O jornal "Estado de São Paulo" selecionou 10 livros
para iniciar ou aprofundar a conversa sobre morte com os filhos,
e para falar sobre despedidas e saudades.
Livros sobre morte e luto para crianças

Pode Chorar, Coração, Mas Fique
Inteiro
Lançado em 2020, Pode Chorar, Coração,
Mas Fique Inteiro (Companhia das Letrinhas, 32 págs.;
R$ 39,90), de Glenn Ringtved com ilustrações de Charlotte
Pardi, retrata o processo de despedida de uma avó e seus
netos. Um livro delicado e poético que traz a temível
morte como personagem - mas, aqui, ela se mostra uma gentil admiradora
da vida que reforça aos leitores a importância e a
beleza de conseguirmos nos despedir de quem amamos na hora que ela
chegar.
Infinitos
Infinitos (Melhoramentos, 36 págs.; R$ 39;
R$ 29,90 o e-book), de Leo Cunha com ilustrações de
Alexandre Rampazo, é um delicado livro sobre relações
familiares, morte e saudade. Uma garotinha adora a avó e
tudo o que a cerca, e fica muito curiosa para entender o que é
o símbolo que ela traz sob a cabeleira branca: o infinito.
Ela se põe então a procurar infinitos em tudo o que
aparece na sua frente e os coleciona, mesmo quando a avó
já não está mais em casa, mesmo quando a saudade
aperta. A obra foi publicada este ano.
A Cabine Telefônica do Sr. Hirota
Também de 2021, A Cabine Telefônica
do Sr. Hirota (Melhoramentos, 40 págs.; R$
35; R$ 22,90 o e-book) nos leva para mais longe, até o Japão,
para falar sobre o mesmo tema: a morte. Mas não é
aquela morte esperada, previsível. Todo mundo da cidade perdeu
alguém no dia em que a grande onda chegou, lemos no livro
de Heather Smith e ilustrado por Rachel Wada. O pequeno Makio perdeu
o pai. Na história, baseada em algo que autora ouviu em um
podcast, o sr. Hirota constrói uma cabine telefônica
no jardim, para que os moradores possam conversar com seus mortos
- para que ele possa se comunicar com a filha, também levada
pelo mar, para que Makio comece a elaborar o seu luto.
A Coisa Brutamontes
Vencedor do 3.º Prêmio Cepe de Literatura na categoria
infantojuvenil e finalista do Jabuti, A Coisa Brutamontes
(Cepe; 44 págs.; R$ 40; R$ 9,90 o e-book), escrito por Renata
Penzani e ilustrado por Renato Alarcão, abordam a questão
a partir do olhar de uma criança. Como um menininho reage
à ideia da morte? Trata-se de livro-interrogação.
Há um lugar para ser criança e outro para ser velho?
A velhice tem um lugar? A infância um dia acaba? Perto e longe
são palavras desconhecidas? O que acontece quando uma criança
se apaixona por alguém com muitos anos sem nem saber o que
é gostar?

Iris
Da noite para o dia, a família de Íris descobre que
ela está gravemente doente e precisa ser hospitalizada. Por
meio do ponto de vista terno e ingênuo de sua irmã
mais nova, que narra os sentimentos que a afligem, o leitor compartilha
dos acontecimentos que transformam a rotina familiar, juntamente
com o medo, a esperança e a tristeza que os acompanham. Com
lirismo e delicadeza, Iris (Pulo do Gato; 80 págs.;
R$ 41,60), de Gudrun Mebs com ilustrações de Beatriz
Martín Vidal, apresenta uma temática delicada, especialmente
para o universo infantil: a doença progressiva de uma pessoa
querida.
Harvey - Como me Tornei Invisível
Harvey vê sua vida virar de cabeça para baixo quando
toma conhecimento da morte do pai. Invadido por um sentimento desconhecido
e desolador, ele tenta se proteger da dor, refugiando-se em seu
rico mundo de fantasia. Harvey - Como me Tornei Invisível
(Pulo do Gato; 168 págs.; R$ 45,60, de Hervé Bouchard
e Janice Nadeau, é uma novela gráfica sensível
e realista sobre a perda de um ente querido e a necessidade de encontrar
recursos pessoais para superar a dor do luto.
Vazio
Vazio (Salamandra; 84 págs.; R$ 51), de
Anna Llenas, conta a história de uma garota que começa
a sentir.... um vazio. Ela tenta preenchê-lo das mais diversas
formas, chega a desistir e começa a tentar viver com esse
buraco. Até que descobre uma forma de transformar essa tristeza
em algo mais. Não é um livro que fala sobre morte
exatamente, ou abertamente, mas é, sobretudo, sobre como
lidar com as perdas.
A Dobradura do Samurai
Há muito tempo o origami faz parte da vida dos japoneses.
Os samurais já utilizavam essa técnica para desenvolver
a coordenação motora, o tato e a circulação
sanguínea. Era esse o caso do famoso guerreiro Massao Kazuo,
mestre também na arte de dobrar papéis. Seu filho,
Mitio, gostava principalmente de ver o pai fazer o tsuru, dobradura
que representa o grou, ave da saúde e da fortuna. Bom observador,
Mitio logo se torna um especialista na arte do origami. Até
o dia em que seu pai adoece, e Mitio resolver dobrar mil tsurus
para tentar salvar Massao. A dobradura do samurai relembra uma antiga
lenda japonesa, segundo a qual quem dobrasse mil tsurus teria seus
desejos realizados. Essa é a história de A
Dobradura do Samurai (Moderna; 39 págs.; R$ 49)
Menina Nina
Sensível livro de Ziraldo, Menina Nina
(Melhoramentos, 40 págs.; R$ 49; R$ 32,90 o e-book) sonda
os mistérios da vida e da morte e fala sobre a dor de um
modo delicado e cheio de esperança. Ele fala sobre a relação
da menina com a sua avó, e sua inesperada morte.
O Chamado do Monstro
Delicado livro sobre o luto, para crianças maiores, O
Chamado do Monstro (Ática; 216 págs.; R$
54,90) foi escrito por Patrick Ness a partir de uma ideia de Siobhan
Dowd. Ela criou os personagens e a premissa do livro - um garoto
simbolizando a morte da mãe, doente em estágio terminal
-, mas não teve tempo de escrevê-lo. Dowd morreu de
câncer. A obra, que deu origem ao filme Sete Minutos Antes
da Meia-Noite, acompanha Conor que, desde que sua mãe adoeceu,
tem sempre o mesmo pesadelo horrível. Por isso, quando um
monstro surge no quarto, o garoto não se abala. Mas a relação
entre eles não será fácil: o monstro quer a
verdade - e dela, sim, Conor tem medo.