Uma pergunta pode ser um excelente
ponto de partida para uma investigação filosófica.
Mas, não, qualquer pergunta!
O professor, muitas vezes, inicia
sua aula fazendo perguntas que visam apenas conferir conteúdos
assimilados. Elas possuem apenas uma resposta certa. Não é
deste tipo de pergunta que estamos falando.
Falamos de perguntas que
fazem raciocinar, que motivam o diálogo e que podem ter muitas
respostas certas.
Perguntas abertas e perguntas fechadas
Existem dois tipos de perguntas:
as perguntas abertas e as perguntas fechadas.
As perguntas fechadas são as
que só tem uma resposta, são usadas para avaliar conhecimentos
ou pedir informação. Ex.: Quem descobriu o Brasil? Que
dia é hoje?
As perguntas abertas são as
que possuem muitas respostas corretas e estimulam a pensar. Ex.: Por
que somos mais amigos de algumas pessoas que de outras? Por que há
pessoas que não acreditam em Deus? Se as pessoas fossem menos
apressadas, elas viveriam melhor?
Seu objetivo não é uma
resposta em si, mas a possibilidade que ela abre para a curiosidade,
para as novas idéias, para a reestruturação do
pensamento e para as trocas de opinião.
Enquanto as respostas para as perguntas
abertas vão sendo encontradas, o assunto ganha novas perspectivas
e cada aluno evolui em sua compreensão. O pensamento se organiza
e há oportunidade de se expor novas questões.
Segundo Splitter e Sharp
(1): Nossas experiências em sala
de aula e em educação de professores nos ensinam que
dentre as muitas habilidades requeridas para construir e sustentar
uma comunidade de investigação, aquelas associadas com
formular, fazer e responder perguntas têm um lugar especial.
Na verdade, a reconstrução da sala de aula como uma
comunidade de investigação dialógica depende
muito da natureza e da qualidade das perguntas levantadas por professores
e alunos.
Ambiente encorajador
O resultado de uma atividade investigativa
depende, não somente, de fazer as perguntas certas, mas, no
caso da sala de aula, da disposição do professor em
aceitar a validade das diversas opiniões e de agir também
como investigador.
A criação de um ambiente
que encoraje o questionamento, que respeite os diversos pontos de
vista, mesmo os da minoria, favorece a naturalidade e espontaneidade
das trocas e estimula a pesquisa sobre os assuntos tratados, na medida
em que todos sentem que podem contribuir para a formação
de um entendimento mais sólido e profundo.
Alguns exemplos
O que dissemos tem a ver com as perguntas
iniciais, que propõem um assunto para ser investigado.
Outras perguntas, feitas pelo coordenador
durante o diálogo, podem exercer este mesmo efeito. Exemplos:
Por que você pensa assim?
Poderia explicar melhor?
Pode nos dar um exemplo?
Você quer dizer que... ?
Alguém tem uma pergunta para... ?
Você concorda com o argumento de... ?
Você pode olhar este assunto por outro ponto de vista?
Isto que você propõe lhe parece correto? Por quê?
Que conseqüências poderiam surgir deste pensamento?
Que conseqüências poderiam surgir desta atitude?
Por que sua pergunta é importante?
Como o que você disse vai nos ajudar?
...