Marcus Alberto De Mario

>       Humanização do Centro Espírita

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Marcus Alberto De Mario
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Está sendo distribuído, gratuitamente, ao movimento espírita, o documento "A Humanização do Centro Espírita", elaborado pelo Grupo de Estudo e Pesquisa Espírita, da cidade do Rio de Janeiro, trazendo "considerações e ferramentas úteis para o processo de conhecimento da doutrina espírita, da fraternidade, afetividade e convivência no Centro Espírita".

Trazemos para reflexão dos dirigentes e trabalhadores espíritas esta análise sobre "Humanização do Centro Espírita". O documento, na íntegra, pode ser encontrado no endereço www.gepenet.hpg.ig.com.br.

"O ideal espírita é de fraternidade, e possui força incalculável de trabalho em prol do progresso e felicidade do homem".

Esta frase acima é do irmão Orson Peter Carrara, extraído do periódico "Dirigente Espírita", e retrata bem o ideal que deve nortear as ações do Movimento Espírita: a fraternidade, conseqüência natural do processo de humanização.

O eminente escritor J. Herculano Pires, declara no seu livro "O Centro Espírita", que "não basta semear idéias fraternistas entre os homens, é necessário concretizá-las em atos pessoais e sinceros".

Portanto, é imperioso que no Centro Espírita, local de convergência dos Espíritas, onde se prega o amor e o entendimento, o perdão e a tolerância, a fraternidade e o respeito, haja a vivência destes sentimentos, buscando a concretização dos ideais espíritas dentro do seu prin-cipal núcleo constituído: o Centro Espírita.

"Que se comece pelo ardor, logo o amor, preparando-se pela qualificação para servir bem. Comecemos a sentir o problema do próximo, e a melhor maneira de senti-lo é colocar-se no seu lugar, fazendo por ele o que gostaria que lhe fosse feito. Com esse exercício nasce uma onda de ternura, um sentimento de solidariedade e, a partir daí, começa-se a dizer: "Meu Deus, eu sou gente, eu sou uma célula do organismo universal; a sociedade caminha na minha vida" (Divaldo Pereira Franco, em "Novos Rumos para o Centro Espírita", Editora Leal, 1999).

Com essas palavras Divaldo Franco interpreta o "humanizar" proposto por Joanna de Ângelis, ou seja, tudo realizar com amor, com sentimento, colocando-se no lugar do outro para sentir seus dramas e suas alegrias.

É o término das fofocas, das intrigas, dos ciúmes, dos personalismos, dos achismos, da centralização do poder, dos melindres e tantos outros males que fazem estragos consideráveis na seara espírita.

Humanizar o Centro Espírita. Trabalhar as relações interpessoais mergulhando-as no amor para vivenciar-se a fraternidade. Saber conviver com as diferenças através do diálogo construtivo.

Como? Colocando em prática as sugestões a seguir.


Propostas de Dinamização das Atividades do Centro Espírita

1. Atendimento Fraterno
Que o Centro Espírita, através de sua equipe de trabalhadores voluntários, procure realizar o "Atendimento Fraterno" todos os dias da semana, por plantão, ou, quando isso não for possível, nos horários de funcionamento do Centro, tanto nas reuniões públicas como outras, pois o sofrimento, a dor e a procura por orientação não esperam dia e hora.

2. Reuniões Públicas
Na medida do possível, que o Centro Espírita disponibilize "Reuniões Públicas" com palestra e passe nos períodos da manhã, tarde e noite, para atender o maior número possível de pessoas, estabelecendo alternativas para o público durante a semana. Poderá ser criada reunião com palestra e passe no horário do almoço para atender as pessoas que trabalham no comércio ou empresas da região.

3. Desobsessão
Aumentar o número de grupos mediúnicos de desobsessão, disponibilizando novos dias e horários para esses grupos trabalharem no atendimento aos encarnados e desencarnados, possibilitando assim também o ensejo de trabalho aos diversos médiuns e doutrinadores em desenvolvimento (ou educação mediúnica).

4. Salas Temáticas
Através do uso do salão principal e outras salas menores, criar nas reuniões públicas as "Salas Temáticas", ou seja, cada uma com um tema específico a ser desenvolvido pelo expositor, podendo o público escolher livremente o tema de sua preferência para assistir ao estudo.

5. Grupos (ou Ciclos) de Estudo
Nos moldes de um curso, o Centro Espírita deve implantar os "Grupos de Estudo da Doutrina Espírita", favorecendo tanto os que iniciam seu conhecimento do Espiritismo, como aqueles que procuram aprofundamento doutrinário. Os "Grupos de Estudo" devem ter a duração mínima de três meses (cursos introdutórios) e um ano (cursos de aprofundamento), além do "Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita" com duração mínima de quatro anos.

6. Perguntas e Respostas
Nas reuniões públicas reservar de quinze a trinta minutos para o expositor responder perguntas do público sobre o tema apresentado, ensejando interação público/expositor e assim dinamizando a reunião, melhor atingindo os interesses dos que se dirigiram ao Centro Espírita.

7. Livraria
O Centro Espírita deve instalar a "Livraria Espírita" preferencialmente junto à entrada do Centro, permitindo livre acesso, divulgando a doutrina através do livro.

8. Espaço Cultural Espírita
Manter uma "Biblioteca" acessível ao público, com o empréstimo de livros por um perío-do de até quinze dias, renovável por mais quinze. Dispor, junto da Biblioteca, de um espaço para que o associado faça leituras e consultas a livros, revistas e jornais espíritas, se possível também disponibilizando vídeos e outras mídias de comunicação. A cultura espírita é fator de progresso intelectual e moral do ser humano, e o serviço de empréstimo e consulta facilita a-queles que não possuem renda para se servir da Livraria.

9. Pesquisa
Realizar pesquisa, periodicamente, junto ao público freqüentador e também junto aos trabalhadores, sobre suas necessidades e os temas preferenciais para estudo. Conhecer o horizonte sócio-cultural daqueles que procuram o Centro Espírita é fundamental para direcionar com sensatez e objetividade as atividades da casa. Após a realização da pesquisa, formar uma equipe para planejar ações que visem atender os resultados da pesquisa.

10. Diálogo
Nas "Reuniões Públicas", nas "Salas Temáticas" e nos "Grupos de Estudo", favorecer a exposição dialogada, utilizar recursos áudio-visuais e realizar atividades dinâmicas, sempre que possível, provocando o "pensar" e a formação de consciências.

11. Acolhimento
Acolher com simplicidade e fraternidade todos aqueles que chegam ao Centro Espírita, atendendo-lhes as necessidades e encaminhando-os para os diversos serviços oferecidos. Uma boa equipe de "Recepção", dialogando com amor, é cartão de visita que marca o ensejo do próximo encontro.

12. Encontro de Trabalhadores
Integrar, harmonizar, socializar os diversos trabalhadores do Centro Espírita, periodicamente, em reuniões confraternativas e de estudo, possibilitando a troca de idéias e de experiências. Criar o "Dia do Centro Espírita" com recreações, jogos, atividades culturais, apresentação musical, oficinas de vivências, palestras, almoço e lanche. Deverão funcionar a livraria, o centro cultural espírita e a secretaria envolvendo todos os trabalhadores e freqüentadores do centro espírita.

13. Grupo de Estudo da Atualidade
Criar grupos de discussão sobre temas atuais à luz do Espiritismo, utilizando jornais, revistas e noticiário da tevê e rádio, realizando uma reunião com bastante dinamismo, diálogo e, se possível, aplicando dinâmicas bem objetivas. Pode-se, com antecedência, solicitar que algum freqüentador traga o assunto a ser enfocado, ou todos poderão fazê-lo, ficando a cargo do grupo escolher qual assunto será debatido.

14. Comissões Visitadoras
Que as Casas Espíritas criem pequenas comissões com a finalidade de visitarem-se mutuamente, pelo menos dentro de uma mesma região, com a finalidade de estreitarem os laços de convivência, trocarem informações, realizando uma aproximação, participando algumas vezes como frequentadores nas reuniões das Instituições vizinhas.

15. Atividades Conjuntas
Os Centros Espíritas de uma mesma região, ou de um mesmo bairro, podem se unir para atividades comuns como: realização de feira do livro espírita, criação de um programa de rádio, promoção de treinamentos para o trabalhador espírita, criação e manutenção de um site na internet, integração de trabalhos sociais, realização de semana espírita, e outras atividades.

16. Colegiado
Para melhor dinamização de sua administração, sugerimos que o Centro Espírita utilize a direção colegiada, privilegiando as prioridades doutrinárias, permitindo decisões e execuções de tarefas em grupo, com diálogo, troca de idéias e deliberações em conjunto. O colegiado permite a formação de equipes em todas as áreas e se opõe ao personalismo e a centralização administrativa/doutrinária.

17. A Família no Centro Espírita
Todo Centro Espírita deverá criar um Departamento que trate exclusivamente da família, tendo um enfoque da mesma como um todo, desde a criança que participa da evangelização até o idoso que comparece ao Centro. Este Departamento deverá trabalhar em sintonia com os outros Departamentos: de Infância e Juventude, Assistência Social, Doutrinário e ou-tros, procurando promover o bem estar da família no Centro Espírita, estimulando sua vinda ao Centro, promovendo atividades em dia e horário que possa toda a família comparecer. Estas atividades deverão ter característica de aproximar a família do Centro Espírita e melhorar as relações de convivência familiar. O Centro Espírita deverá passar a ser visto como um ponto convergente de toda a família espírita, e não como um local de "obrigações" religiosas, mas um local agradável e disponível.

18. Promoção Social Humana
Na área do serviço assistencial, criar oficinas profissionalizantes (corte e costura, artesanato, marcenaria, pintura em tecido, etc.) e grupo de estudo da doutrina espírita, de partici-pação obrigatória por parte da família cadastrada para atendimento. Levar as crianças dessa família à evangelização espírita infanto-juvenil (também de caráter obrigatório). A assiduidade e participação contarão bônus que serão trocados semanalmente, ou mensalmente, pelos alimentos e vestuário que a família necessitar. O atendimento terá tempo limite (de seis meses a um ano), objetivando-se a promoção sócio-cultural-profissional-espiritual da família atendida.

19. Qualificação dos Trabalhadores
Periodicamente os Centros Espíritas de uma mesma região devem se envolver na tarefa comum de recapacitação e qualificação dos seus trabalhadores, através de cursos regulares sobre administração do centro espírita, atendimento fraterno, recepção, mediunidade e outros temas. Lembramos que essa "reciclagem" pode também ser feita isoladamente por cada centro espírita. A formação de uma equipe responsável pelo treinamento, procurando manter-se atualizada e ativa, é recomendável.

20. Integração
Procurar priorizar a integração da criança, e principalmente do jovem, ao Centro Espírita, motivando e cativando os jovens da mocidade espírita para participarem das atividades da casa. Esse estímulo deve ser feito através do diálogo constante e da interação por parte dos adultos nas atividades juvenis.

21. A terceira Idade
O Centro Espírita deve promover trabalhos direcionados aos freqüentadores e trabalha-dores da terceira idade, integrando o idoso nas tarefas e serviços ofertados ao público.

 


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