Selma Trigo
> Autonomia, uma prática educativa
E o que é autonomia?
Se pensarmos em autonomia, significaremos
como o direito de decidir o que desejamos fazer.
Mas Piaget vai um pouco mais além na definição
de autonomia, dizendo que “é a capacidade de tomar decisões
no campo moral, que se refere a decidir o que é certo e errado,
e no intelectual, que é decidir o que é verdadeiro,
levando em consideração fatos relevantes, independentemente
de recompensa ou punição.
De que forma o educador pode desenvolver
a educação baseada na autonomia?
Para desenvolver uma criança autônoma nada melhor que
encorajá-la a tomar decisões. E um dos aspectos importantes
é levá-la a assumir suas ações estimulando-a
a falar a verdade, sem utilizar-se de simulações baseadas
em mentiras por medo de ser punida. Consequentemente os educadores
diretamente ligados a essa criança, precisa exercitar suas
ações de forma que a criança sinta-se segura
no seu desenvolvimento intelectual e moral.
Assim sendo, reafirmo a orientação de Dr. Hermann, Mentor
Espiritual do CELD, que disse “Para educar é
preciso educar-se”.
O educador precisa compreender que a educação baseada
na autonomia, torna a criança, à medida que aprende,
consciente da própria necessidade evolutiva, de forma a desenvolver
o pensar, sentir e agir, desde que a base seja o amor, desenvolvendo
assim a autonomia moral.
Mas para que se possa alcançar esse objetivo, se faz necessário
entender que cada criança, traz em si o germe da perfeição,
em estado latente, a ser desenvolvido, de forma que cada experiência
reencarnatória aciona impulsos, tendências e emoções,
que vão influenciar positiva ou negativamente. Por isso, tais
aspectos devem ser observados, na criança, desde a tenra idade.
E dessa forma, perceber suas características, tendências
e inclinações próprias, pois cada Espírito
se encontra em grau de evolução diferenciado.
No livro, O Juízo Moral na Criança, Piaget
informa que: “A autonomia só aparece com a reciprocidade,
quando o respeito mútuo é bastante forte para que o
indivíduo experimente interiormente a necessidade de tratar
os outros como gostaria de ser tratado".
Daí compreender que a intelectualidade de mãos dadas
com a moralidade proporciona enorme progresso para o Espírito,
como nos informou Emmanuel.
Kardec em O Livro dos Espíritos, questão 629,
questionou aos Espíritos a definição de moral.
E os Espíritos responderam que moral é a regra do bem
viver. Essa resposta nos faz lembrar Jesus quando disse que: “Faça
ao outro aquilo que gostaria que lhe fizesse”.
As Etapas de Desenvolvimento Moral do Homem, na visão de Piaget,
Pestalozzi e a Doutrina Espírita
Baseado nessas reflexões relativas as etapas de desenvolvimento
moral, Piaget definiu dentro de uma ordem de progressão como:
anomia (ausência de regras), heteronomia (a lei vem do exterior,
do outro) e autonomia (capacidade de governar por si mesmo). E paralelamente
a essas definições de Piaget, Pestalozzi define essas
fases como: estado natural ou primitivo (corresponde à natureza
animal), estado social (a moral social, às leis para coibir
manifestações animalizadas) e estado moral (quando a
moral passa a ser interior, íntima do próprio indivíduo)
e a Doutrina Espírita identifica em cada fase dessa como sendo
a fase dos instintos (origem do homem), sensações (fase
mais avançada do processo de evolução) e dos
sentimentos (instruído e purificado).
Práticas Pedagógicas
Baseadas na Autonomia
Deixar a criança desde as idades iniciais, buscar solução
para as questões que vão surgindo, desde colocar uma
meia até calçar um tênis. Cuidar de guardar os
brinquedos, após utilização dos mesmos. Arrumar
a própria cama, etc.
Agora, quando se trata do “campo moral”, o processo educativo
se inicia desde o ventre da mãe, num diálogo sincero
e amoroso que se estende até a idade adulta.
Quando a atitude da criança não está coerente
com o que foi ensinado, se faz necessário, um diálogo
aberto e franco em que educadores e educando possam refletir sobre
o assunto numa troca sincera e bem definida, de forma a compreensão
do objetivo significativo entre as partes interessadas.
O educador deve utilizar-se da bagagem que o Espírito traz
das várias experiências reencarnatórias, levando-o
a agir de forma a alcançar caminhos cada vez mais elevados.
A função do educador é auxiliar a própria
natureza, buscando observar e favorecer as possibilidades para que
seu tutelado possa crescer em inteligência e moralidade, de
forma a se tornar um cidadão do Universo. Respeitando os direitos
dos outros e cumprindo com o seu dever.
Dr. Hermann, mentor espiritual do CELD, num trecho de uma mensagem
psicografada pelo médium Luís Carlos Dallarosa, em 22/12/2010,
nos disse assim:
“(...)
Há, portanto, uma estreita relação entre o
desenvolvimento do senso moral com a reencarnação.
É como o desabrochar de uma flor, que linda e bela, encerra
dentro de si mesma, desde a semente, suas características
peculiares, como a cor, o perfume e a própria essência
de vida. Assim também é o espírito imortal,
que desde a criação, recebe todas as suas características
e potencialidades, precisando de solo fértil, de ambiente
propício e da renovação da água, para
germinar, culminando enfim, com o senso moral, que o revela como
parte integrante da criação, como agente causal e
transformador da vida que está a seu alcance e como pleno
conhecedor e determinador de seu destino (...)”
Assim é a verdadeira educação.
E nós, educadores, somos os jardineiros que Deus, Jesus e a
Espiritualidade confiou a educação do espírito
imortal.
Referências
Bibliográficas:
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 2. ed. Rio de Janeiro: CELD,
2011.
DENIS, L. O Problema do Ser e do Destino, 1. ed. Rio de Janeiro: CELD,
2011.
TIBA, Içami. Disciplina: Limite na Medida Certa, Novos Paradigmas,
São Paulo: Integrare Editora, 2006.
PIAGET, J.W.F. O Juizo Moral da Criança, 4. ed. São Paulo:
Summus, 1994.
Fonte: Revista
CELD de Estudos Espíritas
https://celd.xyz/wp-content/uploads/01-Revista_CELD_Janeiro-2018.pdf
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