
Gabriel Delanne (François-Marie Gabriel
Delanne)
Paris, França: 23-03-1857 / 15-02-1926)
Nasceu no dia 23 de março de 1857, exatamente
no ano em que Kardec publicava a 1a. edição de “O
Livro dos Espíritos”. Seu pai, Alexandre Delanne, era
espírita e amicíssimo de Kardec, motivo porque foi
ele grandemente influenciado pela idéia.
Sua mãe trabalhou como médium, cooperando com o mestre
de Lyon na Codificação. Muitas das biografias que
temos lido apresentam, quando muito, os nomes e profissão
dos pais da pessoa em questão, revelando alguma importância
que a família pode ter tido para, em seguida, não
mais voltar a tratar deles em seu trabalho. No caso de Gabriel Delanne,
este procedimento seria imperdoável, já que seus pais
tem uma relevância central na sua história pessoal
e espírita.
Alexandre Delanne, pai de Gabriel, era um representante comercial
que possuía uma loja de artigos de higiene na França.
Seu interesse pelo Espiritismo foi despertado em uma de suas viagens
à cidade de Caen, no “Cafe de Grand Balcon”,
quando ouviu uma conversa entre dois homens e zombou do que assumia
posições espíritas. Este, ao invés de
se zangar, deu-lhe uma explicação geral do trabalho
de Kardec e recomendou-lhe a leitura de livros publicados pelo codificador.
Intrigado, Delanne pai comentou o acontecido com sua esposa, Marie
Alexandrine Didelot, que o incentivou a adquirir os livros.
Em pouco tempo estavam lidos “O Livro dos Espíritos”
e “O Livro dos Médiuns”, marcado um encontro
com o Sr. Allan Kardec e a Senhora Delanne psicografara sua primeira
mensagem, no grupo do codificador, onde se liam três palavras:
“Crede, Orai e Aguardai”. Fundou-se um grupo na casa
dos Delanne, que o dirigiam com austeridade e jamais aceitaram nenhum
tipo de remuneração, apesar de sua condição
humilde. Muitos foram os fenômenos e encontros que se deram
entre os habitantes de dois planos da realidade.
Um episódio que Delanne pai trouxe ao público posteriormente
foi à comunicação do Cardeal Lambrusquini,
obtida através da Senhora Potet, redigida em idioma Piemontês,
desconhecido dos membros do grupo e reconhecido por dois visitantes.
No dia seguinte a Senhora Delanne serviria de intermediária
entre os visitantes e seu ilustre conhecido. O cardeal respondeu
a perguntas formuladas mentalmente pelos compatriotas, registradas
em um pedaço de papel para que se pudesse apurar o conteúdo
das comunicações.
Neste ambiente viveu François-Marie Gabriel Delanne (1857-1926)
a sua segunda infância e adolescência. Ele conviveu
intima-mente com faculdades mediúnicas diversificadas de
sua própria mãe e dos médiuns que freqüentavam
sua casa. Uma mostra da sua ligação com o Espiritismo
desde a infância foi um episódio onde substituiu o
pai em sua reunião, com apenas oito anos, explicando o que
fosse necessário às pessoas que participaram dela.
(WANTUIL, 1980. p. 315)
Sua ligação com os membros de sua família foi
intensa. Dedicou posteriormente seu “A Evolução
Anímica” à sua tia Anette Delanne “como
prova de reconhecimento da ternura que povoou a minha infância”.
Sua ligação com Allan Kardec também foi significativa.
Wantuil (1980, p. 316) afirma que em
uma oportunidade Kardec dispensou a ele mimos que um avô dispensa
a seu neto. Gabriel Delanne dedicou-lhe o livro “O
Fenômeno Espírita” com as seguintes
palavras: “À alma imortal de meu venerando mestre Allan
Kardec eu dedico este livro, obra de um de seus mais obscuros mas
de seus mais sinceros admiradores.”
Afirmando sempre que a sua crença inabalável era a
espírita, e dedicando-se desde cedo à pesquisa experimental
dos fatos presenciados dentro da sua própria casa, veio a
receber da espiritualidade uma mensagem cujo teor o faria mais dedicado
e disciplinado para com suas pesquisas. Dizia a mensagem: “Nada
temas. Tem confiança. Jamais serás rico do ponto de
vista material. Coisa alguma, porém, te faltar na vida”.
Delanne não se casou durante sua vida, embora houvesse mantido
os laços com sua família. Em 1905 ele adotou a menina
Suzanne Rabotin, com sete meses, que lhe fez companhia até
a morte.
A história profissional
Delanne iniciou seus estudos no Colégio de
Cluny, passando a seguir para o Colégio de Gray e sendo admitido,
em 1876 na Escola Central de Artes e Manufaturas, que abandonou
no ano seguinte. Regnault afirma que o abandono dos estudos se deveu
à situação financeira da família de
Gabriel. Foi admitido como engenheiro na Companhia de Ar Comprimido
e Eletricidade Popp, onde trabalhou até 1892. Possivelmente
se deve a este emprego o fato de alguns autores se referirem a Gabriel
Delanne como engenheiro. Posteriormente Delanne trabalharia alguns
anos como representante comercial, até 1896. Após
esta data ele dedicou-se integralmente ao Espiritismo.
Delanne possuía problemas de saúde que foram agravados
com o tempo. Na infância ele ficaria cego de um olho em decorrência
de um abcesso. Nos anos 90 sua ataxia já se fazia notada
no andar e o agravamento da doença de base o faria, a partir
de 1906, andar com duas muletas.
Homem Público do Movimento Espírita
Nas comemorações de 1880 da desencarnação
de Kardec, Delanne fez um discurso no túmulo em Père
Lachaise, onde expôs, entre outras idéias, a posição
de que Allan Kardec não viera trazer nenhum culto, que ele
adotara a moral cristã e que havia ainda um campo inexplorado
para estudos, que são as relações entre o mundo
dos espíritos e o nosso.
Em 1882, juntamente com Leymarie participou da assembléia
que fundou a Federação Espírita Francesa e
Belga. Em um episódio curioso, Delanne recebe da Sra. Elisabeth
D”Esperance, médium cujas faculdades lhe dão
notoriedade até os dias de hoje, cerca de 5000 francos para
editar um jornal espírita. Surge o periódico bimestral
“Le Spiritisme” onde Delanne assume o papel de redator
geral, o primeiro volume foi publicado no mês de Março.
Lantier afirma que Delanne era um redator criterioso e rejeitava
artigos dos amigos que não apresentassem os rigores exigidos
pela ciência.
Regnault citou um fragmento de um discurso que expressa bem as diretrizes
que Delanne tomou para a sua prática: demonstrar que o Espiritismo
não é incompatível com a Ciência divulgá-lo
amplamente, para que não ficasse reduzido a uma elite de
cientistas e intelectuais. Mesmo o cáustico Dumas (1980)
reconhece os seus esforços em desenvolver as bases científicas
do Espiritismo.
Em 1883 Delanne se vê envolvido com um debate público
com Guérin, onde o tema central é a encarnação
de Jesus Cristo. A posição de Delanne é a de
que Jesus não possuía nenhuma natureza especial, embora
tivesse notáveis inteligência e evolução.
Gabriel Delanne foi presidente da “Union Spirite Française”,
onde fundou, em 1884, “Le Spiritisme”, e foi o seu representante
no Congresso Espírita de Bruxelas, Bélgica, desse
mesmo ano (1884); foi Presidente da “Société
Française d ´Études des Phénomènes
Psychiques”, onde, também, fundou, em 1897, e dirigiu,
a “Tribune Psychique”; foi membro do Comitê do
Instituto Metapsíquico Internacional, e membro honorário
da “Société d ´Études Psychiques
de Nancy”.
Em 1896 fundou a “Revue Scientifique et Morale du
Spiritisme”, da qual foi o seu Diretor e, em 1898,
apresentou, no Congresso Espiritualista de Londres, extensa “memória”.
Em 1897, fundou “La Tribune Psychique”,
órgão da “Société Française
d ´Études des Phénomènes Psychiques”.
A década de 90 foi marcada pelo regresso de muitos dos seus
entes queridos para a pátria espiritual. Em 92 desencarnou-lhe
o irmão, Ernesto; dois anos depois foi a mãe e em
1901 seria a vez de Alexandre Delanne, o pai e companheiro de trabalhos
no meio espírita.
Uma nova revista seria fundada com o suporte financeiro de Jean
Meyer, a Revista Científica e Moral do Espiritismo
(1896). Em 1898 foram feitas comemorações do cinqüentenário
do Espiritismo, que, portanto, era considerado a partir dos fenômenos
de Hydesville, com duas conferências públicas e gratuitas:
Léon Denis e Gabriel Delanne. No ano seguinte temos a transformação
de mais um órgão central do Espiritismo Francês:
a fundação da Sociedade Francesa de Estudo dos Fenômenos
Psíquicos. Nota-se a falta do termo Espírita nesta
nova sociedade. A despeito deste comentário, Regnault e Bodier
afirmam que seu trabalho nesta sociedade foi amplamente marcado
pela obra de Kardec e formou inúmeros espíritas e
experimentadores.
Delanne aceitou o cargo de vice-presidente. Ele passou a fazer conferências
públicas gratuitas nas noites de terça-feira na sede
da Sociedade sobre os fenômenos do Espiritismo. A esta época
ele já aceitava convites para fazer palestras gratuitas em
Paris e no interior da França.
A participação de Gabriel Delanne nos congressos internacionais
foi ativa. Participou da comissão de organização
do Congresso Espírita e Espiritualista de 1900 onde fez a
conferência de abertura. Em 1905 compareceu ao Congresso de
Liège onde fez uma conferência sobre a exteriorização
do pensamento.
Delanne foi a Alger auxiliar o professor Richet (prêmio Nobel
de medicina) em suas pesquisas com a médium Marthe Béraud
na casa do general Noël. O episódio passou à
história com o nome de “o fantasma de Bien Boa”.
Nele Richet testemunharia fenômenos de materialização
de espíritos de corpo inteiro, após preparar o ambiente
com os cuidados que a Metapsíquica sugeria, evitando-se fraudes.
O leitor interessado poderá ler o episódio, com um
certo ar literário, no livro de Lantier (1971). Delanne participou
de pesquisas com o médium Miller, que posteriormente Denis
desmascarou, no ano de 1906. A Revista Científica e Moral
do Espiritismo foi interrompida em 1914, em função
da guerra, voltando a ser editada em 1917.
Em 1919, com a participação de Jean Meyer, foi fundada
a Federação Nacional dos Espíritas da França,
que incorporou a Sociedade. Delanne tornou-se presidente deste órgão.
Meyer fundou também, neste mesmo ano, o Instituto Metapsíquico
Internacional, que teve como presidente Gustave Geley, indicado
por Delanne.
Sua desencarnação se deu em 1926, um ano depois da
desencarnação da prima que lhe auxiliava com a doença
que praticamente lhe impedia de andar. Bodier e Regnault narram
o episódio acontecido no dia do seu falecimento, quando Delanne
aceitou receber um anarquista que discutiu Espiritismo durante duas
horas e meia, saindo claramente abalado com as colocações
de Delanne por volta das 18:00 h. Próximo das 20:00 h Delanne
teve um ataque, e avisou aos presentes que iria desencarnar. Andre
Bourgeois o socorre e diz-lhe que se recuperaria, ao que ele redarguiu:
“- Sim, no Além”. Às 7:00 h da manhã
do dia seguinte desencarnou Delanne.
Delanne – Escritor
Até o presente momento evitou-se
tratar dos livros escritos por Delanne, apresentando-se apenas as
revistas com que colaborou ou editou. Seu primeiro livro foi publicado
em 1885 com o título “O Espiritismo perante
a Ciência”. Dividido em cinco partes, trata
inicialmente das diversas teorias relacionadas à existência
da alma, da história e teoria do magnetismo, sonambulismo
e hipnotismo, dos experimentos que provam a imortalidade da alma,
do perispírito, provas de sua existência, sua composição
e seu papel na desencarnação, concluindo com uma parte
que trata da mediunidade. Lantier (1971, p.
77) faz um comentário a respeito deste livro que nos
faz crer que ele não o tenha lido.
“O autor, dando prova de
sua grande erudição, combate nele o materialismo
com argumentos que se apóiam mais nas realidades do eletromagnetismo
do que nos postulados do kardecismo.”
Ao se referir ao eletromagnetismo,
Lantier deve estar querendo falar do magnetismo animal de Mesmer
e seus sucessores, dos quais Delanne trata na segunda parte. Como
atribuir a teoria do perispírito a alguém que não
seja Kardec? Como atribuir o tratamento dos tipos de mediunidade
ao eletromagnetismo? Falando francamente, Jacques Lantier parece
não ter lido o livro que comenta, ou desconhecer a obra de
Allan Kardec.
A edição brasileira deste livro foi traduzida por
Carlos Imbassahy e revista por Lauro S. Thiago para a segunda edição
de 1993. A edição que serviu de base a este artigo,
de 1993, indica que foram impressos até então dez
mil livros, mas é necessário comentar que ele ficou
décadas sem ser publicado.
A segunda publicação de Delanne foi “O
Fenômeno Espírita”, que veio a público
em 1896. Espécie de curso introdutório ao Espiritismo,
este livro apresenta a comunicação com os mortos desde
a antiguidade, dedicando um capítulo para os tempos modernos,
onde apresenta com propriedade o desenvolvimento do “new spiritualism”
anglo-americano desde as irmãs Fox, o trabalho de Kardec
e seus contemporâneos e as pesquisas alemãs de Justinus
Kerner aos seus contemporâneos. Segue-se a apresentação
de fenômenos de efeitos físicos e uma discussão
das teses alternativas à mediunidade, com a apresentação
de fatos diversos que comprovam as quatro faculdades básicas
da mediunidade. A segunda parte termina com um capítulo sobre
o “Espiritismo Transcendental”, termo que se refere
aos fenômenos de materialização, desmaterialização,
transporte e outras faculdades de efeitos físicos. A terceira
parte do livro é destinada aos grupos espíritas, apresentando
sugestões para o seu funcionamento. A quarta e última
parte se destina a discutir a tese materialista e a apresentar argumentos
em favor da reencarnação.
Esta é uma obra que merece ser indicada aos iniciantes em
Espiritismo que já possuam hábito de leitura, de leitura
quase obrigatória aos que se dediquem à prática
da doutrina dos espíritos. Sua tradução foi
realizada por Ewerton Quadros, e a edição consultada
indicava a publicação de 29.000 livros pela FEB em
1992.
A próxima contribuição do discípulo
de Kardec à literatura espírita, foi publicada em
1897 e está traduzido em português com o título
“A Evolução Anímica”.
Esta obra é uma análise comparativa dos postulados
espíritas frente à Psicologia Fisiológica da
época. Desdobram-se temas como a vida (entendida organicamente),
a memória, as personalidades múltiplas, a loucura,
a hereditariedade e o universo, onde se discute a evolução
cósmica e a evolução terrestre. Traduzido para
o português por Manuel Quintão, em 1992 a FEB já
havia impresso 34.000 volumes.
Seu quarto livro, cuja primeira edição veio a público
em 1898 ainda não está traduzido para o português
e seu título poderia ser traduzido como “Pesquisas
Sobre a Mediunidade”. Sobre este livro silenciam
Regnault e Bodier, e o suspeito Lantier indica, lacônico,
a sua publicação. Hermínio Miranda, entretanto,
conseguiu a edição francesa de 1902, que cita em seu
“Diversidade dos Carismas”. Neste mesmo ano, Delanne
prefaciou o livro “Katie King: histoire de ses aparitions”,
cujo autor não é indicado por Lantier.
Em 1899 Delanne publicou “A Alma é Imortal”,
quinto livro consecutivo em cinco anos de trabalhos. Nele se trata
da imortalidade da alma, do perispírito, do desdobramento
do ser humano, do corpo fluídico após a morte, as
experiências de De Rochas sobre a exteriorização
da sensibilidade, as fotografias de espíritos desencarnados,
as criações fluídicas da vontade, e as teorias
científicas do tempo, espaço, conservação
da energia e ponderabilidade. Traduzido para o português por
Guillon Ribeiro, a obra consultada já estava em sua quarta
edição, em 1978.
Após um jejum de dez anos Delanne traz a público a
obra que todos os seus biógrafos consideram sua obra prima.
Em língua portuguesa ela poderia ser traduzida “As
Aparições Materializadas dos Vivos e dos Mortos”.
Seu primeiro volume foi publicado em 1909 e seu segundo volume em
1911. Regnault e Bodier (1990, p. 61) afirmam que no primeiro volume
“Gabriel Delanne não deixa sem resposta, nenhuma das
objeções que são feitas à existência
da alma dos vivos. Para prová-lo, fornece uma documentação
extraordinária, baseada em múltiplas experiências
científicas.” Eles continuam tratando do segundo tomo,
o que se transcreve abaixo:
“No segundo tomo mostra
a analogia que existe entre o que se passa durante a vida dos
seres e o que existe quando, não tendo mais o corpo físico,
podem, todavia, manifestar sua sobrevivência através
de comunicações “post mortem”. Daqui
a alguns séculos, quando os historiadores desejarem tornar
conhecido o que havia na época da barbárie, quando
existiam materialistas, os humanos dessa época ficarão
muito espantados ao constatarem que os metapsiquistas nada tinham
inventado.”
Oitenta e cinco anos se passaram
sem que os espíritas brasileiros possam ter o prazer de ler
em sua língua a presente obra. Uma vez que alguns privilegiados
ainda a possuem, o que se pode fazer é esperar que um dos
estudiosos dedicados que o movimento espírita brasileiro
possui se prontifique a traduzi-la, com a certeza de que não
será um “best seller”, mas que ertamente contribuirá
com uma melhor compreensão da alma humana e da história
do Espiritismo.
Em 1922 Delanne prefaciou “A Granja do Silêncio”
de Paul Bodier, publicado em português pela FEB e de excelente
aceitação pelo público francês, quando
lançado.
O “canto do cisne” do pesquisador dos espíritos
foi ditado em 1924 e parece ter tido publicação póstuma
em 1927. Regnault e Bodier se referem a ele como “Documentos
para Servir ao Estudo da Reencarnação”, e está
publicado em português com o título “A
Reencarnação”. Tese polêmica
junto aos espiritualistas ingleses, Delanne trata da reencarnação
em outras culturas e se esmera em documentar evidências da
reencarnação com o auxílio da tese da memória
integral. A casuística é extensa e o que os pesquisadores
contemporâneos denominariam como métodos de memória
espontânea e provocada têm seus lugar neste livro, com
apresentação de procedimentos e resultados. Traduzido
por Carlos Imbassahy, a edição consultada data de
1992 e já está em sua oitava edição,
tendo sido impressos cerca de quarenta mil livros.
O seu primeiro livro – “Le Spiritisme devant la Science”,
foi publicado por Librairie Dentu, de Paris, em 1883, ‘in’
18, 472 pp.; vertido para o espanhol, “El Espiritismo ante
la Ciência”, Barcelona, 1886, Ed. El Cortijo, e traduzido,
por Carlos Imbassahy, para o português, ed. FEB – Federação
Espírita Brasileira, Rio de Janeiro, 1a. ed. 1939, 365 pp.
A seguir publicou:
“Le Phénomène Spirite”. Testemunho dos
sábios. Estudo histórico. Exposição
metódica de todos os fenômenos. Discussão das
hipóteses. Conselho aos médiuns. A teoria filosófica.
Paris, Chamuel, 1893, ‘in’ 12, 296 pp. Obra traduzida
para o português pelo Marechal Francisco Raymundo Ewerton
Quadros, ed. FEB – Federação Espírita
Brasileira, Rio de Janeiro, 1951, 1a. ed. 276 pp.
“L ´Évolution Animique”. Ensaio de psicologia
fisiológica segundo o Espiritismo. Tratada força vital,
do perispírito, da força nervosa psíquica,
do amor conjugal, do inconsciente psíquico, do sonambulismo
provocado, da obsessão e da loucura, etc. Chamuel, Paris,
1897, ‘in’ 18, 368 pp. Versão castelhana, de
J. Torrens, “La Evolución Anímica”, Barcelona,
1899, e traduzida para o português por M. Quintão,
ed. FEB – Federação Espírita Brasileira,
Rio de Janeiro, 1938, 1a. ed. 288 pp.
“Recherches sur la Mediumnité”. Investigações
sobre a mediunidade. Paris. 1898.
“L’Âme est Immortelle”. Demonstração
experimental. Chamuel, Paris, 1899, ‘in’ 18, 468 pp.
Traduzida para o português , por Guillon Ribeiro, ed. FEB
– Federação Espírita Brasileira, Rio
de Janeiro, 1901, 1a. ed. 314 pp.
“Le Périsprit”, Paris Chamuel, 1899.
“Documents pour servir à l ´étude de La
Reincarnation”. Éditions de La B.P.S., Paris, 1924.
– Posteriormente foi titulada “La Reincarnation”
Editions de La B.P.S. , Paris, 1924., 1a. ed. 408 pp. Traduzida
para o português – Reencarnação –
por Carlos Imbassahy, ed. FEB – Federação Espírita
Brasileira, Rio de Janeiro, 1940, 1a. ed. 323 pp.
“Le Magnetisme Animal”.
“Les Vies Sucessives”. Memória apresentada ao
Congresso Internacional de Londres. Traduzida para o espanhol por
Victor Melcior y Farré, com prefácio de Quintín
Lopes Gomes, Barcelona, 1898, Est. Tip. de Juan Torrens, 127 pp.
“Les Apparitions Matérialisées des Vivants et
des Morts”, Librairie Spirite – Leymarie Editeur, Paris,
França, 1909, Tomo I – ” Les Fantômes de
Vivants”, 1a. ed. 527 pp. Tomo II, 1911.
Na construção das suas obras, na ordenação
das suas deduções, em todas as suas exposições,
ressalta o senso da precisão científica, o respeito
pela verdade demonstrada, a necessidade racional de apoiar a afirmação
no testemunho concreto.
Últimas Palavras
Por que acreditamos nos espíritos? Possivelmente
alguns adeptos do Espiritismo dos dias de hoje responderiam esta
pergunta se referindo a algum médium cujas faculdades lhes
trouxe alguma evidência na vida além da matéria.
Outros se lembrarão de obras que lêem como se fosse
uma ficção mas que são respeitadas devido à
autoridade de um expositor vibrante que lhes confere o caráter
de verdade. Hermínio Miranda, ao contrário, relatou
que no início dos seus estudos sobre o Espiritismo e a mediunidade,
o seu introdutor no Espiritismo lhe recomendou a leitura de Kardec,
Denis e Delanne.
Certamente, o espírita que
tiver estudado a obra deste gigante do pensamento espiritista terá
uma convicção diferente, quanto aos espíritos
e a mediunidade. Convicção embasada em fatos e em
reflexão. Convicção filosófico-científica.
Gema tão preciosa quanto rara nos dias em que os “novidadeiros”
se enfileiram em busca das notícias, tão diferentes
quanto improváveis, do suposto “mundo dos espíritos”,
mesclado do “mundo da imaginação dos pseudo-médiuns”.
Observemos detidamente os tradutores
da obra de Delanne. Aqueles que conhecem a história do movimento
espírita brasileiro reconhecem o porte dos que se dispuseram
a traduzi-lo. Quintão, Imbassahy, Guillon Ribeiro, Ewerton
Quadros… Ninguém mais, ninguém menos. O número
de edições, que é bem tímido se comparado
às centenas de milhares de “Nosso Lar” ou às
cifras bem superiores a um milhão de “O Evangelho Segundo
o Espiritismo”, que apontam o potencial do mercado editorial
espírita em nosso país. Sem dúvida que este
quadro será diferente, quando os estudiosos e expositores
espíritas atentarem para a relevância da obra de Gabriel
Delanne e seguirem seu conselho, divulgando-a.