Espiritualidade e Sociedade





Selma Trigo

>   Doutrina Espírita – sua ação pedagógica na educação

Artigos, teses e publicações

Selma Trigo
>   Doutrina Espírita – sua ação pedagógica na educação

 

 

A educação espírita promove sua ação educativa no espírito, visando perceber suas tendências e possibilidades no campo da evolução individual como ser imortal. Por conta disso, a educação espírita tem uma metodologia própria que agrega ao conhecimento formal uma forma de educar, baseando-se no desenvolvimento moral, emocional e espiritual do Ser. Assim, a educação espírita favorece e fortalece a superação das tendências que venham levar a criança e especialmente ao jovem aos arrastamentos que têm por vencer.

Neste contexto, Deus com sua bondade divina, oferece os recursos pedagógicos necessários para a evolução do espírito no campo educativo, organizando todos os conteúdos necessários à sua aprendizagem. Daí oferecer a cada espírito o meio social e material apropriado de acordo
com as lições de que necessita para reformular seus valores no caminho do bem.

Somado a tudo isso, é oferecido por Deus um espírito protetor, que se mantém como constante educador, comprometido junto ao espírito encarnado, para intuí-lo e/ou inspirá-lo sempre que necessário para que o resultado final seja o melhor possível em sua existência terrena.

A reencarnação é como uma dependência, cujas disciplinas morais terão ainda que ser aprendidas — e vencidas — por nós. Nunca seremos totalmente reprovados, pois algumas lições conseguimos superar. Além disso, não reencarnamos para sermos derrotados, e sim vencedores!

Fomos criados simples e ignorantes, e Deus colocou, em cada um de nós, a semente divina que representa as potências da alma, que Léon Denis brilhantemente relata em seu livro O Problema do Ser e do Destino. Entre algumas das potências podemos citar a vontade como a principal delas, pois é mediante a vontade que as demais potências são desenvolvidas e impulsionadas. Daí a importância de o educador espírita (pais, responsáveis, professores e evangelizadores) conhecer a educação espírita para promover pela educação o despertamento da vontade nas almas que estão responsáveis em ajudar a impulsionar para o progresso material, mas, principal mente, espiritual.

Podemos observar que a educação formal tem buscado recursos metodológicos e até materiais
para melhor atender às crianças e jovens. Além dos esforços despendidos por educadores, psicólogos, pedagogos, religiosos e pensadores na busca de melhores métodos e recursos para educar, mesmo assim ainda se percebem crianças desorientadas, muitos jovens caminhando na rebeldia e a família vivendo momentos aflitivos na atualidade, como pais sem saber o que fazer com a educação do próprio filho ou vivendo numa inconsciência educativa. E por mais que haja excelentes instituições educacionais, a maior delas é a família. É nesse núcleo social, o primeiro que a criança vivencia, que se deverão encontrar as bases educativas para melhor desenvolver seus valores, sustentados, claro, pela escola e instituição religiosa, que somadas formam um núcleo substancialmente capaz de oferecer melhor esclarecimento e direção às crianças e aos jovens. Para tanto, é preciso se ter o educador responsável e preparado na missão de educar.

Em O Livro dos Espíritos na questão 582, Kardec pergunta aos Espíritos: Pode-se considerar como missão a paternidade? E os Espíritos respondem: “É, e sem contestação possível, uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões”.

Entretanto, para que essa base educativa possa ter resultados melhores possíveis se faz necessário que o educador esteja sempre atento à sua própria educação. Isto é, autoeducar-se constantemente, reformulando valores pessoais e buscando a própria transformação para melhor
contribuir no processo educativo daqueles que se encontram sob sua responsabilidade.

Não podemos esquecer a informação de Dr. Hermann, mentor espiritual do CELD, quando nos disse: “ Para educar é preciso educar-se!”

O aforismo “Conhece-te a ti mesmo”, inscrito na entrada do templo de Delfos, construído em honra ao deus grego Apolo, repercute até hoje em nossos dias como alerta importante no que tange ao autoconhecimento. A partir dessa busca interior, os questionamentos tipo: qual a nossa origem, por que a razão da vida e qual a nossa destinação futura, são questões importantes que podem ser desenvolvidas junto às nossas crianças desde tenra idade, utilizando os recursos pedagógicos específicos à compreensão de cada idade. Assim, à medida que a criança vai se capacitando para entender o mundo, maior a possibilidade da compreensão de si mesmo, da vida e dos que com ela convivem, valorizando o respeito e o amor ao próximo.

Allan Kardec, na questão 919, de O Livro dos Espíritos, perguntou qual o meio prático e mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir a atração do mal. A resposta veio concisa e eloquente: “— Um sábio da antiguidade vo-lo disse: “Conhece-te a ti mesmo”.

Daí a importância da educação dos sentimentos através do Belo que Léon Denis nos revela no livro O Grande Enigma, em que ele nos faz refletir a plenitude de Deus na Natureza.

Tudo está interligado. Precisamos do conhecimento formal que a vida nos impõe para o nosso desenvolvimento intelectual, como também o desenvolvimento moral e espiritual, para alcançarmos patamares de realizações na plenitude do Ser, conseguindo expressar o amor no seu verdadeiro significado, ultrapassando a existência sem sofrimentos mas com a compreensão do verdadeiro sentido da vida como um todo e a partir de então, contribuir com a obra da Criação, como nos dizem os Espíritos na questão 132, de O Livro dos Espíritos.

A Educação Espírita é a luz que irradiará na individualidade de cada Ser que refletirá em toda coletividade.

 

Referências Bibliográficas:

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, CELD, Rio de Janeiro, 2011.

AMUI, Alzira Bessa França Amui; VARAND, Luciano Sivieri. Pelos Caminhos do Entendimento do Espírito. Sacramento-MG: Editora Grupo Espírita Esperança e Caridade – 2003.

ÂNGELIS, Joanna de; FRANCO, Divaldo P. Autodescobrimento – uma busca interior. Salvador, BA Livraria Espírita Alvorada, 1995.

BARCELOS, Walter. Educadores do Coração. Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 2003.

CAMARGO, Jason de. Educação dos Sentimentos. 2. ed. – Porto Alegre: Letras de Luz, 2002.

 

 

Fonte: https://celd.xyz/wp-content/uploads/03-Revista_CELD_Marco-2017.pdf

 

 

 

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