1. Compreendemos
que os desequilíbrios ou enfermidades do Espírito têm
início com os abusos e afastamento da Lei Divina. Daí,
em o nível de evolução da Terra, sofrimento ser
conseqüência da violação da Lei. Toda moléstia
é de origem espiritual, razão porque há doentes
e não "doenças" propriamente ditas. A medicina
terrena começou a compreender isso com o seu conceito de moléstia
psicossomática, ou seja, a doença do corpo oriunda de
um estado desajustado da mente (tensão, conflito), tal a úlcera
péptica do estômago e duodeno e a pressão arterial
alta.
Psicólogos materialistas e mentores espirituais
concordam plenamente na afirmativa de que a Humanidade é constituída
maciçamente de mentes enfermas. Dizem os primeiros,
sobretudo os psicanalistas, que o homem sadio é uma avis rara,
difícil de encontrar. Dos segundos, Emmanuel (Justiça
Divina) esclarece que todas nós "somos doentes em laboriosa
restauração", devido aos débitos contraídos
noutras vidas, e acentua: "Todos somos enfermos pedindo alta".
Não desanimemos. Por enquanto, a Terra é um planeta
de provas e expiações, no qual renascem, em massa, espíritos
falidos perante a Lei. Não é um lugar aprazível
para uma doce vida, sem incômodos, embora possua recantos belíssimos;
é, antes, um mundo de lutas evolutivas acerbas e dores múltiplas.
Procuremos, ver claro para não naufragarmos no mar das ilusões,
que obscurecem a compreensão; busquemos o esclarecimento sobre:
1) a causa profunda das enfermidades; 2)
a função retificadora que elas desempenham na vida
do Espírito eterno - deixando de considerá-las
como desgraça ocasional do momento que passa.
2. Caro leitor, não há injustiça no
universo, pois, Deus é amor, justiça e sabedoria –
tudo impregnado pela perfeição suprema. Este princípio
fundamental leva a procurar a causa da enfermidade dentro de nós
mesmos. Vimos que o sofrimento é resultante de, violações,
erros e abusos, no curso dos quais a Lei Divina é desrespeitada
e os deveres negligenciados. A prática do mal, a repetição
de abusos, a acumulação de erros, os vícios,
enfraquecem os centros de força do perispírito e geram
lesões nele, que é sensível ao estado moral do
Espírito.
Sabe-se hoje, depois das experiências do Prof.
Hans Selve, que os estados de tensão muito
prolongados originam lesões graves em vários órgãos.
Informa Selve que as piores tensões são : ansiedade,
frustração e ódio, capazes de produzirem úlceras
gastroduodenais, arteriosclerose e hipertensão arterial, por
exemplo. Ora, este conhecimento é experimental, adquirido pelo
homem no laboratório de pesquisa utilizando ratos, cobaias
e camundongos É muito para estimar e admirar que o querido
instrutor André Luiz, em Sinal Verde,
afirma exatamente a mesma coisa: "Quanto mais avança,
a ciência médica mais compreende que o ódio em
forma de vingança, condenação, ressentimento,
inveja ou hostilidade está na raiz de numerosas doenças
e que o único remédio eficaz contra semelhantes calamidades
da alma é o específico do perdão no veículo
do amor". Por incrível que pareça, esta última
assertiva do espírito fora antes formulada pelo citado cientista
ao declarar que: "Amar ao próximo é um dos
mais sábios conselhos médicos de todos tempos".
Percebe-se que a acentuação deslocou-se da religião
para a ciência o Evangelho é também um código
de medicina profilática. . .
Tal é a causa principal dos nossos
males físicos e mentais: as lesões
do corpo espiritual, enquanto não houver reparação
das condutas malfazejas e mudança nas inclinações,
serão transferidas para o corpo material, que renascerá
doente de mil maneiras diferentes.
É o próprio modo de ser do indivíduo
que não é sadio. Seus pensamentos, sentimentos e impulsos,
de várias maneiras, afastam-no da normalidade - levando-o ao
proceder incorreto e ao desequilíbrio conseqüente. Residindo,
assim, os fundamentos da moléstia no íntimo das pessoas,
não será possível obter a cura tão-somente
pelo uso da medicação externa. Os remédios materiais,
com raras exceções (fim de débito), não
podem curar integralmente a ninguém; conseguem melhorar, aliviar,
transferir o mal, mudar sua manifestação, eliminar algo
- mas a cura há de proceder do poder criador do Espírito:
"O espírito delinqüente será imperiosamente
o médico de si mesmo" (André
Luiz, No Mundo Maior). Daí, afirmar Emmanuel
(Fonte Viva) que raros
alcançam a cura completa, genuína: é mister apreciável
cota de esforço próprio na renovação dos
conteúdos mentais, para mudar as maneiras de pensar e de agir.
3. Temos aí moléstias
orgânicas originárias de lesões perispirituais
que surgiram de erros e abusos anteriores. Se o sujeito ingeriu veneno
por sua deliberação, renascerá com a garganta
pouco resistente a germes ou com o estômago lesado; se deu um
tiro no coração, voltará atacado de uma cardiopatia
congênita; se usou a inteligência como astúcia
para aproveitar-se de outros, virá a ser débil mental
ou padecerá de hidrocefalia; se foi dado à maledicência
ou calúnia, terá mais tarde a língua maior do
que a boca. E assim por diante. vemos a lei de causa e efeito em ação,
no plano espiritual, determinando expiações.
Outros tipos de enfermidade física ocorrem,
menos difundidos, porém, nos quais funcionam diferentes mecanismos.
Existem as doenças expiatórias, impostas
ao reencarnante como indispensáveis a resgates necessários.
É claro que nos exemplos acima temos também expiações..
Mas, neles, o indivíduo lesou a si mesmo e a moléstia
corporal é uma expressão da lesão do perispírito.
veja isto, leitor. Um indivíduo matou outro; como espírito,
lutou ativamente pela própria regeneração e alcançou
grandes méritos na prática do bem. Ao voltar ao mundo,
recebe um coração defeituoso (que não tinha)
para expiar o crime. Outro levou alguém à tuberculose
fazendo-o expor-se continuamente a condições adversas;
ao renascer, recebe pulmões sem resistência ao bacilo
de Koch. De dois dementes, um poderá ser realmente louco (espírito
perturbado) e o outro não, tendo apenas o cérebro desarranjado
por necessidade de expiação. Um idiota poderá
ter u espírito lúcido.
A diferença entre as duas modalidades só
é nítida nos extremos, devendo haver muitas situações
intermediárias menos definidas.
4. Um sem-número de lesões
ou afecções se revelam derivadas de episódios
de vidas passadas. Um evento destes, até muito antigo,
ligado a situação interpessoal não resolvido,
sói mostrar conseqüências no corpo físico
em diversas vidas. Segue-se um exemplo que explicaria casos na área
psicológica (Netherton). Certa mulher nova não só
sentia dor no curso do ato genésico como também tinha
verdadeiro horror ao mesmo; e, além disso, acordava costumeiramente
de madrugada com cólicas abdominais; sintomas, portanto, físicos
e psíquicos, aos quais se deve ajuntar uma infecção
vaginal crônica rebelde ao tratamento ginecológico.
A regressão de memória semiconsciente,
conservando a lembrança posterior dos fatos evocados, revelou
que em existência bem anterior (numa "civilização
primitiva"), em seguida ao adultério, o marido mandou
prendê-la em jaula baixa, onde só cabia acocorada; tal
posição determinou-lhe, então fortes e contínuas
dores no ventre. Dias depois, por ordem dele, um médico seccionou-lhe
o clitóris, sentindo, na ocasião, rápida dor
lancinante; era seu intuito usá-la sexualmente sem que ela
pudesse corresponder. E assim foi anulada a atividade erótica.
Em vida subseqüente, descreve-se como jovem meretriz que atravessa
triste episódio; apaixonada por certo homem, este, alcançando
o próprio orgasmo, a deixa no momento em que ia atingindo o
clímax; ofende-a, então, gravemente com palavras pesadas.
Confusa e frustrada, cai do alto da escada e é deixada sem
socorro até morrer. Desta experiência procede sua desconfiança
dos homens e da anterior o pavor das relações carnais;
as dores são ainda seqüelas da gaiola baixa e da operação
cruenta; a vaginite, complicação do ato cirúrgico
séptico.
Vejam. Coisas muito antigas e ainda em vigor ! É
que por detrás delas há um erro moral, já profligado
em os Dez Mandamentos! Mas, muita gente assoalha que os tempos mudaram
e que o mundo é diferente... O passado gravado nas profundezas
das almas não sabe disso e emerge sob a forma de distúrbios
psicossomáticos e de sintomas neuróticos ! Tal mulher
- nossa irmã não mais errada do que somos em geral curou-se
inteiramente: esgotaram-se-lhe os débitos mediante os sofrimentos
que enfrentou até 1970, digamos. E, naturalmente, mudou a sua
condição íntima, do mesmo passo.
É bom recordar que André Luiz
conta a estória de dois espíritos bastante aprimorados
que, não obstante, permaneciam no plano inferior. Querendo
saber porque não conseguiam ascender, a análise do passado
de ambos revelou que, cinco séculos antes, haviam lançado
dois companheiros muralha abaixo, liquidando-os sumariamente. Tiveram
que renascer, como pilotos de prova, para dar a vida pelo progresso
da aviação, caindo no devido tempo... Consultem Ação
e Reação, obra em que o querido instrutor menciona
casos de débitos pendentes há mais de 1.000 anos, confirmando
os achados da regressão de memória. Informa no Cap.
VII:
"Conheço irmãos nossos, portadores
do estigma de padecimentos atrozes, que se encontram animalizados,
há séculos, nos despenhadeiros infernais."
Não se imagine, porém, que estejam entregues à
própria sorte; a despeito da revolta, os mensageiros divinos
espreitam a oportunidade de resgatá-los das trevas para a luz.
Acabamos de fazer observar que vasta cópia
de dissonâncias psicossomático-neuróticas promana
dessa fonte, incluindo úlceras pépticas, enxaquecas,
ejaculação precoce, impotência, frigidez, fobias,
inibições, esclerose coronária, dispepsia, e
mais o que seja: é um nunca acabar. Resultam, por assim dizer,
de "sobras emotivas" de alguma existência
passada, como diz K. Muller; repetindo: são
lembranças arquivadas em estado inconsciente que estão
carregadas de emoções perturbadoras, não integradas
ao patrimônio psíquico e, portanto, ainda ativas. Segue-se
que quando o paciente recorda tais episódios e libera a emoção
reprimida, esta perde sua força traumática (ou virulência)
- o que se consegue mediante a regressão de memória,
usualmente hipnótica, ou quase consciente (Netherton), porque
já se esgotou o débito cármico, ou pelo esclarecimento
e prática do bem, segundo a orientação espírita,
que leva a modificações definitivas do íntimo
da alma.
5. Importante, embora menos espetacular,
é o que André Luiz denomina restrições
pedirias. São defeitos ou inibições
funcionais que limitam atividades abusivas do organismo. Antes de
encamar, prevendo sua queda num setor onde isso já ocorreu
antes, o espírito solicita que certos órgãos
ou funções sejam um tanto defeituosos, de modo a funcionarem
em ritmo reduzido. Na carne, por mais que o sujeito queira exagerar
no uso para obter prazer ou se lançar à prática
do mal, não o consegue. E nada neste mundo livra-o da inibição
solicitada...
É natural que o gastrônomo peça
um estômago delicado ou lento, um intestino facilmente desarranjável,
que o leve a limitar a ingestão de alimentos e bebidas. Que
o fascinador queira, agora, ter feições mais grosseiras,
que a ninguém venha atrair. Que aquele que se deixou levar
pela intriga prefira voltar surdo; que o caluniador peça a
mudez.
6. Uma última eventualidade,
menos freqüente, é a da doença gerada pelo
contato íntimo com um espírito perturbado,
geralmente inconsciente do seu estado, cujo perispírito conteria
lesões oriundas da vida material, Estabelecida a sintonia,
as sensações mórbidas transmitem-se ao encarnado,
que passa a sentir-se enfermo sem o estar. É o caso da moça
que um dia começou a cair facilmente; uma vidente percebeu
sobre os ombros dela, um espírito montado, o qual, incorporado,
revelou ser o pai dela e não ter consciência da situação.
Ora, o velho sofria de forte artrite nos joelhos e não podia
andar; doutrinado, acabou deixando a filha livre. Ou do indivíduo
que entra a tossir, a escarrar, a ter febrícula à tarde,
como se estivesse tuberculoso; quem o está fazendo sentir-se
doente é o espírito que se lhe aderiu à aura,
e que morreu naquele estado, conservando as sensações
doentias e transferindo-as ao encarnado que está sintonizado
com as vibração dele. Foi o que Inácio Ferreira
denominou intoxicação fluídica, em sua obra pioneira.
A Profa. Helena de Carvalho (J.
E. 45: 9, 1979) dá o nome de "contaminação
fluídica" a semelhante mecanismo morbígeno
e sugere que tais casos "são bem mais freqüentes
do que se supõe, principalmente nesta época de perturbações
excessivas". Cita, como exemplo, o sucedido com certo indivíduo
que atendeu outro em plena crise asmática. Saiu de braço
dado com ele, amparando-o. O doente foi melhorando a pouco e pouco.
Não demorou a ir-se, enquanto o pobre socorrista ficou a chiar
com forte falta de ar... Passou para ele o obsessor inconsciente do
seu próprio estado, cujas sensações patológicas
transmitia aos encarnados que com ele entravam em adiantado grau de
sintonia vibratória.
Uma variante original da presente patogenia foi comunicada
pelo Dr. Hernani G. Andrade
(I.B.P.P., SP, monografia n. 3, 1980). Devia reencarnar um
ex-suicida que ingerira formicida. A futura mãe, avisada em
sessão mediúnica, tomou-se, naturalmente, de apreensões
quanto à sanidade do próximo filho, prevendo-o defeituoso.
No entanto, o mentor espiritual esclareceu que se ela estivesse disposta
a fazer tal sacrifício pelo espírito reencarnante, a
criança nasceria normal - agregando que ela é quem iria
sofrer as conseqüências do antigo envenenamento. E foi
o que sucedeu! Contou dita senhora que durante a gravidez "minha
boca ficava em feridas, em carne viva. Eu sentia que era roída
por dentro e então caía. Minha irmã disse que
às vezes eu começava a tremer e parecia estar morrendo...
" Sentia o gosto e o cheiro da formicida, queimação
no estômago, vômitos, etc. Tudo desapareceu após
o parto; o suicídio fora induzido por um obsessor - mas a criança
nasceu perfeita e com 5 kg. Era agora uma menina que, quase 6 anos
antes, fora irmão da sua mãe atual e que se matara aos
28 anos, tendo crescido como bela e forte (aos 17 anos) jovem cujas
inclinações se revelavam preferentemente masculinas.
Não que deixasse de ser feminina, mas inclinava-se
por roupas, corte de cabelo e brincadeiras de menino e, depois, não
era dada a namoricos. . .
Nos casos em que o obsessor, movido por ódio
intenso, envia descargas fluídicas constantes sobre a vítima,
produzindo uma doença sem base física no próprio
doente, Manoel P. de Miranda (Nos
Bastidores da Obsessão, FEB, 1970) dá o nome
de moléstia-simulacro a tal estado mórbido. É
assim que uma pessoa "fica" leprosa e é internada
em leprosário por apenas apresentar a aparência de hanseniana;
bom meio de isolar alguém e levá-lo ao suicídio...
A vítima, estando sintonizada pela culpa com o agressor e tendo
a mente preparada pela hipnose, seguindo o desejo do obsessor, pode
exibir os sinais da morféia. Aí, o tratamento é
espiritual, mediante a transformação íntima de
ambos.
7. É oportuno procurarmos
entender a significação das multas
que geramos em nós mesmos, que são a imensa maioria.
A verdade é que o sofrimento,
longe de ser uma desgraça ocasional, "tem função
preciosa nos planos da alma", esclarece o citado Emmanuel. Ele
surge como uma conseqüência de erros e violações,
mas dispôs a Providência Divina que ele fosse mais do
que isso: que tivesse uma função retificadora dos desequilíbrios
do espírito e das lesões corporais. Por isso, apresenta
patente utilidade ao homem que sofre: sem ele, este não poderia
se reajustar, seria difícil acordar a consciência para
a realidade superior - o sofrimento é o "aguilhão
benéfico", diz o Irmão x
(Luz Acima). Deriva daí
que a nossa atitude frente à dor Que nus avassala, se a compreensão
das leis superiores da Vida nos felicita a alma, deverá ser
de conformação lúcida. Esta atitude, a única
produtiva sempre que o sofrimento não puder ser removido pelos
recursos dá inteligente indústria humana, concorda com
a necessidade de observar dois conselhos básicos de Emmanuel
(Fonte viva):
1. O doente (todos nós...)
precisa envidar esforços para deixar de ser triste, desanimado,
revoltado, odiento, raivoso, etc. ; como vimos acima, estados de ódio
e de ansiedade lesam o corpo e a alma, o desânimo entorpece
as forças desta, a maledicência consome as energias,
e assim por diante. Urze renovar-se intimamente, mudar as disposições
psíquicas. Se não, o remédio externo pouco poderá
fazer a nosso favor; se houver melhoras, é preciso não
regressar aos abusos anteriores; caso em que não haverá
cura.
2. Importante, muito importante é
que aprendamos a não pedir o afastamento da dor: ela é
o amargo elixir da regeneração do espírito faltoso.
Devemos, isto sim, rogar forças íntimas para suportá-la
com serenidade e valor a fim de que não percamos as vantagens
que nos trará no capítulo da recuperação.
É preciso aprender a aproveitar os obstáculos que criamos
e, para isso, podem-se pedir recursos ao Alto - sempre que os recursos
da Terra falharem; acontecendo isto, a resignação consciente
é chamada a intervir
Em síntese, a enfermidade é
produto derivado das violações que conscientemente praticamos
ao escolher o caminho do mal de maneira voluntária.
Hoje, temos que enfrentar as conseqüências disso, isto
é, o sofrimento. Este representa, ao mesmo tempo, a expiação
e o tratamento, porquanto, tem função medicinal por
servir ao reajustamento do espírito culpado, logo doente.
É lícito procurar a medicina terrena,
que pode aliviar muito e curar onde for permitido; assim como a Misericórdia
Divina pô-la ao nosso alcance, embora com certas limitações
sociais e econômicas, que servem de provas ao espírito
em processo de cura definitiva. Mas, em todos os casos, para quem
já adquiriu certa compreensão dos níveis superiores
de Vida, mais do que isso é necessário. Faz-se mister
cuidar da erradicação do mal que opera em nós
ainda hoje. E, para tanto, o esforço pessoal torna-se indispensável:
o serviço de aproveitamento das lições evangélicas
- como orar, auxiliar, desapegar-se de posses e posições,
trabalhar pelo bem, etc. é individual e intransferível.
Com ele, mudam as nossas tabelas de valores: a solidariedade, a cooperação,
a contenção das paixões ou impulsos, o sacrifício,
a renúncia, o serviço prestado, a conformação,
assumem a significação de normas de vida. É só
então que Jesus, o Mestre da Terra, curará os males
para todo o sempre.
8. É, em suma, a doença
(e o sofrimento) muito importante no Processo de redenção
do espírito humano pondo a este de acordo com a Lei
que rege a evolução no Universo. Não se trata
de entronizar o sofrimento, de conferir primazia às desgraças,
e coisas assim. O Espiritismo pura e simplesmente esclareceu o papel
da dor na vida humana; ninguém a procura, mas quando ela desponta
cumpre dar-lhe o tratamento adequado para que ela não venha
a ser, realmente, "uma desgraça completa". A
intensidade da dor é proporcional à atitude íntima
do sofredor, ao seu estado de espírito: tanto mais
forte quanto mais insubmisso ele for. Para quem só conhece
a vida terrena, o sofrimento parece interminável e desesperador
muitas vezes; tal pessoa julga-se vítima de toda a desgraça
possível. A certeza da vida espiritual e a fé no poder
superior, levando à compreensão e aceitação
da dor como resultado de erros passados e instrumento de redenção,
gera o estado de oração que facilita tudo. Bom será
ir mudando de ponto de vista, dando acentuação aos aspectos
espirituais da vida, de modo que a vida material vá diminuindo
em importância diante das necessidades evolutivas do espírito
eterno: o amanhã vem aí e logo será hoje...
Uma violenta cólica renal dói bem menos
quando dizemos do fundo da alma: "Pai Infinito, seja feita a
tua vontade e não os meus caprichos... sei que a dor é
necessária à correção dos meus desvios...
ampara-me para que eu saiba suportá-la sem revolta, aproveitando-a
para o meu soerguimento como Teu filho!" Uma das faltas tidas
como mais graves é a revolta da criatura contra o Criador,
a ausência de submissão à vontade divina (O Evangelho
Segundo o Espiritismo); logo, se considerarmos Deus injusto, se murmurarmos
contra as aflições do caminho, etc., ao invés
de aproveitá-las para o nosso adiantamento, aumentaremos a
dívida e teremos de recomeçar mais tarde, tantas vezes
quantas forem necessárias para nosso desprazer e angústia.
vamos, em conclusão, viver na Terra de olhos fitos no Alto,
fazendo desta vida uma contínua preparação para
a outra, buscando o que seja motivo de elevação e largando
o que nos amarre aos círculos inferiores de lutas e sofrimentos.
As maiores dificuldades e obstáculos estão dentro de
nós mesmos.
9. Uma última observação,
não menos importante: para o espírito superiormente
evoluído, o sofrimento é mera contingência
natural dos planos inferiores de existência e não
merece maior consideração; não recebe daquele
qualquer relevância. Muitos missionários descem da Espiritualidade
Superior movidos pelo amor aos semelhantes retardatários, para
o desempenho de tarefas que incluem necessariamente o sofrimento e
até em doses fortes. Enfrentam-no como condição
natural do mundo material a fim de darem cumprimento ao objetivo designado,
que lhes foi atribuído pelo Poder Supremo. Vejam os antigos
profetas e os primitivos cristãos, que vieram à Terra
implantar o Evangelho do Senhor; não havia tortura que os afastasse
do caminho do testemunho de amor ao próximo e da submissão
a Deus e a Jesus. O que sofreram Pedro, Paulo, Francisco de Assis,
Kardec, Gandhi, o nosso Chico, etc., serve de exemplo para o auspicioso
fato de que a dor só impressiona desfavoravelmente ao devedor
e ao involuído, ou seja, ao doente e ao fraco. Para o ser da
Esfera Mais alta, ela é simplesmente um fator peculiar aos
mundos dominados pelo apego à matéria e, logicamente,
quem desce a tais planos fica sujeito a suportá-lo. Eis tudo.
Vejam as excursões de André Luiz e seus
mentores aos círculos de sombra: tiveram naturalmente de agüentar
o peso e a densidade da atmosfera local e os desmandos dos habitantes
dali, inclusive prisão em uma cela. Mas, estavam a serviço
do amor universal e o sofrimento era uma injunção natural,
um preço decorrente do estado de perturbação
do ambiente. Também os nossos amigos e mentores descem até
nós enfrentando vibrações viscosas e nenhum se
queixa: movem-os o poder mais forte do Amor, do Bem e da Luz...