Introdução
Diversas pesquisas de levantamento
de dados têm sido conduzidas nas últimas décadas
em Parapsicologia, entre elas Blackmore, 1984; Richards, 1990; Haight,
1979; Irwin, 1985 e 1985a; Kohr, 1980; Neppe, 1983; Thalbourne, 1981;
Thalbourne, 1985 e assim por diante. No entanto, nada do que foi publicado
até agora em matéria de levantamentos de dados inclui
a população brasileira. Embora se diga que o Brasil
é um "paraíso" em termos da freqüência
de ocorrências de fenômenos psíquicos - ou, pelos
menos, sugestão dessas ocorrências - tal característica
não foi empiricamente demonstrada antes de nosso estudo. É
por isso que sentimos que esta pesquisa é muito importante:
nada parecido foi feito antes no Brasil, nem pelos diversos pesquisadores
estrangeiros que visitaram e continuam visitando o nosso país
para estudarem as experiências psíquicas brasileiras
(ex. Patric Geisler, David Hess, Patrice Keane, Stanley Krippner e
William Roll), nem por pesquisadores brasileiros. Através de
nosso estudos, esperamos encorajar pesquisadores, especialmente os
brasileiros, a iniciarem novos projetos de pesquisa parapsicológica
no Brasil.
Neste trabalho, queremos demonstrar
a análise da incidência e importância dos fenômenos
psíquicos na vida diária de estudantes universitários
brasileiros. Este é o primeiro estágio de um estudo
mais completo, que consiste na análise de alguns dados que
foram colhidos pela aplicação de um questionário
de 72 ítens. Pretendemos analisar todos os ítens do
questionário no futuro e ampliar a significação
estatística da amostra de forma que se torne uma amostra quantitativamente
representativa da população brasileira em geral.
Método
O presente estudo consistiu na administração
e análise de 181 questionários a estudantes da Faculdade
Anhembi Morumbi (São Paulo, SP, Brasil). O questionário
consistia em 72 ítens, sendo 45 ítens traduzidos do
questionário de Palmer (1979) e os outros 27 ítens tomados
da Escala de Experiências Dissociativas (Dissociative Experience
Scale ou DES, 1986), incluidas no questinário para uma análise
posterior. (Na verdade, o DES é composto de 28 ítens,
mas a cópia que conseguimos apresentava apenas 27. Descobrimos
o erro somente após os questionários terem sido administrados.
Conseqüentemente, não pudemos incluir o ítem que
faltava no questionário.)
As questões da escala de dissociação
foram traduzidas sem nenhuma modificação. Algumas questões
do questionário de Palmer (2, 11, 36, 41, 42, 43 e 44) foram
traduzidas e adaptadas à cultura brasileira. Uma questão
foi propositadamente omitida (45). Não comentaremos aqui a
respeito da adaptação de algumas outras questões
porque estas não foram analisadas para o presente trabalho.
Neste estudo preliminar, focalizamos
nossa atenção às respostas das questões
1, 3, 11, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 26, 27, 28, 29, 30, 34, 35, 39 e
44 porque essas questões estão centradas na incidência
e importância das experiências psi na vida diária.
Selecionamos as questões que foram caracterizadas por Palmer
como "IA" e algumas das questões categorizadas por
ele como "IB". A categoria "IA" envolviam "experiências
que, se válidas, por definição envolvem psi,
isto é, ESP ou PK. Essas experiências incluem experiências
de ESP em vigília, sonhos contendo ESP, o fato de ser um agente
da experiência ESP de alguém, e a atividade poltergeist
(RSPK)" (Palmer, 1979). A categoria "IB" envolve "experiências
que não são parapsicológicas como tais, mas são
do interesse dos parapsicólogos porque podem propiciar um contexto
para efeitos ESP ou PK" (Palmer, 1979). Incluímos as questões
"IB" que englobavam experiências fora do corpo, aparições,
assombrações e "memórias" de vidas
passadas, porque nessas questões as relações
dessas experiências com psi foram explicitamente exploradas.
A amostra
a) Seleção da amostra
Decidimos administrar o questionário
a estudantes da Faculdade Anhembi Morumbi porque trabalhamos nessa
instituição. Uma das coordenadoras dos cursos da área
de Ciências Humanas conseguiu a colaboração de
cinco professores para a aplicação do questionário.
Esses professores lecionam em sete classes, cujos estudantes compreendem
o nosso grupo de respondentes. Cinco dessas classes pertencem ao período
noturno e duas ao período matutino. Ao todo, 181 estudantes
participaram da pesquisa. Decidimos não aplicar o questionário
às classes em que lecionamos para minimizar qualquer influência
potencial de nosso relacionamento com os respondentes.
b) Características dos estudantes respondentes
Entre os 181 estudantes respondentes, 21 eram homens e 160 mulheres.
Suas idades variavam de 18 a 47 anos. 62,4% tinham entre 18 e 25 anos
e 37,6% tinham entre 26 e 47 anos. Quanto à religião,
61,5% dos estudantes eram católicos, 15% eram espíritas
kardecistas, 7% eram protestantes, 3% umbandistas, 3% disseram ter
algum tipo de crença oriental, 3% eram agnósticos ou
ateus e 7% indicaram ter outros tipos de crença.
Procedimento
Em primeiro lugar, obtivemos permissão
da coordenadora dos cursos de Ciências Humanas da Faculdade
Anhembi Morumbi para aplicar os questionários aos estudantes,
se possível, durante o período de aulas. No dia 7 de
março de 1994, o questionário foi aplicado aos estudantes
durante o período costumeiro de aulas, de acordo com o horário
de aulas dos professores que colabararam.
Antes de começarmos a distribuir
os questionários aos estudantes, enfatizamos que eles poderiam
examinar o questionário e decidir se o responderiam ou não.
Nossa intenção era obter, pelo menos, 200 questionários
preenchidos, mas dos 214 estudantes que estavam matriculados para
os cursos em questão, 11 decidiram não responder o questionário
e 22 estavam ausentes. (Os estudantes não foram previamente
informados dos planos de aplicação do questionário.)
Aproximadamente 95% dos 192 estudantes que foram convidados a participarem
do levantamento de dados responderam o questionário. Não
convidamos outros estudantes para tomar parte na pesquisa para completar
o número pretendido de 200 respondentes porque decidimos aplicar
o questionário apenas às classes para as quais obtivemos
permissão para fazê-lo. Cada estudante recebeu um questionário
e uma folha de respostas.
Análise dos dados
As respostas foram transferidas para o Excel 4.0 For
Windows para análise estatística.
Descrição dos resultados
a) Incidência
a.1- Experiência psi
a.1.1- Experiência de ESP em estado de vigília.
Questão: "Você já teve, enquanto
acordado(a), um forte sentimento, impressão ou 'visão'
de que um fato inesperado tivesse acontecido, estava acontecendo ou
iria acontecer e soube, mais tarde, da ocorrência desse fato?"
47% dos respondentes relataram ter tido experiências
de ESP em estado de vigília. Entre esses respondentes (47%):
81% disseram ter mais de uma experiência desse tipo; 71% disseram
ter obtido informações através de alucinações;
65% dessas experiências tiveram eventos trágicos como
conteúdo; 65% dessas experiências envolviam membros da
família dos respondentes; 61% dos respondentes que relataram
essas experiências tinham contado a alguém sobre elas
"antes de saberam sobre o evento por meios normais" , o
que torna esses casos potencialmente verificáveis; e 83% relatou
que o evento ou a informação ocorreu em um período
de 24 horas antes ou depois da experiência.
a.1.2- Sonhos contendo ESP
Questão: "Você já teve um
sonho bem claro e específico que se combinou com algum fato
ocorrido antes, durante ou depois do momento em que você estava
sonhando, sem que você tivesse conhecimento do fato previamente
ou não estivesse esperando que aquilo acontecesse?"
A maiorida dos respondentes (64%) relatou que passaram
pela experiência de terem sonhos contendo ESP. Dentre esses
respondentes (64%): 92% disse ter tido mais de uma experiência
desse tipo; 97% relataram que esses sonhos eram mais vívidos
do que os sonhos comuns; a maioria das informações via
ESP obtidas nesses sonhos (71%) estava relacionada a eventos trágicos;
75% disseram que a informação do sonho envolvia membros
da família; 83% disseram que a informação dada
no sonho se relacionava com eventos que ocorreram num espaço
de 24 horas antes ou depois da experiência, semelhante às
respostas da questão sobre ESP em vigília; 63% disseram
ter contado esses sonhos "ESP" a alguém antes que
os eventos sonhados tivessem realmente acontecido.
a.1.3- Influência por ESP
Questão: "Alguém já lhe
disse ter tido um sonho, "visão" ou intuição
que parecia conter uma informação sobre um fato envolvendo
você, sendo que tal informação não poderia
ter sido adquirida por nenhuma via 'normal' ou convencional?"
63% dos respondentes relataram que foram fontes de
informação via ESP em sonho, 'visão' ou intuição
de terceiros. Dentre esses respondentes (63%): 93% disseram ter tido
mais de uma experiência desse tipo; 74% disseram ter sentido
uma forte emoção durante a experiência; 52% relataram
que estavam pensando na outra pessoa durante a experiência;
e 38% relataram que a experiência envolveu membros da família.
a.1.4- RSPK
Questão: "Você já viu algum
objeto se mover sem que fosse possível descobrir algum meio
natural ou físico que fosse responsável pelo movimento?"
17% de nossos respondentes relataram tais experiências
psicocinéticas. Dentre esses respondentes (17%): 75% relararam
ter tido essa experiência mais de uma vez; e 59% disseram que
uma outra pessoa esteve presente durante a experiência.
a.2- Experiências relacionadas a psi.
a.2.1- Experiências Fora do Corpo
Questão: "Você já teve alguma
experiência em que sentiu como se se deslocasse "para fora"
ou "para longe" de seu corpo físico, isto é,
sentiu que sua consciência ou que sua mente estava em algum
lugar diferente de seu corpo físico?" (Se estiver em dúvida
se teve ou não esse tipo de experiência, por favor, responda
"não".)
31% dos respondentes relataram experiências
fora do corpo. Dentre esses respondentes (31%): 63% disseram ter tido
mais de uma experiência desse tipo; 57% viram seu próprio
corpo físico; 68% tiveram a sensação de viajar
para fora do corpo; 17% relataram que foram vistos como aparições
durante suas experiências; e 19% relataram que "saíram"do
corpo por vontade própria. Mas, o dado mais relevante para
nós foi o fato de que 40% desses respondentes relataram que
adquiriram informações aparentemente através
da ESP, durante a experiência fora do corpo.
a.2.2- Aparições
Questão: "Alguma vez, enquanto estava
acordado(a), você já teve a nítida impressão
de ver, ouvir ou ser tocado por alguém ou alguma coisa, sendo
que essa impressão não parecia ser devida a nenhuma
causa externa física ou natural?" (Por favor, não
inclua aqui experiências com figuras religiosas.)
62% reportaram ter tido tais experiências. Dentre
essses respondentes (62%): 91% relataram ter tido mais de uma experiência
desse tipo; 60% relataram que "viram" alguma coisa; 81%
disseram ter ouvido alguma coisa; 57% relataram que foram tocados
po alguma coisa ou alguém; 47% relataram que as aparições
pareciam ser um membro de sua família; 35% relataram que tiveram
uma experiência com alguém que já tinha morrido;
26% relataram que outras pessoas estavam presentes no momento da experiência.
De acordo com os objetivos deste estudo, o dado mais importante foi
o fato de que 21% daqueles que disseram ter tido esse tipo de experiência
relataram ter adquirido informações sobre acidentes
ou mortes inesperadas por intermédio da aparição.
a.2.3- Morar em uma casa assombrada.
Questão: "Você já morou em
alguma casa que você acreditava ser mal-assombrada?"
14% da amostra respondeu "sim".
a.2.4- Memórias de vidas passadas.
Questão: "Você já teve o
que parece ser a "lembrança" de uma vida anterior,
ou seja, uma "reencarnação" ?"
18% dos respondentes relataram ter tido esse tipo
de "lembrança". Dentre esses repondentes (18%): 72%
relataram que tiveram mais de uma experiência desse tipo; 66%
relataram que tais memórias apareceram durante sonhos; 27%
disseram lembrar-se de mais de uma vida; 36% disseram que se recordavam
ter sido pessoas famosas em outras vidas; 42% relataram que podiam
se lembrar de detalhes da suposta vida passada; 27% disseram que verificaram
detalhes e confirmaram sua exatidão, o que nos faz considerar
a hipótese de ESP.
b) Importância social da experiência
psi.
b.1- Proteção em uma crise.
b.1.1- Salvou a si mesmo.
Questão: " Alguma das experiências
pessoais que você indicou nesta pesquisa "salvou"
você (ou poderia tê-lo salvo) de um acontecimento sério
ou trágico como, por exemplo, de uma doença, de uma
crise emocional grave, de um acidente ou da morte? "
26% responderam "sim".
b.1.2- Salvo por alguém.
Questão: "Alguma outra pessoa já
lhe contou sobre uma experiência de "aviso" que ela
tenha recebido que dizia respeito a você, que o salvou (ou poderia
tê-lo salvo) de um acontecimento sério ou trágico
como de uma doença, de uma crise emocional grave, de um acidente
ou de sua possível morte?"
27% responderam "sim".
b.1.3- Algumas de suas próprias experiências
indicadas nesta pesquisa "salvou" uma outra pessoa (ou poderia
tê-la salvo) de um acontecimento sério ou trágico,
como, por exemplo, de uma doença, de uma crise emocional grave,
de um acidente ou da morte?"
18% responderam "sim".
b.2- Mudança de atitudes.
Questão "Algumas dessas experiências
que você indicou até agora nesta pesquisa influenciou
ou mudou SIGNIFICATIVAMENTE algum de seus sentimentos ou atitudes
em relação a..."
Os dados mais significativos obtidos nas respostas
a esta questão foram aqueles relacionados à mudança
de atitudes dos respondentes quanto às suas crenças
espirituais (43% do total), seguido por aqueles que disseram ter tido
uma mudança de atitude em relação a si mesmo
(35% do total).
b.3- Influência nas decisões.
Questão: "Algumas das experiências
que você indicou até aqui influenciou ou mudou alguma
das importantes decisões que você tomou em sua vida em
relação a..."
Os dados mais interessantes obtidos na resposta a
esta questão relacionam-se ao estilo de vida, como gastar o
tempo, ideais ou propósitos ou objetivos na vida (27% do total
da amostra), seguidos pela influência da experiência em
decisões sobre a escolha de ir ou não para a escola
ou para a faculdade, ou em que se especializar (25% da amostra total).
Discussão
Sentimos que o dado mais significativo
obtido foi de que 89,5% dos respondentes relataram que passaram por
algum tipo de experiência parapsicológica. Pensamos que
a alta porcentagem de pessoas que disseram ter passado por esse tipo
de experiência está relacionada especificamente às
características religiosas dos brasileiros. Por exemplo, as
religiões assim chamadas mediúnicas são muito
comuns no Brasil. O espiritismo kardecista e a umbanda são
as mais conhecidas dessas religiões. Ensina-se os kardecistas
e adeptos da umbanda a entrarem em estados alterados de consciência,
estados estes que são considerados fortes condutores de psi
(Stanford, 1987). Apesar do fato de 60%
de nossa amostra ter dito ser católica, 79% destes disseram
acreditar que a reencarnação é possível,
provável ou uma certeza. (Ver Tabela 3.)
Essa crença na reencarnação
é uma forte evidência da influência do espiritismo
na assim chamada "religião oficial". Isto é,
é muito comum no Brasil que as pessoas tenham duas religiões:
a oficial, geralmente a católica, e uma outra que é
geralmente de natureza espiritualista. Essa adesão a duas religiões
acontece em larga escala devido ao processo de colonização
sofrido pelos brasileiros e outros povos latino-americanos, um processo
que promoveu o sincretismo religioso. (Bastide, 1940) A religião
católica foi imposta: as pessoas "aceitaram-na",
mas não abandonaram suas crenças particulares, misturando-as
com a religião oficial. Tais misturas sincréticas de
religiões foram transmitidas às novas gerações
desde o colonialismo e tornou-se uma característica fundamental
da religiosidade brasileira.
Para as pessoas em geral, um(a) médium
não é apenas alguém que é um(a) espírita
e recebe mensagens de pessoas mortas ou que provoca fenômenos
físicos. O(a) médium é também alguém
que desenvolveu poderes extraordinários. Isto é, essa
pessoa é capaz de mediar entre o visível e o invisível,
entre o sagrado e o profano. Desse modo, a cultura popular valoriza
as experiências parapsicológicas como dons especiais,
não como evidência de alguma patologia.
Uma vez que há uma aceitação
social geral das habilidades psíquicas, é fácil
para os brasileiros relatarem experiências psi, além
do fato de que muitas pessoas têm sido repetidamente encorajadas
a vivenciá-las. Considerando que os experimentos têm
demonstrado que as pessoas que acreditam em ESP alcançam resultados
mais significativos do que as pessoas que não acreditam em
ESP, (Schmeidler, 1964) pensamos que os aspectos culturais podem afetar
a crença das pessoas nos fenômenos parapsicológicos
e, por isso, as pessoas se tornam mais abertas a tais experiências.
Essas características das crenças
brasileiras poderiam explicar a forte importância social das
experiências que os dados demonstraram. Mais de 90% de nossos
respondentes disseram ter tido pelo menos uma experiência psi
e, destes, a maioria (80% do total) disse que a experiência
ou experiências pelas quais passaram influenciaram suas vidas
ou mudaram seus sentimentos ou atitudes frente a diversas questões
e situações importantes. Além disso, os respondentes
disseram que suas experiências salvaram-nos de algum evento
negativo (26%), possibilitaram o salvamento de uma outra pessoa (27%)
ou fez com que eles mesmos fossem salvos por alguém (18%).
Essas alegações ilustram a relevância social das
experiências parapsicológicas.
Um outro ponto importante a ser observado
é a constituição de nossa amostra. Como foi visto,
160 mulheres e 21 homens responderam o questionário. Em primeiro
lugar, a preponderância de mulheres respondentes ocorreu porque
a grande maioria dos estudantes universitários é composta
por mulheres. Em segundo lugar, as classes em que os questionários
foram aplicados são dos cursos da área de Humanas, e,
no Brasil, esses cursos contam com uma maior preferência feminina.
Para verificar se a preponderância de mulheres tornaria os resultados
tendenciosos, comparamos o número de homens e mulheres separadamente
e descobrimos que a incidência e relevância das experiências
psi para cada grupo foi comparável. Isto é, dos 21 homens
respondentes, 90% disseram ter tido algum tipo de experiência
psi; e das 160 mulheres respondentes, 89% disseram o mesmo.
Ao darmos continuidade ao nosso estudo,
pretendemos aplicar o questionário a estudantes de outras áreas
a fim de verificar se a porcentagem de incidências de experiências
psíquicas assim como sua relevância social persistem.
É possível que essa
amostra seja qualitativamente representativa da população
brasileira em geral porque a faculdade escolhida (Faculdade Anhembi
Morumbi) é particular. No Brasil, em geral, as pessoas ricas
é que têm meios para estudar numa escola superior gratuita.
O vestibular para a admissão em uma universidade pública
é muito difícil e poucas pessoas podem estudar em uma
boa escola particular de forma a estarem preparadas para o vestibular.
No Brasil, as escolas públicas de 1º e 2º graus em
geral são muito pobres e o ensino não é muito
bom. (Há algumas raras exceções.) Por isso, as
universidades particulares têm uma maior variedade de pessoas
de diferentes classes sociais: os estudantes mais pobres podem conseguir
bolsas de estudo e os estudantes das classes média e alta podem
pagar pelos cursos. Os dados levantados indicaram que 43% dos respondentes
pertencem à classe baixa, 36,5% à classe média
e 21% à classe alta. Um outro aspecto que pode servir de base
para a idéia de que a amostra poderia ser qualitativamente
representativa da população brasileira vem do fato de
que o levantamento de dados foi feito em uma faculdade da cidade de
São Paulo. Isto é muito importante porque a migração
de outras cidades brasileiras para São Paulo é bem grande,
fazendo com que São Paulo tenha, como população,
uma mistura de pessoas de várias regiões do país.
Pretendemos testar se esses resultados
persistem ou não em ampliações futuras de nossa
pesquisa, quando pretendemos aumentar a generalização
dos nossos dados estatisticamente, aumentando o tamanho da amostra.
Assim, teremos uma maior possibilidade de comparar os resultados brasileiros
aos levantamentos de dados feitos em outros países. Por enquanto,
podemos dizer que se os resultados persistirem, haverá a evidência
de uma maior incidência de experiências parapsicológicas
no Brasil do que em outros países nos quais os levantamentos
de dados sobre Parapsicologia têm sido feitos. Neste ponto,
nossos dados não são conclusivos. Na verdade, nossos
dados constituem o ponto de partida para um estudo mais completo da
população brasileira. Esperamos que outros pesquisadores
se inspirem em nosso estudo e que conduzam novas pesquisas na área
da Parapsicologia no Brasil.
Gostaríamos de agradecer a Maria
do Carmo Negrini Fagundes (Coordenadora do Curso de Letras e Secretariado
da Faculdade Anhembi Morumbi), e Maria José Gervásio,
Luiz Antonio Ferreira, Verônica Pakrauskas Totis, Irene Hirsch,
Irene da Glória Rodrigues (professores da Faculdade Anhembi Morumbi),
Joanne McMahon, PhD. (Parapsychological Foundation), Dr. John Palmer
(FRNM) e Filipe Rios por sua ajuda e encorajamento. Gostaríamos
de agradecer especialmente a Carlos Alvarado e Nancy Zingrone. Esta
pesquisa não seria possível sem a colaboração
dessas pessoas.
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