Quando Reginaldo Prandi, um dos principais estudiosos das religiões
brasileiras, começou a trabalhar como cientista social
no Cebrap, lá pelos idos de 1971, um dos seus primeiros
temas de pesquisa foi precisamente o espiritismo, num projeto
dirigido por Cândido Procópio Ferreira de Camargo
que deu origem às primeiras publicações sobre
o kardecismo e a umbanda, segmentos religiosos que ganharam o
nome na literatura acadêmica de religiões mediúnicas
(Camargo, 1961 e 1973).
Desde então, Prandi vem trabalhando na área de Sociologia
da Religião e conta hoje com diversos trabalhos, dentre
os quais podemos destacar os seus estudos sobre o catolicismo
carismático (Prandi, 1988),
as religiões afro-brasileiras (Prandi,
1996 e 2001), com especial ênfase
no candomblé (Prandi, 1991
e 2005), e sobre a dinâmica
das religiões no Brasil (Prandi
e Pierucci, 1996; Prandi e Barba, 2002).
Nenhum deles, porém, havia privilegiado analisar especificamente
o espiritismo, tarefa a que Reginaldo se dedicou agora, quarenta
anos depois daquele começo, com a publicação
de "Os mortos e os vivos: uma introdução ao
espiritismo" – mais um em sua extensa lavra de 30 livros,
vale dizer.
Com mão leve e preocupado apenas em apresentar em linhas
gerais o desenvolvimento do espiritismo no país, o sociólogo
oferece ao leitor, de forma isenta e esclarecedora, uma análise
sócio-histórica de duas religiões que ganharam
lugar no espaço da diferenciação religiosa
brasileira: o kardecismo, “religião discreta”
da classe média, e a umbanda, religião tipicamente
brasileira que adquiriu em nossa história republicana,
aos olhos de uma elite intelectual que se deixou embalar na crença
de um “Brasil brasileiro” (Concone,
1987), um significado importante para
a compreensão da nossa cultural plural. Mas, embora a umbanda
tenha inegavelmente se beneficiado desse status, o que Prandi
nos fala em seu livro é que ambas as crenças –
tanto o kardecismo quanto a umbanda – dizem muito sobre
o país. As duas, por essas bandas, se desenvolveram de
forma bastante peculiar: uma porque nasceu aqui mesmo, carregando
a sina de ser a religião nacional; a outra porque tomou
uma forma bem brasileira.
Ao se referir, no primeiro capítulo, à crença
imemorial em entidades invisíveis, Reginaldo começa
o livro ressaltando que é dentro de um contexto mais amplo
denominado Movimento Espiritualista – antes de tudo um fenômeno
moderno – que podemos entender o surgimento da Doutrina
Espírita.
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Fonte: Debates do NER, Porto Alegre, ano 14, n. 23 p.
255-260, jan./jun. 2013