ciência”,
conclui:
A melhor prova de existência do perispírito é
mostrar que o homem pode desdobrar-se em certas circunstâncias.
Desdobramento
É o nome que se dá o fenômeno de exteriorização
do corpo espiritual ou perispírito.
O perispírito ainda ligado
ao corpo, distancia-se do mesmo, fazendo agora parte do mundo espiritual,
ainda que esteja ligado ao corpo por fios fluídicos. Fenômenos
estes, naturais que repousam sobre as propriedades do perispírito,
sua capacidade de exteriorizar-se, irradiar-se, sobre suas propriedades
depois da morte que se aplicam ao perispírito dos vivos (encarnados).
Os laços que unem o perispírito
ao corpo temporal, afrouxam-se por assim dizer, facultando ao espírito
manter-se em relativa distancia, porém, não desligado
de seu corpo. E esta ligação, permite ao espírito
tomar conhecimento do que se passa com o seu corpo e retornar instantaneamente
se algo acontecer. O corpo por sua vez, fica com suas funções
reduzidas, pois dele foram distanciados os fluidos perispirituais,
permanecendo somente o necessário para sua manutenção.
Este estado em que fica o corpo no momento do desdobramento, também
depende do grau de desdobramento que aconteça.
Os desdobramentos podem ser:
a) conscientes :
Este, caracteriza-se pela lembrança exata do ocorrido, quando
ao retornar ao corpo o ser recorda-se dos fatos e atividades por ele
desempenhadas no ato do desdobramento. O sujeito é capaz de
ver o seu “Duplo”, bem próximo, ou seja, de ver
a ele mesmo no momento exato em que se inicia o desdobramento. Facilmente
nestes casos, sente-se levantando geralmente a cabeça primeiramente
e o restante do corpo, depois. Alguns flutuam e vêem o corpo
carnal abaixo deitado, outros vêem-se ao lado dos corpos, todavia
esta recordação é bastante profunda e a consciência
e altamente límpida neste instante. Existe uma ligação
ainda profunda dos fluidos perispirituais entre o corpo e o perispírito,
facilitando assim, as recordações pós-desdobramento.
b) inconscientes:
Ao retornar o ser de nada recorda-se. Temos que nos lembrar que na
maioria das vezes a atividade que desempenha o ser no momento desdobrado,
fica como experiências para o próprio ser como espírito,
sendo lembrado em alguns momentos para o despertar de algumas dificuldades
e vêem como intuições, idéias.
Os fluidos perispirituais são
neste caso bem mais tênues e a dificuldade de recordação
imediata fica um pouco mais árdua, todavia as informações
e as experiências ficam armazenadas na memória perispiritual,
vindo a tona futuramente.
Em realidade a palavra inconsciente,
é colocada por deficiência de linguagem, pois, inconsciência
não existe, tendo em vista o despertar do espírito,
levando consigo todas as experiências efetivadas pelo mesmo,
então colocamos a palavra inconsciente aqui, é somente
para atestarmos a temporária inconsciência do ser enquanto
encarnado.
c) voluntários:
Se a própria pessoa promove este distanciamento. Analisemos
algo bastante singular, nem todos os desdobramentos voluntários
há consciência, pois como dissemos acima poderão
haver algumas lembranças do ocorrido, existem ainda muitas
dificuldades, no momento em que o espírito através de
seu perispírito aproxima-se novamente de seu corpo, pela densidade
ainda dos órgãos cerebrais é possível
haver bloqueio dessas experiências. É necessário
salientar que o ser encarnado na terra, ainda se encontra distante
de controlar todos os seus potenciais, e por isso também há
este esquecimento. Haja vista, algumas pessoas até provocarem
o desdobramento e no momento de consciência terem medo e retornarem
ao corpo apressadamente, dificultando ainda mais a recordação.
Os desdobramentos podem também
ocorrer nos momentos de reflexões, onde nos encontramos
analisando profundamente nossos atos e cuja atividade nos propicia
encontrar com seres que nos querem orientar para o bem, parte de nosso
perispírito expande-se e vai captar as experiências e
orientações devidas.
d) provocados: Através
de processos hipnóticos e magnéticos, agentes desencarnados
ou até mesmo encarnados podem propiciar o desdobramento do
ser encarnado. Os bons Espíritos podem provocar o desdobramento
ou auxiliá-los sempre com finalidades superiores. Mas espíritos
obsessores também podem provocá-los para produzir efeitos
malefícios. Afinizando-se com as deficiências morais
dos desencarnados, propiciamos assim, uma maior facilidade para que
os espíritos mal-feitores possam provocar o desligamento do
corpo físico atraindo o ser encarnado para suas experiências
fora do corpo. A lei que exerce esta dependência é a
de afinidade.
e) emancipação
Letárgica: Decorre da emancipação parcial
do espírito, podendo ser causada por fatores físicos
ou espirituais. Neste caso o corpo perde temporariamente a sensibilidade
e o movimento, a pessoa nada sente, pois os fluidos perispiríticos
estão muito tênues em relação a ligação
com o corpo. O ser não vê o mundo exterior com os olhos
físicos, torna-se por alguns instantes incapaz da vida consciente.
Apesar da vitalidade do corpo continuar executando-se.
Há flacidez geral dos membros.
Se suspendermos um braço, ele ao ser solto cairá.
e) emancipação
Cataléptica: Como acima, também resulta da
emancipação parcial do espírito. Nela, existe
a perda momentânea da sensibilidade, como na letargia, todavia
existe uma rigidez dos membros. A inteligência pode se manifestar
nestes casos. Difere da letárgica, por não envolver
o corpo todo, podendo ser localizado numa parte do corpo, onde for
menor o envolvimento dos fluidos perispirituais.