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O CANTO DO SABIÁ

 

Ele chega no alto do muro, todas as manhãs. Exceção daquelas de chuva torrencial. Nesses dias, somente aparece quando a chuva se vai.

Ele se posta exatamente na direção da janela do escritório onde trabalho. Anda um pouco de um lado a outro. Parece olhar para mim.

Na verdade, tenho certeza que me olha. E então, solta seu canto. É o meu companheiro sabiá.

Não vem a esse local porque o alimento, considerando que é no meio do jardim, do outro lado da casa, que coloco a ração diária para ele e todos os pássaros que queiram. A maioria deles, habitando a árvore em frente à casa, há bastante tempo.

Ou seja, desde que o pequeno arbusto se transformou em uma árvore alta, cheia de galhos e folhas. Árvore que tenho o cuidado de zelar toda vez que os funcionários da Prefeitura vêm realizar a poda.

Supervisiono o serviço, não permitindo que cortem galhos em excesso, em especial aqueles em que estão construídos os preciosos ninhos.

Não sei se o sabiá sabe disso tudo. Nunca contei nada a ele.

Mas quando ele vem cantar em frente à minha janela, eu o cumprimento: - Oi, amiguinho, já chegou? Qual a sinfonia para hoje?

E depois dele alegrar o meu coração, parte voando. Sei que não o verei mais até o dia seguinte.

Alguns dirão que tudo isso é coincidência. Nada demais. Talvez o sabiá goste daquele pedaço de muro por algum motivo. Eu, sinceramente, acredito que se trata de gratidão de uma ave que se alimenta todos os dias, em meu jardim.

Mais do que isso, eu vejo a manifestação Divina nesse pequenino ser. É Deus que me diz, com o seu canto, que sou Seu filho, uma pessoa importante nesta Terra.

Por isso, ergo minha prece em gratidão e trabalho com o coração mais alegre, a mente mais desperta, os dedos mais ágeis.

Quantos de nós recebemos, todos os dias, dádivas semelhantes e não nos damos conta? Que tal começarmos a prestar atenção?

Deus tem maneiras simplesmente criativas de nos alcançar: na brisa que brinca em nossos cabelos, na chuva que cai, permitindo que a terra exale aquele seu perfume peculiar de quem recebeu uma dádiva e agradece.

Ou talvez através de uma ave que cante em nossa janela ou nas proximidades. Deus a tudo preside e nada esquece.

Prestemos mais atenção ao nosso entorno e descobriremos, todos os dias, inúmeros motivos para sermos gratos ao Pai que nos ama e manifesta isso de multiplicadas maneiras.


* * *

No ruído longínquo do mar, na paisagem solitária, nas águas que murmuram, no sono das florestas, na altivez das montanhas, Deus assinala a Sua presença.

Na poesia das flores, nas calmas noites estreladas, no brilho da lua, podemos perceber a excelência do Autor Divino.

Para a alma sensível, tudo respira e transpira Deus, o que levou o salmista Davi a escrever que os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.

Cerremos os olhos, paremos um pouco e nos permitamos sentir o suave toque de Deus em nossa alma, agora, enquanto morrem os acordes musicais...

 

* * *

 

Redação do Momento Espírita,
com transcrição de Salmos de Davi,
cap. 19, vers. 1.
http://www.momento.com.br

 

 

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