"A alma é insuscetível
de destruição; é ela que vivifica o corpo; traz
consigo a vida onde aparece. Não recebe a morte — é
imortal".
- Sócrates
Introdução
Vemos como uma contradição
os que vinculados a uma corrente religiosa, não aceitam a imortalidade
da alma, pois se igualam exatamente aos não espiritualistas,
ou seja, aos materialistas que não acreditam em nada além
da matéria.
Temos dito que se não existir
nada para nós após a morte, deveríamos nascer igual
aos animais, não haveria a mínima necessidade da família,
onde estabelecemos laços de amor, para que depois da morte seja
o nada. Poderíamos muito bem viver da mesma forma que os animais
que não estabelecem nenhum vínculo familiar com os de
sua espécie por eles gerados. Vivem no "cada um por si,
Deus por todos", enquanto que a nós, os seres humanos, é-nos
recomendado "amar ao próximo como a si mesmo", cuja
utilidade será só para a vida presente?
Antigamente se acreditava que só
os deuses eram eternos, como conseqüência disso o homem,
por muito tempo, não acreditou que ele fosse um ser imortal.
Como não poderia deixar de ser,
o próprio livro sagrado do povo hebreu, base da teologia cristã,
dá-nos essa idéia. Na Bíblia, "a doutrina
da imortalidade da alma só aparece claramente no livro Sabedoria,
ou seja, um século, pelo menos, depois da redação
do Eclesiastes" que, por sua vez, tem no século III a.C
a data da composição mais verossímil. É
por isso que nela as recompensas divinas estão relacionadas à
uma situação terrena. Podem até observar que as
bênçãos e maldições para quem não
cumprisse o Dez Mandamentos estavam colocados para uma vida terrena,
pois aí só se acreditava nessa vida.
Naquela época, quando queriam
dizer que alguém estava nas graças de Deus, falavam que
ele teria vivido longo tempo aqui na terra. O que podemos tranqüilamente
confirmar quando citam várias pessoas que teriam vivido por muito
tempo, como no caso de Adão 930 anos; Sete 912 anos; Enos 905
anos, Cainã 910 anos, Noé 950, entre outros. Devemos entender
isso apenas como um estilo de linguagem, já que não há
como levar essas idades citadas ao pé da letra, até mesmo
porque o tempo estabelecido por Deus para um homem viver na carne foi
de 120 anos (Gn 6,3).
Por isso, e por muitíssimas outras
coisas mais, que não cabe colocar aqui agora, podemos também
afirmar que a Bíblia, antes de ser a palavra de Deus como querem,
é muito mais a palavra dos homens, que nela registraram o seu
pensamento relacionado à sua religiosidade, registro esse que
passaram a afirmar ser a própria palavra de Deus, para dar um
aspecto sagrado ao livro, de forma que fizesse com que as pessoas o
seguissem incondicionalmente. Daí termos ainda na cultura religiosa
de hoje, a Bíblia como sendo a palavra de Deus.
Tentaremos desenvolver um estudo para
ver se chegamos a alguma conclusão se pelo menos em algum ponto
podemos retirar da Bíblia a idéia da imortalidade da alma.
Não é tarefa fácil, pois o trabalho de pesquisa
é volumoso, mas, de qualquer forma, vamos arriscar.
Informamos que a base de nosso estudo
é a Bíblia de Jerusalém, Ed. Paulus, pelo motivo
da tradução ter sido realizada por uma equipe de exegetas
católicos e protestantes e por um grupo de revisores literários,
cujo texto traduzido é de produção da École
Biblique, na França, em 1998.
O que podemos encontrar na Bíblia?
No princípio surgirão
temas que poderão parecer que não têm nada a ver
com o caso em questão, mas no desenrolar do trabalho, ou na pior
das hipóteses na conclusão, iremos ver a relação
com o tema. Muitas vezes uma coisa isolada do conjunto pode nos dar
uma falsa idéia daquilo que realmente é, por isso torna-se
necessário, aos que se interessarem por esse assunto, ir até
ao final desse estudo.
Gênesis 1,26-27:
Deus disse: "Façamos
o homem à nossa imagem, como nossa semelhança e que
eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais
domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam
sobre a terra. Deus criou o homem à sua imagem, à imagem
de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou.
Seria interessante perguntar qual é
a imagem de Deus que nos tornamos semelhantes? Deus possui um corpo?
Jesus responde por nós: "Deus é espírito"
(João 4, 24). Ora, isso só pode nos dizer que a nossa
semelhança com Deus é exatamente o ser espiritual que
somos. Nosso espírito está temporariamente no corpo, conforme
veremos mais adiante. Qual dos dois é o mais importante: o espírito
ou o corpo? Apelaremos novamente para Jesus: "O Espírito
é que vivifica a carne de nada serve" (João 6, 63).
Gênesis 2,7:
Então Iahweh Deus modelou
o homem com argila do solo insuflou em suas narinas um hálito
de vida e o homem se tornou um ser vivente.
Os tradutores nos colocam a respeito
de vivente: "É o termo nefesh, que designa o ser animado
por um sopro vital (manifestado também pelo "espírito",
ruah: 6,17+; Is 11, 2+; cf. Sl 6, 5+)". Significando, segundo podemos
concluir, que o homem também possui um espírito.
1 Samuel 28,3-19:
Samuel tinha morrido, e todo o Israel o tinha lamentado, e o sepultaram
em Ramá, sua cidade. Saul havia expulsado da terra os necromantes
e os adivinhos. Entretanto, os filisteus se reuniram e vieram acampar
em Sunam. Saul reuniu todo o Israel e Gelboé. Quando Saul viu
o exército dos filisteus acampado, encheu-se de medo e o seu
coração se perturbou. Saul consultou Iahweh, mas Iahweh
não lhe respondeu, nem por sonhos, nem pela sorte, nem pelos
profetas. Saul disse então aos seus servos: "Buscai-me
uma mulher que pratique a adivinhação para que eu lhe
fale e a consulte". E os servos lhe responderam: "Há
mulher que pratica adivinhação em Endor". Então
Saul disfarçou-se, vestiu outra roupa e, de noite, acompanhado
de dois homens, foi ter com a mulher, e lhe disse: "Peço-te
que pratiques para mim a adivinhação, evocando para
mim quem eu te disser". A mulher, porém, lhe respondeu:
"Tu bem sabes o que fez Saul, expulsando do país os necromantes
e adivinhos. Por que me armas uma cilada para que eu seja morta?"
Então Saul jurou-lhe por Iahweh, dizendo: "Pela vida de
Iahweh, nenhum mal te acontecerá por causa disso". Disse
a mulher: "A quem chamarei para ti?" Ele respondeu: "Chama
Samuel". Então a mulher viu Samuel e, soltando um grito
medonho, disse a Saul: "Por que me enganaste? Tu és Saul!"
Disse-lhe o rei: "Não temas! Mas o que vês?"
E a mulher respondeu a Saul: "Vejo um deus que sobe da terra".
Saul indagou: "Qual é a sua aparência?" A mulher
respondeu: "É um velho que está subindo; veste
um manto". Então Saul viu que era Samuel e, inclinado-se
com o rosto no chão prostrou-se. Samuel disse a Saul: "Por
que perturbas o meu descanso evocando-me?" Saul respondeu: "É
que estou em grande angústia. Os filisteus guerreiam contra
mim, Deus se afastou de mim, não me responde mais, nem pelos
profetas nem por sonhos. Então vim te chamar para que me digas
o que tenho de fazer". Respondeu Samuel: "Por que me consultas,
se Iahweh se afastou de ti e se tornou teu adversário? Iahweh
fez por outro como te havia dito por meu intermédio: tirou
das tuas mãos a realeza e a entregou a Davi, porque não
obedeceste a Iahweh e não executaste o ardor de sua ira contra
Amalec. Foi por isso que Iahweh te tratou hoje assim. Como conseqüência,
Iahweh entregará, juntamente contigo, o teu povo Israel nas
mãos dos filisteus. Amanhã, tu e os teus filhos estareis
comigo; e o exército de Israel também: Iahweh o entregará
nas mãos dos filisteus.
Essa passagem é a que tem mais
dado dor de cabeça aos adversários das manifestações
dos espíritos para arrumarem uma explicação razoável
de modo a não ficar evidenciada essa ocorrência. Dizem
alguns "foi o demônio que tomou a aparência de Samuel",
em contradição com a citação expressa do
texto: "Então a mulher viu Samuel", "Então
Saul viu que era Samuel" e "Samuel disse a Saul". E mais,
não existe nenhuma afirmação na Bíblia de
que os demônios é quem aparecem no lugar dos mortos. Ao
dizer "Iahweh fez por outro como te havia dito por meu intermédio",
Samuel-espírito está confirmando que ele, quando vivo,
já havia previsto que Saul deixaria de ser rei. Falando a respeito
de Samuel, no livro Eclesiástico (46, 20), encontramos: "Até
depois de morto profetizou, anunciou ao rei seu fim; do seio da terra
elevou a voz, profetizando para apagar a iniqüidade do povo".
Ficando provado, portanto, que foi o próprio Samuel, em espírito,
quem se manifestou.
De qualquer forma podemos concluir que
os mortos continuam vivos, em espírito é claro, e que
não ficam dormindo e muito menos estariam inconscientes até
o dia do juízo final.
A fala de Samuel: "Porque perturbas
meu descanso", isso é interessante pois se alguém
nos provar que só se descansa dormindo passaremos a acreditar
que os mortos ficam dormindo. Quanto à questão da inconsciência,
não há como sustentar essa idéia, pois se Samuel
estivesse inconsciente, dormindo ou não, pouco importa, não
responderia ao chamado de Saul, coisa que só estando consciente
para se fazer.
2 Reis 2,14-15:
Tomou o manto de Elias que havia caído dele e bateu com ele
nas águas, dizendo: "Onde está Iahweh, o Deus de
Elias? Bateu também nas águas, que se dividiram de um
lado e de outro, e Elizeu atravessou o rio. Os irmãos profetas
de Jericó viram-no a distância e disseram: "O espírito
de Elias repousou sobre Eliseu!", vieram ao seu encontro e se
prostram por terra, diante dele.
Esse episódio é singular,
principalmente se entendermos a palavra repousou como sendo uma incorporação
mediúnica, estaria aí acontecendo a manifestação
do espírito de Elias? Acreditamos que aceitavam tranqüilamente
as manifestações espirituais, motivo pelo qual disseram
isso. Ora, só aceita as manifestações de espíritos
quem crê que quem morre sobrevive em espírito. E para os
que poderiam nos dizer que Elias não morreu, tomamos das notas
dos tradutores sobre o seu arrebatamento: "O texto não diz
que Elias não morreu, mas facilmente se pode chegar a essa conclusão".
Por outro lado, observar que o comportamento dos "irmãos
profetas" diante do episódio está demonstrando que,
para aquela época, os seres espirituais eram considerados deuses,
daí toda a reverência deles ao espírito de Elias
"repousado" sobre Elizeu. Comportamento idêntico teve
Saul diante do espírito de Samuel (1 Sm 28), conforme já
relatamos um pouco atrás. Estava aí, a nosso ver, a causa
da proibição da comunicação com os mortos,
já que Moisés necessitava implantar a idéia do
Deus único, portanto, não poderiam haver "deuses"
concorrentes.
2 Macabeus 7,36:
Nossos irmãos, agora, depois de terem suportado uma aflição
momentânea por uma vida inexaurível, já caíram
na Aliança de Deus.
Por ordem do rei Antíoco Epifanes,
os sete irmãos macabeus foram mortos, o último, antes
de morrer, diz ao rei a frase citada. Demonstrando a crença numa
vida após a morte, uma vida que não pode se esgotar, isso
em outras palavras, quer dizer imortalidade da alma.
Jó 8,8:
Pergunta às gerações passadas e medita a experiência
dos antepassados.
A palavra antepassados está intimamente
relacionando pessoas com seus familiares que já morreram. É
muito comum vermos, na Bíblia, a expressão "foi reunir-se
em paz com seus antepassados", em se referindo a uma pessoa que
acabara de morrer. Assim, pelo texto de Jó, é lógico
e racional compreendermos que a única forma de se perguntar às
gerações passadas era por via mediúnica, ou seja,
evocando o antepassado para que ele, em espírito, viesse passar
a sua experiência, para que pudesse ser aproveitada. Hoje poderíamos
buscar essa informação de outra forma, mas àquela
época não se tinha a menor preocupação em
deixar escritos, nem livros existiam, e até mesmo seriam desnecessários,
pois pouquíssimas pessoas sabiam ler.
Jó 32,8:
Mas é o espírito no homem, o alento de Shaddai que dá
inteligência.
Jó 33,4:
Foi o espírito de Deus que me fez e o sopro de Shaddai que
me anima.
A primeira passagem, a versão
da Editora Mundo Cristão, se lê: "Na verdade, há
um espírito no homem, e o sopro do Todo-poderoso o faz entendido".
Fato que confirma a existência no homem de um espírito,
aquela parte que vai para o mundo espiritual. Também, vemos,
novamente, a questão de relacionarmos "o sopro de Deus"
com o espírito que habita no homem, o que volta à Deus.
Poderia ter agora algum outro significado para você o: "o
que é nascido do Espírito, é espírito"(João
3,6)?
Salmo 146,1-4:
Aleluia! Louva a Iahweh, ó minha alma! Enquanto eu viver, louvarei
Iahweh, tocarei ao meu Deus, enquanto existir! Não depositais
a segurança nos nobres e nos filhos dos homem, que não
podem salvar! Exalam o espírito e voltam à terra, e
no mesmo dia perecem seus planos!
Quando se está referindo-se à
condição de vivo diz "alma", quando se diz de
morto a palavra é "espírito". A Editora Mundo
Cristão dá uma clareza melhor para a última frase:
Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó, nesse mesmo dia
perecem todos os seus desígnios. Mais à frente iremos
ver mais passagens sobre essa questão.
Eclesiastes,
12,6-7: Antes que o fio de prata se afrouxe e a taça de ouro
se parta, antes que o jarro se quebre na fonte e a roldana rebente
no poço, antes que o pó volte à terra de onde
veio e o sopro volte a Deus que o concedeu.
Em algumas bíblias, ao invés
de sopro, encontramos a palavra espírito. Mas podemos ficar com
as explicações dos tradutores: "Aquele elemento,
no homem, que veio da terra deve voltar para lá. Já que
não há nada na terra que possa satisfazer ao homem, deve-se
concluir que este não provém totalmente da terra, e por
isso, aquilo que vem de Deus a ele retornará". Ora, o que
em nós que vem de Deus a não ser o nosso espírito.
Alguém poderá objetar e dizer é a vida, mas Jesus
não disse que "O Espírito é que vivifica"
(João 6, 63), ou seja, o espírito é que é
o sopro da vida. Tiago, percebendo isso diz: "... o corpo sem o
sopro da vida é morto,..." (2, 26). Se não for assim,
não existiremos após a morte, nem mesmo para aguardar
o dia do juízo como dizem alguns.
Sabedoria 2,23:
Ora, Deus criou o homem para a incorruptibilidade e o tornou imagem
de sua própria natureza.
Aqui confirmamos o que já dissemos
antes a respeito de nossa semelhança com Deus, a parte incorruptível
do homem é o seu espírito, pois quanto ao corpo há
de ser cumprido o "tu és pó e ao pó tornarás"
(Gn 3,19). Essa semelhança também é em relação
à imortalidade.
Sabedoria
3,1-5: A vida dos justos está nas mãos de Deus, nenhum
tormento os atingirá. Aos olhos dos insensatos pareceram mortos;
sua partida foi tida como uma desgraça, sua viagem para longe
de nós como um aniquilamento, mas eles estão em paz.
Aos olhos humanos pareciam cumprir uma pena, mas sua esperança
estava cheia de imortalidade; por um pequeno castigo receberão
grandes favores. Deus os submeteu à prova e os achou dignos
de si.
Explicam-nos os tradutores sobre a palavra
athanasia: "Essa palavra, até aqui inusitada no AT, mas
familiar aos gregos, designava, quer a imortalidade da lembrança
(cf. 8,13), que a da alma. O autor a emprega aqui no segundo sentido,
mas para significar a imortalidade bem-aventurada na sociedade de Deus,
como recompensa pela justiça (1,15; 2,23)". Não precisamos
acrescentar mais nada.
Sabedoria 6,18-19:
O amor é a observância de suas leis, o respeito das leis
é a garantia de incorruptibilidade e a incorruptibilidade aproxima
de Deus.
De maneira objetiva, explicam-nos, novamente,
os tradutores: "Aplicar-se à observância das leis
da Sabedoria não basta para tornar-se incorruptível, mas
cria título real e incontestável para obter de Deus a
incorruptibilidade bem-aventurada ou a imortalidade (cf. 2,23; 3,4)".
Falou pouco, mas disse tudo.
Sabedoria 8,12-13:
Se calo, ficarão em expectativa; se falo, prestarão
atenção; se me alongo no discurso, colocarão
a mão sobre a boca. Por causa dela alcançarei a imortalidade,
à posteridade legarei lembrança eterna.
Pela expressão "alcançarei
a imortalidade", fica tão clara essa questão
que ficamos pasmos com os que não acreditam que na Bíblia
se fala desse assunto.
Sabedoria 16,13-14:
Porque tu tens poder sobre a vida e a morte, fazes descer às
portas do Hades e de lá subir. O homem, ainda que em sua maldade
possa matar, não pode fazer voltar o espírito exalado
nem libertar a alma no Hades recolhida.
"O autor ensina aqui o poder absoluto
de Deus sobre a vida e a morte, não somente enquanto pode livrar
a quem quiser do perigo da morte (cf. Sl 9,14; 107,17-19; Is 38,10-17),
mas ainda, parece, num sentido mais profundo: ele pode fazer tornar
à vida corporal a alma que desceu ao Xeol (Cf. 1 Rs 17,17-23;
2Rs 4,33-35; 13,21)", é o que nos fornecem os tradutores
como explicação. Como fazer tornar à vida corporal
a alma que desceu ao Xeol? Dizendo a ela "é necessário
nascer de novo", ou seja, reencarnar, onde, por ela, o homem completará
todo o seu processo evolutivo. A reencarnação, em última
instância, nos leva a aceitar a imortalidade da alma.
Eclesiástico
38,23: Desde que o morto repousa, deixe repousar à sua memória,
consola-te quando seu espírito partir.
Vemos a idéia de que
o homem é mais que o corpo. Embora apresente uma questão
não resolvida para onde vai o espírito, pelo menos demonstra
acreditar na existência dele como algo separado do corpo, já
que não foi dito que o corpo também partiu. Parece-nos
que o morto aí poderia ser uma referência ao corpo, que
fica em "repouso" na sepultura. Se há partida do espírito,
é porque ele sobrevive à morte, com absoluta certeza.
Isaías
59,21: Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles,
diz Iahweh, o meu espírito está sobre ti e as minhas
palavras que pus na tua boca não se afastarão dela,
nem da boca dos teus filhos, nem da boca dos filhos dos teus filhos,
diz Iahweh, desde agora e para sempre.
Apresenta-nos o autor a realidade de
Deus como sendo espírito, condizente com a afirmação
de Jesus que falamos anteriormente.
Daniel 12,2:
E muitos dos que dormem no solo poeirento acordarão, uns para
a vida eterna e outros para o opróbrio, para o horror eterno.
Não levando em conta a questão
da justiça da eternidade da pena, vamos ver que os que já
morreram passarão por um julgamento, conforme o que fizeram terão
a vida eterna ou o castigo eterno, o que quer dizer que, após
a morte, haverá vida, pois não há sentido em falar-se
em prêmio ou castigo se não houver sobrevivência
do espírito. Se tais coisas são eternas, significa imortalidade
de alguma coisa, como não pode ser do corpo já que "tu
és pó e ao pó tornarás", concluímos
que a imortalidade é do espírito, onde reside a nossa
semelhança com Deus.
Zacarias 12,1:
Palavra de Iahweh sobre Israel. Oráculo de Iahweh, que estendeu
o céu e fundou a terra, que formou o espírito do homem
dentro dele.
De todos os autores bíblicos
esse é o que nos mostra de forma inquestionável a existência
do espírito. E ao dizer que formou o espírito dentro do
homem, é porque está admitindo um outro elemento na formação
do homem, que não é outro senão o corpo físico.
E se formos analisar essa passagem relacionando-a a Eclesiastes 12,
6-7, a Tiago 2, 26 e, em algumas traduções ao Gênesis
2, 7 teremos a confirmação de que sopro é realmente
espírito.
Mateus 7,9-11:
Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este
lhe pedir pão? Ou lhe dará uma cobra, se este lhe pedir
peixe? Ora, se vós que sois maus sabeis dar boas dádivas
aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus
dará coisas boas aos que lhe pedem!
Mateus 18,12-14:
Que vos parece? Se um homem possui cem ovelhas e uma delas se extravia,
não deixa ele as noventa e nove nos montes para ir à
procura da extraviada? Se consegue achá-la, em verdade vos
digo, terá maior alegria com ela do que com as noventa e nove
que não se extraviaram. Assim também, não é
da vontade de vosso Pai, que estás nos céus, que um
destes pequeninos se perca.
Mateus 21,31:
... Então Jesus lhes disse: "Em verdade vos digo que os
publicanos e as prostitutas vos precederão no Reino de Deus.
Lucas 6,35: ...
Será grande a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo,
pois ele é bom para com os ingratos e com os maus.
Lucas 19,10:
Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.
João 3,17:
Pois Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por ele.
1 Timóteo
2,3-4: Eis o que é bom e aceitável diante de Deus, nosso
Salvador, que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento
da verdade.
Se Deus nos "dará coisas
boas", se é "bom para com os ingratos e com os maus",
se "quer que todos os homens sejam salvos", que envia Jesus
para "salvar o que estava perdido" e "para que o mundo
seja salvo por ele", então pergunto: onde fica as penas
eternas diante disso tudo? Alguém conseguirá fazer com
que a vontade de Deus não se cumpra? Ou essa salvação
é para a vida eterna prometida por Jesus? Se a missão
de Jesus era salvar o mundo, como justificar o pensamento dominante
que apenas uns poucos privilegiados serão salvos? Se Deus é
espírito imortal, nós também sendo espíritos,
ou seja, imagem e semelhança de Deus, por que razão não
seriamos imortais? Não seria uma contradição se
como espíritos imortais, Deus nos salvar para nos destruir ou
aniquilar, como é o pensamento de alguns, contrariando assim
nossa imortalidade?
Mateus 17,1-4:
Seis dias depois, Jesus tomou Pedro, Tiago e seu irmão João,
e os levou para um lugar à parte sobre uma alta montanha. E
ali foi transfigurado diante deles. Seu rosto resplandeceu como o
sol e as suas vestes tornaram-se alvas como a luz. E eis que lhes
apareceram Moisés e Elias conversando com ele.
Aqui temos registrada a manifestação
dos espíritos de Moisés e Elias a Jesus e aos discípulos
Pedro, Tiago e João, testemunhas oculares da aparição.
A questão sobre a morte de Elias, já abordamos anteriormente,
não precisamos repetir. Sabemos que certas pessoas ainda preferirão
acreditar que Elias foi arrebatado de corpo e alma ao céu, contra
o que não podemos fazer nada, entretanto, podemos apenas lembrar
que "a carne e o sangue não herdarão o reino de Deus"
(1 Cor 15,50).
Mateus 22,29-32:
Jesus respondeu-lhes: "Estais enganados, desconhecendo as Escrituras
e o poder de Deus. Com efeito, na ressurreição, nem
eles se casam e nem elas se dão em casamento, mas são
todos como os anjos no céu. Quanto à ressurreição
dos mortos, não lestes o que Deus vos declarou: ‘Eu sou
o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó?’
Ora, ele não é Deus de mortos, mas sim de vivos".
Lucas 20,37-38:
Ora, que os mortos ressuscitam, também Moisés o indicou
na passagem da sarça, quando diz: o Senhor Deus de Abraão,
Deus de Isaac e Deus de Jacó. Ora, ele não é
Deus de mortos, mas sim de vivos; todos, com efeito, vivem para ele.
Aqui, de maneira muito clara, Jesus
coloca a questão da imortalidade da alma como coisa incontestável.
A narrativa de Lucas então, não deixa a mínima
dúvida de que Abraão, Isaac e Jacó, apesar de mortos
na carne, vivem em espíritos junto a Deus. Por que afirmamos
que vivem em espíritos? Porque, além do categórico
"Deus de vivos", também sabemos que é "o
espírito que dá vida". Mas podemos mudar de opinião
se alguém nos provar que tanto Abraão, como Isaac e também
Jacó já tenham ressuscitado, e mais que ressuscitaram
no corpo físico. Mas se até hoje não ocorreu o
dia do juízo, época em que os dogmáticos acreditam
que haverá a ressurreição dos justos e injustos,
os primeiros para a vida eterna, os outros para o tormento eterno, eles
não poderiam estar ressuscitados no corpo físico, assim,
se continuam "mais vivos do que nunca" essa vida é
do espírito, não há dúvida. Disso podemos
concluir que entendiam a ressurreição como sendo mesmo
a do espírito.
Mateus 22,36-38:
"Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Ele respondeu:
Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração,
de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Esse é
o maior e o primeiro mandamento.
1 Tessalonicenses
5,23: O Deus da paz vos conceda santidade perfeita; e que o vosso
ser inteiro, o espírito, a alma e o corpo sejam guardados de
modo irrepreensível, para o dia da vinda do nosso Senhor Jesus
Cristo.
Para quem diz que não temos nada
além do corpo físico, essas passagens cabem como uma luva.
Pelo que começamos a perceber nesse estudo, que àquela
época se fazia uma distinção entre alma e espírito.
Alma seria a parte espiritual do ser, enquanto que espírito seria
o que nós conhecemos como corpo espiritual, ou seja, o perispírito.
Mais à frente iremos falar da morte de Jesus e Estevão,
observar que ambos ao morrerem entregam o espírito, não
a alma.
Aqui também podemos colocar que
temos a informação de que o ser humano é composto
de três elementos: o corpo, representado pelo coração,
a alma que é a essência espiritual e espírito que
é o corpo espiritual, tal e qual ao que falamos: corpo, espírito
e perispírito, cuja diferença está apenas na nomenclatura.
Mateus 25,46:
E irão estes para o castigo eterno enquanto os justos para
a vida eterna.
João 3,16:
Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o Filho único, para
que todo o que nele crê não pereça, mas tenha
vida eterna.
João 5,24:
Em verdade, em verdade vos digo: quem escuta minha palavra e crê
naquele que me enviou tem a vida eterna.
João 10,27-28:
As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas
me seguem; eu lhes dou a vida eterna e elas não perecerão,
e ninguém as arrebatará de minha mão.
Vida eterna seja na presença
de Deus ou no lugar de tormentos, deve se pressupor que para isso acontecer
terá que haver imortalidade. E essa imortalidade é do
espírito, não do corpo, conforme já afirmamos,
anteriormente, que é a parte do ser humano que "tu és
pó e ao pó tornarás".
Lucas 8, 40-41.49-55:
Ao voltar, Jesus foi acolhido pela multidão, pois todos o esperavam.
Chegou então um homem chamado Jairo, chefe da sinagoga. Caindo
aos pés de Jesus, rogava-lhe que entrasse em sua casa, porque
sua filha única, de mais ou menos doze anos, estava à
morte. Enquanto ele se encaminhava para lá, as multidões
se aglomeravam a ponto de sufocá-lo. Ele ainda falava, quando
chegou alguém da casa do chefe da sinagoga e lhe disse: "Tua
filha morreu; não perturbes mais o Mestre". Mas Jesus,
que havia escutado, disse-lhes: "Não temas; crê
somente, e ela será salva". Ao chegar à casa, não
deixou que entrassem consigo senão Pedro, João e Tiago,
assim como o pai e a mãe da menina. Todos choravam e batiam
no peito por causa dela. Ele disse: "Não choreis! Ela
não morreu; dorme". E caçoavam dele, pois sabiam
que ela estava morta. Ele, porém, tomando-lhe a mão,
chamou-a dizendo: "Criança, levanta-te!" O espírito
dela voltou e, no mesmo instante, ela ficou de pé. E ele mandou
que lhe dessem de comer.
Aqui devemos chamar a sua atenção
para a particularidade "o espírito dela voltou e, no mesmo
instante, ela ficou de pé", mostrando que é o espírito
que dá vida. E daqui já começamos a entender que
chamavam espírito a parte do ser que sobrevivia à morte
do corpo físico.
Lucas 16,19-21:
Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e
cada dia se banqueteava com requinte. Um pobre, chamado Lázaro,
jazia à sua porta, coberto de úlceras. Desejava saciar-se
do que caía da mesa do rico... E até os cães
vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu que o pobre morreu
e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também
o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, em meio a tormentos,
levantou os olhos e viu ao longe Abraão e Lázaro em
seu seio. Então exclamou: "Pai Abraão, tem piedade
de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo para me refrescar
a língua, pois estou atormentado nessa chama". Abraão
respondeu: "Filho lembra-te que recebeste teus bens durante tua
vida, e Lázaro por sua vez os males; agora, porém, ele
encontra aqui consolo e tu és atormentado. E além do
mais, entre nós e vós existe um grande abismo, a fim
de que aqueles que quiserem passar daqui para junto de vós
não o possam, nem tampouco atravessem de lá até
nós. Ele replicou: "Pai, eu te suplico, envia então
Lázaro até a casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos:
que leve a eles seu testemunho, para que não venham eles também
para este lugar de tormento". Abraão, porém, respondeu:
"Eles têm Moisés e os profetas: ouçam-nos".
Disse ele: "Não, pai Abraão, mas se alguém
dentre os mortos for procurá-los, eles se arrependerão".
Mas Abraão lhe disse: "Se não escutam nem a Moisés
nem aos Profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não
se convencerão".
Essa parábola é por demais
singular, pois encerra vários ensinamentos ao mesmo tempo. Podemos
perceber que haverá um julgamento de nossas ações,
e de acordo com elas seremos premiados ou condenados. Acreditamos que
iremos pagar sim pelos nossos atos, entretanto para qualquer situação
que a justiça divina nos colocar, sairemos após pago o
último centavo (Mateus 5, 26). Que existe um abismo entre os
estágios evolutivos das pessoas, de tal sorte que não
há como ir para o lugar dos bons, sem que se tenha feito tudo
o que eles fizeram, por isso não dá para transportar de
um lugar para o outro. Nos diz da sobrevivência da alma após
a morte, vida essa consciente, haja vista o diálogo entre Abraão
e o rico. A comunicação dos mortos com os vivos também
é possível, razão do pedido do rico, em resposta
Abraão disse não que isso fosse impossível, mas
que seria completamente inútil, pois não deram ouvidos
nem mesmo aos vivos que dirá dos mortos. É tão
evidente isso, que hoje mais do que nunca fica confirmada essa resposta
de Abraão, já que os vivos negam sistematicamente ouvir
os conselhos dos mortos, cuja verdade o Espiritismo luta para convencer.
Lucas 23,46:
E Jesus deu um forte grito: "Pai, em tuas mãos entrego
o meu espírito". Dizendo isso, expirou.
Atos 16,7: Chegando
aos confins da Mísia, tentaram penetrar na Bitínia,
mas o Espírito de Jesus não permitiu.
1 Pedro 3,18:
Com efeito, também Cristo morreu uma vez pelos pecados, o justo
pelos injustos, a fim de vos conduzir a Deus. Morto na carne, foi
vivificado no espírito, no qual foi também pregar aos
espíritos em prisão.
Observar que as expressões "entrego
meu espírito", "o Espírito de Jesus não
permitiu" e "vivificado no espírito" nos mostram
Jesus mesmo "morto na carne" vive em espírito. Se Jesus
foi pregar aos espíritos em prisão, devemos supor que
eles ainda estão vivos, e mais, que existe esperança de
recuperá-los, razão da pregação de Jesus
a eles. Especificamente quanto a natureza espiritual de Jesus, essa
questão ficará mais clara na passagem seguinte.
Lucas 24, 36-43:
Falavam ainda, quando ele próprio se apresentou no meio deles
e disse: "A paz esteja convosco!" Tomados de espanto e temor,
imaginavam ver um espírito. Mas ele disse: "Por que estais
perturbados e por que seguem tais dúvidas em vossos corações?
Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! Apalpai-me e entendei
que um espírito não tem carne, nem ossos, como estais
vendo que eu tenho". Dizendo isso, mostrou-lhe as mãos
e os pés. E como, por causa da alegria, não podiam acreditar
ainda e permaneciam surpresos, disse-lhes: "Tendes o que comer?"
Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o, então,
e o comeu-o diante deles.
Uma coisa importante aqui é a
questão de que imaginavam ver um espírito: por que isso?
Seria porque acreditavam que após a morte só poderia aparecer
mesmo um espírito, e esse espírito "não tem
carne, nem ossos", ou seja, é realmente um ser espiritual.
Vejamos o que colocaram os tradutores a respeito do "mostrou-lhes
as mãos e os pés": "Lucas, escrevendo para os
gregos, que consideravam absurda a idéia da ressurreição,
insiste na realidade física do corpo de Jesus ressuscitado (cf.
v. 43)". Do que podemos concluir que Lucas estava expressando o
seu próprio pensamento, daí querer convencer aos gregos
de uma realidade mais material depois da morte, visto que eles não
acreditavam na ressurreição. Ora, fatalmente concluímos,
também, que a ressurreição não é
do corpo, mas do espírito como sempre estamos a afirmar, fato
então confirmado agora com a explicação dos tradutores.
João 8,58:
Jesus lhes disse: "Em verdade, em verdade, vos digo: antes que
Abraão existisse, eu sou".
João 17,5:
E agora, glorifica-me, Pai, junto de ti, com a glória que eu
tinha junto de ti antes que o mundo existisse.
Se Jesus existiu antes que Abraão
existisse e até mesmo antes que o mundo existisse é porque
Ele é um ser espiritual, pois aqui se fala da preexistência
do espírito. Nessa condição "a carne de nada
serve". Aos que advogam que não há possibilidade
do espírito viver sem o corpo, poderíamos pedir para nos
explicar o que ocorreu com Jesus: Ele foi fecundado ou foi colocado
já com um corpo formado no ventre de sua mãe? E como em
nenhum momento Jesus se colocou em situação diversa da
nossa, antes ao contrário, disse: "tudo o que Eu fiz vós
podeis fazer e muito mais" (João 14,12) e que afirmou "não
vim destruir a Lei" (Mateus 5, 17), concluímos que entre
Ele e nós a diferença existe apenas entre a evolução
Dele e a nossa.
João 11,25-26:
Disse-lhes Jesus: "Eu sou a ressurreição. Quem
crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e crê
em mim jamais morrerá. Crês nisso?
A expressão "ainda
que morra, viverá" está afirmando que alguma
coisa sobrevive à morte, e que essa coisa sobrevivente não
morrerá mais. A questão é sabermos o quê?
Novamente o espírito, pois é "o espírito é
que dá vida", quanto ao corpo "tu és pó
e tornarás ao pó". Coisa semelhante também
podemos ver nessa outra expressão "quem vive e crê
em mim jamais morrerá", só que a promessa aqui é
para os que estão vivos, que se crerem em Jesus jamais morrerão.
Atos 7,59: E
apedrejaram Estevão, enquanto ele dizia esta invocação:
"Senhor Jesus, recebe meu espírito".
Aqui está mais uma vez a questão
do espírito como sendo a parte que sobrevive à morte,
senão fosse, Estevão teria dito: Senhor Jesus, recebe
meu corpo. A fala de Estevão é muito semelhante à
dita por Jesus na cruz, que já comentamos anteriormente.
Romanos 6,8-9:
Mas se morremos com Cristo, temos fé que também viveremos
com ele, sabendo que Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos,
já não morre, a morte não tem mais domínio
sobre ele.
Aqui se tivermos em mente a idéia
de que o espírito é mais importante que o corpo, entenderemos
que quem não está sob o domínio da morte é
o espírito, nossa semelhança para com Deus. Aliás,
mesmo que ainda não compreendiam isso, o espírito nunca
esteve sob o domínio da morte.
1 Coríntios
15,35-45: Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos?
Com que corpo voltam? Insensato! O que semeias, não readquire
vida a não ser que morra. E o que semeias, não é
o corpo da futura planta que deve nascer, mas um simples grão,
de trigo ou de qualquer outra espécie. A seguir, Deus lhe dá
corpo como quer: a cada uma das sementes ele dá o corpo que
lhe é próprio. Nenhuma carne é igual às
outras, mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos quadrúpedes,
outra a dos pássaros, outra a dos peixes. Há corpos
celestes e há corpos terrestres. São, porém,
diversos o brilho dos celestes e o brilho dos terrestres. Um é
o brilho do sol, outro o brilho da lua, e outro o brilho das estrelas.
E até de estrela para estrela há diferenças de
brilho. O mesmo se dá com a ressurreição dos
mortos; semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível;
semeado desprezível, ressuscita reluzente de glória;
semeado na fraqueza, ressuscita cheio de força; semeado corpo
psíquico ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo
psíquico, há também um corpo espiritual.
Das oito Bíblias que possuímos
essa é a única que diz corpo psíquico, as outras
variam entre: corpo animal, corpo natural e corpo físico. Particularmente,
não acreditamos que Paulo tenha dito dessa forma, com todo o
respeito à competência dos tradutores. Mas a explicação
de Paulo vista como corpo natural, animal ou físico, deveria
ser suficiente para entendermos, de uma vez por todas, que o corpo da
ressurreição nada tem a ver com o corpo atual, já
que ressuscitaremos no corpo espiritual, ou seja, é a ressurreição
do espírito e não da carne. O que semeias não é
o corpo da futura planta, nenhuma carne é igual às outras,
um é o brilho do sol outro é o da lua, assim é
que se dará na ressurreição dos mortos semeado
corruptível o corpo ressuscitará incorruptível,
quer dizer, colocado o corpo físico na sepultura, ressuscitará
no seu lugar o corpo espiritual. Onde então reside a dúvida?
1 Coríntios
15,50-55: Digo-vos, irmãos: a carne e o sangue não podem
herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorruptibilidade.
Eis que vos dou a conhecer um mistério: nem todos morreremos,
mas todos seremos transformados, num instante, num abrir e fechar
de olhos, ao som da trombeta final; sim, a trombeta tocará,
e os mortos ressurgirão incorruptíveis, e nós
seremos transformados. Com efeito, é necessário que
este ser corruptível revista a incorruptibilidade e que este
ser mortal revista a imortalidade. Quando, pois, este ser corruptível
tiver revestido a incorruptibilidade e este ser mortal tiver revestido
a imortalidade, então cumprir-se-á a palavra da Escritura:
A morte foi absorvida na vitória. Morte, onde está a
tua vitória? Morte, onde está o teu aguilhão?
Completando o seu pensamento, da passagem
que abordamos antes dessa, Paulo afirma, agora de forma bem categórica,
a questão da imortalidade do corpo espiritual, corpo esse que
será a habitação do nosso espírito na morada
celeste.
2 Coríntios
5,1-2: Sabemos, com efeito, que, se a nossa morada terrestre, esta
tenda, for destruída, teremos no céu um edifício,
obra de Deus, morada eterna, não feita por mãos humanas.
Tanto assim que gememos pelo desejo ardente de revestir por cima da
nossa morada terrestre a nossa habitação celeste.
Tão certo estava Paulo da imortalidade
que no fundo desejava ardentemente o momento em que ele, na condição
de espírito, iria revestir do corpo espiritual, feito por Deus,
não por mãos humanas, que só é capaz de
produzir, por atribuição de Deus, o corpo físico.
Hebreus 4,12:
Pois a palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do
que qualquer espada de dois gumes; penetra até dividir alma
e espírito, junturas e medulas.
Confirmando a passagem anterior sobre
o entendimento, que já viemos falando ao longo desse estudo,
que diferençavam alma e espírito, ou seja, eram para eles
duas realidades distintas.
Hebreus 12,9:
Nós tivemos nossos pais segundo a carne como educadores, e
os respeitávamos. Não haveremos de ser muito mais submissos
ao Pai dos espíritos, a fim de vivermos?
Comparação interessante
essa que Paulo faz em relação a Deus: Pai dos espíritos.
Quer dizer, sabia perfeitamente que nossa verdadeira condição
é a espiritual, igual à de Jesus antes de encarnar aqui
na terra.
1 Pedro 4,6:
Eis por que a Boa Nova foi pregada também aos mortos, a fim
de que sejam julgados como os homens na carne, mas vivam no espírito,
segundo Deus.
Sejam julgados como os homens na carne,
quer dizer, quando estavam encarnados como homens, pois agora depois
de mortos, estão vivos no espírito.
1 João
3,2: Amados, desde já somos filhos de Deus, mas o que nós
seremos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião
desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque
o veremos tal como ele é.
Está tudo conforme já,
por várias vezes, afirmamos anteriormente sobre a igualdade de
Jesus conosco. Seremos semelhantes a ele e o veremos tal como ele é,
em outras palavras, seremos espíritos e nessa condição
é que conseguiremos vê-lo, pois no corpo físico
não temos plenamente desenvolvida a faculdade que nos permite
vê-lo como ele realmente é.
1 João
4,1-3: Amados, não acrediteis em qualquer espírito,
mais examinai os espíritos para ver se são de Deus,
pois muitos falsos profetas vieram ao mundo. Nisto reconhecereis o
espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus
Cristo veio na carne é de Deus; e todo espírito que
não confessa Jesus não é de Deus; é este
o espírito do Anticristo.
Se tivermos que os espíritos
são seres humanos que morreram, está aí mais uma
prova que sobrevivemos à morte. João recomenda prudência
ao entrar em contato com eles, para não acreditar em tudo que
falam, pois também no mundo espiritual existem os falsos profetas.
Conclusão
Desenvolvemos, no decorrer desse estudo,
análise de vários textos bíblicos de forma que
pudéssemos ter a consciência de que nossa essência
verdadeira é a espiritual, ou seja, somos, em realidade, espíritos.
A manifestação dos espíritos, Samuel, Moisés,
Elias e do próprio Jesus, vêm também provar tanto
a nossa realidade espiritual quanto ao fato de possuirmos, nessa condição,
a imortalidade. Todas essas análises, observadas em conjunto,
podem nos dar certeza de que temos uma alma ou espírito, que
ele sobrevive à morte do corpo físico, que ele é
consciente nessa situação, que pode se comunicar com os
vivos, que, finalmente, ele é imortal.
Embora mereça todo o nosso respeito
a Bíblia para nós, que acreditamos estar tudo dentro de
leis naturais, não é a base fundamental para provarmos
a imortalidade da alma. Preferimos aliar à Ciência, pois
estamos do lado da infalibilidade de Deus, não da Bíblia,
nem de homens, já que a divindade que acreditamos se revela pela
perfeição de suas leis que regem tudo no Universo. Assim,
tudo quanto a Ciência vier a constatar, estará, no fundo,
revelando as leis criadas por Deus. Portanto, em última instância,
estará dizendo, afirmando e comprovando a Sua sabedoria e grandeza
incomensuráveis.
Colocaremos uma fala citada por J.B.
Rhine, no livro Parapsicologia Atual, ao abordar
o tema Parapsicologia e Religião:
[...] Os experimentos de telepatia
têm apresentado evidência maciça para apoiar o
ponto de vista de que a consciência humana tem poderes perceptivos
que transcendem as limitações do espaço. Isso
tem significação especial para todos que estão
preocupados com a natureza do homem, pela razão de que Einstein,
Minkowski e Lorentz, tornaram claro que a teoria da relatividade,
cuja verdade foi confirmada de que o espaço e o tempo são
dois aspectos da mesma realidade física, e que tudo quanto
seja capaz de transcender as limitações do espaço
tem demonstrado, em conseqüência, sua capacidade para transcender
o tempo. A transcendência das limitações físicas
de espaço e tempo pareceria ser essencial para dar realidade
à doutrina cristã da existência pessoal para além
da morte do corpo. (WILKINSON, 1966)
A conclusão desse cientista é
bem favorável à questão da vida após a morte.
Citaremos apenas, pois não queremos
analisá-las aqui nesse estudo, as pesquisas que, mais cedo do
que muitos pensam, farão com que a Ciência deixe de lado
todos os tipos de preconceito e assuma de vez a realidade do Espírito.
Estão sendo desenvolvidas atualmente as seguintes pesquisas,
que de uma forma ou de outra, acabam por referendar a questão
da imortalidade da alma: EQM – Experiência de Quase Morte,
Transcomunicação Instrumental, Experiência fora
do corpo – OBE, Reencarnação, Terapia de Vivências
Passadas, Materializações, a Parapsicologia, quando não
travestida de características dogmáticas das religiões.
Referência Bibliográfica.
ANDRADE, Hernani Guimarães, Parapsicologia uma
visão panorâmica, 1ª ed. Bauru, Editora Jornalística
FE, 2002.
Centro Bíblico Católico, Bíblia
Sagrada, 68ª ed., São Paulo, Ave Maria, 1989.
Diversos tradutores, A Bíblia de Jerusalém,
1ª ed., São Paulo, Paulus, 2002.
PINTO, Carlos O. C., Bíblia Anotada, s.ed.,
São Paulo, Mundo Cristão, 1994.
RHINE, J.B e BRIER, Robert, Parapsicologia Atual, 9ª
ed., São Paulo, Cultrix, 1968.
Fonte:
http://www.apologiaespirita.org
Out/2003
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