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MEIOS E FINS

 

"Os fins justificam os meios". Esta afirmativa é muito comum, mas nem sempre podemos dizer que é acertada.

Ouvimos, recentemente, essa desculpa de alguém que tentava ajudar um amigo, usando de expedientes ilegais e imorais.

No seu modo de pensar, ele entendia que se o fim objetivado é nobre, os meios utilizados para atingi-lo, estão justificados.

No entanto, esse tema merece uma reflexão mais detida.

Se alguém comete um crime, por exemplo, e contrata um advogado para defender seus direitos de cidadão, e esse profissional usa de recursos que contrariam o fim visado, que é fazer justiça, comete um ato extremamente contraditório.

Um profissional do direito tem, em primeiro lugar, que observar a situação como um todo, e não apenas parte dela.

Se o seu trabalho é fazer com que a justiça aconteça, não será cometendo outras tantas injustiças que ele terá cumprido o seu dever.

O fim, nesse caso, não justifica os meios, porque esses se chocam contra o fim.

Assim também acontece nos sistemas carcerários de nosso país, em que se visa a correção do delinquente utilizando-se os meios mais impróprios para tal.

Enquanto o homem não despertar sua consciência para essa realidade, suas ações em busca da justiça vão resultar nulas.

Se a intenção é nobre, os meios utilizados devem ser também nobres, justos e morais.

Uma tese só pode ser derrubada por uma antítese. Caso contrário será reforçada, ao invés de anulada.

O homem tem vivido com essas contrariedades e também acaba sendo vítima das suas próprias incoerências.

O ser humano deseja, ardentemente, ser amado e respeitado, ter seus direitos garantidos e seu bem-estar conquistado.

No entanto, acaba sendo vítima de si mesmo, nessa ânsia de chegar aos fins sem atentar muito para os meios utilizados.

Poderíamos dizer, até, que o próprio homem também acaba sendo usado como um mero meio para se chegar aos fins desejados.

É o que acontece, em tese, numa boa parte das organizações modernas.

"No mundo civilizado, das organizações, será possível ter reverência pelo próximo?

"Na lógica das organizações não há "próximos" nem amigos. A lógica das organizações diz: cada funcionário é apenas um meio para o fim da organização, não importa quão grandioso ele seja!"

Não importa quantos anos de sua vida ele tenha dedicado à empresa...

Não importam os seus sonhos, suas esperanças, seus planos para o futuro... Suas necessidades.

Se hoje não é mais um meio útil para se atingir os lucros desejados ou se está pesando na folha de pagamento, ele é simplesmente descartado.

...Como qualquer outra máquina que tenha se tornado inútil!

Nesse caso, como em tantos outros, podemos afirmar que os fins não justificam os meios...

Um ser humano não é um meio. Sua felicidade plena é o fim almejado pelo Criador.


* * *

 

Os fins não justificam os meios.

É preciso que os meios sejam coerentes com os fins objetivados.

Não se pode combater um mal com um mal maior ou equivalente.

E, acima de tudo, é preciso que o homem não seja, jamais, usado como meio para se chegar a fins que não tenham relação direta com a sua felicidade e progresso intelecto-moral.

Pensemos nisso!

 

* * *

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Em defesa da vida, do livro O amor que acende a lua, de Rubem Alves, ed. apirus.

Em 9.8.2012.

http://www.momento..com.br

 

 

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