A educação espírita
promove sua ação educativa no espírito, visando
perceber suas tendências e possibilidades no campo da evolução
individual como ser imortal. Por conta disso, a educação
espírita tem uma metodologia própria que agrega ao conhecimento
formal uma forma de educar, baseando-se no desenvolvimento moral, emocional
e espiritual do Ser. Assim, a educação espírita
favorece e fortalece a superação das tendências
que venham levar a criança e especialmente ao jovem aos arrastamentos
que têm por vencer.
Neste contexto, Deus com sua bondade divina, oferece os recursos pedagógicos
necessários para a evolução do espírito
no campo educativo, organizando todos os conteúdos necessários
à sua aprendizagem. Daí oferecer a cada espírito
o meio social e material apropriado de acordo
com as lições de que necessita para reformular seus valores
no caminho do bem.
Somado a tudo isso, é oferecido por Deus um espírito protetor,
que se mantém como constante educador, comprometido junto ao
espírito encarnado, para intuí-lo e/ou inspirá-lo
sempre que necessário para que o resultado final seja o melhor
possível em sua existência terrena.
A reencarnação é como uma dependência, cujas
disciplinas morais terão ainda que ser aprendidas — e vencidas
— por nós. Nunca seremos totalmente reprovados, pois algumas
lições conseguimos superar. Além disso, não
reencarnamos para sermos derrotados, e sim vencedores!
Fomos criados simples e ignorantes, e Deus colocou, em cada um de nós,
a semente divina que representa as potências da alma, que Léon
Denis brilhantemente relata em seu livro O Problema do Ser
e do Destino. Entre algumas das potências podemos
citar a vontade como a principal delas, pois é mediante a vontade
que as demais potências são desenvolvidas e impulsionadas.
Daí a importância de o educador espírita (pais,
responsáveis, professores e evangelizadores) conhecer a educação
espírita para promover pela educação o despertamento
da vontade nas almas que estão responsáveis em ajudar
a impulsionar para o progresso material, mas, principal mente, espiritual.
Podemos observar que a educação formal tem buscado recursos
metodológicos e até materiais
para melhor atender às crianças e jovens. Além
dos esforços despendidos por educadores, psicólogos, pedagogos,
religiosos e pensadores na busca de melhores métodos e recursos
para educar, mesmo assim ainda se percebem crianças desorientadas,
muitos jovens caminhando na rebeldia e a família vivendo momentos
aflitivos na atualidade, como pais sem saber o que fazer com a educação
do próprio filho ou vivendo numa inconsciência educativa.
E por mais que haja excelentes instituições educacionais,
a maior delas é a família. É nesse núcleo
social, o primeiro que a criança vivencia, que se deverão
encontrar as bases educativas para melhor desenvolver seus valores,
sustentados, claro, pela escola e instituição religiosa,
que somadas formam um núcleo substancialmente capaz de oferecer
melhor esclarecimento e direção às crianças
e aos jovens. Para tanto, é preciso se ter o educador responsável
e preparado na missão de educar.
Em O Livro dos Espíritos na questão 582, Kardec
pergunta aos Espíritos: Pode-se considerar como missão
a paternidade? E os Espíritos respondem: “É, e sem
contestação possível, uma verdadeira missão.
É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais
do que pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus
colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam
pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma
organização débil e delicada, que o torna propício
a todas as impressões”.
Entretanto, para que essa base educativa possa ter resultados melhores
possíveis se faz necessário que o educador esteja sempre
atento à sua própria educação. Isto é,
autoeducar-se constantemente, reformulando valores pessoais e buscando
a própria transformação para melhor
contribuir no processo educativo daqueles que se encontram sob sua responsabilidade.
Não podemos esquecer a informação de Dr. Hermann,
mentor espiritual do CELD, quando nos disse: “ Para educar é
preciso educar-se!”
O aforismo “Conhece-te a ti mesmo”, inscrito na entrada
do templo de Delfos, construído em honra ao deus grego Apolo,
repercute até hoje em nossos dias como alerta importante no que
tange ao autoconhecimento. A partir dessa busca interior, os questionamentos
tipo: qual a nossa origem, por que a razão da vida e qual a nossa
destinação futura, são questões importantes
que podem ser desenvolvidas junto às nossas crianças desde
tenra idade, utilizando os recursos pedagógicos específicos
à compreensão de cada idade. Assim, à medida que
a criança vai se capacitando para entender o mundo, maior a possibilidade
da compreensão de si mesmo, da vida e dos que com ela convivem,
valorizando o respeito e o amor ao próximo.
Allan Kardec, na questão 919, de O Livro dos Espíritos,
perguntou qual o meio prático e mais eficaz que tem o homem de
se melhorar nesta vida e de resistir a atração do mal.
A resposta veio concisa e eloquente: “— Um sábio
da antiguidade vo-lo disse: “Conhece-te a ti mesmo”.
Daí a importância da educação dos sentimentos
através do Belo que Léon Denis nos revela no livro O
Grande Enigma, em que ele nos faz refletir a plenitude de Deus
na Natureza.
Tudo está interligado. Precisamos do conhecimento formal que
a vida nos impõe para o nosso desenvolvimento intelectual, como
também o desenvolvimento moral e espiritual, para alcançarmos
patamares de realizações na plenitude do Ser, conseguindo
expressar o amor no seu verdadeiro significado, ultrapassando a existência
sem sofrimentos mas com a compreensão do verdadeiro sentido da
vida como um todo e a partir de então, contribuir com a obra
da Criação, como nos dizem os Espíritos na questão
132, de O Livro dos Espíritos.
A Educação Espírita é a luz que irradiará
na individualidade de cada Ser que refletirá em toda coletividade.
Referências Bibliográficas:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos,
CELD, Rio de Janeiro, 2011.
AMUI, Alzira Bessa França Amui; VARAND, Luciano Sivieri. Pelos
Caminhos do Entendimento do Espírito. Sacramento-MG: Editora
Grupo Espírita Esperança e Caridade – 2003.
ÂNGELIS, Joanna de; FRANCO, Divaldo P. Autodescobrimento –
uma busca interior. Salvador, BA Livraria Espírita Alvorada,
1995.
BARCELOS, Walter. Educadores do Coração. Belo Horizonte:
União Espírita Mineira, 2003.
CAMARGO, Jason de. Educação dos Sentimentos. 2. ed. –
Porto Alegre: Letras de Luz, 2002.
Fonte: https://celd.xyz/wp-content/uploads/03-Revista_CELD_Marco-2017.pdf
* * *