O objetivo principal deste trabalho
é compreender, de uma perspectiva sociológica e antropológica,
a conversão de “bandidos” a igrejas evangélicas
pentecostais. O material empírico consiste basicamente em entrevistas
em profundidade com pessoas “que passaram pela vida do crime”
– a maior parte envolvida no tráfico de drogas –
e que se converteram a alguma denominação pentecostal.
A análise está baseada, sobretudo, na idéia de
sujeição criminal – que, em termos gerais, diz
respeito à construção social do “bandido”
como sujeito: indivíduo reconhecido socialmente como portador
de uma “natureza criminosa”. Na conversão ao pentecostalismo,
observamos que o “bandido” precisa transformar sua “natureza”,
sua “personalidade”, sua “individualidade”.
Não são apenas o abandono de práticas criminosas
e a adoção de um “trabalho honesto” que
estão em jogo, mas a “transformação do
sujeito”. Desta forma, na conversão do “bandido”
ao pentecostalismo, a sujeição criminal é posta
em evidência. Procurei descrever e analisar não apenas
o modo como se dá este processo de “transformação
do sujeito”, mas também o modo como o indivíduo
interpreta sua condição de “exbandido”.
Fornecemos, assim, alguns elementos para compreendermos o processo
de construção de duas identidades que estão fortemente
presentes nas periferias das cidades brasileiras e que constituem
parte importante de seu cotidiano: a de “bandido” e a
de “crente”.
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