É um princípio aceito em Educação
aquele que diz que o educador precisa conhecer o universo do educando,
buscando aproximar-se de seus interesses, na criação
de atividades e estratégias.
O educando deve perceber as relações entre a aprendizagem
e sua prática, entender onde aqueles conhecimentos se encaixam
no seu cotidiano e fazem sentido em sua existência.
Mas quando é que de fato conseguimos isto, e quando é
que fazemos uma grande confusão, misturando o pedagógico
com o antipedagógico? Quando é que nos tornamos permissivos
e, conseqüentemente, perdemos a coerência com a Educação
(com “E” maiúsculo) pela qual trabalhamos?
Este é o tipo de reflexão que pais e professores precisam
começar a fazer, diante de fatos como o narrado acima e outros,
que ouvimos por aí.
Afinal, o que é aproximar-se dos interesses do educando?
Será que, para se atingir este objetivo, valem as músicas
de gosto duvidoso, exaltando uma sensualidade fora de contexto ou
uma violência estúpida? Valem as historinhas e desenhos
vazios, de personagens bobos que aparentemente só existem
para criar uma marca e incentivar ao consumo? Será que vale
fazer de conta que se é “antenado” com o presente,
na tentativa de estabelecer algum tipo de cumplicidade com os alunos,
enquanto se perde o contato com as idéias perenes de ética,
respeito e dignidade?
Reconheço que muitos professores dizem “não
saber mais de que recursos lançar mão, para deixar
algo nas cabecinhas avoadas dos alunos”.
Contudo, a situação parece-me um pouco pior: parece
que perdemos referenciais de decência, beleza, cultura, bom
senso e bom gosto.
Cresci num meio em que o universo infantil era povoado de sonhos
bonitos, contos-de-fada, músicas inteligentes, imaginação
e colorido. Onde o afeto e o carinho eram incentivados e onde as
pessoas buscavam Deus, mesmo que através de sua compreensão
religiosa particular, onde se faziam preces antes de dormir e ao
acordar.
Então, o que me parece é que não estamos nos
aproximando do universo infantil, quando aplaudimos suas “dancinhas”
baseadas em coreografias questionáveis e quando incentivamos
a uma sensualidade precoce. Estamos, é impondo o lixo do
universo adulto aos seus corações que mereceriam algo
muito, muito melhor.