Bonito mesmo é ver a vida se espreguiçando
manhosa, despertando de novo, começando outra vez.
Sonhos pendurados no varal, planos sobre a mesa, janelas abrigando
o sol, flores com cheiro de poesia.
Viver é mesmo um espetáculo que eu só descobri
quando desacelerei o passo, parei de apressar as horas e comecei a
amar o processo, o trajeto, ainda que a paisagem não tivesse
o meu tom preferido.
Parei de me angustiar pelo que virá depois das montanhas, além
do horizonte e das expectativas que abrigo em mim.
Aprendi a aproveitar o caminho, a abrir os braços e sentir
as gotas miúdas que despencam do céu e os raios de amor
que me iluminam a estrada.
E, é libertador poder aninhar o tempo, os dias se movimentando,
as miudezas que me aquecem o coração.
Afinal, nada levarei daqui, senão, tudo o que os meus olhos
vagarosos puderem contemplar e todas as emoções que
eu me permitir sentir.