INTRODUÇÃO
Este capítulo pretende evidenciar
como Allan Kardec definiu o caráter religioso do espiritismo,
reelaborando os conceitos de progresso, reencarnação
e regeneração social presentes no discurso de alguns
dos principais reformistas sociais franceses da primeira metade do
século XIX, notadamente de Jean Reynaud (1806-1863). Essas
ideias marcaram o cenário político, religioso e social
da França no período. Para essa análise, foi
utilizado o conceito de espiritualidade secular estabelecido
pela historiadora norte-americana Lynn L. Sharp, aplicado para um
variado número de crenças surgidas a partir de 1830
que usam a ideia de reencarnação como base de suas doutrinas
religiosas, acreditando em um contínuo desenvolvimento espiritual
(2006, p. xii-xiii).
1- Este capítulo é uma versão
adaptada do capítulo seis da tese Entre o Púlpito
e o Altar: Allan Kardec e os debates entre espiritismo, ciência
e religião na França do século XIX (1858-1869).
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019. As adaptações
realizadas neste artigo ocorreram graças às fontes disponibilizadas
no Projeto Allan Kardec, cuja pesquisa é realizada com apoio
da FAPEMIG - Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de Minas Gerais (Processo Nº.: APQ-04113-23)
2- É Pós-Doutorando em História pela Universidade
Salgado de Oliveira. Possui Graduação em História
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2004), Pós-Graduação
Lato-Sensu em História Moderna pela Universidade Federal Fluminense
(2006) Mestrado em Saúde pela Universidade Federal de Juiz
de Fora (2014) e Doutorado em História pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (2019). É professor de História
do Colégio Naval.
Essas novas religiões populares
se apresentavam como uma moderna forma de conciliação
entre valores seculares e religiosos, sendo o espiritismo um tipo
de espiritualidade popular que promovia o ideal de progresso iluminista
sem o sacrifício da religiosidade.
OS PERÍODOS DO ESPIRITISMO
Em dezembro de 1866, Kardec escreveu
uma prece revelando o desfecho que vislumbrava ao espiritismo:
Quanto mais
medito sobre o objetivo final do espiritista, que é sua constituição
em religião, mais eu sinto minhas ideias se aclararem e o
plano se delinear, sem dúvida graças à assistência
de vossos mensageiros; porém, mais também eu sinto
quanto esse trabalho exige calma e meditações sérias.
[...] Se as circunstâncias me obrigarem a me expatriar, peço
que os bons Espíritos preparem os caminhos para que eu possa,
em meu retiro, dedicar-me sem problemas a esses trabalhos
[...].
Quanto ao local do retiro, tenho em vista Locarno, que me parece
reunir as melhores condições; sobre isso, porém,
seguirei os conselhos dos Bons Espíritos. Parece-me útil,
antes de partir, ter feito o volume da Gênese.
A prece nunca foi publicada em nenhuma
parte de sua extensa obra. Contudo, ela expressa um objetivo para
o espiritismo: tornar-se uma religião. Essa ideia não
era nova.
Ao longo de suas publicações, Kardec construiu um sentido
teleológico para o espiritismo e para a humanidade, tal como
faziam influentes pensadores de sua época, como Auguste Comte,
Pierre Leroux e Karl Marx. Em dezembro de 1863, ele afirmou na Revista
espírita que a evolução do espiritismo ocorreria
em seis momentos: o período da curiosidade (1848-1857), começando
com as manifestações mediúnicas ocorridas em
Hydesville (EUA) e encerrando no ano do lançamento de O
livro dos espíritos. O período psicológico
ou filosófico (1857-1861) no qual foi desenvolvida a maior
parte das principais teses do espiritismo (RS (3),
abr/1858, p. 94-95). O período de luta (1861-1866), quando
o espiritismo enfrentou em uma fase aguda de ataques, notadamente
de membros do clero e de seguidores do catolicismo (RS, dez/1863,
p. 377-378). O período religioso, aparentemente alcançado
no final de 1866, quando Kardec escreveu a prece. Nessa fase o espiritismo
se estabeleceria entre as religiões reconhecidas no mundo O
quinto período seria intermediário até um sexto
e último, chamado de renovação social, quando
as ideias espíritas passariam a ter influência na sociedade,
conduzindo a humanidade a um novo perfil moral (RS, set/1858, p. 243;
dez/1863, p. 379).
3- Para este capítulo utiliza-se
a seguinte lista de abreviaturas e siglas: ES - L’Évangile
selon le Spiritisme (1864); GE - La Genèse, les Miracles et
les Prédictions selon le Spiritisme (1868); RS - Revue Spirite
(1858-1869); LE¹ - Le Livre des Esprits (1ª Edição
- 1857); LE² -Le Livre des Esprits (2ª Edição
- 1860); LM - Le Livre des Médiums (1861); OP - Oeuvres Posthumes
(1890); VS - Voyage Spirite en 1862 (1862).
É possível notar diversas
características morais à renovação social
desejada por Kardec em obras de socialistas românticos como
Saint-Simon e, principalmente, o ex-sansimonista Jean Reynaud, o qual
Kardec cita cerca de 50 vezes na Revista Espírita,
entre 1862 e 1869.
KARDEC E O SEU COMPROMISSO COM
A REFORMA SOCIAL
Kardec buscou reelaborar o reformismo
social com características religiosas (Sharp, 2006). Filho
e neto de revolucionários republicanos (Pimentel, 2019, p.
91-93), desde cedo Hippolyte Rivail (1804-1869) se uniu a causas que
buscavam a reforma gradativa da sociedade francesa. Entre 1820 e 1850,
foi um dos defensores da educação laica e da inclusão
de meninas no ensino público (Rivail, 1828), pautas também
encampadas pelos revolucionários liberais de 1830, que derrubaram
a monarquia absolutista e, principalmente, pelos revolucionários
de 1848, que instituíram a Segunda República Francesa
(Pimentel, 2019, p. 56-83).
Havia várias afinidades entre sansimonistas e espíritas.
Kardec considerava Saint-Simon um pensador indispensável para
o progresso da humanidade, já que a prática da caridade
e a busca do bem comum estão no sansimonismo como elementos
fundamentais ao restabelecimento dos valores morais do cristianismo
(RS, dez/1863, p. 357). Todavia, ele criticava o caráter político
e materialista das causas que esse conjunto de ideias, abraçado
por tantos como seita, propagava. O sansimonismo obteve um brilho
efêmero, concentrando-se no segundo quartel do século
XIX, por conta dos homens eminentes ligados a Saint-Simon, como o
professor da Escola Politécnica de Paris, Prosper Enfantin.
O seu maior erro, segundo Kardec, era o de apoiar a reforma social
exclusivamente em interesses materialistas, o que resultaria em laços
frágeis de solidariedade, como seria a vida corporal, enquanto
os laços ancorados na certeza da vida futura criariam raízes
no coração (RS, dez/1864, p. 389-392).
Kardec acreditava que a regeneração social viria com
a solidariedade e a fraternidade que seriam responsáveis pela
transformação das instituições. A fraternidade
deveria ser o cerne da nova ordem social. Mas apenas haveria fraternidade
real se a humanidade acreditasse nos princípios fundamentais:
Deus, a alma, o futuro, o progresso individual indefinido e a perpetuidade
das relações entre os seres (RS, out/1866, p. 296).
Dessa forma, a reforma social idealizada se estabeleceria por meio
de uma reforma moral da humanidade fundamentada nos valores cristãos.
Exemplificando sua teoria, Kardec angariou fundos entre os espíritas
em socorro aos mais necessitados. Diante de uma crise algodoeira na
primeira metade da década de 1860, diversas indústrias
fabris fecharam, o que desempregou muitos trabalhadores. Em 1862,
realizou uma subscrição para enviar dinheiro em auxílio
dos trabalhadores de Lyon (RS, fev/1862, p. 55). No ano seguinte,
uma nova subscrição para favorecer os operários
fabris (RS, jan/1863, p. 32). Em 1864, mais uma subscrição
em favor das vítimas de um grande incêndio ocorrido em
Limoges (RS, dez/1864, p. 400). Também foram realizadas solicitações
de ajuda para os inundados de Paris (RS, nov/1866, p. 352), aos pobres
e vítimas do cólera em Lyon (RS, dez/1865, p. 359-360).
Em consonância com os republicanos franceses que aboliram a
escravidão na França e em suas colônias em fevereiro
de 1848, Kardec se colocava abertamente contrário a permanência
da escravidão nos Estados Unidos e aos maus tratos que eram
submetidos os escravizados (De Sousa, Pimentel, 2021). Também
pregava a favor da igualdade de direitos entre homens e mulheres (VS,
p. 70; LE², p. 294) e apoiou a formação da liga
que lutava pelo ensino gratuito, laico e obrigatório (RS, mar/1867,
p. 79-80). Criada pelo pedagogo e político francês Jean
Macé, junto com cinco espíritas (Leymarie, Camille Flammarion,
André Vautier, Emmanuel Vauchez e Alexandre Delanne), Kardec
criou subscrições com o objetivo de elaborar material
de divulgação (Aubrée, Laplantine, 2009, p. 97).
Ao contrário dos sansimonistas, que se tornaram uma seita,
Kardec repudiava o caráter de nova religião dada ao
espiritismo (RS, out/1862; jan/1866), assim como recusava a liderança
do movimento (RS, abr/1866). Em dezembro de 1868, Kardec desenvolveu
um artigo tratando do tema, chamado: Le Spiritisme est-il une
religion? (O espiritismo é uma religião?). Acreditando
contar com milhões de adeptos em todo mundo, admitiu, pela
primeira vez publicamente, que o espiritismo era uma religião
no sentido original da palavra religar, ou seja, criar laços
entre os homens e uma comunhão de sentimentos, de princípios
e crenças (RS, dez/1868, p. 358).
O laço estabelecido por uma religião seria um laço
moral, que teria como consequência o estabelecimento de sentimentos
mútuos de fraternidade, solidariedade, indulgência e
benevolência. Elementos estes que Kardec enxergava como frágeis
no sansimonismo, pois só seriam alcançados pelo elo
religioso ausente nesta seita. O espiritismo seria, assim, uma religião
no sentido filosófico, por gerar a comunhão de pensamentos
fraternos, fundamentados nas próprias leis da natureza que
seriam as relações com o mundo espiritual, consideradas
sobrenaturais, que passaram a ser explicadas pelo espiritismo. O sentimento
que deveria conduzir os espíritas seria o da caridade humanitária,
ou seja, praticar o bem a todos indistintamente, unindo a humanidade
sob a égide da fraternidade universal (RS, dez/1868, p. 360-362).
Kardec imaginava que o principal compromisso do espiritismo era com
a reforma social. Acreditava que o tempo da regeneração
social estava próximo e a humanidade, convencida pela necessidade
da fraternidade, iniciaria uma época que levaria à paz
e à igualdade. A caridade seria o elemento crucial ao aperfeiçoamento
do indivíduo e da humanidade, conforme estava escrito no frontispício
de suas obras: “Fora da caridade não há salvação”.
Nesse discurso, voltado aos membros da Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas em alusão ao Dia de Finados, Kardec também
buscou justificar por que havia declarado tantas vezes que o espiritismo
não era uma religião. Em sua explicação,
afirmou que a palavra religião era entendida pela
sociedade francesa com uma direta associação à
ideia de culto, casta sacerdotal com hierarquia e cerimônias,
que seguiam um roteiro e com premissas que não encontravam
correspondência nas reuniões realizadas pela sociedade
espírita.
Defendia a formação de núcleos espíritas
reduzidos a poucas dezenas de pessoas. Acreditava que centros espíritas
grandes eram perigosos pelo risco de institucionalização,
o que traria dificuldades na sua administração, bem
como um aspecto religioso. Também era contrário a qualquer
prática ritual dentro do espiritismo, visto como dogmático
por ele. Assim, o espiritismo não teria características
de uma religião, no significado mais comum do termo, associado
a liturgia, evitando o equívoco das pessoas com o título.
Por isso, sintetizava o espiritismo como uma ciência, que tem
por efeito uma doutrina filosófica e moral (RS, dez/1868, p.
358-359).
Ainda que as explicações de Kardec para a não
aceitação do espiritismo como religião fossem
coerentes com seu discurso ao longo do tempo, a análise do
contexto autoritário do Segundo Império francês
oferece uma interpretação alternativa e complementar
a essa insistente negação que, anos mais tarde, foi
abandonada.
A RELIGIÃO NO SEGUNDO
IMPÉRIO (1852-1870)
Todos os anos de Allan Kardec à
frente do espiritismo (1857-1869) se deram durante o governo de Napoleão
III. Esse período foi marcado por diversas políticas
autoritárias. Logo após o golpe de estado de 1851, o
imperador determinou o exílio de seus adversários políticos,
entre os quais diversos republicanos e socialistas românticos.
O jornal fourierista La Démocratie pacifique foi fechado
pelo novo regime (Cuchet, 2012, p. 97-100). Diante desse quadro repressivo,
muitos militantes políticos encontraram refúgio nas
espiritualidades seculares emergentes. Diversos deles se tornaram
espíritas.
Um desses correligionários foi Pierre-Gaëtan Leymarie,
que se tornou membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
em abril de 1862. Leymarie foi um convicto defensor das ideias republicanas,
o que resultou em seu exílio após o golpe de estado.
Exilado no Brasil, Leymarie teria visitado o falanstério fourierista
do Saí, em Santa Catarina. De volta à França
no final de 1859, Leymarie se empregou como editor, quando conheceu
O livro dos espíritos (Ladous, 1989, p. 51-53). Ele
debutou como médium na Revista Espírita, em fevereiro
de 1862, e se tornou um dos principais sucessores do espiritismo após
a morte de Allan Kardec.
Outro espírita com histórico nas doutrinas sociais da
década de 1830 e 1840 foi Maurice Lachâtre. Um grande
editor de obras fourieristas, sansimonistas e socialistas, sendo o
primeiro a publicar a obra O capital, de Karl Marx, em francês
(Lachâtre, 2014). Outro membro oficial dos círculos espíritas
foi o coronel Michel Julien René Bruneau (1794-1864) que atuou
em uma missão de difusão da doutrina de Saint-Simon
no Egito (RS, dez/1864, p. 388).
Por outro lado, a aliança do Imperador com a Igreja Católica
resultou em diversas medidas contrárias às espiritualidades
seculares, como o edito de Perigueux em 1857, que proibiu a leitura
do livro Terre et Ciel (1854), de Jean Reynaud, uma das obras
mais lidas da época, classificado como “filosofia religiosa”.
O grupo de Charles Fauvety, ex-sansimonista fundador da “religião
laica” que buscava unir religião e razão, foi
levado à clandestinidade com as proibições e
perseguições que acompanharam o atentado do revolucionário
nacionalista italiano Félix Orsini contra Luís Bonaparte
e sua esposa, em janeiro de 1858.
O atentado resultou na criação da Loi de sûreté
général em fevereiro de 1858, que permaneceu até
1868, mesmo após a anistia concedida pelo Imperador em 1859.
Pela lei, o ministro do Interior tinha poderes de prender e deportar
qualquer pessoa que representasse uma ameaça ao governo, principalmente
os revolucionários de 1848. A partir de 1860, após a
vitória francesa na Itália, há uma redução
na censura dos jornais. Contudo, matérias sobre temas políticos
e religiosos deveriam pagar um calção (cautionnement)
para veicular o jornal, sob a pena de prisão aos que descumprissem
a lei. Além disso, o governo também realizava os Avisos
(avertissements) caso uma matéria ou livro tivesse algum conteúdo
que criticasse a política do governo ou a religião católica
(Encrevé, 2004, p. 110-113). Simpatizante do espiritismo, George
Sand foi censurada pelo ministério do interior por criticar
o papa em artigo no jornal La Presse em 1857. O senado também
tinha autorização para realizar essa censura, o que
justificaria o relatório do Senado de 1868 em que o espiritismo
foi acusado de constituir um partido (RS, jul/1868). A lei também
não permitia reuniões públicas com mais de vinte
pessoas em ambiente fechado, e os estatutos e quadros de associados
de sociedades científicas e filosóficas deveriam ser
inspecionados para assegurar que não representavam uma nova
ameaça a Luís Bonaparte (Encrevé, 2004, p. 100-103).
O espiritismo debutou no ano anterior à lei. A Revista
Espírita estava em seu segundo mês. Diante do novo
quadro, Kardec necessitava de uma autorização especial
para constituir um espaço de reunião. Pretendia criar
uma sociedade formada por pessoas eminentes por seu saber, sérias
e isentas, dispostas a estabelecer um centro regular de observações
em que pessoas não associadas também pudessem comunicar
suas próprias observações (RS, mai/1858, p. 148).
A abertura desse centro teve de passar pelo prefeito de polícia
(Kardec, 1857; 1860), que encaminhou o pedido ao general Charles Marie
Esprit Espinasse (1815-1859), ministro do Interior e da Segurança
Pública, o qual, por simpatia pessoal ao espiritismo, aprovou
o funcionamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
em 1º de abril de 1858 (OP, p. 228).
O espiritismo era visto como um grupo científico e filosófico,
status que Kardec fez questão de manter enquanto atuou na Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas. Logo no primeiro artigo de
seu estatuto inspecionado pelos órgãos de segurança
franceses, ele esclareceu: “A Sociedade tem por objeto o estudo
de todos os fenômenos relativos às manifestações
espíritas e suas aplicações às ciências
morais, físicas, históricas e psicológicas. São
defesas nela as questões políticas, de controvérsia
religiosa e de economia social” (LM, p. 355).
O estatuto deixou claro os temas que eram particularmente sensíveis
ao Segundo Império: política, religião e economia
social. Enquanto a política e a economia social eram dois temas
que poderiam trazer críticas ao governo, as controvérsias
religiosas poderiam questionar os valores do catolicismo que, por
sua vez, era um dos principais grupos de apoio do Imperador.
Nesse prisma, durante o período de luta (1861-1865), a veemência
com que Kardec negou as acusações de que o espiritismo
fosse uma religião pode também ser entendida como uma
prevenção contra uma possível intervenção
do Estado e interdição das reuniões espíritas
(Cuchet, 2012, p. 353-387).
O esforço conciliatório do espiritismo também
buscou reagrupar os liberais republicanos com os socialistas românticos
que já tinham compartilhado objetivos comuns nas ondas revolucionárias
de 1830 e de 1848, quando os valores liberais se afirmaram violentamente
sobre os valores socialistas, ao alijar os socialistas românticos
do governo de coalizão formado durante a Segunda República
francesa.
No entanto, o golpe de estado colocou os dois grupos novamente no
mesmo lado, por serem igualmente reprimidos pelo Segundo Império.
Embora se tratasse de dois projetos políticos distintos –
os liberais republicanos buscavam o reformismo social a partir da
ação política do indivíduo, e os socialistas
românticos acreditavam na ação coletiva para a
transformação da sociedade –, o espiritismo contemplou
os dois grupos como uma espécie de doutrina de conciliação.
Em seu corpo doutrinário, o espiritismo convergia com os ideais
liberais de respeito aos valores individuais, tolerância, laicidade
do Estado em relação à Igreja, além do
pluralismo religioso. Por sua vez, os socialistas românticos
acreditavam na ideia de valores universais que conduziam a humanidade
à regeneração social – também presente
no espiritismo. Essa concepção de progresso que reuniu
a ideia de livre-arbítrio com o teleologismo foi determinante
na inclusão desses dois grupos que caminhavam com concepções
opostas (Aubrée, Laplantine, 2009, p. 100-101). A própria
concepção espírita de reencarnação
sintetizava ideias de transmigração de almas dos liberais
com ideias de palingenesia de socialistas românticos.
A REENCARNAÇÃO NA OBRA ESPÍRITA
A reencarnação foi um dos temas mais recorrentes do
espiritismo e um dos mais contraditórios, na medida em que
muitos grupos espiritualistas, principalmente na Inglaterra, discordavam
de Kardec quanto a essa ideia (RS, set/1858, p. 238; jun/1860, p.
167-168). Kardec afirmava que a reencarnação não
tinha sido inventada por ele, e era compartilhada por muitos pensadores.
Ele fazia referência aos diversos escritores e intelectuais,
como Jean Reynaud, Pierre Leroux e Charles Fourier, que a defendiam
antes do surgimento do espiritismo.
Na primeira edição de O livro dos espíritos,
a reencarnação é entendida como um dogma. Somente
na entrevista com o suposto espírito de Théophile Z.,
Kardec questionou se a reencarnação era um fato espiritual,
obtendo uma resposta positiva (LE¹, p. 167). Em outras passagens
dessa obra, o tema foi apresentado de maneira sucinta.
Em novembro de 1858, ele escreveu artigo sobre a pluralidade das existências,
apresentando uma série de observações sobre o
tema, que será incorporado como capítulo sob o título
“Considerations sur la pluralité des existences”,
na segunda edição de O livro dos espíritos,
em 1860. A sua exposição foge do método dialógico
adotado, até então, de perguntas e respostas curtas.
Por diversas vezes, Kardec dividia uma resposta longa em várias
perguntas, em função de seu método expositivo.
Contudo, a exceção foi o tema da reencarnação,
que se tornou a resposta mais longa do livro. O dogma da reencarnação
seria fundamentado na ideia da existncia da justiça divina,
a qual explicaria a diferença moral entre os homens e ofereceria
esperança no futuro, ao permitir o resgate dos erros humanos
através de novas provações na vida futura.
Nesse artigo, o primeiro argumento foi que a reencarnação
não era uma crença nova, tendo sua origem na ideia de
metempsicose dos hindus estabelecida há milhares de anos. Kardec
não negava a origem oriental da reencarnação:
Para muitas
pessoas o dogma da reencarnação não é
novo: é ressuscitado de Pitágoras. Nós jamais
dissemos que a Doutrina Espírita é uma invenção
moderna. Decorrendo de uma lei natural, o Espiritismo deve ter existido
desde a origem dos tempos, e sempre nos esforçamos por provar
que os seus traços são encontrados na mais alta Antiguidade.
Como se sabe, Pitágoras não é o autor do sistema
da metempsicose. Ele bebeu-o nos filósofos indianos e entre
os egípcios, onde ela existia desde tempos imemoriais. Assim,
a ideia da transmigração das almas era uma crença
vulgar, admitida pelas mais eminentes personalidades.
[...] Contudo, como é também sabido, há entre
a metempsicose dos Antigos e a moderna doutrina da reencarnação
esta grande diferença: os Espíritos repelem de modo
absoluto a transmigração da alma do homem para os
animais e vice-versa. (RS, nov/1858, p. 294).
Assim como Jean Reynaud (1854, p. 190), Kardec considerava a tradição
filosófica pitagórica responsável pela disseminação
do conhecimento reencarnacionista aos druidas gauleses, povo autóctone
francês (RS, abr/1858, p. 98). O próprio pseudônimo
do fundador do espiritismo foi escolhido a partir de uma comunicação
mediúnica segundo a qual, em uma de suas encarnações,
no século II, Rivail teria sido um druida chamado Allan Kardec
(OP, 1890, p. 225).
Embora afirmasse deter comunicações mediúnicas
de cinquenta médiuns da França, da Alemanha, da Holanda,
da Rússia, entre outros países confirmando a pluralidade
das existências (RS, nov/1858, p. 296), Kardec escolheu a abordagem
filosófica para discutir o tema, pois considerava estar escrevendo
para pessoas que acreditavam na vida após a morte e na justiça
divina. Sua argumentação sobre a reencarnação
girava em torno das seguintes perguntas:
1. –
Por que mostra a alma aptidões tão diversas e independentes
das ideias adquiridas pela educação?
2. – De onde vem, nas crianças em tenra idade, a aptidão
supranormal para tal arte ou tal ciência, enquanto outras
?cam medíocres ou inferiores por toda a vida?
3. – De onde vêm as ideias inatas, que uns apresentam
e outros não?
4. – De onde, em certas crianças, instintos precoces
de vícios ou de virtudes; sentimentos inatos de dignidade
ou de baixeza, contrastando com o meio onde nasceram?
5. – Por que, abstração feita da educação,
certos homens são mais adiantados que outros?
6. – Por que há selvagens e civilizados? (RS, nov/1858,
p. 299
Para Kardec, todas as respostas para estas perguntas levariam, necessariamente,
ao reconhecimento da reencarnação. Caso contrário,
não seria possível afirmar a justiça nem a bondade
divina. Por outro lado, a aceitação da reencarnação
tornaria válido o atributo divino da justiça. As aptidões
e as incapacidades adquiridas nos primeiros anos de vida seriam recompensas
ou expiações de vidas anteriores, mas todos, por meio
da aplicação da “lei do progresso”, seriam
recompensados de acordo com o seu mérito em utilizar a aptidão
para praticar o bem, ou em superar a expiação que lhe
foi imposta por seus próprios atos em encarnações
passadas.
Quatro anos antes, Reynaud tinha chegado a conclusão semelhante
a respeito da reencarnação e da justiça divina,
porém seus exemplos estão relacionados aos sofrimentos
humanos, como o de crianças que padecem após longa enfermidade.
Fatos como estes não encontrariam respaldo na justiça
divina sem a crença reencarnacionista (1854, p. 181). O sofrimento
era entendido pelos dois pensadores como uma das ferramentas fundamentais
para o progresso, embora fosse uma consequência dos erros humanos,
não devendo ser estimulado. A caridade e o trabalho na geração
do bem-estar de todos os seres humanos seriam um caminho mais fácil,
não só de aperfeiçoamento do indivíduo,
mas também da humanidade. E tendo adquirido o melhoramento
necessário, a alma transmigraria para um mundo superior (Reynaud,
1854, p. 106-110).
A possibilidade de reencarnação em outros mundos também
está presente na obra espírita. Na Revista Espírita,
encontram-se diversos artigos com relatos de médiuns sobre
a vida em outros planetas. Na reencarnação anterior,
o suposto espírito de Théophile Z. teria vivido em Saturno
(LE¹, p.167-168). O célebre compositor Wolfgang Amadeus
e o pintor Bernard Palissy habitavam Júpiter, considerado o
planeta mais evoluído (RS, abr/1858, p. 108-110). Vênus
seria um planeta intermediário, porém mais evoluído
que a Terra (RS, ago/1862, p. 243-246). Os planetas também
seriam passíveis de evolução nesta teoria. De
cinco etapas, a Terra estaria na segunda, chamada de mundo de provas
e expiações. Porém, a humanidade estaria caminhando
para transformar a Terra no mundo de regeneração, que
era classificado como a etapa seguinte desse processo evolutivo (ES,
p. 40-41). Allan Kardec concordava e desenvolvia a tese da transmigração
das almas, contudo não concordava inteiramente com ela.
A sua principal discordância estava no tempo em que cada espírito
passaria na Terra. No espiritismo, as reencarnações
sucessivas em diversos mundos, poderiam ocorrer, mas era uma ideia
vaga, destinada apenas a espíritos que conseguissem evoluir
rapidamente em uma só existência para atingir esferas
mais evoluídas. A alma renasceria de maneira sucessiva no mesmo
planeta com a finalidade de se depurar e expiar suas faltas (RS, dez/1862,
p. 375).
A teoria reencarnacionista de Kardec se apresentava como uma síntese
conciliatória da tese de Reynaud, sobre o renascimento do indivíduo,
e de sua jornada reencarnatória rumo à evolução
em outros planetas, conceito Pierre Leroux e Charles Fourier sobre
as sucessivas reencarnações na Terra (Pimentel, 2023).
Mas o progresso do espírito não ocorreria apenas na
Terra. Também seria possível evoluir no mundo espiritual
auxiliando os encarnados. Aproximando do conceito de “vida aromal”
de Fourier, Kardec interpretava como “vida espiritual”
o momento de erraticidade em que os espíritos aguardariam a
oportunidade de reencarnar novamente na Terra ou em outros planetas.
Mesmo com a possibilidade de evolução na “vida
espiritual”, a encarnação na Terra teria a função
especial de ser um processo catalisador do progresso espiritual (RS,
dez/1862, p. 374-377).
Como pode ser observado, Kardec teceu diversas considerações
sobre as ideias de reencarnação, como uma forma de uniformizar
as diferentes visões acerca da pluralidade das existências
que confluíam em um propósito comum: o aprimoramento
da humanidade.
O PROGRESSO E A REGENERAÇÃO
SOCIAL NA VISÃO ESPÍRITA
As descobertas geológicas,
no séc. XIX, promoveram uma nova temporalidade a respeito da
formação do planeta e do surgimento do ser humano. Em
Terre et Ciel, Jean Reynaud relacionou os grandes cataclismas
como um processo conduzido por Deus de renovação e de
aperfeiçoamento do planeta que permitiu que o homem se estabelecesse
(1854, p. 60-110).
Kardec percorreu um caminho semelhante ao de Reynaud ao tentar interpretar
os textos sagrados a respeito do surgimento da Terra e da humanidade
sob um prisma racional, por meio das descobertas científicas
realizadas até aquele momento. Conhecimentos astronômicos
foram usados para explicar a criação do universo, do
sistema solar e dos planetas, incluindo a publicação
da suposta comunicação espiritual de Galileu Galilei
através do médium Camille Flammarion, que era um astrônomo
renomado na época. A geologia foi empregada na descrição
das eras geológicas da terra e os cataclismas que assolaram
o planeta. A química e a biologia foram usadas para elucidar
a gênese orgânica. A novidade em relação
a Reynaud esteve no capítulo dedicado à gênese
espiritual, no qual foram aplicados os resultados das pesquisas acerca
da natureza do espírito (GE, p. 68-177). Como resultado de
sua análise, Kardec chegou a uma conclusão semelhante
à de outros intelectuais do período: a humanidade se
encontrava no limiar da regeneração social. Os sinais
da chegada dos novos tempos estariam presentes na natureza e na humanidade.
Na natureza, porque ela teria experimentado mudanças progressivas
no intuito de oferecer melhores condições para a adaptação
humana. Na humanidade, pois ela estava progredindo intelectual e moralmente
através da depuração dos espíritos que
habitam a Terra.
A noção de progresso da humanidade associada com o progresso
da natureza estava presente entre os reencarnacionistas franceses
desde Pierre de Ballanche, que Kardec reconhecia como pensador influente
no seu trabalho (RS, jan/1865, p. 26). Assim como na “palingenesia
social” de Ballanche, o espiritismo afirma que o aperfeiçoamento
das condições físicas do planeta teria direta
relação com o melhoramento da sociedade. A demonstração
desse fato seria o saneamento de áreas insalubres que se tornaram
produtivas e a melhoria nos meios de comunicação com
áreas remotas. O duplo progresso observado se executaria de
forma lenta e gradual, como nos casos das eras geológicas,
mas também de maneira abrupta, como no caso da Revolução
Francesa e dos processos revolucionários de 1830 e 1848 (GE,
p. 302-303). Assim como em Ballanche, as revoluções
eram entendidas como momentos traumáticos para os seres humanos,
do mesmo modo que os cataclismas seriam para a natureza, embora gerassem
uma sociedade mais aprimorada.
As mudanças, desde as mais brandas até as mais abruptas,
aconteceriam em virtude da lei natural de progresso prescrita por
Deus. Logo, o tempo da regeneração social não
seria estabelecida pela vontade dos homens, e sim pela vontade divina.
Ou seja, o espiritismo negava a constituição de uma
nova sociedade pela via da luta política, acreditando que ela
aconteceria pela vontade de Deus e pela progressão moral da
humanidade.
Segundo Kardec, os incontestáveis progressos da humanidade,
que a conduziram ao limiar da regeneração social, ainda
não teriam alcançado o aprimoramento necessário
para implantar o sentimento de caridade, fraternidade e solidariedade,
que assegurariam o bem-estar moral. Por isso, era necessário
um movimento de todos os seres humanos para a realização
do progresso moral, quando também seria alcançado o
estado de felicidade (GE, p. 304).
O entusiasmo de Kardec com o papel do espiritismo em auxiliar o progresso
da humanidade também pode ser verificado em uma alegada comunicação
mediúnica de 1860, chamada “Avenir du Spiritisme”
(futuro do espiritismo). Embora não seja de sua autoria, ele
pretendia incluir no seu livro autobiográfico inacabado Prévisions
concernant le spiritisme. No texto, lê-se:
O Espiritismo é chamado
a desempenhar um imenso papel na Terra; é ele quem reformará
a legislação tantas vezes contrária às
leis divinas; quem retificará os erros da história;
quem trará de volta a religião de Cristo que se tornou,
nas mãos dos sacerdotes, um comércio e um tráfego
vil; ele instituirá a religião verdadeira, a religião
natural, a que parte do coração e vai diretamente
a Deus, sem parar à margem de uma batina ou ao pé
de um altar. Extinguirá para sempre o ateísmo e o
materialismo aos quais alguns homens foram levados pelos abusos
incessantes daqueles que se chamam ministros de Deus, pregam a caridade,
com uma espada em cada mão, sacrificam a sua ambição
e o espírito de dominação, os direitos mais
sagrados da humanidade (OP, p. 231).
No texto escrito em Marselha pelo
médium Georges Genouillat, nota-se um claro sentimento anticlerical
que era característico do ano 1860, quando os ataques proferidos
por católicos aos espíritas se tornavam mais frequentes.
Contudo, chama a atenção a “missão”
do espiritismo de conduzir a sociedade para a reformulação
de leis consideradas contrárias às leis divinas, bem
como de instituir uma religião natural que tocasse o coração
dos crentes e a mente dos ateus e dos materialistas.
Kardec considerava o espiritismo a última expressão
de uma série de interpretações religiosas sobre
a reencarnação que se iniciava com “os livros
sagrados dos hindus, dos persas, dos judeus, dos cristãos,
dos filósofos gregos, dos neoplatônicos, das doutrinas
druídicas, até os escritores modernos Pierre Ballanche,
Charles Fourier, Pierre Leroux, Jean Reynaud, etc.” (RS, jan/1865,
p. 26). Esses autores eram reconhecidos como precursores por terem
intuído a reencarnação, a progressão indefinida
dos espíritos. Embora importantes, essas teorias eram vistas
como meramente especulativas. O espiritismo iria além da intuição
por meio das observações dos supostos fenômenos
espirituais, demonstrando o que só poderia ser imaginado (RS,
ago/1863, p. 230-235).
A reafirmação do discurso racional é uma das
principais características das espiritualidades seculares do
século XIX. A reação era um recurso que tinha
o propósito de combater o intenso processo de separação
entre ciência e religião promovido pelos herdeiros do
pensamento iluminista. O espiritismo, nesse sentido, buscou integrar
a uma nova forma de espiritualidade que se adaptava às ideias
de progresso e de regeneração social surgidas no período
pós-revolucionário.
CONCLUSÃO
Verificou-se que o pensamento iluminista
não foi o único responsável pelo desenvolvimento
cultural da França no século XIX. Concorreram com ele
diversos escritores do romantismo francês, pensadores liberais
republicanos e socialistas românticos, que promoveram ideias
de regeneração social e ofereceram importantes adaptações
aos valores racionais e de aperfeiçoamento progressivo consagrados
no período pós-revolucionário.
Constatou-se como os elementos políticos e religiosos dos socialistas
românticos da primeira metade do século XIX foram sintetizados
por Kardec. O espiritismo surgiu em conformidade com os novos anseios
religiosos da sociedade francesa, em particular de trabalhadores e
burgueses. Conceitos como progresso, reencarnação e
regeneração social ofereciam a ideia de justiça
individual e coletiva, material e espiritual. O espiritismo se ajustava
às transformações políticas, propondo
alternativas de integração. Kardec buscou unir republicanos
e socialistas românticos, trazendo para a moral e a religião
a regeneração social que deveria ser alcançada
pela política. Essa ideia foi bem-sucedida diante do quadro
autoritário apresentado durante boa parte do Segundo Império.
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