EFETIVAMENTE NECESSÁRIO
A entrevista era dada pelo
ator argentino Ricardo Darin, um dos maiores nomes do cinema e teatro
de seu país.
Entre vários assuntos, o repórter indagou
se nunca lhe haviam feito um convite para atuar em Hollywood.
Ricardo respondeu afirmativamente mas que, à
época do convite, ele estava filmando na Espanha, em uma temporada
de seis meses, e que desejava voltar para casa.
O entrevistador desejou saber o nome do norte-americano
que havia recebido sua negativa.
O ator, ao declinar o nome do famoso profissional,
observou o espanto do repórter.
- Bem, diz Ricardo Darin, deixe-me dizer-lhe
porque não aceitei o convite.
Para o repórter era totalmente despropositado
abrir mão de tal possibilidade profissional, que iria levá-lo
a um outro patamar de estrelato.
Continuou o ator: - Primeiramente, não
concordei, ideologicamente, com o papel oferecido.
- Em segundo lugar, eu estava com saudades de
minha casa, da esposa, dos filhos, e o que mais queria naquele momento,
era terminar a temporada na Espanha para voltar para minha família.
Talvez achando os argumentos um pouco ingênuos,
o repórter redarguiu, quase exaltado, perguntando se ele sabia
quanto dinheiro teria ganho com aquele convite.
- E o que faria eu com tanto dinheiro?
- Poderia viver melhor. – Acentuou
o entrevistador.
- Melhor do que eu vivo? Indagou Ricardo.
- Veja bem: tomo dois banhos quentes por dia,
sou reconhecido pelo meu trabalho no teatro, as pessoas me cumprimentam
na rua, me tratam carinhosamente.
- O que mais posso querer?
- A ambição pode nos levar a um
lugar muito escuro, desolador.
- Eu sou um cara feliz, completou. Sou
o máximo feliz que pode ser uma pessoa que vive em um mundo e
em uma sociedade como a de hoje.
- Tenho uma família feliz, as pessoas gostam
de mim, me abraçam, me beijam na rua... O que mais posso querer?
* * *
A argumentação
do ator argentino nos leva a concluir de sua sabedoria no tocante
ao conceito da felicidade e do ser feliz.
E nos remete a reflexões sobre as reais definições
do necessário e supérfluo para cada um de nós.
Muitas vezes lutamos para ter bens que não
irão fazer sentido ao longo do tempo.
Investimos nossas horas na busca de fama, glória
ou dinheiro, sem entender que tudo isso, efetivamente, não
tem verdadeiro significado para nossas necessidades emocionais.
Muito embora tenhamos inúmeras exigências
profissionais, financeiras, devemos ter claro e lúcido o que
queremos e o quanto nos basta para sermos felizes.
Para o ator argentino era claro que estar em seu
lar, conviver com a família era muito melhor do que ser famoso
em Hollywood.
Vale a pena nos questionarmos a respeito do que
é efetivamente necessário em nossa vida.
E analisarmos do quanto não estamos a despender
nossos valores de tempo, capacidades e competências, em torno
de coisas supérfluas.
Afinal, como nos alerta Jesus, onde estiver nosso
tesouro, aí estará nosso coração.
* * *
Redação do Momento Espírita.
Em 11.5.2016.
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