Cada vez mais a interpretação
e compreensão da importância dos sonhos, adquire relevante
papel na vida humana. Neles residem a comprovação da
nossa vida psíquica e através dos sonhos nos reciclamos.
Se o oxigênio é fundamental para viver, sonhar enquanto
dormimos também é. Tanto que poderíamos morrer
se não fôssemos capazes de sonhar.
Os sonhos são tão necessários ao equilíbrio
biológico e mental como o sono, o oxigênio, e uma alimentação
sadia. Alternando relaxamento e tensão psíquica ele
cumpre uma função vital. Morte ou demência podem
chegar a ser falta total de sonhos. O sonho é um dos melhores
agentes de informação sobre o estado psíquico
de quem sonha. Fornecem através de símbolos vivos, um
quadro da situação existencial presente da pessoa. Os
sonhos representam, para quem sonha, imagens geralmente insuspeitadas
da própria pessoa. Revela como está o eu da pessoa.
O que torna muito complicada a interpretação dos sonhos
é que a nossa mente dissimula as imagens do próprio
indivíduo, substituindo-os por símbolos. Uma coisa importante
é saber que, os símbolos são aqueles que nós
mesmos construímos ou usamos com significados próprios
e particulares. Por exemplo, se um dia, ao levar uma surra da mãe,
na mente da criança, sob o impacto da emoção
a impressão foi de uma mãe ursa ficando em pé
sobre as patas traseiras, esta figura pode transformar-se, para aquela
criança, num símbolo de agressividade que, um dia poderá
surgir nos seus sonhos.
Talvez, o papel mais importante dos sonhos, seja o de estabelecer
no psiquismo de uma pessoa, uma espécie de equilíbrio
compensador. Assegura uma auto regulação psico biológica.
Por quê? Nossas reações às experiências
são principalmente emocionais. Nos sonhos, elas são
ainda mais emocionais, pois os sonhos são um agente de concentração
de nossos vários motivos subjetivos, ou profundamente íntimos
e particulares. Além disso, enquanto dormimos e sonhamos, os
nossos alertas mentais, o que chamamos de censuras internas, estão
relaxadas e daí a nossa mente inconsciente pode deixar emergir
as imagens que ajudam a expressar as experiências emocionais
que vivemos quando estamos acordados.
Assim, criamos nos nossos sonhos, um mundo em que o espaço
e o tempo não possuem poderes restritivos e muito menos precisam
ficar limitados às imagens convencionais para representá-los.
Desta forma, ao contar uma história podemos não usar
uma figura simbólica por achá-la inadequada ou imprópria,
enquanto que, nos sonho tal imagem pode aparecer sem restrição
nenhuma, porque inconscientemente é a tal imagem que melhor
representa o nosso sentimento.
Segundo recentes pesquisas um ser humano de 60 anos teria passado,
no mínimo, 5 anos de sua vida sonhando. Estudos científicos
revelam que temos um mínimo de 3 sonhos por noite, mas pode-se
ter até nove. Já ficou estabelecido que os surdos e
ou cegos sonham, que crianças sonham desde os oito meses, e
que as pessoas de baixo QI sonham tanto quanto as de QI muito alto.
Fazendo um espécie de “mix” das várias definições
sobre os sonhos, podemos dizer que eles são expressões
ou representações, espontâneas e simbólicas
de como anda a nossa vida inconsciente, onde guardamos as emoções
vividas e os desejos que, nem sempre podemos realizar, sejam por que
não conseguimos ou por que fomos impedidos.
Os sonhos sempre ocuparam lugar de destaque na vida emocional e mental
dos povos. No Egito antigo atribuía-se aos sonhos um valor
sobretudo premonitório: os deuses criaram os sonhos para indicar
o caminho aos homens, quando esses não podiam ver o futuro.
Precisavam interpretar com acerto os sonhos para entenderem as indicações
dos deuses. Para os negritos das ilhas Andamã, os sonhos são
produzidos pela alma, que é considerada como a parte maléfica
do ser. Sai pelo nariz e realiza fora do corpo as proezas de que o
homem toma consciência em sonhos.
Para os índios da América do Norte, os sonhos estão
na origem das liturgias, estabelecem a escolha dos sacerdotes e conferem
a qualidade de xamã. É deles que provêm a ciência
médica, o nome que se dará às crianças,
e os tabus; eles ordenam as guerras, as caçadas, as condenações
à morte e a ajuda a ser ministrada;
Para os bantus do Kasai (bacia Congolesa) certos sonhos são
produzidos pelas almas que se separam do corpo durante o sono e vão
conversar com as almas dos mortos. Esses sonhos têm caráter
premonitório referente à pessoa, ou então podem
consistir em verdadeiras mensagens dos mortos aos vivos, que interessam
à toda comunidade.
Neste ponto, não podemos deixar de incluir o significado dos
sonhos em nossas vidas, segundo a Doutrina dos Espíritos.
O Livro dos Espíritos nos mostra que o Espírito encarnado,
na realidade, vive e aspira ver-se livre da matéria densa.
Os sonhos são uma forma de desdobramento que permite ao Espírito
estes momentos de exercício na esfera espiritual, embora continue
ligado ao corpo e, portanto, à matéria. O repouso do
sono é necessário para o corpo como já vimos
acima, mas o Espírito jamais fica inativo. Durante o sono ele
tem a oportunidade e o privilégio de entrar em relação
mais direta com os outros Espíritos. Também é
estimulante saber que o Espírito dispõe de mais faculdades
durante o sono, isto é, no desdobramento possível ao
Espírito enquanto sonha, ele pode investigar tanto o seu passado
como o seu futuro. Pelo efeito dos sonhos, os Espíritos encarnados
estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos,
uma espécie de porta que Deus permite ser aberta para um contato
mais direto com os amigos da Espiritualidade. Produtos da emancipação
temporária da alma que se torna mais independente pela suspensão
da vida em vigília e de relações, os sonhos são
vivências que acabam sendo lembrados, quando acordamos, apenas
parcialmente. Muitas vezes poderemos lembrar de fragmentos ou mesmo
de enredos completos que estão cheios de simbologia a partir
das experiências que tivemos enquanto sonhávamos.
O Livro dos Espíritos explica ainda, que os sonhos são
verdadeiros no sentido de apresentarem imagens reais para o Espírito,
e que nem sempre têm relação com o que se passa
na vida corpórea. Uma vez que a alma, durante o sono, continua
sob a influência da matéria, os nossos sonhos podem narrar
acontecimentos ligados às idéias que temos na vida ativa.
A dimensão do tempo também fica muito diferente durante
o sono. É possível sonhar uma longa história
numa fração de segundos. Até mesmo aquele “cochilo
do sofá” ou aquela caída da cabeça quando
estamos com sono no ônibus, resulta em tempo suficiente para
que sejamos transportados para uma vivência em sonho.
Durante os sonhos, podemos receber orientações de outros
espíritos, visitar Espíritos que nos são caros
e estimados ou com quem tenhamos assuntos a serem discutidos e, se
possível, resolvidos. Entramos em contato com parentes, pessoas
conhecidas e amigos, contatos e conversas que podem nos ficar na memória
como intuições obtidas em tais experiências.
Ainda segundo o Livro dos Espíritos, podemos provocar visitas
espíritas voluntariamente, podendo ocorrer que, ao ir realizar
uma visita, na verdade ela não seja intenção
do Espírito quando acordado, nesse caso prevalece a vontade
do Espírito quando está em desdobrando, podendo ser
divergente das suas idéias de quando está em vigília.
Se as prioridades do Espírito podem ser diferentes enquanto
o seu corpo dorme, significa que na esfera espiritual, podemos ter
pendências mais urgentes para serem resolvidas e simples desejos
da vida corpórea podem não merecer ou não garantir
intenções realizadas.
O desdobramento dos sonhos, podem ainda servir para que Espíritos
tenham a oportunidade, até mesmo de participar de Assembléias
de Espíritos, com fins úteis e necessários para
os mesmos. O Livro dos Espíritos nos informa que há
Espíritos que podem estudar enquanto o seu corpo repousa durante
o sono.
Por fim, é importante saber que, os Espíritos podem
se comunicar através de pensamentos sem que estejam atrelados
ou limitados ao uso de símbolos exteriores e de linguagem,
constituindo assim uma espécie de linguagem dos Espíritos
que, às vezes, experimentamos ao sonhar. Quando temos a convicção
de conversar com uma outra pessoa em sonho e lembramos que ela não
mexia a boca enquanto nós compreendíamos o que estava
nos dizendo, é um exemplo dessa linguagem que aqui no plano
terreno, chamamos de telepatia ou conversa só pelo pensamento.
Estas são apenas umas poucas amostras da valorização
dos sonhos em várias culturas e também dos significados
dos sonhos que foram acrescentados às nossas vidas com a compreensão
da utilidade e necessidade dos sonhos a partir das revelações
da Doutrina Espírita. É bom lembrar que, em todas as
culturas, os sonhos têm significados próprios de acordo
com os valores dos povos. Para não elaborar uma lista enorme
de citações, podemos tomar a Bíblia como um dos
livros que contém, tanto relatos de sonhos, como as interpretações
que eram feitas à época dos povos antigos, transformando
seus intérpretes em conselheiros de Reis e Faraós, mas
também inimigos de governantes ou de Deus, quando essas interpretações
eram errôneas ou traziam maus presságios.
Se você é daquelas pessoas que não se lembra dos
seus sonhos, é uma pena porque você está sendo
privado de informações importantes a seu próprio
respeito. Se você se lembra com facilidade e gosta de falar
de sonhos, você tem nas mãos uma ótima fonte de
dados a respeito da sua vida inconsciente, e pode ser sinal de que
você, como pessoa, possui um canal aberto com o seu psiquismo.
Isso pode ajudar a aprimorar e implementar o seu auto-conhecimento.
13/11/2002