A expressão acima foi usada
por Erasto, em item específico (o número 10) do capítulo
21 – Haverá falsos cristos e falsos profetas
– em O Evangelho Segundo o Espiritismo. O item referido
tem o título de Os falsos profetas da erraticidade.
E o autor está se referindo aos espíritos desencarnados
que classifica como vaidosos e hipócritas, dada a condição
ainda de presos a paixões que os escravizam a planos espirituais
inferiores, mais densos.
Vale dizer que o texto é bem claro na expressão que
usei como título:
“(…) São geralmente espíritos ávidos
de poder que, déspotas públicos ou privados durante
a sua vida, querem ainda vítimas para tiranizar após
a sua morte. (…)”. Percebe-se claramente que a situação
pouco mudou no planeta, e não é mera coincidência
o que ocorre no planeta nessa fase aguda de transição.
Muitos deles estão também reencarnados, ocupando corpos
carnais e posições humanas que lhe facilitam esse tipo
de comportamento e assédio. Pior que assessorados por outros
que, desencarnados, encontram eco favorável de atuação
com os quais se afinam.
E como o próprio Erasto afirma: “(…) eles são,
quase sempre, espíritos vaidosos e medíocres que tendem
a se impor aos homens fracos e crédulos, prodigalizando-lhes
louvores exagerados, a fim de os fascinar e tê-los sob a sua
dominação (…)”.
Importante também que se lembre que a palavra erraticidade,
utilizada no subtítulo em destaque acima, define os espíritos
no intervalo entre as encarnações, e não é
derivada de erro, como apressadamente pode-se supor.
A oportuna advertência é muito útil para médiuns,
grupos mediúnicos e dirigentes de reuniões de intercâmbio
com os espíritos, espíritas ou não, de vez que
estamos sujeitos às intromissões de espíritos
que se valem da invisibilidade para enganar e dominar, levando a desdobramentos
sempre lamentáveis que se enquadram em fanatismos, extremismos,
ridículos e obsessões que podem se tornar cruéis
e de difícil solução.
Mas abre outra perspectiva: o da atuação desses mesmos
espíritos em todos os segmentos da sociedade, já que
as afinidades não estão restritas aos espíritas
ou a grupos mediúnicos. Aprendemos com Kardec que todos somos
mais ou menos médiuns e as afinidades ou conexões
se estabelecem a partir da própria condição de
nossa natureza espiritual. Independente da crença, nacionalidade,
raça, sexo, mediunidade ostensiva ou não.
Portanto, tais influências ocorrem, sejamos ou não médiuns,
sejamos espíritas ou não. Não exclusividade do
Espiritismo, nem tampouco de médiuns, como se aplica a palavra
no sentido ostensivo.
Estamos todos sujeitos a esses assédios e a única maneira
de evita-los ou de nos proteger é colocando toda nossa confiança
em Deus e fazendo o bem, que atrai a presença dos Bons Espíritos.
E, anda mais, considerando que os Espíritos são os mesmos,
seja na condição de encarnado ou já na dimensão
espiritual, e que se apresentam em diferentes níveis de maturidade
e conteúdo, o que ocorre no plano espiritual, também
ocorre entre nós, os encarnados.
Também os há ainda presos à vaidade e mediocridades
variadas, impondo-se àqueles que se deixam dominar pela ingenuidade
ou crença cega em suas promessas e manipulações.
E a expressão louvores exagerados (usada por Erasto
m seu texto) que, no caso quando vindo dos espíritos que se
mascaram de sábios – valendo-se da invisibilidade –,
são os elogios, fazendo-se bonzinhos e usando palavras para
primeiro conquistar e depois enganar, pode também ser usada
entre os encarnados não só em forma de elogios, mas
especialmente por meio das manipulações variadas tão
conhecidas, com ilusões de toda natureza.
E Erasto não receia citar: déspotas públicos
ou privados durante a sua vida, querem ainda vítimas para
tiranizar após a sua morte. Espíritos ainda com vaga
noção de solidariedade, ainda muito dominados pelo egoísmo.
Manifestando-se em reuniões mediúnicas ou estando encarnados
em diferentes segmentos sociais, é seu modus-operandi.
Acrescente-se que todos nós nos enquadramos de uma forma ou
outra, mas no fundo o que prevalece é que nos devemos mútua
tolerância. Afinal estamos todos no mesmo caldeirão
do aprendizado, necessitados todos de intenso aprendizado e permanente
renovação dos próprios valores.
Pelo menos já temos consciência da questão…
aumenta nosso dever.
E não se assuste ou se atemorize o leitor. É da natureza
humana e somente vivendo tais experiências, de agir com egoísmo
ou sofrer-lhe os desdobramentos, é que nos libertarmos dessas
grades que nos escravizam à mediocridade que ainda nos caracteriza.