
Yvonne é uma das raras médiuns que estudou seus
próprios fenômenos, sempre empregando os clássicos
do espiritismo e da pesquisa psíquica. No livro Devassando
o Invisível encontramos a médium em uma
residência do Rio de Janeiro, da época do segundo
império, passando alguns dias com amigos.
Ao deitar, Yvonne não conseguia dormir e tinha seu campo
de percepção alterado. A casa onde estava desaparecia
e em seu lugar se encontrava uma fazenda com senzala, milharais
e canaviais. As ruas desapareciam e ela via a paisagem rural,
com escravos cantando, carregando cestas e sacos, feixes de lenha,
ferramentas e enxadas.
Uma escrava de saia preta e camisa de algodão, com lenço
branco e colher de pau mexia um tacho onde se fazia o antigo sabão
de cinza. Outra escrava servia-se da palmatória para corrigir
um moleque de oito a doze anos, em seu colo.
Um escravo idoso, no pelourinho, preso pelos pulsos, era chicoteado
e repetia em voz alta:
- "Meu Deus do céu! Meu anjo da guarda! Tenham
dó de mim!"
Ele via também uma dama de aspecto senhorial, esbelta,
bonita, trajando um vestido de tafetá azul forte, com cabelos
negros "penteados com esmero" e brincos com pingentes
de ouro.
Ao levantar-se pela manhã, conversou com a dona da casa
que confirmou que antigamente ali funcionava uma fazenda de escravos,
levando Yvonne para conhecer as ruínas de um pelourinho
que resistira ao tempo.
Yvonne parece ver as cenas como as de um filme ou porta retratos
digital, distinguindo os personagens que viu dos espíritos,
com quem usualmente conseguia interagir.
Então ela nos recorda da teoria do ambiente metaetérico,
de Myers, que afirmava ser possível encontrar virtualmente
"organismos vivos" que eram percebidos pelos sensitivos
que pesquisou. São criações mentais fluídicas,
ou, como denominou André Luiz, "formas pensamento",
que se mantém após terem sido criadas pelas pessoas
que lá viveram e sofreram. Yvonne denomina sua faculdade
com a expressão psicometria "de ambiente", ou
seja, ela tem percepções psicométricas ao
entrar em contato com um local e não apenas com um objeto
dele. Mais informações sobre esta faculdade no capítulo
VIII do livro Devassando o Invisível,
publicado pela Federação Espírita Brasileira.