Li no vidro traseiro de um carro a
seguinte frase:” “Família, uma ideia genial de
Deus!”, não sei quem é o autor, pois não
tinha identificação, mas fiquei a refletir o seu significado.
Analisando o que a Doutrina Espírita nos esclarece, percebemos
a profundidade dessa frase, pois a família, numa visão
sociológica, é a primeira “célula da sociedade”.
É o local onde espíritos comprometidos, moralmente,
vêm se reunir a outros espíritos, mais intimamente, de
forma a suprirem revezes de outras existências e fortalecerem
os laços de afeto.
Assim sendo, quando da decisão de formar uma família,
a responsabilidade torna-se evidente por realizações
que representam o casal. E na medida do tempo, com o nascimento dos
filhos a somar ao grupo familiar, o casal deverá estar preparado
na relação de convivência, para que melhor possa
atuar na condição de pais.
Entretanto, muitas vezes, se verifica a imaturidade psicológica
do casal ou de uma das partes, onde o pouco discernimento se deixa
arrastar pelos impulsos das ações, promovendo graves
desastres comportamentais onde se observa a afetividade desgovernada
tornando a convivência bastante infeliz, terminando muitas vezes
em separação oficiosa ou oficial, provocada pelas crises
incessantes do casal, conduzido pelos chamados sequestros emocionais,
onde a angústia inundada pela negatividade, promove reações
que vai aos limites da crítica, sustentada pelos sentimentos
da raiva e do desprezo.
A partir deste ponto, quando não se permite viver uma relação
de entendimento, mas sim de conflito, pautado na imaturidade onde
a separação se oficializa através do divórcio,
muitas vezes, essa situação se torna mais intensa quando
o casal tem filhos e começa a promover atitudes de várias
repetições negativas de um dos progenitores sobre o
outro, exclusivamente como parte de uma disputa da custódia
da criança ou mesmo para que essa criança tenha uma
imagem destorcida e rejeite um dos pais que está sendo atacado.
Ao se analisar a palavra emoção, temos o seguinte significado:
“qualquer agitação ou perturbação
da mente; qualquer estado mental veemente ou excitado”.
Baseando nos significados sobre a emoção, podemos compreender
algumas reações negativas e destrutivas tanto para as
crianças quanto para os jovens, quando a mãe ou o pai,
buscam pontuar o que há de pior no outro, construindo uma “imagem
” negativa no filho sobre o pai ou a mãe, tentando se
autopromover diante do filho, em detrimento da desvalorização
do outro. Produzindo, muitas vezes, no filho, sentimentos de repúdio,
rejeição e até ódio para com seu pai ou
mãe . Esse processo é chamado de “Síndrome
de Alienação Parental” (SAP), termo utilizado
pela primeira vez por Richard Gadner, em 1985, que define tal situação.
Esse tipo de conduta dos pais, compromete o campo da emoção
dos filhos, além do aspecto espiritual.
O ser humano é essencialmente resultado da educação.
Os pais têm a missão junto a esses espíritos em
bem orientá-los. E quando por questões próprias
do orgulho ferido, causado por diversas circunstâncias, estimulam
no filho sentimentos destrutivos, tornam-se responsáveis junto
à Lei de Deus tal ação. Pois a família
é formada para que os membros que nela fazem parte possam se
auxiliar na recuperação dos erros morais.
Léon Denis, no livro O Problema do Ser e do Destino,
nos diz que “(...) Aqueles que têm como incumbência
a alta missão de esclarecer e guiar a alma humana parece ignorar-lhe
a natureza e os verdadeiros destinos” (...)
Não podemos deixar de compreender que todo processo que se
desenrola na vida do espírito fica registrado nos arquivos
da memória perispiritual. Assim sendo, toda experiência
nova, vivenciada pelo espírito, é direcionada para a
referida memória, criando camadas vibratórias que se
somam as que já existentes vão sendo sobrepostas e que
têm como objetivo incorporar novas vibrações que
venham alterar e renovar as energias mentais.
Mas quando tal iniciativa é dos pais tem um cunho de incentivar
sentimentos adversos ao que deveria ser para a elevação
espiritual e moral, carece de comprometimento esse pai ou essa mãe
que despertam as emoções primitivas que ainda possam
existir em seu filho, e que precisam ser superadas.
Respondendo a Allan Kardec, “os espíritos disseram que
é sem contestação, é uma missão
a paternidade, e, ao mesmo tempo, um dever muito grande e que compromete
o homem, mais do que ele pensa, com relação à
sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou a criança
sob a tutela de seus pais, para que estes o dirijam no caminho do
bem (...) Se este sucumbir, por culpa deles, suportarão a dor,
e os sofrimentos do filho na vida futura recairão sobre eles,
pois não terão feito o que deles dependia para seu adiantamento
no caminho do bem”.
Daí a grande responsabilidade dos pais na arte de educar. Para
tanto, é preciso educar-se para educar. Isso significa dizer
que a autoeducação é a base de todo processo
educativo. Sem esse esforço íntimo não tem como
compreender o verdadeiro sentido de educar.
Diante de tudo o que foi dito as grandes “vítimas”
se assim podemos dizer, das ocorrências entre casais imaturos
no campo moral e espiritual, são os filhos.
Repensar ações educativas junto aos filhos. Pois como
disseram os Espíritos a Kardec, na questão 774: “(...)
laços de família constituem uma lei da Natureza. Deus
quis que os homens aprendessem, desse modo, a se amar como irmãos”.