Espiritualidade e Sociedade



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>  Morre Divaldo Franco, espírita se destacou por forte trabalho humanitário e um dos principais divulgadores do Espiritismo no Brasil e no mundo

 

13/05/2025

 

 

Divaldo foi um dos principais divulgadores do Espiritismo no Brasil e no mundo, por isso, foi apontado como uma espécie de sucessor de Chico Xavier, um dos mais importantes expoentes do espiritismo. Ao longo de sua trajetória, realizou mais de 12 mil conferências em cerca de 2.000 cidades brasileiras e visitou mais de 60 países.

 

 

Divaldo Franco morre em Salvador aos 98 anos

Nascido em Feira de Santana, líder religioso se destacou por forte trabalho humanitário

 

por Carol Neves e Roberto Midlej
Reportagem Correio da Bahia

 

O velório será realizado no Ginásio da Mansão do Caminho, das 9h às 20h, desta quarta-feira (13/05/2025). O enterro está marcado para quinta (14/05/2025), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz, no bairro Nova Brasília.

O câncer foi diagnosticado depois que Divaldo sentiu um desconforto urinário. Ele continuou o tratamento em casa, com períodos de internação. Em abril, a Mansão do Caminho informou que Divaldo tinha concluído o tratamento e estava em remissão, mas estava com dificuldade para reter nutrientes e precisava de uma sonda para se alimentar. Apesar dos problemas de saúde, o médium seguiu lúcido até o fim.

Divaldo era responsável por um Centro Espírita e pela Mansão do Caminho, no bairro de Pau da Lima, em Salvador. O espaço tem mais de 80 mil metros quadrados, uma área, portanto, equivalente a mais de dez campos de futebol. Hoje, existem ali mais de 50 edificações, onde funcionam creches, escolas, cursos técnicos e de informática, panificadora, centro médico. O trabalho social feito pelo centro ajudou a mudar muitas vidas.

 

A desencarnação de Divaldo Pereira Franco representa um marco histórico ao movimento espírita brasileiro e mundial. Mais do que o encerramento de uma trajetória pessoal notável, testemunhamos o fim de uma era caracterizada por médiuns cuja projeção pública e longevidade conferiram ao Espiritismo uma visibilidade e uma respeitabilidade únicas, embora não isentas de tensões doutrinárias e desafios interpretativos.
por Marco Milani - Professor da Unicamp e um dos pesquisadores da Liga de Pesquisadores do Espiritsmo - LIHPE
https://educadorespirita1.blogspot.com/2025/05/alem-do-carisma-reflexoes-sobre-o-fim.html



Mediunidade começou cedo

Nascido em Feira de Santana em 5 de maio de 1927, Divaldo estudou na Escola Normal de Rural daquela cidade e obteve o diploma de professor. Mesmo antes de nascer, ele tinha a pecha de "anormal". “Dona Anna Franco, a senhora ficou grávida aos 44 anos. Não é ‘barriga d’água’, como está pensando. Se a senhora não fizer o aborto, seu filho vai nascer… anormal!”, avisou o médico à mãe do médium. A mãe não se abalou e teve o filho, o último de 12 irmãos - cinco morreram antes mesmo de Divaldo nascer.

Mas a infância na casa não foi fácil. Os irmãos mais velhos e o pai não gostavam das visões de Divaldo, que começaram quando ele tinha quatro anos e recebeu um recado da avó da mãe. Ele chegou a apanhar por conta de sua mediunidade, que era vista como algo do demônio.

Na juventude, por causa de sua capacidade mediúnica, chegou a ser considerado louco também pelos colegas. Na escola, os amigos perguntavam, zombando: "Já viu algum espírito hoje?".

O patrão também acreditava que Divaldo não era "normal". Ele trabalhava numa corretora de seguros e via alguns clientes chegarem para pedir informação. Dirigia-se ao balcão e os atendia da mesma maneira que atendia qualquer pessoa. A diferença é que ali eram espíritos que, naturalmente, só Divaldo enxergava.

"Alguém me chamava no balcão e eu ia atender, era muito real. O meu chefe ficava indignado e eu indignado com ele, porque eu achava que ele estava me humilhando, mas ele dizia que não tinha ninguém lá", recordou o líder espírita. Numa ocasião, atendeu um cliente que queria mudar o nome da beneficiária de uma apólice de seguro de vida. O chefe disse que aquele cliente já estava morto. Mas Divaldo deu o nome do homem e o número do arquivo. As informações eram corretas e o chefe, claro, assustou-se.

Por ordem de seu superior, Divaldo, aos 19 anos, dirigiu-se a um psiquiatra e o médico mandou que ele deitasse numa cama. "Fui avisado por um espírito amigo que ele aplicaria o eletrochoque. Fugi”, lembrou ele, que desceu 16 andares de um prédio correndo.

Contato com espiritismo

Em 1944, um dos irmãos de Divaldo, José, morreu vítima de um aneurisma. No velório dele, Divaldo sentiu como se as pernas tivessem sumido e ficou seis meses de cama, paralisado. A família procurou vários médicos, sem sucesso, até que recorreram à médium Ana Ribeiro Borges, a Dona Naná, que identificou que o espírito de José, sofrendo com a morte súbita, estava se prendendo a Divaldo. Ela conseguiu ajudar o espírito e Divaldo, que voltou a caminhar. Foi nesse episódio que a forte mediunidade de Divaldo foi identificada e ele conheceu a doutrina espírita.

Divaldo visitou pela primeira vez o Centro Espírita Jesus de Nazaré, que se mantém em atividade até os dias atuais. Por influência da Dona Naná, ele se mudou para Salvador em 1945 e passou a ficar cada vez mais envolvido com a religião.

Mansão do Caminho

Pouco depois, aos 20 anos, em 1947, juntou-se ao amigo Nilson de Souza Pereira, o Tio Nilson, e fundou com ele o Centro Espírita Caminho da Redenção, no bairro da Calçada. Ali, abrigava mais de 50 órfãos, que, em 1956, foram para o Pau da Lima com ele, viver na nova sede do Centro Espírita, onde foi instalada a Obra Social da Mansão do Caminho.

As crianças, supervisionadas por Divaldo, Nilson e uma tia prepararam o terreno e ali abriram ruas e plantaram hortas, em condições precárias e sem conforto. O dinheiro era escasso e, às vezes, mal dava para a alimentação. Paralelamente ao trabalho social, Divaldo era escriturário do Ipase, Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, criado no governo de Getúlio Vargas. Se aposentou em 1980, aos 53 anos.

A preocupação com educação também era justificada pela sua fé no espiritismo: “Allan Kardec perguntou aos espíritos qual era a grande solução para o problema da humanidade e a resposta foi: a educação. Não aquela que se adquire pelos livros, mas aquela que tem a ver com as qualidades morais, porque elas combatem o materialismo e a crueldade”, disse Divaldo.

Segundo informações da Mansão, mais de 35 mil crianças e jovens já estudaram na instituição. Calcula-se que cerca de 680 crianças residiram ali, até se tornarem emancipadas. A Mansão tem aproximadamente 300 funcionários, além de 400 voluntários.

Livros psicografados

O projeto é mantido com doações e a venda de livros espíritas, muitos dos quais são psicografados por Divaldo, que já deve ter mais de 250 obras publicadas e mais de dez milhões de livros vendidos até hoje. O primeiro deles foi Messe de Amor, de autoria de Joanna de Ângelis, mentora espiritual de Divaldo.

Anália Franco, Amélia Rodrigues e Bezerra de Menezes são outros espíritos que o médium baiano psicografa. Os livros já foram traduzidos para mais de 15 idiomas, incluido albanês, húngaro e tcheco.

Divaldo realizou conferências em mais de 60 países de todos os continentes para propagar a doutrina espírita e seus ensinamentos.

Considerado por muitos o "novo Chico Xavier", Divaldo, que foi amigo do médium mineiro, evitava o rótulo: “Pra mim, ele é um grande mestre. Não me sinto um continuador do trabalho dele, mas me sinto como alguém envolto, como ele, da propaganda do espiritismo. Ele era ‘o concur’ pela sua irradiação de amor e paz, por isso ele foi pra mim um grande mestre”, disse.

 

Fonte: https://www.correio24horas.com.br/salvador/divaldo-franco-morre-em-salvador-aos-98-anos-0525?utm_medium=share-site&utm_source=whatsapp

 

 

 
Divaldo Franco e José Medrado

 

O médium José Medrado usou as redes sociais para se despedir do colega e um dos maiores líderes do espiritismo no Brasil, Divaldo Franco. O fundador do Centro Espirita Cidade da Luz ainda reconheceu a importância do colega e disse que sua "missão foi cumprida".

"Desencarna Divaldo Franco. Certamente, um dos seus últimos haustos de vida deve ter sido a conclusão : missão cumprida. Que siga sob o amparo dos amigos espirituais", declarou.

 


Centro de Parto Normal da Mansão do Caminho

 

Fim do Centro de Parto Mansão do Caminho, legado de Divaldo Franco,
deixa lacuna aberta até hoje
Líder espírita faleceu, aos 89 anos, na noite desta terça-feira (13), em Salvador


por Maysa Polcri

 

Com o bebê recém-nascido no colo, Débora Albuquerque sentia-se em casa, mesmo a quilômetros de distância de onde vive. A vista para o jardim e as árvores da Mansão do Caminho eram acalanto para a mãe de primeira viagem após o parto. Ao longo de 12 anos, o principal legado material do médium Divaldo Franco, que faleceu, aos 89 anos, na noite desta terça-feira (13), em Salvador, acolheu milhares de grávidas, com média de 48 partos mensais. O fechamento da unidade, em 2023, abriu uma lacuna que nunca foi totalmente preenchida.

A gravidez sempre vem acompanhada de dúvidas. Enquanto o bebê se desenvolve, as preocupações rondam as cabeças das mães. Onde e como será o parto talvez seja a mais dura delas. Quem buscava dar à luz de maneira humanizada, longe dos corredores frios dos hospitais, encontrava refúgio no Centro de Parto Normal (CPN) Marieta de Souza Pereira, uma das mais de 40 edificações da Mansão do Caminho, no bairro Pau da Lima.

O centro de parto nasceu de uma visão espírita de Divaldo Franco e da necessidade da própria população, que buscava a Mansão do Caminho mesmo antes da especialidade, como conta Mário Sérgio, atual presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção. Nilson de Souza Pereira, que fundou a Mansão junto com Divaldo, realizou partos de emergência no local.

"Quem pediu para fazer o centro de parto foi Joanna de Ângelis [mentora espiritual de Divaldo] porque o tio Nilson, há 15 anos, chegou a fazer dois partos na porta da Mansão. As mulheres não tinham para onde ir, buscavam ajuda aqui, e ele fez os dois partos dentro de uma kombi", conta o presidente. Nilson Pereira faleceu em 2013, aos 89 anos.

Débora Albuquerque, 30, soube que o centro socioassistencial realizava partos normais quando estava grávida do primeiro filho, em 2018. O tratamento humanizado, através do Sistema Único de Saúde (SUS), chamou atenção da professora de artes, que enfrentava o período de carência do plano de saúde.

“Tive receio de sofrer violência durante o parto e, de forma alguma, isso aconteceu comigo na Mansão do Caminho. Ouço mães que foram obrigadas a ficar deitadas nos hospitais, e comigo foi ao contrário. Me ofereceram várias opções de posições e fui muito respeitada”, conta Débora. Apesar de ser um direito de toda gestante, não são todas que têm acesso aos partos humanizados.

Os anos de funcionamento do CPN tornaram a Mansão do Caminho referência na área e mais de 11 mil partos foram realizados ao longo dos anos. Diferente dos procedimentos em hospitais tradicionais, o parto humanizado coloca a mulher e suas escolhas como protagonistas. A cartilha prevê, por exemplo, que a equipe médica só interfira em caso de intercorrências.

No Brasil, esses estabelecimentos são regulados pela resolução nº 920/2024 do Ministério da Saúde. Os centros de parto normal devem seguir uma série de normas como: estar localizado nas imediações de hospitais de referência, transporte seguro para a mãe e o recém nascido, além de garantir a permanência de ambos antes, durante e depois do parto.

História
Antes de ocupar a área de 78 mil m² no bairro de Pau da Lima, a obra de fraternidade criada por Divaldo Franco e o amigo Nilson de Souza Pereira funcionou no bairro da Calçada, em Salvador. O terreno foi adquirido em 1955, quando o centro foi transferido. Tão logo foi inaugurada a obra social, seus fundadores viram nascer as experiências dos “lares-famílias”, sob a máxima do espiritismo: “fora da caridade não há salvação”.

Mulheres escolhidas por Divaldo cuidavam de até cinco crianças dentro de residências construídas na Mansão. Foi o caso de Dilma Correia, 90. Aos 30 anos, ela recebeu a missão de cuidar de uma dessas casas e, hoje, mora na Mansão do Caminho, onde também recebe cuidados. Ao longo de anos, cuidou de diversos "filhos", que a chamavam carinhosamente de "tia".

"Eu vim para cá logo depois que me formei e agradeço muito a Deus por isso. Aprendi muita coisa com Divaldo e vi o que os espíritos são capaz de fazer. Você olha para a magnitude dessa obra e entende que, só com eles, foi possível dois jovens [Divaldo e Nilson] construírem tudo isso em só uma encarnação", diz Dilma.

A mediunidade de Divaldo e as ações de caridade atraiam pessoas que buscavam auxílio material, educacional e espiritual. Foram diversas as vezes em que bebês foram abandonados no local por famílias que não tinham condições de cuidar. Todos foram acolhidos. Ao longo dos anos, foram construídas creche, escola, centro médico, laboratório, biblioteca, entre outros espaços. São 44 edificações espalhadas na área verde de grandes proporções, que recebem cerca de cinco mil pessoas diariamente.

O CPN aumentou ainda mais a popularidade da Mansão do Caminho e funcionou até setembro de 2013, após a realização de mais de 11 mil partos. Foi o primeiro Centro de Parto Normal da Rede Cegonha, estratégia do Ministério da Saúde que estrutura e organiza a atenção materno-infantil do país. A criação do espaço era um desejo de Divaldo Franco.

A decisão de encerrar as atividades partiu da direção, que afirmou, na época, não ter recebido recursos suficientes dos órgãos públicos. Mas não só isso. Assim como a mentora espiritual de Divaldo Franco sugeriu a criação do centro, ela também teria dito que estava no momento do ciclo chegar ao fim.

"Ela disse assim: se encerrou um ciclo e vamos iniciar outro. Hoje, a humanidade tem a necessidade de um equilíbrio mental. Então, nós desviamos o foco e os recursos para aplicar em saúde mental", detalha Mário Sérgio. O espaço onde funcionou o centro de parto será transformado em uma policlínica e a direção planeja a construção de um prédio para atender questões relacionadas à saúde mental.

A família da fisioterapeuta Fernanda Deise Oliveira, 28, tentou a todo custo fazer com que ela desistisse da ideia de parir em um centro de parto normal. O medo era que a mãe e o bebê passassem por algum problema e não tivessem a assistência médica devida. “Pouco antes do parto, minha mãe chegou a oferecer o cartão de crédito para pagar a cesariana”, relembra.

Fernanda enfrentou as críticas e preocupações, e deixou a cidade natal, Ribeira do Pombal, para dar à luz no lugar que escolheu. Ela chegou na Mansão do Caminho com dez centímetros de dilatação e muita apreensão. A pequena Ana Julia veio ao mundo em 28 de maio de 2023, em plena pandemia.

“Eu e meu marido fomos super bem acolhidos. Eles me ensinaram o jeito correto de amamentar e a dar banho nela", relembra. O ambiente bucólico, com vegetação a se perder de vista, contribuíam para a escolha das mães que queriam fugir dos padrões convencionais dos hospitais públicos ou privados.

Apesar da Mansão do Caminho ser vinculada à doutrina espírita, que tem Divaldo Franco como um de seus principais expoentes, nunca houve restrições por crenças religiosas durante os atendimentos. Mesmo sem seguir à risca a religião, Débora Albuquerque escolheu o centro para dar à luz em 2018. “Tenho alguma ligação com o espiritismo, apesar de não saber ao certo qual. Me considero uma pessoa espiritualizada, com fé. Mas não tenho religião”, diz.

Em entrevista concedida ao CORREIO, após o anúncio de fechamento da unidade, uma obstetra aposentada que trabalhou no local contou que havia desentendimentos entre a gestão do Centro Espírita e do Centro de Parto Normal. “A gestão do CPN e a gestão geral da instituição possuem formas diferentes de ver as coisas. Nunca houveram falas sobre fechamento, mas o relacionamento sempre foi muito conflituoso”, contou Marilene Pereira.

Questionado sobre os supostos conflitos, Mário Sérgio explica que cada prédio da Mansão do Caminho possui gestão própria. "Todas as gestões são independentes. No centro de parto normal havia um médico responsável, que tinha independência para tocar as atividades", afirma.

Lacuna aberta
O fim do CPN deixou uma lacuna aberta e a comoção frente à notícia de fechamento foi grande. Em menos de dois dias, a petição “Não fechem o CPN Mansão do Caminho” reuniu 17 mil assinaturas. Em 2023, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) chegou a divulgar a criação de um grupo de trabalho que formularia estratégias para a continuidade do centro, o que não se concretizou.

Mesmo sem realizar partos, a Mansão do Caminho ainda presta assistência às gestantes com consultas de pré-natal, consultoria de amamentação, além de grupos de psicologia, aulas de yoga e doação de cestas básicas (veja todos os serviços abaixo). Atualmente, cerca de 480 gestantes são acompanhadas por médicos e outros profissionais voluntários.

Em Salvador, apenas as maternidades Albert Sabin e Maria da Conceição de Jesus possuem centros de partos normais através do SUS atualmente, segundo a pasta estadual. São cinco leitos em cada uma das unidades, que seguem os parâmetros hospitalares tradicionais.

Fernanda Deise, que deu à luz durante a pandemia, lamenta que outras mães não possam ter experiências como a que ela teve no CPN. "Eu, até hoje, não entendo como fecharam uma instituição tão boa como aquela. Eu trabalho com atendimento às gestantes e, com certeza, indicaria que elas dessem à luz na Mansão do Caminho. Muitas mulheres buscam o parto humanizado, com profissionais que pensam mais na paciente e é algo muito difícil de achar", aponta.

O acolhimento de crianças em situação de vulnerabilidade continua sendo uma das principais vertentes do centro. Quase dois mil alunos estão distribuídos nas unidades Creche A Manjedoura, Jardim de Infância Esperança, Escola Alvorada Nova, Escolas Jesus Cristo e Allan Kardec e Colégio Nilson de Souza Pereira. Ainda há atendimento médico para 21 especialidades e cerca de 800 atendimentos de saúde são realizados por mês por profissionais exclusivamente voluntários.

 

Fonte: https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/fim-do-centro-de-parto-mansao-do-caminho-legado-de-divaldo-franco-deixou-lacuna-aberta-ate-hoje-0525

 

 

Morre Divaldo Franco, espírita considerado sucessor de Chico Xavier

Médium fundou a Mansão do Caminho,
entidade que acolhe crianças vulneráveis na Bahia desde 1952

 

por João Pedro Pitombo
da Folha de SP

 

 





Morreu nesta terça-feira (13), aos 98 anos, o médium Divaldo Franco, líder religioso que liderou trabalhos filantrópicos por mais de 70 anos, foi um dos principais disseminadores da doutrina espírita no Brasil e foi apontado como sucessor de Chico Xavier (1910-2002).

Ele foi fundador da Mansão do Caminho, entidade que acolhe crianças em adolescentes em situação de vulnerabilidade social na Bahia.

A causa da morte não foi divulgada. Nos últimos anos, vinha enfrentando problemas de saúde, incluindo um câncer na bexiga identificado em novembro de 2024.

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Divaldo Franco posa para foto na sede da Mansão do Caminho, em Salvador, em 2012

 

Divaldo Pereira Franco nasceu em maio de 1927 em Feira de Santana, (a 109 km de Salvador), sendo caçula de uma família de 12 irmãos. Cursou a Escola Normal, recebeu o diploma de professor primário em 1943, mas não exerceu a profissão.

Dois anos depois, mudou-se para Salvador e se tornou servidor do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado, local onde trabalhou até se aposentar em 1980.

Foi criado em família católica e, segundo depoimentos que deu ao longo da vida, começou a ver e ouvir espíritos ainda na infância. Anos depois, na juventude, se descobriu médium e passou a desenvolver a psicografia (habilidade de decifrar mensagens passadas por espíritos, segundo a doutrina).

Sua trajetória como líder religioso começou em 1947, ano em que ele fundou junto com o amigo Nilson de Souza Pereira (1924-2013) o Centro Espírita Caminho da Redenção, com sede em Salvador.

O espaço foi o embrião para Mansão do Caminho, fundada em 1952 para atender a crianças e adolescentes de famílias pobres e que com o tempo se tornou uma das maiores instituições filantrópicas do país.

Divaldo foi um dos principais divulgadores do Espiritismo no Brasil e no mundo, por isso, foi apontado como uma espécie de sucessor de Chico Xavier, um dos mais importantes expoentes do espiritismo. Ao longo de sua trajetória, realizou mais de 12 mil conferências em cerca de 2.000 cidades brasileiras e visitou mais de 60 países.

Escreveu mais de 200 livros psicografados sob orientação da sua guia, o espírito Joanna de Ângelis. Seus escritos se tornaram um sucesso editorial, vendendo mais de sete milhões de exemplares e sendo traduzido para diversos idiomas.

Joanna de Ângelis, explicava o médium, era um espírito antigo, que teria encarnado na Terra em personalidades marcantes como Santa Clara de Assis, a mártir cristã Joana de Cusa e a abadessa Joanna Angélica, morta em 1822 em meio aos conflitos que iniciaram guerra pela Independência na Bahia.

O primeiro livro, "Messe de Amor", foi lançado em 1964 e reunia mensagens de Joanna de Ângelis que teriam sido psicografadas. Também se destacam na obra do médium a chamada Série Psicológica, composta por dezesseis livros que estabelecem pontes entre a Doutrina Espírita e correntes da psicologia.


No campo social, Divaldo Franco se notabilizou pelo trabalho na Mansão do Caminho, inicialmente concebida como um orfanato. Ao longo da vida, adotou como filhos cerca de 600 crianças que passaram pela entidade.

A Mansão do Caminho ocupa uma área de 78 mil metros quadrados no bairro do Pau da Lima, periferia de Salvador e atende diariamente cerca de 2.000 crianças e adolescentes de famílias de baixa renda.

A estrutura inclui uma creche, uma escola de ensino fundamental, uma de ensino médio, além de uma clínica de partos humanizados.

A entidade também atua na assistência social, oferecendo auxílio a mais de 500 pessoas em estado de vulnerabilidade social, com patologias graves, idosos e gestantes. Também gere o Centro de Saúde Dr. José Carneiro de Campos, unidade realiza exames e consultas em diversas especialidades médicas.

Nos últimos anos, passou a manifestar em palestras e vídeos suas posições políticas conservadoras. Foi entusiasta da operação Lava Jato e apoiou Jair Bolsonaro (PL) à Presidência da República.

Em 2023, o médium voltou a gerar polêmica no meio espírita ao defender os manifestantes que participaram dos protestos de caráter golpista de 8 de janeiro e depredaram as sedes dos três Poderes da República.

"Estamos vendo aí leis absurdas, prisões estúpidas sem julgamento. Como é que pegam pessoas na rua, botam no ônibus e levam para a cadeia?", questionou Divaldo em vídeo publicado na época. As declarações geraram reações de setores progressistas do espiritismo.

O líder religioso teve sua história contada no filme "Divaldo - O Mensageiro da Paz", lançado em 2019 com direção de Clovis Mello e elenco com Guilherme Lobo, Regiane Alves, Bruno Garcia e Marcos Veras.

 

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2025/05/morre-divaldo-franco-lider-espirita-considerado-sucessor-de-chico-xavier.shtml

 

 

Morre Divaldo Franco, referência do espiritismo na atualidade

Médium baiano faleceu em Salvador, aos 98 anos; ele tratava um câncer na bexiga

 

por Camila Tíssiada CNN , Salvador

 

Morreu em Salvador, na noite desta terça-feira (13), o líder religioso Dilvado Franco, aos 98 anos. O médium baiano lutava contra um câncer na bexiga desde novembro do ano passado e, nesta noite, teve falência múltipla dos órgãos, segundo a assessoria do Centro Espírita Mansão do Caminho, entidade representada por Divaldo.

O velório será realizado nesta quarta (14), no Ginásio da Mansão do Caminho, na capital baiana, das 9h às 20h. Já o sepultamento ocorrerá na quinta-feira (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz.

Conhecido como embaixador da paz no mundo, Divaldo foi responsável por mais de 20 mil conferências, realizadas em mais de 2.500 cidades e 71 países.

Sua trajetória começou a ganhar destaque em 1952, quando fundou a Mansão do Caminho. O espaço abriga hoje um amplo complexo educacional e socioassistencial, atendendo diariamente mais de 5 mil pessoas – entre crianças, jovens, adultos, idosos – em condições de miséria extrema – que procuram ajuda material, educacional e espiritual.

Com mais de 260 obras publicadas ele deixou também um legado literário, muitos psicografados a partir de histórias de diversos espíritos. As obras de Divaldo foram traduzidas para 17 idiomas.

Entre tantas homenagens pelo trabalho de caridade realizado, Divaldo Franco teve ainda a vida e obra retratadas no cinema através do filme “Divaldo – O Mensageiro da Paz”, lançado em 2019.

Divaldo Franco não deixou filhos biológicos, mas era reconhecido como pai de cerca de 685 pessoas que acolheu nas últimas décadas e deixa um legado de amor e luz.

 

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/nordeste/ba/morre-divaldo-franco-referencia-do-espiritismo-na-atualidade/

 

 

 

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Allan Kardec      -   Special Page - Translated Titles
* lembrete - obras psicografadas entram pelo nome do autor espiritual :

 



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