SUMÁRIO:
Durante as duas últimas gerações de pesquisadores
psíquicos não houveram pesquisas envolvendo médiuns
e fenômenos mediúnicos de efeito físicos com
a qualidade e intensidade registradas no final do século
XIX e inicio do seculo XX. Algumas possíveis explicações
tem sido levantadas por pesquisadores atuais, que vão da
ocorrência de fraude no passado, até questões
psico-sociais. Nesse artigo a apresentação de uma
explicação espírita que leva em conta as caracteristicas
especias do objeto em estudo, que associada com as demais pode esclarecer
melhor essa questão.
Introdução
É notório que o auge das pesquisas envolvendo os fenômenos
mediúnicos e os de efeitos físicos em particular (FMEF),
situa-se nas últimas décadas do século XIX
e as primeiras do século XX. As pesquisas com Florence Cook
(William Crookes) e Daniel D. Home (pesquisadores vários)
são bons exemplos dessa fase. Essas pesquisas podem ser consideradas
de boa qualidade, apesar de que os recursos e controles da época
provavelmente seriam hoje considerados insuficientes. Alguns críticos
afirmam e com uma boa dose de razão que seria necessário
replicar essas pesquisas na atualidade e que isso poderia ser suficiente
para concluir positivamente sobre as teorias da sobrevivência
e dos fenômenos Psi em geral, e se isso não acontece
pode ser simplesmente porque esses fenômenos não são
reais. Segundo eles, os resultados positivos obtidos poderiam resultar
de fraudes por parte dos médiuns associado ao despreparo
dos pesquisadores. Os controles de hoje são muito superiores,
incluindo a participação de mágicos e ilusionistas
profissionais, além dos recursos técnicos disponíveis
serem mais adequados para impedir tentativas de fraudes.
Pensamento de Pesquisadores Modernos eu não
vou argumentar aqui contra a hipótese de fraude, simplesmente
eu vou assumir que os fenômenos ocorreram de acordo com as
conclusões dessas pesquisas, ou dizendo de outra forma, que
os fenômenos foram reais. O problema passa a ser então
a responder a pergunta: "Por quê houve uma decadência
na pesquisa dos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos?".
Essa questão é sutilmente diferente de perguntar se
os FMEF realmente desapareceram, nos moldes do que produziam os
grandes médiuns como Eusapia Paladino e Douglas Home, ou
simplesmente eles não são postos em análise
ou os novos médiuns mantém-se anônimos por escolha
deles próprios. O fato é que não surgiram médiuns
com características e potencial desses citados nos últimos
50 anos ou mais. O mais provável é que não
haja uma única resposta para essas questões, e sim
uma combinação de razões. Na opinião
de John Beloff (1)
(Implicações filosóficas dos estudos parapsicológicos)
houve uma onda ciclotímica muito parecido com o que acontece
com movimentos artísticos que surgem e esmaecem com o passar
do tempo, até acontecer uma outra 'onda'.
Ele disse: "... quero assinalar é que
como aparecem aqueles reflexos de criatividade que geralmente associamos
com a atividade artística, a manifestação do
fenômeno paranormal aparece também de maneira ciclotímica
... ". Apesar disso ele diz: "A dura verdade que temos
que enfrentar é que a crua realidade do fenômeno Psi
não foi verificada à satisfação de todos."
referindo-se aos fenômenos Psi em geral.
O Professor Ian Stevenson (2)
(Pensamentos Sobre o Declínio dos Macros Fenômenos
Paranormais) considera que "O ceticismo derivado do materialismo
filosófico pode inibir normalmente a ocorrência de
fenômenos paranormais importantes. ... As fontes bem promissoras
de fenômenos paranormais importantes hoje podem estar em países
industrialmente pouco desenvolvidos, entre alguns indivíduos
especialmente dotados, e em certas experiências raras...".
Mas a frente ele diz: "os pesquisadores psíquicos das
últimas duas gerações tinham menos receio dos
macros fenômenos do que da desaprovação de colegas
em outros ramos de ciência. Isto levou muitos deles a imitar
psicólogos, que, em seus laboratórios, tentavam imitar
os físicos e os químicos nos seus." (Stevenson,
1987) e depois continua: "Além do mais, a pobreza de
cientistas conhecidos em tomar interesse nestes fenômenos
significa que as pessoas tendo experiências paranormais possuem
pouca informação sobre pessoas profissionais qualificadas
a quem eles possam descrever o que experimentam. Também,
pessoas que têm ou que pensam que podem ter sensibilidades
especiais ou capacidades mediúnicas não têm
quase ninguém qualificado na pesquisa psíquica a quem
eles possam se voltar para estímulo e direção".
Entretanto ele reconhece que ... "Também, algum declínio
no interesse dos investigadores de agora pode resultar de uma queda
na quantidade e qualidade dos fenômenos disponíveis
para estudo. ... Posso garantir a vocês que as reivindicações
dos macro fenômenos que permitem investigação
não cessaram por completo, porque nossa unidade na Universidade
de Virginia continua a ser notificada deles de vez em quando."
O Efeito Vontade do Objeto de Estudo De minha parte,
que aceito a sobrevivência da alma como hipótese de
trabalho, não abdicarei de propor uma explicação
um pouco mais ousada. Não significa que essa explicação
substitua todas as outras citadas anteriores, mas mesmo que as complementa.
Penso que houve realmente uma significativa diminuição
na ocorrência dos FMEF, apesar de outros fatores também
influenciem o decréscimo da divulgação desses
fenômenos e também das pesquisas relacionadas. Dessa
forma essa onda ciclotímica sugerida por Beloff teria sido
produzida intencionalmente por entidades desencarnadas (espíritos)
interessados na produção daqueles fenômenos
no período citado, como parte de uma estratégia mais
ampla visando o desenvolvimento moral e tecnológico da humanidade,
e especialmente moral. Uma boa parcela de críticos e pesquisadores
psíquicos ainda não compreendeu ou não aceitou
o fato que o seu objeto de discursão, tem características
que outros objetos de estudo não possui, que nesse caso são
vontade e intencionalidade. Outros fatores como os citados por Stevenson
podem ter contribuído, mas em um grau menor. A ausência
de pesquisas então, seria resultado da escassez de médiuns
para serem estudados, isso tanto porque diminuiu a ocorrência
dos fenômeno quanto pelos outros fatores já citados.
E por que os 'espíritos' não
continuaram produzindo os fenômenos da mesma intensidade do
período citado, já que aparentemente o objetivo era
demonstrar a sua própria existência?
Kardec (1857) deixou claro em vários momentos
que um dos principais objetivos do surgimento do espiritismo era
contrapor-se ao materialismo que estavam em franca ascensão
naquela época. Parecia que o positivismo lógico em
breve responderia todas as questões sobre o universo, não
deixando espaço para nenhum tipo de superstição
(incluindo a religião) na mente das pessoas mais cultas.
O movimento espiritualista surgiu fortemente com muitos fenômenos
e poderosos médiuns, inclusive de médiuns que provocavam
os fenômenos analisados aqui. Cientistas renomados convenceram-se
da realidade dos fenômenos: William Crookes, Camile Flamarion,
Ernesto Bozzano, Cesare Lombroso, etc.. Nesse contexto uma conclusão
parecia inevitável, o fenômeno era real. Entretanto
a interpretação desses fenômenos foram motivos
de intensos debates, muitos atribuíam à uma força
psíquica do próprio médium, portanto sem a
necessidade de um agente desencarnado. Essa idéia é
basicamente igual ao que alguns pesquisadores atuais dos fenômenos
Parapsicológicos chamam de super-Psi. A explicação
espiritualista era mais consistente com o resultados das pesquisas,
mas não conseguiu convencer a maioria dos pesquisadores,
e assim o impasse permaneceu por algumas décadas.
Notemos que nenhuma das explicações
enquadrava-se no pensamento materialista, pois de alguma forma havia
algo imaterial agindo naqueles fenômenos.
Enquanto isso, as ciências naturais davam
saltos cada vez maiores, isso induzia os pesquisadores psíquicos
a usarem a mesma metodologia de trabalho.
Esse foi o caminho seguido por J. B. Rhine (1934)
na tentativa de explicar o que ele chamou de ESP (Extra Sensorial
Perception) mudando o foco das pesquisas para uma perspectiva estatística
e laboratórial, criando assim uma "nova" ciencia
- a Parapsicologia. O sucesso inicial dos resultados
de Rhine a respeito da telepatia e da clarividência, pareciam
apontar para a solução da questão pendente
das décadas passadas. Depois alguns pesquisadores exageraram
em usar os resultados estatísticos da parapsicologia para
declarar que todos os fenômenos autênticos espiritualistas
eram na realidade manifestações parapsicológica
do inconsciente (René Sudre, e outros). Nesse ponto os FMEF
cessaram (ou ficaram ocultos), na minha opinião os 'espíritos'
nos deixaram fazer o que para nós parecia ser o melhor caminho
que era tentar usar os métodos analíticos em laboratório;
e deixaram em beneficio do nosso próprio aprendizado, suponho.
Após meio século de pesquisas a parapsicologia
não havia ainda conseguido o seu intento, e apesar do aperfeiçoamento
dos experimentos (ver experimentos Ganzfeld) o resultado estatístico
ainda não foi capaz de convencer os seus críticos
e nem a maioria dos pensadores acadêmicos da realidade dos
fenômenos. Stevenson (1987) considerou que "A ênfase
desequilibrada em experiências de laboratório que agora
prevaleceu entre duas gerações de pesquisadores psíquicos
necessita correção de rumo, ...". Não
penso que os experimentos estatísticos laboratoriais devam
ser abandonados, mas me parece claro que os macros fenômenos,
por serem auto evidentes, devem voltar a ocupar o lugar que já
possuíram dentro da pesquisa psíquica. Assumir definitivamente,
mesmo que como hipótese de trabalho, que os esforços
devem ser de ambos os lados, dos pesquisadores humanos e dos pesquisadores
desencarnados.
Um ótimo exemplo, que pode estar encabeçando
uma novo ciclo de pesquisas com macros fenômenos, foram as
pesquisas que culminaram no pouco divulgado Scole Report
(Soloman, Grant & Jane (1999). The
Scole Experiment. Scientific Evidence for Life After Death; Londres:
Judy Piatkus, 1999). Nesse relatório membros da SPR
de Londres pesquisaram por dois anos e publicaram um detalhado e
completo relatório com Fenômenos comparáveis
aos obtidos com os grandes médiuns de efeitos físicos
no início do século XX. O Brasil, apesar do alto potencial
em relação a mentalidade favorável da população
em geral, é um péssimo exemplo em se tratando de pesquisas
cientificas nessa área. Em particular os espíritas,
que por razões diversas que não cabe analisar aqui,
não incentivaram de forma consistente as pesquisas seja não
produzindo pesquisas, seja por não elaborar os relatórios
necessários.
Espero que os bons ventos dessa nova onda cheque rapidamente em
terras tupiniquins.