(trecho
inicial)
Temos visto alguns palestrantes
espíritas afirmando que Jesus veio cumprir a Lei, no
sentido de que ele teria referendado todo o Antigo Testamento
(AT). Acreditamos que isso também se vê nas prédicas
de todos sacerdotes e pastores das diversas correntes cristãs,
que conhecemos na atualidade. Sem exceção alguma,
todos tomam como justificativa de seus argumentos essa passagem
do Evangelho de Mateus:
Mateus
5,17-18: “Não pensem que eu vim abolir
a Lei e os Profetas. Não vim abolir,
mas dar-lhes pleno cumprimento. Eu garanto a vocês:
antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer
uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem
que tudo aconteça.”
Tudo bem. Isso foi o que, ao
longo dos tempos, os teólogos nos passaram; porém,
analisando, com uma necessária acuidade, veremos que
Jesus, na verdade, sancionava não todo o AT (a Lei e
os Profetas), mas apenas parte dele, aquilo, que, certamente,
julgava ser de origem divina.
Para bem entendermos sobre o que se está falando, é
importante lembrarmos que “Os cinco primeiros livros da
Bíblia formam um conjunto que os judeus denominam de
'Lei' ou 'Torá'” (Bíblia
de Jerusalém, São Paulo: Paulus, 2002, p. 21).
Duas expressões desse passo nos chamaram a atenção;
são elas: “dar-lhes pleno cumprimento” e
“sem que tudo aconteça”. Ora, caso Jesus
tivesse assinando embaixo de tudo quanto existe na Lei, essas
duas expressões não fariam sentido algum no contexto
que se quer entender. Entretanto, se fosse outra a sua intenção,
no caso, de cumprir profecias, como veremos um pouco mais à
frente, as coisas tornam-se claras, pelo menos, para nós.
Vamos pegar para análise três passagens, nas quais
Jesus não nos parece nem um pouco preocupado em seguir
a Lei; ao contrário, suas considerações
são exatamente desfavoráveis ao cumprimento dela.
Vejamos:
Marcos
2,27: “E Jesus acrescentou: 'O sábado
foi feito para servir ao homem, e não o homem para
servir ao sábado'.”
Mateus
5,43-44: “Vocês ouviram o que foi dito:
'Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!' Eu, porém,
lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que
perseguem vocês!”
João
8,1-11: “Jesus foi para o monte das Oliveiras.
Ao amanhecer, ele voltou ao Templo, e todo o povo ia ao seu
encontro. Então Jesus sentou-se e começou a
ensinar. Chegaram os doutores da Lei e os fariseus trazendo
uma mulher, que tinha sido pega cometendo adultério.
Eles colocaram a mulher no meio e disseram a Jesus: 'Mestre,
essa mulher foi pega em flagrante cometendo adultério.
A Lei de Moisés manda que mulheres desse tipo
devem ser apedrejadas. E tu, o que dizes?' Eles diziam
isso para pôr Jesus à prova e ter um motivo para
acusá-lo. Então Jesus inclinou-se e começou
a escrever no chão com o dedo. Os doutores da Lei e
os fariseus continuaram insistindo na pergunta. Então
Jesus se levantou e disse: 'Quem de vocês não
tiver pecado, atire nela a primeira pedra.' E, inclinando-se
de novo, continuou a escrever no chão. Ouvindo isso,
eles foram saindo um a um, começando pelos mais velhos.
E Jesus ficou sozinho. Ora, a mulher continuava ali no meio.
Jesus então se levantou e perguntou: 'Mulher, onde
estão os outros? Ninguém condenou você?'
Ela respondeu: 'Ninguém, Senhor.' Então Jesus
disse: 'Eu também não a condeno. Pode ir, e
não peque mais.'”
* texto
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