Espiritualidade e Sociedade





Marcelo Gulão Pimentel

>     Espiritismo: Política, Religião e Reforma Social na França (1857-1869)

Artigos, teses e publicações

Marcelo Gulão Pimentel (1)
>   Espiritismo: Política, Religião e Reforma Social na França (1857-1869)

 

 

INTRODUÇÃO

 

Este capítulo pretende evidenciar como Allan Kardec definiu o caráter religioso do espiritismo, reelaborando os conceitos de progresso, reencarnação e regeneração social presentes no discurso de alguns dos principais reformistas sociais franceses da primeira metade do século XIX, notadamente de Jean Reynaud (1806-1863). Essas ideias marcaram o cenário político, religioso e social da França no período. Para essa análise, foi utilizado o conceito de espiritualidade secular estabelecido pela historiadora norte-americana Lynn L. Sharp, aplicado para um variado número de crenças surgidas a partir de 1830 que usam a ideia de reencarnação como base de suas doutrinas religiosas, acreditando em um contínuo desenvolvimento espiritual (2006, p. xii-xiii).

1- Este capítulo é uma versão adaptada do capítulo seis da tese Entre o Púlpito e o Altar: Allan Kardec e os debates entre espiritismo, ciência e religião na França do século XIX (1858-1869). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. As adaptações realizadas neste artigo ocorreram graças às fontes disponibilizadas no Projeto Allan Kardec, cuja pesquisa é realizada com apoio da FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Processo Nº.: APQ-04113-23)

2- É Pós-Doutorando em História pela Universidade Salgado de Oliveira. Possui Graduação em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2004), Pós-Graduação Lato-Sensu em História Moderna pela Universidade Federal Fluminense (2006) Mestrado em Saúde pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2014) e Doutorado em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2019). É professor de História do Colégio Naval.

 

Essas novas religiões populares se apresentavam como uma moderna forma de conciliação entre valores seculares e religiosos, sendo o espiritismo um tipo de espiritualidade popular que promovia o ideal de progresso iluminista sem o sacrifício da religiosidade.

OS PERÍODOS DO ESPIRITISMO

Em dezembro de 1866, Kardec escreveu uma prece revelando o desfecho que vislumbrava ao espiritismo:

Quanto mais medito sobre o objetivo final do espiritista, que é sua constituição em religião, mais eu sinto minhas ideias se aclararem e o plano se delinear, sem dúvida graças à assistência de vossos mensageiros; porém, mais também eu sinto quanto esse trabalho exige calma e meditações sérias.
[...] Se as circunstâncias me obrigarem a me expatriar, peço que os bons Espíritos preparem os caminhos para que eu possa, em meu retiro, dedicar-me sem problemas a esses trabalhos
[...].
Quanto ao local do retiro, tenho em vista Locarno, que me parece reunir as melhores condições; sobre isso, porém, seguirei os conselhos dos Bons Espíritos. Parece-me útil, antes de partir, ter feito o volume da Gênese.

A prece nunca foi publicada em nenhuma parte de sua extensa obra. Contudo, ela expressa um objetivo para o espiritismo: tornar-se uma religião. Essa ideia não era nova.

Ao longo de suas publicações, Kardec construiu um sentido teleológico para o espiritismo e para a humanidade, tal como faziam influentes pensadores de sua época, como Auguste Comte, Pierre Leroux e Karl Marx. Em dezembro de 1863, ele afirmou na Revista espírita que a evolução do espiritismo ocorreria em seis momentos: o período da curiosidade (1848-1857), começando com as manifestações mediúnicas ocorridas em Hydesville (EUA) e encerrando no ano do lançamento de O livro dos espíritos. O período psicológico ou filosófico (1857-1861) no qual foi desenvolvida a maior parte das principais teses do espiritismo (RS (3), abr/1858, p. 94-95). O período de luta (1861-1866), quando o espiritismo enfrentou em uma fase aguda de ataques, notadamente de membros do clero e de seguidores do catolicismo (RS, dez/1863, p. 377-378). O período religioso, aparentemente alcançado no final de 1866, quando Kardec escreveu a prece. Nessa fase o espiritismo se estabeleceria entre as religiões reconhecidas no mundo O quinto período seria intermediário até um sexto e último, chamado de renovação social, quando as ideias espíritas passariam a ter influência na sociedade, conduzindo a humanidade a um novo perfil moral (RS, set/1858, p. 243; dez/1863, p. 379).

3- Para este capítulo utiliza-se a seguinte lista de abreviaturas e siglas: ES - L’Évangile selon le Spiritisme (1864); GE - La Genèse, les Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme (1868); RS - Revue Spirite (1858-1869); LE¹ - Le Livre des Esprits (1ª Edição - 1857); LE² -Le Livre des Esprits (2ª Edição - 1860); LM - Le Livre des Médiums (1861); OP - Oeuvres Posthumes (1890); VS - Voyage Spirite en 1862 (1862).

É possível notar diversas características morais à renovação social desejada por Kardec em obras de socialistas românticos como Saint-Simon e, principalmente, o ex-sansimonista Jean Reynaud, o qual Kardec cita cerca de 50 vezes na Revista Espírita, entre 1862 e 1869.

KARDEC E O SEU COMPROMISSO COM A REFORMA SOCIAL

Kardec buscou reelaborar o reformismo social com características religiosas (Sharp, 2006). Filho e neto de revolucionários republicanos (Pimentel, 2019, p. 91-93), desde cedo Hippolyte Rivail (1804-1869) se uniu a causas que buscavam a reforma gradativa da sociedade francesa. Entre 1820 e 1850, foi um dos defensores da educação laica e da inclusão de meninas no ensino público (Rivail, 1828), pautas também encampadas pelos revolucionários liberais de 1830, que derrubaram a monarquia absolutista e, principalmente, pelos revolucionários de 1848, que instituíram a Segunda República Francesa (Pimentel, 2019, p. 56-83).

Havia várias afinidades entre sansimonistas e espíritas. Kardec considerava Saint-Simon um pensador indispensável para o progresso da humanidade, já que a prática da caridade e a busca do bem comum estão no sansimonismo como elementos fundamentais ao restabelecimento dos valores morais do cristianismo (RS, dez/1863, p. 357). Todavia, ele criticava o caráter político e materialista das causas que esse conjunto de ideias, abraçado por tantos como seita, propagava. O sansimonismo obteve um brilho efêmero, concentrando-se no segundo quartel do século XIX, por conta dos homens eminentes ligados a Saint-Simon, como o professor da Escola Politécnica de Paris, Prosper Enfantin. O seu maior erro, segundo Kardec, era o de apoiar a reforma social exclusivamente em interesses materialistas, o que resultaria em laços frágeis de solidariedade, como seria a vida corporal, enquanto os laços ancorados na certeza da vida futura criariam raízes no coração (RS, dez/1864, p. 389-392).

Kardec acreditava que a regeneração social viria com a solidariedade e a fraternidade que seriam responsáveis pela transformação das instituições. A fraternidade deveria ser o cerne da nova ordem social. Mas apenas haveria fraternidade real se a humanidade acreditasse nos princípios fundamentais: Deus, a alma, o futuro, o progresso individual indefinido e a perpetuidade das relações entre os seres (RS, out/1866, p. 296). Dessa forma, a reforma social idealizada se estabeleceria por meio de uma reforma moral da humanidade fundamentada nos valores cristãos.

Exemplificando sua teoria, Kardec angariou fundos entre os espíritas em socorro aos mais necessitados. Diante de uma crise algodoeira na primeira metade da década de 1860, diversas indústrias fabris fecharam, o que desempregou muitos trabalhadores. Em 1862, realizou uma subscrição para enviar dinheiro em auxílio dos trabalhadores de Lyon (RS, fev/1862, p. 55). No ano seguinte, uma nova subscrição para favorecer os operários fabris (RS, jan/1863, p. 32). Em 1864, mais uma subscrição em favor das vítimas de um grande incêndio ocorrido em Limoges (RS, dez/1864, p. 400). Também foram realizadas solicitações de ajuda para os inundados de Paris (RS, nov/1866, p. 352), aos pobres e vítimas do cólera em Lyon (RS, dez/1865, p. 359-360).

Em consonância com os republicanos franceses que aboliram a escravidão na França e em suas colônias em fevereiro de 1848, Kardec se colocava abertamente contrário a permanência da escravidão nos Estados Unidos e aos maus tratos que eram submetidos os escravizados (De Sousa, Pimentel, 2021). Também pregava a favor da igualdade de direitos entre homens e mulheres (VS, p. 70; LE², p. 294) e apoiou a formação da liga que lutava pelo ensino gratuito, laico e obrigatório (RS, mar/1867, p. 79-80). Criada pelo pedagogo e político francês Jean Macé, junto com cinco espíritas (Leymarie, Camille Flammarion, André Vautier, Emmanuel Vauchez e Alexandre Delanne), Kardec criou subscrições com o objetivo de elaborar material de divulgação (Aubrée, Laplantine, 2009, p. 97).

Ao contrário dos sansimonistas, que se tornaram uma seita, Kardec repudiava o caráter de nova religião dada ao espiritismo (RS, out/1862; jan/1866), assim como recusava a liderança do movimento (RS, abr/1866). Em dezembro de 1868, Kardec desenvolveu um artigo tratando do tema, chamado: Le Spiritisme est-il une religion? (O espiritismo é uma religião?). Acreditando contar com milhões de adeptos em todo mundo, admitiu, pela primeira vez publicamente, que o espiritismo era uma religião no sentido original da palavra religar, ou seja, criar laços entre os homens e uma comunhão de sentimentos, de princípios e crenças (RS, dez/1868, p. 358).

O laço estabelecido por uma religião seria um laço moral, que teria como consequência o estabelecimento de sentimentos mútuos de fraternidade, solidariedade, indulgência e benevolência. Elementos estes que Kardec enxergava como frágeis no sansimonismo, pois só seriam alcançados pelo elo religioso ausente nesta seita. O espiritismo seria, assim, uma religião no sentido filosófico, por gerar a comunhão de pensamentos fraternos, fundamentados nas próprias leis da natureza que seriam as relações com o mundo espiritual, consideradas sobrenaturais, que passaram a ser explicadas pelo espiritismo. O sentimento que deveria conduzir os espíritas seria o da caridade humanitária, ou seja, praticar o bem a todos indistintamente, unindo a humanidade sob a égide da fraternidade universal (RS, dez/1868, p. 360-362).

Kardec imaginava que o principal compromisso do espiritismo era com a reforma social. Acreditava que o tempo da regeneração social estava próximo e a humanidade, convencida pela necessidade da fraternidade, iniciaria uma época que levaria à paz e à igualdade. A caridade seria o elemento crucial ao aperfeiçoamento do indivíduo e da humanidade, conforme estava escrito no frontispício de suas obras: “Fora da caridade não há salvação”.

Nesse discurso, voltado aos membros da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em alusão ao Dia de Finados, Kardec também buscou justificar por que havia declarado tantas vezes que o espiritismo não era uma religião. Em sua explicação, afirmou que a palavra religião era entendida pela sociedade francesa com uma direta associação à ideia de culto, casta sacerdotal com hierarquia e cerimônias, que seguiam um roteiro e com premissas que não encontravam correspondência nas reuniões realizadas pela sociedade espírita.

Defendia a formação de núcleos espíritas reduzidos a poucas dezenas de pessoas. Acreditava que centros espíritas grandes eram perigosos pelo risco de institucionalização, o que traria dificuldades na sua administração, bem como um aspecto religioso. Também era contrário a qualquer prática ritual dentro do espiritismo, visto como dogmático por ele. Assim, o espiritismo não teria características de uma religião, no significado mais comum do termo, associado a liturgia, evitando o equívoco das pessoas com o título. Por isso, sintetizava o espiritismo como uma ciência, que tem por efeito uma doutrina filosófica e moral (RS, dez/1868, p. 358-359).

Ainda que as explicações de Kardec para a não aceitação do espiritismo como religião fossem coerentes com seu discurso ao longo do tempo, a análise do contexto autoritário do Segundo Império francês oferece uma interpretação alternativa e complementar a essa insistente negação que, anos mais tarde, foi abandonada.

A RELIGIÃO NO SEGUNDO IMPÉRIO (1852-1870)

Todos os anos de Allan Kardec à frente do espiritismo (1857-1869) se deram durante o governo de Napoleão III. Esse período foi marcado por diversas políticas autoritárias. Logo após o golpe de estado de 1851, o imperador determinou o exílio de seus adversários políticos, entre os quais diversos republicanos e socialistas românticos. O jornal fourierista La Démocratie pacifique foi fechado pelo novo regime (Cuchet, 2012, p. 97-100). Diante desse quadro repressivo, muitos militantes políticos encontraram refúgio nas espiritualidades seculares emergentes. Diversos deles se tornaram espíritas.

Um desses correligionários foi Pierre-Gaëtan Leymarie, que se tornou membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em abril de 1862. Leymarie foi um convicto defensor das ideias republicanas, o que resultou em seu exílio após o golpe de estado. Exilado no Brasil, Leymarie teria visitado o falanstério fourierista do Saí, em Santa Catarina. De volta à França no final de 1859, Leymarie se empregou como editor, quando conheceu O livro dos espíritos (Ladous, 1989, p. 51-53). Ele debutou como médium na Revista Espírita, em fevereiro de 1862, e se tornou um dos principais sucessores do espiritismo após a morte de Allan Kardec.

Outro espírita com histórico nas doutrinas sociais da década de 1830 e 1840 foi Maurice Lachâtre. Um grande editor de obras fourieristas, sansimonistas e socialistas, sendo o primeiro a publicar a obra O capital, de Karl Marx, em francês (Lachâtre, 2014). Outro membro oficial dos círculos espíritas foi o coronel Michel Julien René Bruneau (1794-1864) que atuou em uma missão de difusão da doutrina de Saint-Simon no Egito (RS, dez/1864, p. 388).

Por outro lado, a aliança do Imperador com a Igreja Católica resultou em diversas medidas contrárias às espiritualidades seculares, como o edito de Perigueux em 1857, que proibiu a leitura do livro Terre et Ciel (1854), de Jean Reynaud, uma das obras mais lidas da época, classificado como “filosofia religiosa”. O grupo de Charles Fauvety, ex-sansimonista fundador da “religião laica” que buscava unir religião e razão, foi levado à clandestinidade com as proibições e perseguições que acompanharam o atentado do revolucionário nacionalista italiano Félix Orsini contra Luís Bonaparte e sua esposa, em janeiro de 1858.

O atentado resultou na criação da Loi de sûreté général em fevereiro de 1858, que permaneceu até 1868, mesmo após a anistia concedida pelo Imperador em 1859. Pela lei, o ministro do Interior tinha poderes de prender e deportar qualquer pessoa que representasse uma ameaça ao governo, principalmente os revolucionários de 1848. A partir de 1860, após a vitória francesa na Itália, há uma redução na censura dos jornais. Contudo, matérias sobre temas políticos e religiosos deveriam pagar um calção (cautionnement) para veicular o jornal, sob a pena de prisão aos que descumprissem a lei. Além disso, o governo também realizava os Avisos (avertissements) caso uma matéria ou livro tivesse algum conteúdo que criticasse a política do governo ou a religião católica (Encrevé, 2004, p. 110-113). Simpatizante do espiritismo, George Sand foi censurada pelo ministério do interior por criticar o papa em artigo no jornal La Presse em 1857. O senado também tinha autorização para realizar essa censura, o que justificaria o relatório do Senado de 1868 em que o espiritismo foi acusado de constituir um partido (RS, jul/1868). A lei também não permitia reuniões públicas com mais de vinte pessoas em ambiente fechado, e os estatutos e quadros de associados de sociedades científicas e filosóficas deveriam ser inspecionados para assegurar que não representavam uma nova ameaça a Luís Bonaparte (Encrevé, 2004, p. 100-103).

O espiritismo debutou no ano anterior à lei. A Revista Espírita estava em seu segundo mês. Diante do novo quadro, Kardec necessitava de uma autorização especial para constituir um espaço de reunião. Pretendia criar uma sociedade formada por pessoas eminentes por seu saber, sérias e isentas, dispostas a estabelecer um centro regular de observações em que pessoas não associadas também pudessem comunicar suas próprias observações (RS, mai/1858, p. 148).

A abertura desse centro teve de passar pelo prefeito de polícia (Kardec, 1857; 1860), que encaminhou o pedido ao general Charles Marie Esprit Espinasse (1815-1859), ministro do Interior e da Segurança Pública, o qual, por simpatia pessoal ao espiritismo, aprovou o funcionamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em 1º de abril de 1858 (OP, p. 228).

O espiritismo era visto como um grupo científico e filosófico, status que Kardec fez questão de manter enquanto atuou na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Logo no primeiro artigo de seu estatuto inspecionado pelos órgãos de segurança franceses, ele esclareceu: “A Sociedade tem por objeto o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e suas aplicações às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas. São defesas nela as questões políticas, de controvérsia religiosa e de economia social” (LM, p. 355).

O estatuto deixou claro os temas que eram particularmente sensíveis ao Segundo Império: política, religião e economia social. Enquanto a política e a economia social eram dois temas que poderiam trazer críticas ao governo, as controvérsias religiosas poderiam questionar os valores do catolicismo que, por sua vez, era um dos principais grupos de apoio do Imperador.

Nesse prisma, durante o período de luta (1861-1865), a veemência com que Kardec negou as acusações de que o espiritismo fosse uma religião pode também ser entendida como uma prevenção contra uma possível intervenção do Estado e interdição das reuniões espíritas (Cuchet, 2012, p. 353-387).

O esforço conciliatório do espiritismo também buscou reagrupar os liberais republicanos com os socialistas românticos que já tinham compartilhado objetivos comuns nas ondas revolucionárias de 1830 e de 1848, quando os valores liberais se afirmaram violentamente sobre os valores socialistas, ao alijar os socialistas românticos do governo de coalizão formado durante a Segunda República francesa.

No entanto, o golpe de estado colocou os dois grupos novamente no mesmo lado, por serem igualmente reprimidos pelo Segundo Império. Embora se tratasse de dois projetos políticos distintos – os liberais republicanos buscavam o reformismo social a partir da ação política do indivíduo, e os socialistas românticos acreditavam na ação coletiva para a transformação da sociedade –, o espiritismo contemplou os dois grupos como uma espécie de doutrina de conciliação. Em seu corpo doutrinário, o espiritismo convergia com os ideais liberais de respeito aos valores individuais, tolerância, laicidade do Estado em relação à Igreja, além do pluralismo religioso. Por sua vez, os socialistas românticos acreditavam na ideia de valores universais que conduziam a humanidade à regeneração social – também presente no espiritismo. Essa concepção de progresso que reuniu a ideia de livre-arbítrio com o teleologismo foi determinante na inclusão desses dois grupos que caminhavam com concepções opostas (Aubrée, Laplantine, 2009, p. 100-101). A própria concepção espírita de reencarnação sintetizava ideias de transmigração de almas dos liberais com ideias de palingenesia de socialistas românticos.


A REENCARNAÇÃO NA OBRA ESPÍRITA

A reencarnação foi um dos temas mais recorrentes do espiritismo e um dos mais contraditórios, na medida em que muitos grupos espiritualistas, principalmente na Inglaterra, discordavam de Kardec quanto a essa ideia (RS, set/1858, p. 238; jun/1860, p. 167-168). Kardec afirmava que a reencarnação não tinha sido inventada por ele, e era compartilhada por muitos pensadores. Ele fazia referência aos diversos escritores e intelectuais, como Jean Reynaud, Pierre Leroux e Charles Fourier, que a defendiam antes do surgimento do espiritismo.

Na primeira edição de O livro dos espíritos, a reencarnação é entendida como um dogma. Somente na entrevista com o suposto espírito de Théophile Z., Kardec questionou se a reencarnação era um fato espiritual, obtendo uma resposta positiva (LE¹, p. 167). Em outras passagens dessa obra, o tema foi apresentado de maneira sucinta.

Em novembro de 1858, ele escreveu artigo sobre a pluralidade das existências, apresentando uma série de observações sobre o tema, que será incorporado como capítulo sob o título “Considerations sur la pluralité des existences”, na segunda edição de O livro dos espíritos, em 1860. A sua exposição foge do método dialógico adotado, até então, de perguntas e respostas curtas. Por diversas vezes, Kardec dividia uma resposta longa em várias perguntas, em função de seu método expositivo. Contudo, a exceção foi o tema da reencarnação, que se tornou a resposta mais longa do livro. O dogma da reencarnação seria fundamentado na ideia da existncia da justiça divina, a qual explicaria a diferença moral entre os homens e ofereceria esperança no futuro, ao permitir o resgate dos erros humanos através de novas provações na vida futura.

Nesse artigo, o primeiro argumento foi que a reencarnação não era uma crença nova, tendo sua origem na ideia de metempsicose dos hindus estabelecida há milhares de anos. Kardec não negava a origem oriental da reencarnação:

Para muitas pessoas o dogma da reencarnação não é novo: é ressuscitado de Pitágoras. Nós jamais dissemos que a Doutrina Espírita é uma invenção moderna. Decorrendo de uma lei natural, o Espiritismo deve ter existido desde a origem dos tempos, e sempre nos esforçamos por provar que os seus traços são encontrados na mais alta Antiguidade.
Como se sabe, Pitágoras não é o autor do sistema da metempsicose. Ele bebeu-o nos filósofos indianos e entre os egípcios, onde ela existia desde tempos imemoriais. Assim, a ideia da transmigração das almas era uma crença vulgar, admitida pelas mais eminentes personalidades.
[...] Contudo, como é também sabido, há entre a metempsicose dos Antigos e a moderna doutrina da reencarnação esta grande diferença: os Espíritos repelem de modo absoluto a transmigração da alma do homem para os animais e vice-versa. (RS, nov/1858, p. 294).


Assim como Jean Reynaud (1854, p. 190), Kardec considerava a tradição filosófica pitagórica responsável pela disseminação do conhecimento reencarnacionista aos druidas gauleses, povo autóctone francês (RS, abr/1858, p. 98). O próprio pseudônimo do fundador do espiritismo foi escolhido a partir de uma comunicação mediúnica segundo a qual, em uma de suas encarnações, no século II, Rivail teria sido um druida chamado Allan Kardec (OP, 1890, p. 225).

Embora afirmasse deter comunicações mediúnicas de cinquenta médiuns da França, da Alemanha, da Holanda, da Rússia, entre outros países confirmando a pluralidade das existências (RS, nov/1858, p. 296), Kardec escolheu a abordagem filosófica para discutir o tema, pois considerava estar escrevendo para pessoas que acreditavam na vida após a morte e na justiça divina. Sua argumentação sobre a reencarnação girava em torno das seguintes perguntas:

1. – Por que mostra a alma aptidões tão diversas e independentes das ideias adquiridas pela educação?
2. – De onde vem, nas crianças em tenra idade, a aptidão supranormal para tal arte ou tal ciência, enquanto outras ?cam medíocres ou inferiores por toda a vida?
3. – De onde vêm as ideias inatas, que uns apresentam e outros não?
4. – De onde, em certas crianças, instintos precoces de vícios ou de virtudes; sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza, contrastando com o meio onde nasceram?
5. – Por que, abstração feita da educação, certos homens são mais adiantados que outros?
6. – Por que há selvagens e civilizados? (RS, nov/1858, p. 299


Para Kardec, todas as respostas para estas perguntas levariam, necessariamente, ao reconhecimento da reencarnação. Caso contrário, não seria possível afirmar a justiça nem a bondade divina. Por outro lado, a aceitação da reencarnação tornaria válido o atributo divino da justiça. As aptidões e as incapacidades adquiridas nos primeiros anos de vida seriam recompensas ou expiações de vidas anteriores, mas todos, por meio da aplicação da “lei do progresso”, seriam recompensados de acordo com o seu mérito em utilizar a aptidão para praticar o bem, ou em superar a expiação que lhe foi imposta por seus próprios atos em encarnações passadas.

Quatro anos antes, Reynaud tinha chegado a conclusão semelhante a respeito da reencarnação e da justiça divina, porém seus exemplos estão relacionados aos sofrimentos humanos, como o de crianças que padecem após longa enfermidade. Fatos como estes não encontrariam respaldo na justiça divina sem a crença reencarnacionista (1854, p. 181). O sofrimento era entendido pelos dois pensadores como uma das ferramentas fundamentais para o progresso, embora fosse uma consequência dos erros humanos, não devendo ser estimulado. A caridade e o trabalho na geração do bem-estar de todos os seres humanos seriam um caminho mais fácil, não só de aperfeiçoamento do indivíduo, mas também da humanidade. E tendo adquirido o melhoramento necessário, a alma transmigraria para um mundo superior (Reynaud, 1854, p. 106-110).

A possibilidade de reencarnação em outros mundos também está presente na obra espírita. Na Revista Espírita, encontram-se diversos artigos com relatos de médiuns sobre a vida em outros planetas. Na reencarnação anterior, o suposto espírito de Théophile Z. teria vivido em Saturno (LE¹, p.167-168). O célebre compositor Wolfgang Amadeus e o pintor Bernard Palissy habitavam Júpiter, considerado o planeta mais evoluído (RS, abr/1858, p. 108-110). Vênus seria um planeta intermediário, porém mais evoluído que a Terra (RS, ago/1862, p. 243-246). Os planetas também seriam passíveis de evolução nesta teoria. De cinco etapas, a Terra estaria na segunda, chamada de mundo de provas e expiações. Porém, a humanidade estaria caminhando para transformar a Terra no mundo de regeneração, que era classificado como a etapa seguinte desse processo evolutivo (ES, p. 40-41). Allan Kardec concordava e desenvolvia a tese da transmigração das almas, contudo não concordava inteiramente com ela.

A sua principal discordância estava no tempo em que cada espírito passaria na Terra. No espiritismo, as reencarnações sucessivas em diversos mundos, poderiam ocorrer, mas era uma ideia vaga, destinada apenas a espíritos que conseguissem evoluir rapidamente em uma só existência para atingir esferas mais evoluídas. A alma renasceria de maneira sucessiva no mesmo planeta com a finalidade de se depurar e expiar suas faltas (RS, dez/1862, p. 375).

A teoria reencarnacionista de Kardec se apresentava como uma síntese conciliatória da tese de Reynaud, sobre o renascimento do indivíduo, e de sua jornada reencarnatória rumo à evolução em outros planetas, conceito Pierre Leroux e Charles Fourier sobre as sucessivas reencarnações na Terra (Pimentel, 2023). Mas o progresso do espírito não ocorreria apenas na Terra. Também seria possível evoluir no mundo espiritual auxiliando os encarnados. Aproximando do conceito de “vida aromal” de Fourier, Kardec interpretava como “vida espiritual” o momento de erraticidade em que os espíritos aguardariam a oportunidade de reencarnar novamente na Terra ou em outros planetas. Mesmo com a possibilidade de evolução na “vida espiritual”, a encarnação na Terra teria a função especial de ser um processo catalisador do progresso espiritual (RS, dez/1862, p. 374-377).

Como pode ser observado, Kardec teceu diversas considerações sobre as ideias de reencarnação, como uma forma de uniformizar as diferentes visões acerca da pluralidade das existências que confluíam em um propósito comum: o aprimoramento da humanidade.

O PROGRESSO E A REGENERAÇÃO SOCIAL NA VISÃO ESPÍRITA

As descobertas geológicas, no séc. XIX, promoveram uma nova temporalidade a respeito da formação do planeta e do surgimento do ser humano. Em Terre et Ciel, Jean Reynaud relacionou os grandes cataclismas como um processo conduzido por Deus de renovação e de aperfeiçoamento do planeta que permitiu que o homem se estabelecesse (1854, p. 60-110).

Kardec percorreu um caminho semelhante ao de Reynaud ao tentar interpretar os textos sagrados a respeito do surgimento da Terra e da humanidade sob um prisma racional, por meio das descobertas científicas realizadas até aquele momento. Conhecimentos astronômicos foram usados para explicar a criação do universo, do sistema solar e dos planetas, incluindo a publicação da suposta comunicação espiritual de Galileu Galilei através do médium Camille Flammarion, que era um astrônomo renomado na época. A geologia foi empregada na descrição das eras geológicas da terra e os cataclismas que assolaram o planeta. A química e a biologia foram usadas para elucidar a gênese orgânica. A novidade em relação a Reynaud esteve no capítulo dedicado à gênese espiritual, no qual foram aplicados os resultados das pesquisas acerca da natureza do espírito (GE, p. 68-177). Como resultado de sua análise, Kardec chegou a uma conclusão semelhante à de outros intelectuais do período: a humanidade se encontrava no limiar da regeneração social. Os sinais da chegada dos novos tempos estariam presentes na natureza e na humanidade. Na natureza, porque ela teria experimentado mudanças progressivas no intuito de oferecer melhores condições para a adaptação humana. Na humanidade, pois ela estava progredindo intelectual e moralmente através da depuração dos espíritos que habitam a Terra.

A noção de progresso da humanidade associada com o progresso da natureza estava presente entre os reencarnacionistas franceses desde Pierre de Ballanche, que Kardec reconhecia como pensador influente no seu trabalho (RS, jan/1865, p. 26). Assim como na “palingenesia social” de Ballanche, o espiritismo afirma que o aperfeiçoamento das condições físicas do planeta teria direta relação com o melhoramento da sociedade. A demonstração desse fato seria o saneamento de áreas insalubres que se tornaram produtivas e a melhoria nos meios de comunicação com áreas remotas. O duplo progresso observado se executaria de forma lenta e gradual, como nos casos das eras geológicas, mas também de maneira abrupta, como no caso da Revolução Francesa e dos processos revolucionários de 1830 e 1848 (GE, p. 302-303). Assim como em Ballanche, as revoluções eram entendidas como momentos traumáticos para os seres humanos, do mesmo modo que os cataclismas seriam para a natureza, embora gerassem uma sociedade mais aprimorada.

As mudanças, desde as mais brandas até as mais abruptas, aconteceriam em virtude da lei natural de progresso prescrita por Deus. Logo, o tempo da regeneração social não seria estabelecida pela vontade dos homens, e sim pela vontade divina. Ou seja, o espiritismo negava a constituição de uma nova sociedade pela via da luta política, acreditando que ela aconteceria pela vontade de Deus e pela progressão moral da humanidade.

Segundo Kardec, os incontestáveis progressos da humanidade, que a conduziram ao limiar da regeneração social, ainda não teriam alcançado o aprimoramento necessário para implantar o sentimento de caridade, fraternidade e solidariedade, que assegurariam o bem-estar moral. Por isso, era necessário um movimento de todos os seres humanos para a realização do progresso moral, quando também seria alcançado o estado de felicidade (GE, p. 304).

O entusiasmo de Kardec com o papel do espiritismo em auxiliar o progresso da humanidade também pode ser verificado em uma alegada comunicação mediúnica de 1860, chamada “Avenir du Spiritisme” (futuro do espiritismo). Embora não seja de sua autoria, ele pretendia incluir no seu livro autobiográfico inacabado Prévisions concernant le spiritisme. No texto, lê-se:

O Espiritismo é chamado a desempenhar um imenso papel na Terra; é ele quem reformará a legislação tantas vezes contrária às leis divinas; quem retificará os erros da história; quem trará de volta a religião de Cristo que se tornou, nas mãos dos sacerdotes, um comércio e um tráfego vil; ele instituirá a religião verdadeira, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem parar à margem de uma batina ou ao pé de um altar. Extinguirá para sempre o ateísmo e o materialismo aos quais alguns homens foram levados pelos abusos incessantes daqueles que se chamam ministros de Deus, pregam a caridade, com uma espada em cada mão, sacrificam a sua ambição e o espírito de dominação, os direitos mais sagrados da humanidade (OP, p. 231).

No texto escrito em Marselha pelo médium Georges Genouillat, nota-se um claro sentimento anticlerical que era característico do ano 1860, quando os ataques proferidos por católicos aos espíritas se tornavam mais frequentes. Contudo, chama a atenção a “missão” do espiritismo de conduzir a sociedade para a reformulação de leis consideradas contrárias às leis divinas, bem como de instituir uma religião natural que tocasse o coração dos crentes e a mente dos ateus e dos materialistas.

Kardec considerava o espiritismo a última expressão de uma série de interpretações religiosas sobre a reencarnação que se iniciava com “os livros sagrados dos hindus, dos persas, dos judeus, dos cristãos, dos filósofos gregos, dos neoplatônicos, das doutrinas druídicas, até os escritores modernos Pierre Ballanche, Charles Fourier, Pierre Leroux, Jean Reynaud, etc.” (RS, jan/1865, p. 26). Esses autores eram reconhecidos como precursores por terem intuído a reencarnação, a progressão indefinida dos espíritos. Embora importantes, essas teorias eram vistas como meramente especulativas. O espiritismo iria além da intuição por meio das observações dos supostos fenômenos espirituais, demonstrando o que só poderia ser imaginado (RS, ago/1863, p. 230-235).

A reafirmação do discurso racional é uma das principais características das espiritualidades seculares do século XIX. A reação era um recurso que tinha o propósito de combater o intenso processo de separação entre ciência e religião promovido pelos herdeiros do pensamento iluminista. O espiritismo, nesse sentido, buscou integrar a uma nova forma de espiritualidade que se adaptava às ideias de progresso e de regeneração social surgidas no período pós-revolucionário.

 

CONCLUSÃO

Verificou-se que o pensamento iluminista não foi o único responsável pelo desenvolvimento cultural da França no século XIX. Concorreram com ele diversos escritores do romantismo francês, pensadores liberais republicanos e socialistas românticos, que promoveram ideias de regeneração social e ofereceram importantes adaptações aos valores racionais e de aperfeiçoamento progressivo consagrados no período pós-revolucionário.

Constatou-se como os elementos políticos e religiosos dos socialistas românticos da primeira metade do século XIX foram sintetizados por Kardec. O espiritismo surgiu em conformidade com os novos anseios religiosos da sociedade francesa, em particular de trabalhadores e burgueses. Conceitos como progresso, reencarnação e regeneração social ofereciam a ideia de justiça individual e coletiva, material e espiritual. O espiritismo se ajustava às transformações políticas, propondo alternativas de integração. Kardec buscou unir republicanos e socialistas românticos, trazendo para a moral e a religião a regeneração social que deveria ser alcançada pela política. Essa ideia foi bem-sucedida diante do quadro autoritário apresentado durante boa parte do Segundo Império.

REFERÊNCIAS

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PIMENTEL, Marcelo Gulão. "As Transmutações da Reencarnação: Política, Religião e Reforma Social na França (1820-1855)." Revista Brasileira De História Das Religiões, vol. 15, no. 45, pp. 9-30, 2023. https://doi.org/10.4025/rbhranpuh.v15i45.66779.

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SOUSA, Rodrigo Farias de; PIMENTEL, Marcelo Gulão. Raça e reencarnação no Espiritualismo norte-americano: uma visão a partir da crítica de Allan Kardec (1857-1869). Diálogos, v. 25, n. 3, p. 111-137, 2021.

Fonte: https://www.editorafi.org/ebook/c029-historia-religiosidade
> https://drive.google.com/file/d/1DB190KieDX5KCjuTT7mZ8Gut7pkT-wMC/view

 

 

Leiam de Marcelo Gulão Pimentel
seta dupla verde claro direita  Entre o Púlpito e o Altar: Allan Kardec e os debates entre espiritismo, ciência e religião na França do século XIX (1858-1869) (dissertação de doutorado)
seta dupla verde claro direita  Espiritismo: Política, Religião e Reforma Social na França (1857-1869)
seta dupla verde claro direita  O Método de Allan Kardec para investigação dos Fenômenos Mediúnicos (dissertação de mestrado)

Pimentel, Marcelo Gulão; Alberto, Klaus Chaves; Moreira-Almeida, Alexander
seta dupla verde claro direita  As investigações dos fenômenos psíquicos/espirituais no século XIX: sonambulismo e espiritualismo, 1811-1860

 

 



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