Espiritualidade e Sociedade





Selma Trigo

>   Alienação parental - O que isso significa? Vivemos isso?

Artigos, teses e publicações

Selma Trigo
>   Alienação parental - O que isso significa? Vivemos isso?

 

Li no vidro traseiro de um carro a seguinte frase:” “Família, uma ideia genial de Deus!”, não sei quem é o autor, pois não tinha identificação, mas fiquei a refletir o seu significado.

Analisando o que a Doutrina Espírita nos esclarece, percebemos a profundidade dessa frase, pois a família, numa visão sociológica, é a primeira “célula da sociedade”. É o local onde espíritos comprometidos, moralmente, vêm se reunir a outros espíritos, mais intimamente, de forma a suprirem revezes de outras existências e fortalecerem os laços de afeto.

Assim sendo, quando da decisão de formar uma família, a responsabilidade torna-se evidente por realizações que representam o casal. E na medida do tempo, com o nascimento dos filhos a somar ao grupo familiar, o casal deverá estar preparado na relação de convivência, para que melhor possa atuar na condição de pais.

Entretanto, muitas vezes, se verifica a imaturidade psicológica do casal ou de uma das partes, onde o pouco discernimento se deixa arrastar pelos impulsos das ações, promovendo graves desastres comportamentais onde se observa a afetividade desgovernada tornando a convivência bastante infeliz, terminando muitas vezes em separação oficiosa ou oficial, provocada pelas crises incessantes do casal, conduzido pelos chamados sequestros emocionais, onde a angústia inundada pela negatividade, promove reações que vai aos limites da crítica, sustentada pelos sentimentos da raiva e do desprezo.

A partir deste ponto, quando não se permite viver uma relação de entendimento, mas sim de conflito, pautado na imaturidade onde a separação se oficializa através do divórcio, muitas vezes, essa situação se torna mais intensa quando o casal tem filhos e começa a promover atitudes de várias repetições negativas de um dos progenitores sobre o outro, exclusivamente como parte de uma disputa da custódia da criança ou mesmo para que essa criança tenha uma imagem destorcida e rejeite um dos pais que está sendo atacado.

Ao se analisar a palavra emoção, temos o seguinte significado: “qualquer agitação ou perturbação da mente; qualquer estado mental veemente ou excitado”.

Baseando nos significados sobre a emoção, podemos compreender algumas reações negativas e destrutivas tanto para as crianças quanto para os jovens, quando a mãe ou o pai, buscam pontuar o que há de pior no outro, construindo uma “imagem ” negativa no filho sobre o pai ou a mãe, tentando se autopromover diante do filho, em detrimento da desvalorização do outro. Produzindo, muitas vezes, no filho, sentimentos de repúdio, rejeição e até ódio para com seu pai ou mãe . Esse processo é chamado de “Síndrome de Alienação Parental” (SAP), termo utilizado pela primeira vez por Richard Gadner, em 1985, que define tal situação.

Esse tipo de conduta dos pais, compromete o campo da emoção dos filhos, além do aspecto espiritual.

O ser humano é essencialmente resultado da educação. Os pais têm a missão junto a esses espíritos em bem orientá-los. E quando por questões próprias do orgulho ferido, causado por diversas circunstâncias, estimulam no filho sentimentos destrutivos, tornam-se responsáveis junto à Lei de Deus tal ação. Pois a família é formada para que os membros que nela fazem parte possam se auxiliar na recuperação dos erros morais.

Léon Denis, no livro O Problema do Ser e do Destino, nos diz que “(...) Aqueles que têm como incumbência a alta missão de esclarecer e guiar a alma humana parece ignorar-lhe a natureza e os verdadeiros destinos” (...)

Não podemos deixar de compreender que todo processo que se desenrola na vida do espírito fica registrado nos arquivos da memória perispiritual. Assim sendo, toda experiência nova, vivenciada pelo espírito, é direcionada para a referida memória, criando camadas vibratórias que se somam as que já existentes vão sendo sobrepostas e que têm como objetivo incorporar novas vibrações que venham alterar e renovar as energias mentais.

Mas quando tal iniciativa é dos pais tem um cunho de incentivar sentimentos adversos ao que deveria ser para a elevação espiritual e moral, carece de comprometimento esse pai ou essa mãe que despertam as emoções primitivas que ainda possam existir em seu filho, e que precisam ser superadas.



Respondendo a Allan Kardec, “os espíritos disseram que é sem contestação, é uma missão a paternidade, e, ao mesmo tempo, um dever muito grande e que compromete o homem, mais do que ele pensa, com relação à sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou a criança sob a tutela de seus pais, para que estes o dirijam no caminho do bem (...) Se este sucumbir, por culpa deles, suportarão a dor, e os sofrimentos do filho na vida futura recairão sobre eles, pois não terão feito o que deles dependia para seu adiantamento no caminho do bem”.

Daí a grande responsabilidade dos pais na arte de educar. Para tanto, é preciso educar-se para educar. Isso significa dizer que a autoeducação é a base de todo processo educativo. Sem esse esforço íntimo não tem como compreender o verdadeiro sentido de educar.

Diante de tudo o que foi dito as grandes “vítimas” se assim podemos dizer, das ocorrências entre casais imaturos no campo moral e espiritual, são os filhos.

Repensar ações educativas junto aos filhos. Pois como disseram os Espíritos a Kardec, na questão 774: “(...) laços de família constituem uma lei da Natureza. Deus quis que os homens aprendessem, desse modo, a se amar como irmãos”.


 

Referências Bibliográficas:

Kardec, A. O Livro dos Espíritos. 2. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2011.

Amuí, Alzira Bessa França / Varanda, Silvieri Luciano. O Espírito e seu Processo de Evolução. (1 ed. janeiro/2012.) – Editora Grupo Espírita Esperança e Caridade, Sacramento – Minas Gerais.

Joanna de Ângelis (Espírito) Jesus e a Vida; psicografia de Divaldo Pereira Franco – Salvador, BA.

Goleman, Daniel. Inteligência Emocional - Editora Objetiva Ltda, 1995. Rio de Janeiro – RJ.

https://pt.m.Wikipedia.org

 

 

 

Fonte: Revista CELD de Estudos Espíritas
https://celd.xyz/wp-content/uploads/02-Revista_CELD_Fevereiro-2018.pdf

 

 

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