> Revelações de
Chico Xavier sobre a fundação da cidade de São Paulo
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Chico
Xavier
> Revelações de Chico Xavier sobre
a fundação da cidade de São Paulo
Discurso proferido por Francisco Cândido
Xavier, em 19/05/1973, no Estádio do Pacaembu, em São
Paulo, após receber o título de Cidadão Paulistano
“... Ao ensejo, rogo-vos permissão
para reportar-me, ainda que superficialmente, aos meus fundamentos
místicos.
Conta-se que ao celebrar a primeira missa, na manhã de
29 de agosto de 1553, no alto do Inhapuambuçu, hoje pátio
do colégio, nesta capital, o eminente padre dr. Manuel
da Nóbrega, fundador de São Paulo, considera presentemente
a cidade mais importante do hemisfério sul, foi visitada
pelo apóstolo São Paulo, que lhe pareceu nimbado
de intensa luz. Redivivo o amigo da gentilidade apontou-lhe as
campinas circunjacentes e lhe pediu, fundasse, no planalto Piratiningano,
uma cidade, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se estabelecesse
sobre as quatro colunas básicas do cristianismo: amor e
fé, trabalho e instrução.
Desde esse dia, do Tamanduateí e o Anhangabaú, Padre
Nóbrega dá-se pressa na fundação inicial
do Real Colégio de Piratininga, distribuindo encargos e
responsabilidades entre os companheiros inesquecíveis,
dentre os quais nosso admirável apóstolo José
de Anchieta, nas atividades do magistério, se incumbe das
lições de humanidades.
Manuel da Nóbrega, impressionado, medita na revelação
com que fora distinguido e recorda o encontro de Jesus com o mesmo
apóstolo São Paulo, às portas de Damasco,
nos dias do Cristianismo primitivo. Delibera inaugurar as obras
do Real Colégio de Piratininga na data que relembra a conversão
do notável doutor de Tarso, 25 de janeiro, o qual remete
a 25 de janeiro de 1554, com o estabelecimento definitivo da grande
instituição. Atento ainda à divina mensagem
que fizera objeto, no dia mencionado, Nóbrega entrega o
ofício da missa ao Reverendo padre Manoel de Paiva e designa
Anchieta para que desempenhe as funções de acólito
na grande solenidade, e ele mesmo ora, na expectativa de visões
novas que lhe trouxessem mais amplos esclarecimentos. Entretanto,
ao invés de novas revelações, obtém
na oração renovadas energias para trabalhar cada
vez mais na consolidação da obra nascente. A cidade
de São Paulo surgia, desse modo, ao calor da prece, entre
o artesanato e o altar, no clima de fraternidade que Jesus nos
legou, em bases de amor ao próximo e respeito recíproco,
o único realmente capaz de assegurar-nos a ordem e a tranquilidade
na sustentação do trabalho e no alicerce das instituições
que nos garantem a felicidade e o progresso.
Desdobra-se o padre Manuel da Nóbrega em esforços
múltiplos pelo engrandecimento e prosperidade da vila em
berçário de educação e serviço,
paz e luz. Informado, mais tarde, de que a Câmara Municipal
de Santo André faceava enormes dificuldades para sobreviver,
recorre ao desembargador Mem de Sá, então na Bahia,
solicitando a ele mudança de municipalidade para a vila
de São Paulo. Obtida a concessão, Nóbrega,
que consagrara o Real Colégio de Piratininga ao apóstolo
São Paulo, recorda a excelsa Maria de Nazaré, que
todos veneramos por Nossa Mãe Santíssima, na cristandade,
por haver trazido até nós a sublime presença
de Jesus, e que ele escolhera para medianeira e protetora em sua
vida apostólica, resolvendo invocar-lhe o amparo e a benção
para a legalidade paulistana. Escolhe, por isso, a data de 8 de
maio de 1560 – dia que toda a cristandade recorda a Anunciação
Angélica – para a transferência da muito digna
Câmara Municipal de Santo André da Borda do Campo
para a vila de São Paulo. A ocorrência se inicia
com absoluto respeito. Acompanhado por numerosos portugueses e
brasilíndios, Manuel da Nóbrega deixa a comunidade
de Santo André da Borda do Campo pela madrugada, carregando
os documentos históricos da transferência sob custódia
da oração. É um préstito religioso
que se efetua, de uma cidade para a outra. Alcançado o
destino, celebra-se missa, na manhã alta. Impressionado
com o que via, o grande sertanista João Ramalho, vereador
muito digno da Primeira Câmara Municipal de São Paulo,
indaga de Nóbrega quanto aos motivos de tantas cerimônias
religiosas e o inesquecível sacerdote e jurista das nossas
primeiras fundações respondeu que a Câmara
Municipal de São Paulo estava nascendo nas terras de Santa
Cruz para ser refúgio e fortaleza de Deus.
Impregnada de Deus, esta Câmara Municipal garantiu a construção
dos alicerces da nacionalidade desde quando se fez representada
por Nóbrega e Anchieta, na formação do Primeiro
Tratado de Paz das Américas, nos entendimentos de Iperoig,
preservando o tesouro genético que lastrearia as gerações
do Brasil cristão de hoje e mantendo a integridade do território
brasileiro até a fundação da Real Cidade
de São Sebastião do Rio de Janeiro, tanto quanto
desde a organização das bandeiras com que plantou
a civilização cristã nas vastidões
de país, até 28 de setembro de 1822, quando a edilidade
paulistana, por documentação incontestável,
sustentou o espírito democrático de nossas instituições,
garantindo as liberdades religiosas e sociais da cristandade no
Brasil. E ainda agora, a egrégia Câmara Municipal
de São Paulo está presente em todas as realizações
de vanguarda que impliquem no progresso e na prosperidade em que
Deus nos reúne.”
* Assistam ao vídeo com a revelação de
Chico Xavier sobre a cidade de São Paulo e sua gente:
Essa filmagem foi realizada no início dos
anos 70 pela extinta TV Tupi canal 4 quando da entrega do título
de Cidadão Paulistano ao querido médium espírita.Depois
Chico Xavier revelou para algumas pessoas que, naquele momento em que
descrevia, ele assistia a fundação da cidade que tanto
ele amava como que um filme em "Cinemascope" passando a sua
frente.
Estátua do apóstolo São Paulo,
na Praça da Sé. Foto Ismael Gobbo
Pátio do Colégio. Marco da fundação
de São Paulo - Foto Ismael Gobbo