25/12/2011
Da esquerda para a direita, o médico da
policia militar Mauricio Domingues,
Anderson Xavier de Oliveira, o policial militar Leandro Gomes, Bernd
Foester,
Henrique Lederman e Julio Peres
- Foto: Bruno Gabrieli
Pesquisadores da Universidade
Federal de São Paulo, da Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo e da Universidade Federal de Juiz
de Fora, em Minas Gerais, decidiram usar tecnologia avançada
para analisar os efeitos da psicoterapia no transtorno de estresse pós-traumático
(TEPT). O distúrbio é marcado por sintomas como insônia,
irritabilidade, hipersensibilidade a ruídos e pode desencadear
a síndrome do pânico e a depressão.
Para participar do trabalho pioneiro, foram convidados 36 policiais
militares da cidade de São Paulo que sofreram os ataques de uma
facção criminosa em maio de 2006.
“Além de passar
por momentos de tensão, esses profissionais socorreram feridos
e presenciaram a morte de amigos”, conta o psicólogo
Julio Fernando Prieto Peres, que capitaneia o estudo.
Eles foram separados em três grupos: um era formado por policiais
sem sintomas do TEPT. Os outros dois contavam com militares abalados
por aquele momento, sendo que só uma turma passou por sessões
de psicoterapia.
A partir daí, o cérebro de cada um deles foi avaliado
por meio da chamada ressonância magnética funcional, um
exame moderníssimo que permite enxergar o trabalho dos neurônios
em diversas áreas da massa cinzenta.
Após uma análise detalhada, os especialistas perceberam
que a cabeça dos policiais submetidos à intervenção
psicológica funcionava de maneira similar à daqueles que
tinham uma maior resistência natural ao estresse. Ou seja, antes
da terapia, as imagens apontavam para um aumento da atividade da amígdala,
uma área no cérebro envolvida com a expressão do
medo. Depois, graças à ajuda terapêutica, elas se
tornaram bem parecidas com as dos policiais que, apesar das situações
dramáticas, apresentavam um tipo de resistência natural.
E, para completar, os participantes que foram tratados relataram melhora
na qualidade do sono e atenuação do nervosismo.
“Nosso trabalho mostra
que a resiliência pode ser desenvolvida na psicoterapia e este
aprendizado modifica o cérebro”, conclui Julio Peres.
O estudo foi elogiado por
profissionais de universidades mundo afora.
Saiba mais
Terapêutica do trauma
psicológico de policiais militares: estudo com ressonância
magnética funcional
Autores: Julio Fernando Prieto Peres, Bernd Foester,
Mauricio Domingues, Alexander Moreira-Almeida, Leandro Santana, Antonia
Gladys Nasello, Mariangela Gentil Savoia, Henrique Lederman
Instituições: Universidade Federal de
São Paulo, Philips Medical Systems (EUA), Polícia Militar
do Estado de São Paulo, Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo, Universidade Federal de Juiz de Fora.
Fonte: http://saude.abril.com.br/premiosaude/2011/votacao-finalistas.shtml?mental-emocional